Renamo quer
controlar Defesa e Segurança
Politólogo João
Pereira diz que as novas exigências da Renamo não são descabidas
A Renamo exigiu,
esta segunda-feira, como condição para o seu desarmamento, a nomeação de seus
generais para ocupar os cargos de chefe do Estado-maior General,
comandante-geral da Polícia, da Força de intervenção Rápida e os escalões de
chefia a todos os níveis. Que mensagem a Renamo quer transmitir ao
governo com estas novas exigências?
Esta exigência é
muito antiga, vem há mais de vinte anos, sempre foi parte da luta que a Renamo
travou no sentido do seu discurso em relação à partidarização do aparelho do
estado e estava na agenda do processo de negociações.
A despartidarização
do Estado sempre foi a grande batalha dos partidos da oposição em Moçambique e
eu sabia, de antemão, que quando chegasse a vez de discutir a questão da
desmilitarização da Renamo, não seria possível sem discutir a composição das
Forças Armadas de Moçambique, do sistema de segurança do país e do Ministério
do Interior. Tudo isso passaria desse processo negocial, porque a Renamo não
tem confiança nestas instituições.
Acha justas essas
exigências por parte da Renamo?
É muito difícil
dizer se é ou não justo. Eu acho que o mais importante é ver como é que o
governo vai dar garantias necessárias para que a Renamo se sinta confortável,
em participar no processo democrático, sem que essas mesmas instituições sirvam
de instrumento de perseguição das forças da oposição.
Até que ponto essas
exigências podem quebrar o actual ritmo das negociações?
Essa é uma das
questões fulcrais para a estabilização do país e ainda vai alastrar-se por
algumas semanas, porque não acredito que tanto a Renamo como a Frelimo vão
fazer cedências em relação a este aspecto Não estou a incentivar a violência,
mas acho que a cedência vai partir da capacidade de resistência de ambas as
forças, no sentido de ver quem tem maior capacidade de encurralar o seu
“inimigo”. Se o governo tiver a capacidade de encurralar a guerrilha da Renamo
numa situação em que está em causa a vida ou a morte de Dhlakama, se calhar o
processo negocial será mais rápido. Mas se a Renamo tiver a mesma capacidade e
fazer acções mais consistentes e que tragam grandes impactos no país, se
calhar, também terá maior capacidade negocial.
O País (mz)
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