quarta-feira, 2 de abril de 2014

Portugal: HISTÓRIA DO BPN AINDA NÃO ESTÁ CONTADA




Público - DIRECÇÃO EDITORIAL 

A troca de palavras entre Barroso e Constâncio vem reavivar um caso há muito adormecido.

A comissão de inquérito ao caso BPN chegou à conclusão de que o banco tinha custado 3405 milhões aos cofres do Estado e que, no pior dos cenários, o custo poderia atingir os 6509 milhões. É a dimensão desta factura, que ainda hoje os portugueses estão a pagar com austeridade, que fez com que o caso BPN fosse alvo de um intenso escrutínio, não só por parte da opinião pública como também por parte do Parlamento, que realizou duas comissões de inquérito para tentar apurar o que falhou, nomeadamente ao nível da supervisão.

As conclusões das comissões não foram esclarecedoras e continua ainda muito por explicar. E mais há ainda a explicar quando aparece Durão Barroso a revelar que quando era primeiro-ministro chamou “três vezes o Vítor Constâncio a São Bento para saber se aquilo que se dizia do BPN era verdade”. O anterior governador do Banco de Portugal veio ontem responder, dizendo que não se recordava de ter sido convocado para falar “expressamente” sobre o caso BPN.

São revelações, de ambas as partes, que vêm acrescentar ainda mais dúvidas ao já de si duvidoso caso BPN. Mais do que dar resposta sobre o que se passou, o que disseram Constâncio e Barroso levanta novas interrogações. Tais como: por que é que só agora, passada uma década sobre o suposto encontro, é que Barroso se lembra de divulgar uma informação que, a ser verdadeira, poderia ser relevante para os trabalhos da comissão de inquérito? E depois de chamar Constâncio, as suas dúvidas ficaram esclarecidas? E Vítor Constâncio, se não se recorda dos encontros, o que veio acrescentar à discussão ao falar ontem com os jornalistas? E se Constâncio foi realmente a São Bento, que diligências fez ou deixou de fazer?

Infelizmente no caso BPN, passados todos estes anos, a única certeza é a conta que todos os meses chega aos contribuintes para pagarem.

Portugal: A POLITIZAÇÃO DO BPN



Henrique Monteiro – Expresso, opinião

Muito sinceramente não sei, nem tenho dados para saber, se Durão Barroso estava preocupado com o BPN e se chamou ou não Constâncio ou quantas vezes o fez. Também não sei se Constâncio fez o que podia e - como ele diz - tornou o BPN o banco mais vezes investigado e vigiado. Sei que tudo o que diz respeito ao BPN é uma vergonha da qual poucos se livram.

É uma vergonha para Cavaco, que comprou as ações da SLN (e dá desculpas de mau pagador quando diz nada ter a ver com o BPN - verdade tão formal como eu nada ter a ver com a Impresa SGPS porque trabalho para a Impresa Publishing); é uma vergonha para Dias Loureiro, que mentindo a esse respeito no Parlamento foi obrigado a demitir-se do Conselho de Estado; é uma vergonha para os primeiros-ministros e ministros das Finanças desde Durão Barroso até Teixeira dos Santos, porque não deram por nada e deixaram andar, quando a imprensa já publicara diversos trabalhos sobre o assunto (incluindo a Exame e o Expresso, pioneiros nesta matéria) e a consultora Delloite já arrasara as contas do banco, e foi uma vergonha para Constâncio que era o todo-poderoso regulador e o supervisor da banca.

Quando eu digo que é uma vergonha, não estou a dizer que algum deles é culpado de um crime. Apenas que qualquer um deles devia assumir a sua quota-parte de responsabilidade.

Mas vou mais longe: é uma vergonha para a inúmera gente que continua a discutir este caso de um ponto de vista meramente partidário e instrumental. Do PSD e do PS escolhem os alvos para definir quem são os santos e os pecadores.

Esta é a forma de atuar em Portugal. Não há maneira de se desligar a 'porca da política' como escreveu Bordalo Pinheiro, de um crime financeiro do qual só resultou um único detido - o chefe do banco, Oliveira Costa (agora com uma pulseira que lhe permite ir à rua num perímetro apertado).

A mim pouco me importa a origem política de cada interveniente. A maioria das pessoas do PSD nada têm a ver com o BPN e a maioria das pessoas do PS também não. Alguns dos aqui citados (nomeadamente os que nacionalizaram aquele buraco ou os que o venderam depois ao desbarato) podem tê-lo feito de boa-fé e na plena convicção de que não tinham hipótese melhor. Pessoalmente, opus-me sempre à nacionalização, logo na altura, mas admito estar errado.

Do que não duvido é que a politiquice à volta do caso apenas pode ter um intuito: transformar o que devia ser um sereno julgamento em mais uma peixeirada pública da qual nada nem ninguém sai esclarecido. E quando houver sentença dir-se-á que ganhou um partido ou outro, esquecendo que todos perdemos e muito com esta vigarice.

Portugal: “MENTIRAS” DE PASSOS LIDERARAM AUDIÊNCIAS NA RTP




Tempo de antena do PS sobre as "mentiras" de Passos Coelho foi visto por mais de um milhão de telespectadores.

Adriano Nobre - Expresso

O direito de antena que o Partido Socialista ontem emitiu na RTP1 foi o programa mais visto do dia no canal público.

Segundo os dados de audiência divulgados pela GfK esta quarta-feira, o vídeo de sete minutos que contrapôs declarações de Passos Coelho enquanto líder da oposição e como primeiro-ministro foi acompanhado por mais de um milhão de telespectadores, gerando um share de 24%.

"Quando os 365 dias do ano são todos 1 de abril, quando a palavra dada nada vale", foi o mote do vídeo preparado pelo PS para assinalar o "simbolismo da data", 1 de abril, dia das mentiras, e que recordava as "promessas não cumpridas" por Passos Coelho e os resultados da sua governação.

Emitido imediatamente antes do Telejornal do canal público, o direito de antena conseguiu superar a audiência daquele bloco informativo da RTP, que ocupou o segundo lugar do ranking de audiências do canal público no dia de ontem, com uma audiência média de 964 mil telespetadores.

No ranking total de audiências de todos os canais, o direito de antena do PS foi o sétimo programa mais vistos do dia, só ultrapassado pelas novelas e espaços informativos emitidos pela SIC e pela TVI no horário nobre.

O programa que liderou audiências em todos os canais foi a novela da SIC "Sol de Inverno", com uma audiência média de 1,5 milhões  de telespectadores e um share de 30,6%.

Portugal: NÃO DEVEMOS VOTAR EM QUEM NOS ENGANOU



José Luís Kendall – Diário de Notícias, em Opinião do Leitor

Leitor desiludido com ação do Governo apela a penalização através do direito de voto, apesar de confessar ter votado no PSD.

Funcionários públicos, pensionistas e reformados. Não podemos continuar a votar em quem nos anda a roubar! Somos mais de três milhões, que não devemos votar em quem nos enganou durante a campanha eleitoral prometendo não aumentar impostos nem retirar subsídios de férias e de Natal e disse "todos aqueles que produziram os seus descontos e que têm hoje direito às suas reformas ou às suas pensões deverão mantê-las no futuro sob pena de o Estado se apropriar daquilo que não é seu". É preciso ser muito hipócrita! Já no Governo, além do aumento dos impostos, aplicou cortes inconstitucionais! A contribuição extraordinária de solidariedade (CES) era temporária, só para 2013, e agora quer passá-la a definitiva, contornando o crivo do Tribunal Constitucional. A nossa única arma para correr com este Governo é o nosso voto... Até às ultimas autárquicas sempre votei PSD.

Portugal – Angola: PJ sem indícios de crime na morte de 'vice' da Sonangol (atualização)



Rui Gustavo - Expresso

Mateus Morais de Brito terá sido vítima de um ataque cardíaco, aos 53 anos. Corpo foi encontrado por uma familiar que chamou a polícia. Será a autópsia a definir se houve ou não crime.

A PSP foi chamada esta quarta-feira, às 7h, a uma casa particular em Oeiras onde jazia Mateus Morais de Brito, vice-presidente da Sonangol. O dirigente da petrolífera angolana tinha 53 anos e foi encontrado já sem vida.

Uma fonte da Polícia Judiciária diz que "preliminarmente" não há "quaisquer indícios de crime", mas será a autópsia "a definir se houve ou não crime".

Mateus Morais Brito era cidadão angolano, estava na Sonangol desde 1984 e foi vice-governador do Kwanza Sul. De acordo com uma fonte policial, a PSP foi chamada por um familiar que o encontrou "já cadáver".

ESTADO SOCIAL E EXTREMA DIREITA



Paulo Ferreira – Jornal de Notícias, opinião

É preciso dar graças a Deus por não termos em Portugal uma extrema-direita suficientemente estruturada, coisa para nos enegrecer ainda mais os dias, se é que isso é ainda possível.

Olha-se para França e aprende-se: a conjugação das crescentes dificuldades do cidadão anónimo com um lifting semântico profissionalmente levado a cabo pela senhora Marine Le Pen alcandorou a Frente Nacional até a um ponto há muito poucos anos inimaginável. Olha-se para o resto da Europa e repara-se: da Finlândia à Grécia, passando pela Noruega e pela Dinamarca, pela Holanda e pela Itália (só para citar alguns exemplos), o fenómeno extremista cresce, sempre alimentado pelo imparável descontentamento de um eleitorado que perdeu o que se julgava ser a âncora dos sistemas democráticos: a crença de que no centro está a virtude.

Há um dado novo - e perturbante - nesta equação. E, curiosamente, ele não vem do lado dos partidos que vivem nos extremos. Esses sempre espetaram as suas bandeiras nos imigrantes que tiram emprego aos locais, nos preguiçosos que não sabem fazer mais nada senão viver à custa do Estado, que sorve cada vez mais impostos a quem trabalha para sustentar quem supostamente não quer trabalhar. A novidade está no facto de os governos europeus continuarem a entregar de bandeja um novo e poderoso argumento aos partidos extremistas: ao esgadanharem o Estado social até dele sacarem o último euro possível, os partidos do chamado arco do poder atiram-se de cabeça para o abismo e, ao fazê-lo, deixam espaço político livre a quem está nos extremos. O poder, como se sabe, é avesso ao vazio - e o vazio está a ser ocupado rapidamente por gente indesejável, digamos assim.

Há uma espécie de complexidade crescente no tabuleiro político europeu. Onde o Estado social recua, avançam as forças extremistas. E esse avanço obriga a viragens mais ou menos liberais que, no meio do desespero, apenas agudizam o problema.

Voltemos ao caso francês. Quando o PSF se colocou à frente da batalha em defesa do Estado social, ganhou. Quando começou a desmantelá-lo, perdeu (e de que maneira!). Quer isto dizer que o Estado social é intocável? Nada disso. Quer dizer - e os factos provam-no à saciedade - que os vários governos europeus não têm tido arte nem engenho para lhe mexer com cuidado e contenção, com equilíbrio e justiça. Não é isso que, em Portugal, o presidente da República quer dizer quando assinala que está na altura de pedir mais sacrifícios a quem mais pode?

A circunstância de a economia portuguesa dar sinais de retoma não deve aliviar-nos a alma. Mesmo que a recuperação se torne efetiva mais depressa do que o esperado, a destruição deixada pelo vendaval económico e financeiro dos últimos anos é pasto muito fértil para partidos irmãos da Frente Nacional. É uma má notícia. Convém não a esquecer.

ÁFRICA E EUROPA



Jornal de Angola, editorial

Começa hoje a Cimeira União Europeia-África, sob o lema “Investir nos povos, na prosperidade e na paz”, que vai juntar Chefes de Estados e de Governos para abordar temas diversos, actuais e estratégicos.

Angola está presente com o Vice-Presidente, Manuel Domingos Vicente, em representação do Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

Bruxelas, a capital europeia, vai ser palco, hoje e amanhã, de intensas discussões sobre os laços e a parceria entre os dois continentes, numa altura em que a cooperação bilateral exige uma  redefinição e reorientação.

A política europeia para África precisa também de ser elaborada em função dos reais interesses e da realidade do continente, um facto que está ainda longe de acontecer. África mudou muito ao longo dos últimos anos e, para que as relações entre os dois continentes sejam dignas destes tempos, é necessário que os africanos e os europeus saibam olhar para frente. Nalguns casos são visíveis tais passos, embora, não raras vezes, os africanos sejam confrontados com atitudes e procedimentos próprios de quem parece pretender ficar preso ao passado.

As relações em que predominaram preconceitos e atitudes não-construtivas deve dar lugar a laços de maior interdependência, compreensão mútua e melhores oportunidades para os dois povos. É preciso que africanos e europeus saibam traduzir em acções concretas e que tenham impacto na vida das populações as resoluções e recomendações saídas da cimeira para fazer jus ao lema “Investir nos povos, na prosperidade e na paz”.

A África e a Europa precisam de relançar todas as ferramentas que ajudem a melhorar as relações bilaterais baseadas no respeito pelas diferenças, numa altura em que são mais fortes os laços que os unem do que os que eventualmente os dividem. Em Bruxelas, os representantes dos países africanos participam das discussões com uma agenda recheada de preocupações que giram em torno de questões como as alterações climáticas, cooperação económica, investimento, segurança, combate ao tráfico de seres, luta contra o terrorismo, entre outros.

Embora África se encontre entre as regiões que menos contribuem para o volume das alterações climáticas, é das mais afectadas. Nisto, os países europeus têm acrescidas responsabilidades quando se trata da tomada de medidas para mitigar os efeitos gravosos das alterações climáticas que, em muitas regiões do continente africano , já são visíveis. As populações, os recursos aquíferos e florestais, bem como o gado sofrem com as agruras da estiagem e da seca, apenas para mencionar estas.

Os Estados europeus devem deixar de encarar os países africanos como simples parceiros de ocasião, como meros depósitos de recursos naturais ou eventuais instrumentos das suas políticas económicas, comerciais e diplomáticas.Os países africanos precisam de verdadeiras parcerias, com reciprocidade de vantagens, e não mais procedimentos baseados na velha mentalidade paternalista e de promoção da dependência, ainda vigentes em numerosas relações entre europeus e africanos. Atendendo à Estratégia Conjunta África-União Europeia, adoptada em 2007, em que se baseiam as relações, a interdependência deve ser a linguagem predominante nos laços entre os dois continentes. Não há dúvida de que os mecanismos de cooperação têm sido melhorados a cada dia que passa, sobretudo em áreas como a manutenção da paz e estabilidade, segurança, direitos humanos, boa governação e a efectivação dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.

Numerosos países africanos deram ao longo dos últimos anos passos significativos, sobretudo no campo dos direitos humanos e da boa governação, facto que contribui para uma melhor aproximação entre europeus e africanos. Os passos para a manutenção da paz, estabilidade e segurança têm sido dados em África de forma exemplar com a criação de fóruns políticos e militares para debelar crises em certos países.

O mecanismo de monitorização de cessar-fogo da CEDEAO, surgido em 1993, contribuiu para a solução de numerosos casos de instabilidade na África Ocidental. Trata-se de uma solução africana que, com a ajuda de parceiros europeus, ajuda a estabilizar os países africanos.

O Comité de Política de Defesa e Segurança da SADC constitui uma estrutura importante para formular políticas e procedimentos que garantam a paz e a estabilidade regional. Acreditamos que o crescimento e fortalecimento deste tipo de iniciativas, em que os blocos regionais criam mecanismos locais para prevenir conflitos, proporcionam aos Estados africanos menos dependência e maior capacidade para aplicar soluções africanas.

É preciso que os Estados europeus compreendam que, independentemente da cooperação, para os problemas africanos nada melhor que soluções africanas, concebidas com base na realidade e vivências de cada região e país. Este deve ser o fundamento para o sucesso das relações e parcerias que os países africanos devem estabelecer com os países europeus.

Vice-presidente da Sonangol encontrado morto na sua casa de Oeiras (atualização)




O vice-presidente da Sonangol, Mateus Morais de Brito, foi hoje encontrado morto em casa, na zona do Dafundo, em Algés, Oeiras, disse à Lusa uma fonte policial.

O Comando Metropolitano de Lisboa da PSP foi hoje chamado a uma ocorrência com um morto na zona do Dafundo, entre as 06:30 e as 07:00, disse fonte oficial daquele comando policial. 

A Polícia Judiciária foi chamada ao local e poderá desencadear uma investigação, caso sejam encontrados indícios de crime, acrescentou a mesma fonte. 

Uma outra fonte policial confirmou entretanto à Lusa que a vítima é o vice-presidente da Sonangol. 

Mateus Morais de Brito, de 53 anos, estava na Sonangol desde 1984, tendo sido nomeado administrador da petrolífera estatal angolana em 2005. 

Em fevereiro fora exonerado pelo presidente José Eduardo dos Santos do cargo de vice-governador da província do Kwanza Sul para o setor económico, cargo para o qual fora nomeado em outubro de 2012.

Lusa, em RTP

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SÉGOLÈNE ROYAL E ALA ESQUERDA DO PS COM PESO NO NOVO GOVERNO FRANCÊS




"Governo de combate" de Manuel Valls não inclui ecologistas e é resultado de intensas negociações com as diferente fações do PS.

Daniel Ribeiro, correspondente em Paris – Expresso

As negociações para definir a composição do novo Governo francês foram difíceis. O primeiro-ministro Manuel Valls esteve reunido mais de duas horas, na manhã desta quarta-feira (a partir das 8h, 7h em Lisboa) com o Presidente François Hollande, no Eliseu.

Como se previa, Ségolène Royal, ex-candidata à presidência francesa e mãe dos quatro filhos de Hollande, regressa ao centro do poder em França. Depois da separação de Hollande de Valérie Trierweiller, Ségolène viu caírem os obstáculos que a impediam de assumir um posto de relevo no Governo. É a nova ministra da Ecologia, do Desenvolvimento Durável e da Energia.

Entre os nomes mais fortes do Governo de Manuel Valls, de assinalar que Laurent Fabius permanece ministro dos Negócios Estrangeiros (agora também com a pasta do Comércio Externo) e que Michel Sapin passa do ministério do Trabalho para as Finanças.

Arnaud Montebourg e Benoit Hamon, ambos da ala esquerda do PS, sobretudo este último, que tem uma "corrente" bem organizada no partido, são promovidos. Montebourg é o novo ministro da Economia e da Recuperação Económica e Hamon passa a ministro da Educação. Pierre Moscovici, que era ministro da Economia e Finanças, sai do Governo. Christiane Taubira permanece na Justiça e Jean-Yves le Drian na Defesa.

Trata-se de um Governo muito mais restrito do que o anterior, com apenas 16 ministros, "de combate", como anunciou na segunda-feira o chefe de Estado, e é o resultado de equilíbrios delicados e negociados até ao mais pequeno detalhe entre as diversas facções socialistas. Hoje apenas foram divulgados os nomes dos ministros - os dos secretários de Estado serão anunciados posteriormente.

Viragem à direita?

Desde a sua nomeação, a seguir à derrocada dos socialistas nas autárquicas dos dois últimos fins de semana, Manuel Valls esteve praticamente em reuniões permanentes com os novos e antigos ministros e ainda com os ecologistas, cujo partido recusou entrar para o novo Executivo, e com as diversas tendências do PS francês.

A sua designação como chefe do Governo não tinha sido bem acolhida pela ala esquerda do seu partido, mas a nomeação de Hamon para o ministério da Educação garante-lhe certamente o apoio da maioria do PS.

Valls é da ala direita - "social-democrata" - do PS e foi a escolha de François Hollande para responder aos resultados eleitorais nas autárquicas, que se traduziram numa clara viragem à direita na relação de forças dos partidos políticos no país. 

Ao designar Valls para a chefia do Executivo, o Presidente seguiu a viragem do país e não a do seu eleitorado que, ao abster-se massivamente nas municipais ou ao votar contra o PS, pediu o contrário - o respeito pelas promessas de Holande durante a campanha eleitoral para as presidenciais, em 2012, que eram de esquerda.

Na foto: Ségolène Royal, ex-companheira de François Hollande, é a nova ministra da Ecologia, do Desenvolvimento Durável e da Energia - Getty

França: HOLLANDE SUICIDA-SE (agora, sim,foi de vez)



Ana Sá Lopes – jornal i, opinião

É oficial: toda a França, governo socialista incluído, virou à direita

A vantagem de Manuel Valls, o novo primeiro- -ministro francês, é que, ao contrário de François Hollande, não engana ninguém. É o mais sincero dos militantes do PS francês - há uns anos sugeriu a mudança de nome do partido tendo em conta que havia pouco "socialismo" a difundir pelo PSF na sociedade francesa e era preciso não assustar nem mercados nem capitalistas. Martine Aubry, antiga presidente do PSF, respondeu-lhe que se não se sentisse bem no partido o abandonasse, mas era impossível banir o socialismo do nome do partido. Valls ficou e agora está a colher os frutos de ser o mais à direita dos ministros de Hollande e de ter ocupado o topo das sondagens enquanto a popularidade do presidente agonizava.

Manuel Valls é filho de emigrantes - nasceu em Barcelona durante as férias dos pais, que trabalhavam em França, porque o pai queria que o filho nascesse catalão - mas tem uma linguagem contra os imigrantes mais dura que a de Sarkozy. Aliás, enquanto ministro do Interior expulsou de França mais comunidades ciganas que Sarkozy. Foi a este duro da direita do PSF - a quem a "Economist" já chamou "o Sarkozy socialista" - que Hollande decidiu entregar o governo depois do cataclismo de domingo passado, quando viu a direita ganhar as eleições e a extrema-direita de Marine Le Pen obter um resultado histórico. Querem a direita? Então tomem lá, decidiu Hollande. E desde segunda-feira é oficial: toda a França, incluindo o governo socialista - de que já se auto-excluíram os Verdes - virou totalmente à direita. Hollande e todo o seu projecto de acabar com a austeridade, etc., suicidaram-se. Não existe nenhuma aldeia gaulesa capaz de resistir ao consenso invasor de Bruxelas, Berlim e Frankfurt, quando todos os partidos socialistas e social-democratas são cúmplices da via única traçada que nos promete austeridade para o resto das nossas vidas. Infelizmente, até agora também não surgiu uma alternativa consistente vinda de outros lados.

A nomeação de Valls - impossível de dissociar do choque provocado entre os socialistas pela ascensão de Marine Le Pen - é a assunção desta tragédia. Claro que Valls é mediático, é especialista em política de comunicação e tem aquilo a que se chama "boa imprensa". Mas a entrega do Palácio de Matignon a um duro da direita do partido que não gosta do nome "socialista" simboliza o suicídio de François Hollande e, de certa maneira, a capitulação de toda a social-democracia europeia.

Cônsul garante Portugal empenhado em reforço de relações no Fórum Macau




Macau, China, 02 abr (Lusa) - O cônsul-geral de Portugal em Macau, Vítor Sereno, assumiu hoje o posto de delegado do país no Fórum Macau, organismo onde, garantiu, Portugal está empenhado numa relação cada vez mais forte que seja benéfica para todos.

"Portugal, como disse o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, na quarta conferência ministerial, tem o maior interesse no estabelecimento de parcerias entre empresas portuguesas e chinesas para o desenvolvimento de projetos nos países de língua portuguesa e na China continental no âmbito do Fundo de Cooperação e Desenvolvimento do Fórum Macau", disse Vítor Sereno em declarações à agência Lusa à margem da primeira reunião em que participou como delegado de Portugal.

Por outro lado, acrescentou, as iniciativas do plano de ação para os próximos três anos, que incluem um centro de distribuição de produtos alimentares, a criação de um centro de apoio às Pequenas e Médias Empresas dos países de língua portuguesa e um centro de convenções e exposições "assumem-se de grande relevância para Portugal".

"Queremos reforçar o nosso relacionamento, a partilha de experiências que permitam a todos nós beneficiarmos do conhecimento do outro, das melhores experiências e das melhores práticas nos mais variados setores", disse, ao salientar que Portugal está no Fórum Macau porque tem empresas "com conhecimento, experiência, dimensão e qualidade úteis e necessárias em qualquer país em áreas como, por exemplo, as energias verdes, os moldes, a gestão de frotas potenciando a capacidades das telecomunicações atuais".
Vítor Sereno recordou também que a capacidade técnica dos portugueses está patente na "excelência das empresas portuguesas em Macau e nos quadros técnicos residentes".

"O Fórum Macau é uma plataforma de oportunidades para todos nós, mas falando das empresas nacionais, existem, através deste organismo, desafios para o tecido empresarial e para a economia que nos permitem potenciar a capacidade de inovação", disse ao recordar que as próprias autoridades chinesas destacaram na reunião ministerial que Portugal e Brasil possuem "valências para o desenvolvimento de projetos tripartidos quer em África quer em Timor-Leste"

Pequim nomeou Macau como a sua 'ponte' para uma maior cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa, um reforço de ligações que se estende atualmente a outras áreas como a formação e a cultura.

JCS // APN - Lusa

XANANA GUSMÃO TERMINA VISITA DE COOPERAÇÃO NA MALÁSIA




O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, terminou hoje na Malásia uma série de visitas que fez aos Estados membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático para reforçar a cooperação e defender a adesão de Timor-Leste à organização.

"Visto Timor-Leste ser parte do sudeste asiático, queremos também fazer parte da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático) e contribuir para o progresso regional", afirmou Xanana Gusmão em Kuala Lumpur durante um encontro com empresários malaios.

"A adesão à ASEAN permitir-nos-á igualmente juntar à comunidade económica que será estabelecida em 2015 e reforçar as relações comerciais e de investimento", acrescentou.

À semelhança do que aconteceu nas visitas a outros Estados-membros da ASEAN também o primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, declarou apoio à adesão de Timor-Leste à organização.

A candidatura de adesão de Timor-Leste à ASEAN foi admitida em novembro de 2011 durante uma conferência de chefes de Estado e de Governo daquela organização, realizada em Bali.

O Presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, defendeu que Timor-Leste deveria entrar como membro de pleno direito na cimeira de 2013, mas Singapura tem defendido o ano de 2015.

A ASEAN, criada a 08 de agosto de 1967, tem como principais objetivos fomentar o crescimento económico e a estabilidade na região do sudeste asiático.

São Estados-membros da ASEAN Singapura, Indonésia, Tailândia, Filipinas, Malásia Brunei, Vietname, Birmânia, Laos e Camboja.

Na visita à Malásia, que hoje terminou, Xanana Gusmão chefiou uma delegação de mais de 30 pessoas, entre as quais vários ministros.

Durante a sua estada no país, foram assinados vários memorandos de entendimento no setor da saúde, educação, desenvolvimento de cooperativas e da indústria petrolífera e do gás.

O primeiro-ministro timorense convidou também os empresários malaios para investir no país.

"Com a nossa economia aberta, política fiscal expansiva, crescimento económico sustentado, vasto programa de infraestruturas, taxas fiscais reduzidas e forte apoio governamental a empresas estrangeiras, somos um bom destino para investimentos", afirmou Xanana Gusmão.

Da Malásia, o primeiro-ministro timorense viaja para Perth, na Austrália, para uma visita de trabalho que termina no sábado.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Sonangol - Mateus Morais de Brito: VICE-PRESIDENTE ENCONTRADO MORTO




O vice-presidente da Sonangol, Mateus Morais de Brito, de 53 anos, foi encontrado morto esta quarta-feira em sua casa em Algés, Oeiras, avança a TVI24.

O vice-presidente da Sonangol, Mateus Morais de Brito faleceu esta quarta-feita, tendo o corpo sido encontrado sem vida na sua residência em Algés, concelho de Oeiras.

Segundo o site da Sonangol, o engenheiro Morais de Brito entrou para a empresa em 1984, tendo sido nomeado em 2005 para o Conselho de Administração.

[Notícia em atualização]

Notícias Ao Minuto

Vendedores de rua na Guiné-Bissau multiplicam-se para aproveitar “época alta” da campanha




A campanha eleitoral na Guiné-Bissau traz para a rua muitas pessoas que se transformam em vendedores de comes e bebes na esperança de fazer negócio com as multidões que correm atrás de carros de som, ações de campanha e comícios.

Praças e ruas habitualmente vazias são agora ocupadas por esplanadas improvisadas ao lado de fogareiros, arcas de bebidas e alguidares de comida distribuídos pelo asfalto esburacado, em especial junto a sedes de campanha e locais que costumam ser palcos de comício.

Isabel da Silva, 44 anos, perdeu o emprego num hotel da cidade e agora vende saquinhos de mancarra (amendoim) e pastéis de peixe feitos em casa, com a ajuda do filho, tudo aconchegado num alguidar de plástico que abraça, sentada num lancil da Praça dos Heróis Nacionais, em Bissau.

"É a primeira vez que estou aqui a vender", refere, enquanto fala das dificuldades provocadas pela crise que o país atravessa e que não dá descanso para quem apenas quer sobreviver.

Precisa de dinheiro e diz que não pode "perder a oportunidade": até 13 de abril, data da votação, não há dia em que não haja animação com diferentes candidaturas e muita gente a passar pelo local central de Bissau, em frente ao Palácio da Presidência.

Tal como dezenas de outros guineenses, ocupa o seu território a partir do fim da tarde e fica pela noite dentro, enquanto houver clientes prontos para esperar o tempo que for preciso em busca de brindes de campanha ou apenas ávidos em cantar a música de um qualquer candidato.

Os vendedores são tantos que Júlio Sambu, 35 anos, esquece o armazém que tem noutra ponta da cidade e usa uma carrinha como ponto de venda de bebidas para os fornecer com paletes de sumos e cerveja, estacionado na praça.

Abre a porta da bagageira e pendura-se na viatura ao lado da mercadoria. "Isto é melhor para ter o pão de cada dia", justifica, sem esconder outras ambições com que ainda hoje sonha.

"Eu queria era ser médico. Estudei até 2007, fiz o 11.º ano, mas depois não tive possibilidade de continuar", sem dinheiro que ali tenta amealhar para ele, a mulher e os dois filhos.

Seja qual for o desfecho, as eleições "são boas para o negócio", sublinha.

No seguimento, numa das cadeiras espalhadas pela Avenida Amílcar Cabral, Nucha da Silva dá voltas à canja num grande tacho aquecido com carvão, com que também prepara galinha cafriela, prato típico da Guiné-Bissau.

"O preço depende do bolso do cliente", refere, de olhos postos em mais um camião de caixa aberta com som estridente e repleto de gente em apoio a um candidato.

O ambiente de festa recheado de desabafos amargos surge este ano como prolongamento do Carnaval, altura em que Nucha começou a vender os primeiros comes e bebes a quem assistia aos desfiles.

Na hora de regressar a casa, o saldo serve de fraco consolo para quem compara as vendas com as de anos anteriores, garante Dico Costa, homem dos gelados desde 2002.

Desta vez até instalou uma tenda no centro da Praça dos Heróis Nacionais, mas nem os gelados a partir de 350 francos CFA (cerca de 55 cêntimos de euro) compõem a contabilidade: "não me recordo de ano pior".

As eleições gerais (presidenciais e legislativas) na Guiné-Bissau estão marcadas para 13 de abril e são as primeiras depois do golpe de Estado de abril de 2012.

O futuro passa por 13 candidatos presidenciais e 15 partidos concorrentes à Assembleia Nacional Popular, mas seja ele qual for, Júlio Sambu, tal como tantos outros guineenses, está preparado: "isto está difícil, mas já nos habituámos".

LFO // PJA - Lusa

África: Ban Ki-moon quer resposta internacional mais forte à situação na RCA




O secretário-geral das Nações Unidas, convidado de honra da IV Cimeira UE-África, que hoje (ontem) começa em Bruxelas, disse que vai fazer “todo o possível” por melhorar a resposta internacional à situação “desesperada” na República Centro Africana.

Numa conferência de imprensa conjunta com o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, após um pequeno-almoço de trabalho na sede do executivo comunitário, o secretário-geral da ONU saudou o envolvimento da União Europeia, designadamente o envio de uma missão militar, mas disse que a situação é tão dramática que a comunidade internacional precisa de se envolver mais e rapidamente.

Ban Ki-moon referiu que, na mini-cimeira sobre a República Centro Africana que se realiza hoje, imediatamente antes da cimeira UE-África – e na qual participarão líderes dos países vizinhos e de diversos Estados-membros da União, entre os quais o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho -, vai “instar todos os países a ponderarem fortemente o envio de forças militares e policiais adicionais e apoio financeiro suplementar”.

“Farei todo o possível para melhorar a resposta internacional. Foram tomadas decisões importantes, mas são escassas. Temos que agir rapidamente para pôr fim às mortes e proteger a população civil”, alvo de “atrocidades”, declarou.

O secretário-geral das Nações Unidas lembrou, a propósito, que na recomendação que dirigiu ao Conselho de Segurança da ONU, e que espera ver aprovada muito em breve, aponta para a necessidade de pelo menos 10 mil militares e 1.800 polícias, sendo as forças atualmente no terreno insuficientes para lidar com a situação.

Por outro lado, indicou, a decisão de transformar a atual missão militar numa operação de manutenção de paz da ONU vai levar o seu tempo a ser aplicada – estimou que cerca de seis meses -, e a população do país não tem esse tempo, disse, afirmando que há que agir rapidamente.

Durão Barroso, por seu turno, disse que a UE está “orgulhosa” do seu contributo, pois “o apoio da União vai muito além da missão” militar que vai enviar, referindo-se à ajuda humanitária e ao desenvolvimento que a Europa tem prestado.

Quanto às forças militares enviadas pela UE, disse acreditar que “este é o contributo que os Estados-membros podem dar neste momento, e é um contributo muito importante”.

Em termos mais globais, indicou que a UE, ao longo dos últimos 10 anos, mobilizou 1,2 mil milhões de euros para o Mecanismo para a Paz em África e adiantou que hoje pode avançar que serão disponibilizados mais 800 milhões para os próximos três anos.

O presidente da Comissão sublinhou o trabalho conjunto que tem sido levado a cabo por UE, ONU e parceiros africanos no domínio da paz e segurança no continente africano, “do Mali à República Centro Africana, da Guiné-Bissau ao Sudão”.

ACC // ARA – Lusa – foto Julien Warnand/EPA

UE LANÇA OPERAÇÃO MILITAR NA REPÚBLICA CENTRO AFRICANA – oficial




A União Europeia anunciou hoje (ontem) o lançamento oficial da sua operação militar na República Centro-Africana, depois do aumento da violência nos últimos dias na capital, Bangui.

“O Conselho aprovou o lançamento da operação militar da UE na República Centro-Africana”, indicou uma porta-voz, Susanne Kieffer, na sua conta da rede social Twitter.

“A força incluirá até 1.000 soldados, dirigidos pelo general de divisão [francês] Philippe Pontiès”, precisou, em comunicado, o Conselho Europeu, que representa os Estados membros.

O envio das tropas, para garantir a segurança do aeroporto e de alguns bairros da capital centro-africana, Bangui, deverá demorar algumas semanas, indicou uma fonte diplomática.
A decisão do conselho faz imediatamente passar para esta força, designada como Eufor-RCA, agentes da polícia franceses enviados para Bangui no passado fim de semana, precisou uma fonte diplomática.

“O lançamento desta operação demonstra a vontade da UE de participar plenamente nos esforços internacionais para restaurar a estabilidade e a segurança em Bangui e na totalidade da República Centro-Africana”, sublinhou a representante da diplomacia da UE, Catherine Ashton.

Este anúncio surge na véspera de uma mini-cimeira sobre a República Centro-Africana, que decorrerá na abertura, na quarta-feira, em Bruxelas, da 4.ª Cimeira UE-África.

A missão “constitui um elemento chave da nossa abordagem global para solucionar os enormes problemas que a República Centro-Africana enfrenta”, sendo “essencial que a ordem pública seja restaurada o mais rapidamente possível, para que o processo de transição política possa ser retomado”, acrescentou Ashton.

Adiado pela pouca diligência inicialmente demonstrada pelos Estados membros da UE, o lançamento desta missão ocorre com o aumento da violência na República Centro-Africana como pano de fundo, tendo feito 50 mortos nos últimos quatro dias.

ANC // JMR - Lusa

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