quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Portugal: CUNHAL, CEM ANOS DEPOIS

 


Tive fascínio, e admiração genuína, por Álvaro Cunhal. Um homem político que sempre considerei excecional, apesar dos conflitos que tivemos
 
Mário Soares, (Ensaio publicado na VISÃO 1078, de 31 de outubro)) – Visão, 6 de Novembro de 2013
 
O PCP celebrou com pompa e circunstância o centenário de Álvaro Cunhal. Visitei espontaneamente, como qualquer cidadão, que aliás sou, isto é, sem prevenir ninguém, a exposição que o partido organizou e abriu ao público no Pátio da Galé, na Câmara Municipal de Lisboa. As duas senhoras que me atenderam, muito amavelmente - e me reconheceram - não me deixaram pagar o bilhete de entrada e só permitiram que comprasse o catálogo.
 
A meio da visita apareceu o camarada Domingos Abrantes, com o qual convivi quando estávamos ambos exilados em Paris, e que me acompanhou até ao fim. É uma exposição interessante e em que só aparece Álvaro Cunhal - e a sua família - quase desde o nascimento, surgindo no fim um único retrato do atual líder do PCP, Jerónimo de Sousa.
 
Conheci Álvaro Cunhal quando, depois da sua primeira prisão, saiu e não tinha emprego, e, já formado em Direito, com alta classificação, o meu pai o recebeu no Colégio Moderno. Cunhal nunca quis exercer a profissão de advogado, ao contrário do seu ilustre pai, grande jurista, professor, advogado, escritor e artista plástico. Mais tarde, aliás, tive a honra de o conhecer bem e de me tornar seu amigo. Tanto que, quando deixou de advogar, passou alguns dos seus clientes ao jovem advogado que eu era então.
 
Sempre tive fascínio, e depois admiração genuína, por Álvaro Cunhal, que era regente de estudos, sendo eu estudante do ensino secundário. Tinha um rosto muito original e uns olhos que nos perfuravam e impressionavam. Não posso negar que teve uma grande influência em mim, estávamos então em plena II Guerra Mundial, ele falava-nos da resistência antifascista e antinazi e das novas auroras de um mundo diferente que aí viriam... Marcou-me profundamente, embora só depois dele estar na clandestinidade me tenha tornado comunista. Por pouco tempo, aliás.
 
Encontrei-me com Cunhal na clandestinidade, na Figueira da Foz (em Buarcos) e depois da sua longa prisão e da sua fuga espetacular de Peniche (estive preso, por pouco tempo, nessa altura, na Penitenciária, mas nunca nos vimos). Encontramo-nos em Paris e na Checoslováquia, quando me pediram para lá ir (com passaporte falso, claro) para ver o general Delgado, muito doente e acabado de ser operado. Então já não me tratou por tu nem por camarada, nem sequer me agradeceu, visto eu ser já socialista.
 
No pós 25 de Abril, desde o 1.° de Maio, percebi que me via como um adversário, ao contrário do que combináramos em Paris, no exílio. Houve um choque a partir das primeiras eleições, que o Partido Socialista ganhou por grande diferença. Os leitores conhecem todo o resto. Sabem que Cunhal reuniu duas vezes o Partido. Uma para dizer que nunca me apoiaria como candidato a Presidente da República. E outra para aconselhar, como disse, com muita graça, a uma peixeira, para que tapasse com a mão a minha cara, mas pusesse a cruzinha no sítio para votar em mim. Uma vez eleito, mantivemos sempre relações cordiais. Pelo meu lado reconheço que sem o seu auxílio não teria nunca sido Presidente da República. E não esqueço isso.
 
Nos seus 80 anos, era eu Presidente, escrevi um artigo a dar-lhe os parabéns, de que muitos anticomunistas não gostaram e que nunca compreenderam. Aliás, quando foi do 25 de Novembro - e eu estava no Porto - houve muita gente que queria destruir o PCP. Mas, como se sabe, opus-me claramente a essa ideia. Porque considero que o PCP tem todo o direito de lutar pelo que crê justo. E estive depois no funeral de Álvaro Cunhal, como me cumpria, com profunda emoção. Foi alguém que, repito, sempre, admirei desde que o conheci. Um homem político que sempre considerei excecional, apesar dos conflitos ideológicos, políticos e sociais que tivemos.
 

Portugal: SOARES, O “PAPÁ DOS PORTUGUESES”, GOSTA DE SÓCRATES

 
 
 
Condecorado hoje pela Câmara de Paris, Mário Soares diz que o ex-primeiro-ministro "é outro homem" depois de dois anos na capital francesa.

Daniel Ribeiro – correspondente em Paris - Expresso

Mário Soares adora Paris e não se cansa de o realçar. "Aprendi tudo aqui, durante meu exílio em França com os socialistas franceses, e sou o que sou porque aprendi convosco", disse hoje o ex-Presidente português numa cerimónia na Câmara de Paris, onde foi condecorado com as chaves de ouro da cidade.
 
Mário Soares dirigia-se a Bertrand Delanoë, maire de Paris, e a Lionel Jospin, antigo primeiro-ministro e ex-líder do PS francês.
 
Antes dele, no seu discurso, Delanoë foi também muito laudatório para Soares, a quem chamou de "papá dos portugueses" e "farol da social-democracia na Europa".
 
"Durão apenas pensa em dinheiro"
 
Na tribuna, Soares atacou o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso e a troika. "Durão Barroso não sabe o que quer, apenas pensa em dinheiro e nós, portugueses, estamos a dar o pouco dinheiro que temos à troika e aos mercados!", exclamou.
 
O antigo Presidente da República elogiou com ênfase particular José Sócrates, que se encontrava entre os convidados. "Sou um grande amigo de Sócrates e penso que ele está a passar pelo mesmo que eu passei, que vivi aqui quatro anos no exílio - penso que ele, depois de dois anos em Paris, também é outro homem, com uma cultura que não tinha antes", frisou.
 
Depois do discurso oficial no qual atacou duramente a austeridade, o Governo português e a chanceler alemã Angela Merkel, dizendo que sem mudanças a Europa arrisca cair numa nova guerra mundial, Soares recusou, em declarações ao Expresso, dizer se apela a uma nova revolução em Portugal.
 
"Não me faça perguntas dessas, mas o povo português não é apático, está é amedrontado, achincalhado, desesperado, desempregado, devido à política do Governo", explicou.
 
Na cerimónia, na Câmara de Paris, estiveram presentes diversas personalidades francesas e portuguesas. Lionel Jospin disse ao Expresso que acha Mário Soares uma referência para a democracia europeia. "Ele provou que existia um socialismo sem ditadura", explicou o ex-chefe do Governo socialista francês ao Expresso.


Brasil: Estamos exumando a Operação Condor, diz ministra Maria do Rosário

 


Em entrevista à Carta Maior a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, assegura que a exumação é só um dos passos.
 
@DarioPignotti – Carta Maior
 
Brasília - “Estamos exumando a Operação Condor”. Para a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o desenterro do presidente João Goulart abre as entranhas de uma “rede terrorista internacional na qual a ditadura brasileira teve uma participação importante, a exumação do presidente Goulart nos aproximará da verdade do acontecido durante essa perseguição que durou anos. Sabemos que a Operação Condor o seguiu na Argentina, que o seguiu no Uruguai, que a ditadura brasileira o hostilizou até o dia de sua morte. E não descartamos que a ditadura tenha estado envolvida em uma morte cercada de dúvidas”.

“Contamos com informações consistentes sobre o interesse prioritário que a ditadura e a Operação Condor tinham em Goulart, que nunca pode voltar com vida ao seu país. Depois de 37 anos, o governo da presidenta Dilma está realizando uma reparação histórica com a democracia brasileira e com seus familiares, que foram os que nos solicitaram a exumação por duvidar de seu envenenamento”.

Em entrevista à Carta Maior a ministra Maria do Rosário assegura que “a exumação é só um dos passos, dado que nosso trabalho junto à família e à Comissão da Verdade começou há um longo tempo, quando a presidenta Dilma nos encomendou dar prioridade ao esclarecimento da morte”.

A retirada do corpo será realizada nesta quarta-feira (13) no cemitério Jardim da Paz, de São Borja, que hoje foi monitorado por funcionários encabeçados por Nadine Borges, da Equipe de Trabalho ad hoc, criada pela Secretaria de Direitos Humanos, familiares de Goulart e pela Policia Federal.

Posteriormente os restos irão à Brasília, onde será recebido pela presidenta Dilma.

“O corpo terá honras de Estado, que é a homenagem que um presidente merece, coisa que deveria ter acontecido há 37 anos, ocorre hoje sob um governo democrático que está demostrando, com fatos, seu compromisso com a verdade e a reparação” afirmou Maria do Rosário.

-E se os estudos demonstram que não foi envenenado?

- Devemos esperar sem urgência o resultado dos exames, em laboratórios internacionais, em um corpo que sofreu os efeitos da passagem de 37 anos. Não podemos esperar que os laboratórios deem um parecer conclusivo, talvez não consigam e, nesse caso, ficará sempre a dúvida do envenenamento. Do que não resta dúvida é de que a ditadura e a Operação Condor o hostilizaram durante os doze anos que teve que viver no exilio. Que a ditadura não lhe permitiu retornar ao seu país como ele queria”.

“Há 37 anos a família pediu permissão - e não o obteve - para que o presidente fosse levado para Brasília, como correspondia. Ou seja, que uma ditadura ilegítima proibiu que o corpo de um ex-presidente eleito seja recebido na capital e também proibiu que fosse feita uma autopsia, algo que também é muito sugestivo” lembra Maria do Rosário

Eduardo Frei e Arafat

A revelação de que o ex-presidente chileno Eduardo Frei foi vítima de uma intoxicação urdida pelo regime de Pinochet “foi um caso que estudamos bastante, porque as ditaduras do Chile e do Brasil utilizaram métodos semelhantes e seus aparatos de repressão estavam em contato para coordenar tarefas”, afirma a ministra.

Depois comenta que os casos de Frei e, mais recentemente, do líder palestino Yasser Arafat, demonstram que os envenenamentos foram uma das técnicas utilizadas pelo terrorismo de Estado para eliminar seus inimigos sem deixar pistas por muitos anos.

“Inclusive – agrega - alguns dos peritos internacionais que já se encontram em São Borja estudaram como foi realizada a exumação de Eduardo Frei e os estudos posteriores que lhe realizaram.

Estoque de memória

São Borja amanheceu ensolarada na terça-feira, depois da tormenta de segunda-feira, e “invadida” por repórteres e funcionários que alteram a rotina bucólica dessa cidade de pouco mais de 60 mil habitantes, ruas estreitas e sem pretensões, onde sobressaem dois museus importantes: dedicados aos ex-presidentes João Goulart e Getúlio Vargas.

“Poucas cidades tem dois presidentes como nós em São Borja, somos uma cidade pequena, mas com muitos filhos célebres que sempre são lembrados, aqui temos um bom estoque de memória” me conta o taxista Jango, no caminho que vai da simples estação rodoviária ao centro da cidade, onde chegam raros voos comerciais.

Com camisa vermelha, do Internacional de Porto Alegre, o taxista Jango, de uns 55 anos de idade afirma que, em 1976, foi um de milhares de cidadãos que tomaram as ruas para acompanhar o cortejo fúnebre do ex-presidente Goulart. “Isto era um mar de gente, toda a avenida Vargas estava cheia, a igreja cheia, todo o mundo estava na rua”.

Goulart havia falecido em sua fazenda da província argentina de Corrientes, onde um médico pediatra lavrou uma certidão de óbito, dizendo que a causa foi uma parada cardíaca.

Eminência cubana

“Para nós, da família do presidente Goulart, sua morte provavelmente teve como causa um possível envenenamento que terá que ser estudado agora pelos laboratórios que recebam as amostras, que serão recolhidas amanhã” declarou à Carta Maior João Marcelo, neto do líder trabalhista.

“Nós estamos vivendo um momento de muita dor, de grande tensão e ao mesmo tempo de expectativa pela exumação”, comentou antes de ir ao Cemitério Jardim da Paz, onde repousam os restos.

Médico graduado em Cuba, Joao Marcelo contou conhecer muito bem o currículo do doutor Jorge González Pérez, reitor da Universidade de Ciências Médicas de La Habana, que integra a comitiva de especialistas internacionais convidados para vistoriar a exumação.

González Pérez, “é uma eminencia científica internacional, tem um grande prestígio por sua formação, reforçada por sua experiência em trabalhos de campo, como o que fez na Bolívia com o descobrimento e reconhecimento dos restos do Che Guevara”.

Tradução: Liborio Junior
 

Moçambique: MDM pode beneficiar com ausência da RENAMO no município de Nampula

 

Deutsche Welle
 
A ausência da RENAMO nas eleições autárquicas é vista por analistas como uma oportunidade para o MDM vencer o processo na cidade de Nampula, um dos bastiões da RENAMO. E aqui a caça ao voto está a ser bem aproveitada.
 
Mahamudo Amurane, 40 anos de idade, é candidato do MDM, Movimento Democrático de Moçambique e segundo maior partido da oposição, para a cidade de Nampula.
 
Eram 9 horas e 53 minutos desta segunda-feira (12.11.) quando Amurane se deslocou em campanha para o populoso bairro de Murrapaniua, algures na cidade de Nampula. Murrapaniua é um bairro onde os seus residentes são na sua maioria apoiantes do partido da oposição.

Mahamudo Amurane, acompanhado por membros e simpatizantes, foi de casa em casa, para pedir votos para si e para o MDM: “Vote em mim, sou filho daqui”.

Mahamudo Amorane disse à DW África que não quer apenas conquistar os votos da RENAMO, o maior partido da oposição, como também da própria FRELIMO, o partido no poder, que nos últimos anos não conseguiu resolver os problemas dos munícipes.

A ideia do candidato do MDM é também apelar ao dever civico: "Não é resgatar os votos, é despertar a toda gente, seja da RENAMO ou da FRELIMO, para que realmente afluam às mesas de votação e possam escolher as propostas dos candidatos que acham mais capazes para resolver os seus problemas."
 
Por isso Amurane chama toda a gente, e não apenas um grupo específico e justifica porquê: "Quem sofre com a falta de água não é só da RENAMO, da FRELIMO, do MDM, são todos os residentes. E é a essa população a quem dizemos que vamos trazer água, que vamos abrir vias de acesso. Esperamos que entendam essa mensagem e acreditem no que somos capazes."
 
A luta pela manutenção do poder

Mohamed Amurane promete, caso seja eleito, não decepcionar o eleitorado. Segundo ele, na sua governação os cidadãos serão respeitados e envolvidos nos processos de tomada de decisão.

Entretanto, a FRELIMO, que está no poder no município de Nampula nos últimos 15 anos, também quer aproveitar ao máximo esta campanha eleitoral. A FRELIMO e o seu candidato, Adolfo Absalão Siueia, têm mantido contatos diretos com as pessoas residentes nos bairros onde nunca teve grandes vitórias como as localidades de Namicopo, Napipine e Muatala.

Absalão Siueia diz que os eleitores de Nampula deixados à sua sorte pela RENAMO já foram conquistados a seu favor, daí que irão votar nele porque personifica a experiência e principalmente por ter sido proposto por um partido maduro politicamente: "A avaliar pela emoção e participação dos eleitores pelos lugares por onde passamos (a campanha) é positiva, a favor da minha pessoa e do meu partido FRELIMO."

Além do MDM e da FRELIMO, concorrem para o município de Nampula outros dois candidatos, dois partidos e uma organização da sociedade civil.

Trata-se de Filomena Mutoropa, proposto pelo Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO), Mário Albino da Associação de Educação Moral Cívica na exploração dos Recursos Naturais (ASSEMONA), e a coligação constituída pelo Partido para Paz Democracia e Desenvolvimento (PDD), e Aliança Democrática (AD), que concorre apenas para os assentos da Assembleia Municipal.

E para quem vão os votos da RENAMO?

Entretanto, alguns académicos e juristas residentes em Nampula entrevistados pela DW África, dizem que a ausência da RENAMO no escrutínio de 20 de novembro, poderá provocar muitas abstenções.

António Anlí, académico e docente universitário em Nampula diz que se os partidos concorrentes trabalharem bem até podem receber votos do partido da perdiz, ou seja, a ave que simboliza a RENAMO.

Mas, o jurista e membro do observatório eleitoral de Nampula, Arlindo Muririua, duvida que no sufrágio de 20 de novembro, os eleitores apoiantes da RENAMO tomem parte no processo, uma vez que, muito deles, não tiveram o privilégio de se recensear: ”Nenhum membro da RENAMO se recenciou nesta província, e sabemos que a maioria da população aqui é da RENAMO."

Face a essa situação Muririua considera que "não indo às urnas, realmente é uma pequena parte dos simpatizantes da FRELIMO/RENAMO que se desviou para o MDM, mas os membros da RENAMO não vão votar porque não se recensiaram."

Muririua referiu que, para além das abstenções muitos votos daqueles que outrora depositaram a sua confiança na RENAMO "poderão agora entregar o seu voto ao MDM, uma vez que o partido inclui nas suas fileiras muitos dissidentes da própria RENAMO".
 
O colaborador do observatório eleitoral afirma ainda que, apesar de o processo ter decorrido sem sobressaltos até ao momento, prevê-se muitas reclamações no ato de divulgação dos resultados, devido a supostas violação e viciação dos resultados pelo partido no poder.
 
Autoria: Nelson Miguel Carvalho (Nampula) – Edição: Nádia Issufo / António Rocha
 

“Vamos continuar a adquirir meios para o Exército, Marinha de guerra e Força Aérea”

 

O País (mz)
 
“Não conheço nenhum exército que revela isso, não sei se a sua Força ou o exército do seu país é daqueles vulneráveis que diz o que é que adquire. A transparência não pode significar tornar nosso país vulnerável.”
 
Sr. ministro, a imprensa internacional tem estado a noticiar que Moçambique está a comprar aeronaves para a Força Aérea e de há dois anos para cá já foram adquiridas cerca de 20 aeronaves. Confirma?
 
Adquirir 20 aeronaves não é brincadeira. Contudo, Moçambique está a organizar-se como todos os exércitos do mundo e a Força Aérea é um dos ramos.
 
Sempre se adquiriu equipamentos gradualmente. Vamos continuar a adquirir meios para o Exército, para a Marinha de Guerra, para a Força Aérea. Vocês nunca se perguntam quando se compra um tractor para a logística de produção, nunca questionam quando se compra camião para carregar lenha para as FADM. Isso não pode preocupar e acho que nem é pelo valor, e sim pela sua importância.
 
Neste caso, quantos aviões é que foram comprados?
 
Não conheço nenhum exército que revela isso, não sei se a sua Força ou o exército do seu país é daqueles vulneráveis que diz o que é que adquire. As pessoas podem continuar a dizer que comprámos isto, comprámos aquilo, mas nós não vamos dizer quantos aviões, helicópteros, facas ou outros materiais adquiridos... não fazemos isso.
 
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Moçambique: MAIS DOIS AGENTES DA POLÍCIA DETIDOS POR TENTATIVA DE SEQUESTRO

 

O País (mz)
 
Três semanas depois de o Tribunal Judicial da Cidade de Maputo provar o envolvimento de agentes da Polícia da República de Moçambique, PRM, nos casos de raptos, em Maputo, através de uma condenação a três agentes da Lei e ordem a penas de 16 anos de prisão efectiva, ontem, foi a vez de o porta-voz da Polícia ao nível do Comando-Geral confirmar a conexão de elementos da PRM aos raptos.
 
Pedro Cossa diz que mais dois agentes da Polícia estão detidos por tentativa de rapto na capital. Na verdade, eram três, só que um deles continua foragido e dois foram neutralizados.
 
Os agentes em referência pegaram num indivíduo algures na cidade de Maputo, meteram-no numa viatura, na parte da bagageira, e deram voltas com ele. De forma inexplicável, o sequestrado conseguiu escapulir-se, sem que os polícias malfeitores se tivessem apercebido. Em seguida, a vítima aproximou-se das outras autoridades policiais para se queixar e forneceu informações da viatura que o tinha sequestrado.
 
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Governo de transição da Guiné-Bissau abre concurso para privatizar telecomunicações

 


O Governo de transição da Guiné-Bissau abriu concurso para privatização da Guiné Telecom, operador público de telecomunicações, de acordo com um anúncio publicado na imprensa do país.
 
O concurso internacional prevê "a cedência de uma participação estratégica correspondente a 80 por cento do capital social e dos direitos de voto" da Guiné Telecom.
 
Os grupos ou sociedades concorrentes devem ter entre os seus membros ou acionistas aquilo que o anúncio designa como "operador qualificado".
 
Ou seja, exige-se um operador que tenha tido um número mínimo de 500 mil assinantes (fixo e ou móvel) no final de 2011, com "referências na implantação e exploração de redes fixas e móveis, pelo menos num país emergente" de África, Médio Oriente, Ásia e Europa de Leste, incluindo "o mercado de origem do operador".
 
O concurso impõe outras condições ao operador, tais como deter 15 por cento do volume de negócio do mercado onde opera.
 
O caderno de encargos do concurso está disponível junto do Banco Oeste-Africano de Desenvolvimento (BOAD), conselheiro do Governo de transição no processo - a par da empresa África Capital.
 
A Guiné Telecom (rede telefónica fixa) e Guiné Tel (rede móvel) são empresas detidas exclusivamente pelo Estado guineense.
 
Foram criadas mediante acordo entre a Guiné-Bissau e a Portugal Telecom, que saiu do país em 2009.
 
Desde 2004 que a empresa tem dificuldades técnicas e financeiras.
 
A 22 de julho de 2011, o então primeiro-ministro guineense, Carlos Gomes Júnior, anunciou que o Governo estava a trabalhar no saneamento e revalorização do património da Guiné Telecom para seguidamente privatizar a empresa.
 
Em maio deste ano, o presidente do sindicato de trabalhadores da firma, David Mingo, referiu que foram pagas as dívidas da empresa, mas o restante dinheiro para investimento (cerca de 10 milhões de euros) nunca chegou a ser disponibilizado e continua à ordem do Governo e do BOAD.
 
Hoje, "a empresa está num estado de desprezo" e nem dinheiro tem para comprar combustível ou equipamentos, referiu.
 
Lusa
 

BENFICA PRETENDE ABRIR ACADEMIA PARA 100 JOVENS NA GUINÉ-BISSAU

 


O Benfica pretende abrir uma academia de formação na Guiné-Bissau para 100 jovens futebolistas e ainda ajudar a construir a equipa de futebol sénior da filial guineense, refere uma nota do clube da Luz.
 
A nota, assinada pelo diretor do departamento de formação do Benfica, Armando Jorge Carneiro, foi enviada ao Sport Bissau e Benfica no dia 29 de outubro no âmbito dos laços de "identidade e cultura benfiquista" que unem os dois clubes, escreve-se.
 
"O interesse do nosso clube é bem claro: potenciar e desenvolver o futebol de formação na Guiné-Bissau, de acordo com os nossos princípios, o nosso modelo de treino e jogo", observou Armando Carneiro.
 
Ainda segundo a nota, o Benfica quer ver a academia "Geração Benfica", para a qual vai disponibilizar meios técnicos e logísticos, aberta "num curto espaço de tempo".
 
Em dezembro de 2011, a convite de Carlos Teixeira, presidente do Estrela Negra de Bissau (clube militar), o Benfica trouxe à Guiné-Bissau a sua equipa de sub-19 para uma digressão de quatro dias.
 
Na altura, Armando Carneiro, enquanto chefe da delegação, que incluiu Chalana, o jovem Ivan Cavaleiro (atual coqueluche do clube da Luz), entre outros, prometeu dinamizar a cooperação com o Benfica de Bissau.
 
Na Guiné-Bissau não existem estatísticas sobre os adeptos de futebol, mas especialistas na matéria admitem que o Benfica seja o clube com maior número de simpatizantes.
 
Apesar de ser o segundo clube guineense que mais títulos conquistou até hoje (atrás do Sporting Clube da Guiné-Bissau, filial da formação leonina portuguesa), o Benfica de Bissau atravessa momentos de dificuldade e o ultimo título conquistado foi na época de 2009/2010.
 
Notícias ao Minuto
 

China envia “solução de emergência” à Guiné-Bissau depois do Fórum Macau

 


Andreia Sofia Silva, China - Hoje Macau
 
A Guiné-Bissau vai receber “já” da China um “acordo de assistência” no valor de 140 milhões de dólares em alimentos. Ao HM, Malam Becker Camara diz que projectos de infra-estruturas também foram aprovados
 
A presença da delegação governamental da Guiné-Bissau no Fórum Macau correu tão bem que Rui Duarte Barros, primeiro-ministro, decidiu realizar o balanço do evento no próprio país ao invés de Macau, como estava agendado. A garantia foi dada ao HM por Malam Becker Camara, representante do país no Fórum Macau, que diz ainda que todos os objectivos propostos inicialmente foram conseguidos.
 
Foi selado “um acordo de emergência e de assistência da China à Guiné-Bissau no valor de 140 milhões de dólares, que se comprometeu a enviar já uma ajuda em cereais e outros produtos alimentares”. Ficou ainda prometida a análise e apoio financeiro “de alguns projectos de energia para uma barragem hidroeléctrica, de portos de águas profundas. Tudo o que tínhamos projectado teve uma receptividade óptima pelas autoridades chinesas, por isso consideramos que valeu muito a pena a vinda do primeiro-ministro”. Tudo poderá ser realizado “num futuro breve”.
 
Com isto, “foi demonstrada a pretensão da Guiné em relançar a nossa cooperação e tornar esta relação com a China sendo um parceiro estratégico”.
 
Incidente será “ultrapassado”

A conferência de imprensa que estava agendada para ontem em nada teve a ver com a agressão de que foi vítima o ministro guineense Orlando Viegas, com a pasta dos transportes, e que é ainda dirigente do Partido de Renovação Social.
 
“A delegação teve outra agenda e preferiu-a. A situação do país está na normalidade. Do que tenho seguido, foram tomadas as devidas medidas pelas autoridades e não há nada demais. Acredito que vai ser ultrapassado.”
 
Malam Becker Camara concorda que a instabilidade política que o país vive neste momento não ajuda ao fomento económico. As eleições voltaram a ser adiadas para o próximo ano, por falta de fundos. “Tudo está a encaminhar-se para a realização das eleições. Em termos de estabilidade política temos consciência de que afecta em certa medida o desenvolvimento e estamos a fazer por isso. Estamos a tentar resolver o problema dessa variável.”
 

PUTIN CHEGA A SEUL COM DOSSIÊ COREIA DO NORTE NA AGENDA

 

13 de Novembro de 2013
 
O Presidente russo, Vladimir Putin, chegou hoje a Seul para uma visita de um dia, em que abordará com a sua homóloga sul-coreana, Park Geun-hye, vários assuntos bilaterais, bem como o programa nuclear da Coreia do Norte.

No segundo encontro depois da cimeira do G20, de setembro, em São Petersburgo, os dois líderes deverão discutir a ameaça que o programa de armas nucleares da Coreia do Norte representa para a região, numa altura em que os membros das conversações a seis para a desnuclearização norte-coreana tentam retomar o estancado processo de negociações.

A Coreia do Sul e a Rússia participam, a par da Coreia do Norte, dos Estados Unidos e do Japão, do diálogo a seis, paralisado desde 2008.

Lusa
 

ENTERROS EM MASSA NAS FILIPINAS APÓS TUFÃO HAIYAN

 

Jornal de Notícias
 
Autoridades e instituições religiosas cavam valas comuns para enterrar as vítimas e prevenir surtos de doenças e epidemias cinco dias depois de o tufão Haiyan ter arrasado as regiões centrais das Filipinas.
 
Pelo menos 150 corpos, todos não identificados pelas autoridades filipinas - foram enterrados numa vala comum perto da igreja de Palo, na ilha de Leyte, informou o canal local GMA.
 
Na região, devastada na passada sexta-feira, pelo tufão Haiyan, o odor dos cadáveres amontoados nas ruas e sob os escombros torna-se insuportável, enquanto dezenas de milhares de pessoas carecem de bens de primeira necessidade para que conseguiam sobreviver até à chegada de mais ajuda.
 
As autoridades têm sido sobrecarregadas pela quantidade de corpos que os familiares ou vizinhos vão levando continuamente para o recinto religioso de Palo e edifícios habilitados como morgues.
 
Em Barangay Paon, no nordeste da ilha de Panay, também foi relatado o enterro de 55 corpos não identificados, que se acredita serem de marinheiros residentes em Masbate, mortos no passado domingo.
 
A passagem da tempestade tropical Zoraida pela região ocidental do arquipélago filipino provocou mais chuva em Tacloban e nas povoações vizinhas, agravando as inundações em várias zonas daquela cidade.
 
A propagação de doenças como a gripe e o aparecimento de surtos de cólera ou outras epidemias figura como uma das principais preocupações das autoridades locais.
 
As provisões de alimentos e água potável e o abastecimento de material médico continuam a chegar a conta-gotas às províncias centrais de Samar, Leyte e ao norte de Cebu, as mais afetadas pelo desastre natural, apesar de as agências nacionais e internacionais terem começado a implantar-se na região.
 
O Conselho de Gestão e Redução de Desastres das Filipinas elevou para 1833 o número de mortos, no seu mais recente balanço, em que dá ainda conta do registo de pelo menos 2623 feridos e de 84 desaparecidos.
 
O Presidente das Filipinas, Benigno Aquino, descartou, na terça-feira, a hipótese de o número de vítimas mortais alcançar a fasquia das dez mil, como estimaram as Nações Unidas, calculando o número de mortos entre os 2000 e os 2500, numa entrevista à CNN.
 
Foto: Edgar Su - Reuters
 

Vulcão em erupção na Indonésia força retirada de mais de 5.000 pessoas

 


Jacarta, 13 nov (Lusa) -- Mais de 5.000 pessoas foram retiradas, no oeste da Indonésia, após uma série de violentas erupções vulcânicas, informa hoje a imprensa local.
 
O monte Singabung, no norte da ilha de Samatra, apresenta desde o início do mês uma grande atividade vulcânica, expelindo rochas, cinzas e lava até sete quilómetros de altura.
 
O Sinabung 'acordou' em setembro pela primeira vez desde 2010, após ter estado adormecido durante quase um século.
 
O porta-voz da Agência Nacional de Mitigação de Desastres, Sutopo Purwo Nugruho, indicou, segundo a agência noticiosa Antara, que as pessoas que foram retiradas pertencem a diferentes aldeias na região de Karo.
 
A Indonésia assenta no chamado "anel de fogo" do Pacífico, uma zona de forte atividade sísmica e vulcânica, abrigando dezenas de vulcões ativos.
 
Um dos mais perigosos, o Mérapi, situado na ilha central de Java, causou mais de 350 mortos durante uma série de erupções durante o ano de 2010.
 
DM (EJ) // DM - Lusa
 

Líder do Governo de Macau salienta "papel vital" dos portugueses no desenvolvimento local

 


Macau, China, 12 nov (Lusa) - O chefe do executivo de Macau, Fernando Chui Sai On, afirmou hoje, na apresentação das políticas para 2014, que os portugueses e os macaenses têm desempenhado um "papel vital" no desenvolvimento da Região Administrativa Especial chinesa.
 
"Ao longo dos tempos, os macaenses e os portugueses residentes em Macau têm desempenhado um papel vital na promoção do intercâmbio entre as culturas oriental e ocidental e no desenvolvimento de Macau", afirmou o líder do Governo local, num discurso na Assembleia Legislativa.
 
Ao salientar que os "encantos de Macau" passam pela sua "diversidade cultural", Chui Sai On constatou que o seu Governo "tem sempre vindo a promover a coexistência harmoniosa das diferentes etnias, religiões e culturas" no território, "respeitando a pluralidade de culturas, costumes e hábitos".
 
As autoridades de Macau recusaram, entre janeiro e setembro, a dez cidadãos portugueses o pedido de fixação de residência no território, mais nove do que no ano passado, segundo dados facultados recentemente pelos Serviços de Migração à Rádio Macau.
 
De acordo com os mesmos dados, nos nove primeiros meses do ano, 263 pedidos para a fixação de residência foram apresentados por portugueses às autoridades de Macau e 97 obtiveram luz verde, havendo ainda 156 casos pendentes.
 
Hoje, o chefe do executivo de Macau anunciou como a grande aposta estratégica das políticas do seu Governo para 2014 a aposta na formação de talentos locais com o objetivo de os quadros locais ascenderem a cargos de gestão nas grandes empresas do território.
 
Quanto ao papel de Macau enquanto plataforma de cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa, Chui Sai On constatou que "tem vindo a produzir resultados assinaláveis" e garantiu que o seu Governo "irá envidar os maiores esforços" para a prestação de "serviços de qualidade" e formação de pessoal originário desses países.
 
"Daremos maiores apoios às empresas de Macau, às pequenas e médias empresas do interior da China e a empresas dos países de língua portuguesa, concretizando, assim, uma cooperação multilateral e de ganhos mútuos", concluiu.
 
PNE // VM - Lusa
 

China: "Papel decisivo" do mercado, mas mantem setor estatal na "posição dominante"

 


Pequim, 12 nov (Lusa) - A liderança chinesa prometeu hoje atribuir um "papel decisivo" ao mercado para "aprofundar as reformas económicas" e encorajar o desenvolvimento de "diversas formas de propriedade", mas mantendo o setor estatal como "dominante".
 
"A China permanecerá fiel ao papel dominante do setor público, assumindo a liderança da economia estatal, enquanto encorajará, apoiará e orientará o setor não público, ampliando a sua vitalidade e criatividade", diz a resolução aprovada pelo Comité Central do Partido Comunista Chinês (PCC) ao fim de quatro dias de reunião.
 
De acordo com extratos da resolução difundidos pela agência noticiosa oficial chinesa Xinhua, "a China aprofundará as suas reformas económicas para assegurar que o mercado desempenhará um papel decisivo na distribuição de recursos".
 
Pelas imagens difundidas na televisão, que mostram os 370 membros efetivos e suplementes do Comité Central do PCC votando de braço no ar, o documento parece ter sido aprovado por unanimidade. Foi a terceira reunião do género desde o XVIII Congresso do partido, há um ano, que ficou assinalado pela ascensão de uma nova geração de líderes.
 
"A questão central é tratar corretamente a relação entre o Governo e o mercado", concluiu a nova liderança chinesa, encabeçada pelo secretário-geral do PCC e Presidente da República, Xi Jinping.
 
Ainda no plano económico, a Xinhua destacou a disposição de "aliviar as restrições ao investimento" e "acelerar a construção de zonas de comércio livre".
 
A liderança chinesa anunciou a criação de um "Comité de Segurança do Estado", para "melhorar sistemas e estratégicas que garantam a segurança nacional", e reconheceu a necessidade de "prevenir conflitos sociais e melhorar a segurança pública".
 
O plenário do Comité Central do PCC, que reúne apenas duas vezes por ano, num hotel da zona ocidental de Pequim, prometeu também "proteger o ambiente" e "edificar uma civilização ecológica".
 
Descrita como "crucial", a reunião ocorreu numa altura em que o modelo de crescimento da China, assente nas exportações, parece esgotado.
 
Em 2012, o crescimento do Produto Interno Bruto chinês abrandou para 7,7% - o mais baixo desde o final da década de 1990 - e este ano deverá manter-se no mesmo valor.
 
A China é a segunda economia mundial, a seguir aos Estados Unidos, e tem as maiores reservas cambiais do planeta, estimadas em 3,21 biliões de dólares (2,32 biliões de euros).
 
AC // VM - Lusa
 

OS DITAMES DO MERCADO CHEGAM À CHINA

 

Henrique Monteiro – Expresso, opinião
 
O Comité Central do Partido Comunista da China anunciou ontem que as regras do mercado vão passar ter um papel fundamental na economia do país. Os dirigentes chineses aprovaram ainda direitos dos camponeses sobre a propriedade e que mais casais possam ter o número de filhos que desejarem.
 
Ou seja, formalmente o comunismo - que na China era já uma miragem - acabou. A ideia do comunismo era domesticar o mercado através da política. Ou seja a formação de preços, de salários e de lucros, etc. não dependeria de regras de oferta e procura estabelecidas por uma plêiade de fatores e agentes económicos, mas de necessidades e planeamentos centrais.
 
A notícia é, seguramente, boa para os chineses, podendo animar de forma decisiva a sua Economia. Mas se for levada avante a reforma prometida, que envolve mais investimento privado, podemos contar com uma muito mais forte competitividade, inovação e agressividade por parte do país mais populoso do mundo, que é já a segunda economia do planeta e que tem uma boa parte das divisas mundiais.
 
E isso significa que, cada vez mais, o modelo europeu - com todas as virtudes que tem, com o seu modelo de entreajuda ainda que imperfeito - está cada vez mais posto em causa. Não se trata, como alguns querem fazer crer, de uma conspiração geral. Trata-se, outrossim, de muitos povos (chineses, indianos, brasileiros, mexicanos, turcos, indonésios, etc.) que viveram séculos ao serviço do nosso bem-estar, reclamarem esse bem-estar também para eles.
 
Quando começou, o Ocidente achou que a globalização era um modo de ter, além da matéria-prima barata, manufatura quase de graça. Agora, já tarde, começa a compreender que os sistemas de equilíbrio tendem a funcionar. Sim, nós estamos a ficar mais pobres, mas felizmente muitos povos estão a sair da miséria.
 

Portugal: O PALHAÇO VAI AO CIRCO DA "CONCERTAÇÃO SOCIAL"

 

Helder Semedo
 
A comunicação social está a sobrevalorizar a ida de Passos Coelho, primeiro-ministro, à reunião da Concertação Social na próxima quarta-feira, disso damos conta numa compilação do Jornal de Notícias de hoje, que diz: “O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, reúne-se, esta quarta-feira, com os parceiros sociais para discutir, de uma forma inédita, na Comissão Permanente da Concertação Social, a proposta de Orçamento do Estado para 2014.”
 
Aqui, no Página Global, em título: Portugal: PASSOS COELHO EM REUNIÃO INÉDITA COM OS PARCEIROS SOCIAIS. Que é inédita a presença do PM nestas reuniões. Diz-se. Pois não deveria ser, e isto vale para todos os PMs de todos os governos. Aqui se vê que afinal a Concertação Social não passa de um circo em que práticamente já tudo ou quase tudo está definido e em que prevalece a vontade dos patrões e dos governos. Deste também, o de Cavaco e de Passos, assim como do “irrevogável” Portas. Estamos perante uma tourada ou perante um circo? Em abono do que se vislumbra masi parece um circo. Podemos dizer, então, que um dos palhaços-mor vai ao circo. O circo da Concertação Social – que não é concertação nenhuma mas sim uma fachada, uma palhaçada.
 
A estratégia e aplicação do Orçamento de Estado está já mais que definida. O próprio presidente da República – um dos deste governo – já disse que apesar de o Orçamento poder conter inconstitucionalidades vai promulgá-lo. Sendo assim o que pode mudar no OE e nas políticas deste governo ressabiado? Nada. A não ser aparências. Ilusões. Mentiras. Promessas vãs em que Passos Coelho é exímio, useiro e vezeiro. Esperam o anúncio de aumento do salário minimo nacional? Pois podem esperar e Passos até pode dizer que sim, que em 2014 vai haver aumento dessa remuneração de miséria. Mas vai ter um aumento de quanto? De um euro por dia? De 30 euros por mês? E isso é alguma coisa? Além do mais quem garante que Passos vai cumprir com a promessa em 2014? Ninguém pode garantir porque aldrabão como ele é – demonstrações não faltam – não será novidade que em 2014 não aconteça aumento algum. Ou se houver esse aumento algo será gizado para compensar o “prejuízo”. Acrescente-se ainda que as entidades patronais que pagam com base no salário mínimo nacional (bem menos de 500 euros) são as pequenas e médias empresas e essas estão com a corda na garganta. Muitas à beira da falência.
 
E então? Esta coisa de “Concertação Social” é ou não um grande circo? E não é a esse circo que o palhaço vai? Palhaço em circo não é inédito. Por que motivo a comunicação social faz tanto alarido e, em certos orgãos, até se esforça por fazer prova do “maravilhoso” PM que Portugal tem? Desta vez que jornalistas ambicionam ir para assessores ou capachos pagos a peso de ouro com o dinheiro dos contribuintes? Se não, porquê tanta chinfrineira com a ida do PM à dita "concertação social"?
 

Portugal: PASSOS COELHO EM REUNIÃO INÉDITA COM OS PARCEIROS SOCIAIS

 

Jornal de Notícias
 
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, reúne-se, esta quarta-feira, com os parceiros sociais para discutir, de uma forma inédita, na Comissão Permanente da Concertação Social, a proposta de Orçamento do Estado para 2014.
 
"Será uma reunião inédita, nunca aconteceu, normalmente o Conselho Económico e Social dá um parecer, que já foi feito, mas não tenho ideia de alguma vez o primeiro-ministro ter-se deslocado ao conselho permanente para discutir o Orçamento do Estado. Essa reunião é feita por iniciativa do próprio primeiro-ministro", disse o presidente do CES, Silva Peneda, na segunda-feira no final de uma audição parlamentar.
 
O responsável anunciou a realização desta reunião no sábado, à margem do Congresso para o Crescimento Sustentável, que decorreu no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) mostrando-se "muito satisfeito" com o facto.
 
De acordo com a informação divulgada no 'site' do Conselho Económico e Social (CES), a reunião decorrerá a partir das 10:15, em Lisboa.
 
O secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, considerou na terça-feira, numa reação a esta decisão de Passos Coelho, que o primeiro-ministro pretende transformar a concertação social na antiga câmara corporativa do Estado Novo e manifestou-se sem expectativas em relação à reunião de hoje.
 
"A proposta de Orçamento do Estado para 2014 tem é de ser discutida na Assembleia da República, porque é esse o espaço adequado. A sensação que temos é que o primeiro-ministro está a procurar iludir os portugueses, fazendo da concertação social a reposição da câmara das corporações", consideoru Arménio Carlos.
 
O dirigente máximo da CGTP-IN disse que o primeiro-ministro "chama os parceiros sociais não para discutir ou negociar, porque se estivesse interessado em discutir e negociar já o tinha feito, nomeadamente com os sindicatos da administração pública e do setor empresarial do Estado".
 
Durante a reunião, a CGTP-IN dará a sua opinião sobre o Orçamento e apresentará ao primeiro-ministro as suas alternativas "para a política de rendimentos, para as funções sociais do Estado e para a política fiscal", revelou Arménio Carlos.
 
Sensivelmente à mesma hora da reunião entre os parceiros sociais e Passos Coelho, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque estará presente na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, naquela que será a última audição no âmbito da apreciação na especialidade do Orçamento do Estado para 2014.
 

Portugal: A MINHA ESCOLA PÚBLICA

 

Baptista-Bastos – Diário de Notícias, opinião
 
Tudo o que sou e sei devo-o à escola pública, à abnegada dedicação de professores, cujas memórias retenho com emoção e saudade. Não é mau ter saudade: é manter o lastro de uma história que se entrecruza com a dos outros, de muitos outros. É sinal de uma pertença que transforma as relações em laços sociais, frequentemente para toda a vida. Da primária ao secundário, e por aí fora, a presença desses homens e dessas mulheres foi, tem sido, a ética e a estética de uma procura do próprio sentido da vida. O débito que tenho para com eles é insaldável. A paciência solícita, o cuidado e a atenção benevolente do tratamento dispensado aos miúdos desbordavam de si mesmos para ser algo de grandioso. Ah! Dona Odete, como me lembro de si, da sua beleza mítica, da suavidade da sua voz, a ensinar-nos que o verbo amar é transitivo. Também lhe pertenço, e àqueles que falavam das coisas vulgares das ruas e dos bairros, da cadência melancólica das horas e dos dias, com a exaltação de quem suspira uma reza ou compõe uma épica.
 
Depois, foram os meus três filhos, instruídos em cantinas escolares republicanas, e aí estão eles, no lado justo das coisas, nesse regozijo dos sentidos que obriga ao grito e à cólera quando a repressão se manifesta. Escrevo destas coisas banais para designar o verdete e o vómito que me provocam o ministro Crato e o seu sorriso de gioconda de trazer por casa, quando, por sistema e convicção, destrói a escola republicana, aduzindo-lhe, com rankings e estatísticas coxas, a falsa menoridade da sua acção. Este ministro é um mentiroso, por omissão deliberada e injunção de uma ideologia de que é paladino. Não me interessa se abjurou dos ideais de juventude; se tripudiou sobre "O Eduquês", um ensaio dignificante; ou se mandou às malvas o debate que manteve com o professor Medina Carreira, num programa da SIC Notícias. Sei, isso sim, que os homens de bem devem recusar apertar-lhe a mão.
 
Ele não diz que a escola pública está aberta a toda a gente, e que a escola privada (com dinheiro nosso, dos contribuintes) é extremamente selectiva. Oculta que a escola pública acolhe os miúdos com fome, de pais desempregados, de famílias disfuncionais e desestruturadas, que vivem em bairros miseráveis e em casas degradadas, entregues a si mesmos e à raiva que os alimenta.
 
Não diz que a escola pública é a imagem devolvida da sociedade que ele próprio prognostica e defende. Uma sociedade onde uma falsificada elite, criada nos colégios, tende a manter-se e a exercer o domínio sobre os outros. Oculta, o Crato, que, apesar desse inferno sem salvação, fixado nos rankings numa humilhação atroz, ainda surgem alunos admiráveis, com a tenacidade e a dimensão majestosa de quem afronta a injúria e a desgraça. E esta imprensa, muito solícita em noticiar trivialidades, também encobre a natureza real do grande problema. Tapa os ouvidos, os olhos e a boca como o macaco da fábula.
 
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo acordo ortográfico
 

CASO DO VICE-PRESIDENTE DE ANGOLA ARQUIVADO PELA JUSTIÇA PORTUGUESA

 


Carlos Rodrigues Lima – Diário de Notícias
 
De uma assentada, o Ministério Público, para além de Manuel Vicente, arquivou as suspeitas contra a empresa Portmil e Higino Lopes Carneiro, governandor da província de Kuando Kubango
 
O Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) deu, no início desta semana, o primeiro passo para o arquivamento das suspeitas contra o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, o governador da província de Kuando Kubango, Higino Lopes Carneiro, e a empresa Portmil, envolvida em suspeitas relativas à compra de acções do BES/Angola (BESA). Segundo informações recolhidas pelo DN, o Ministério Público aceitou separar os três casos do processo principal "com vista ao arquivamento dos autos" em relação aos três intervenientes.
 
A decisão do procurador do DCIAP foi tomada após o advogado que representa os três denunciado ter solicitado a separação dos respetivos casos do processo aberto na sequência de uma denúncia do antigo embaixador angolano Adriano Parreira. Ao que o DN apurou, o Ministério Público considerou que Manuel Vicente, Higino Lopes Carneiro e a Portmil apresentaram justificações para os avultados movimentos financeiros verificados nas suas contas bancárias, em Portugal.
 

Angola: VISÃO EMPRESARIAL NA VIDA ECONÓMICA

 

Jornal de Angola
 
O Presidente da República concedeu mais uma grande entrevista a um canal de televisão. Desta vez, foi à cadeia brasileira TV Bandeirantes. Na entrevista, José Eduardo dos Santos fala do caminho percorrido por Angola até chegar ao actual momento de estabilidade política e económica.
 
Falando dos desafios da economia nacional e abordando aspectos sensíveis nem sempre bem compreendidos, o Chefe de Estado salienta que nas sociedades modernas os empreendedores e empresários devem também ter poder económico e financeiro e ajudar o Estado a criar emprego.

O Presidente lamenta que nem sempre haja este entendimento, ainda, no espírito de muitas pessoas, em Angola. “Não é só acumular riquezas e acumular dinheiro e mandar lá para fora, mas é acumular o dinheiro, sim, para investir, criar emprego para criar cada vez mais riqueza e melhorar a vida de todos”, diz o Presidente José Eduardo dos Santos ao entrevistador, numa alusão ao papel que os empresários angolanos têm de cumprir no esforço de desenvolvimento e progresso nacional.

O Presidente da República diz que, nesse quadro, o Governo “tem que ser sempre o elemento moderador, árbitro e ser capaz de fazer a gestão dos desequilíbrios, para que eles não sejam tão evidentes que nos levem a crises sociais”.

Substituição

Durante a entrevista, o Presidente da República refere, também, que “internamente” a direcção do MPLA já está a discutir a sua substituição no Estado e no partido, questão que “pode levar o seu tempo”, mas “tendo sempre em conta que é preciso manter a estabilidade”.

“Realmente, estamos a discutir este assunto, internamente, no MPLA, de como será a transição”, referiu o Presidente no excerto da entrevista concedida, recentemente, a cadeia de televisão brasileira TV Bandeirantes, em que se pede para falar deste assunto.

O Chefe de Estado explica que se está a “ensaiar vários modelos” da forma como a transição deve ser feita. “Se é feita, primeiro, a nível do Estado, se é feita, primeiro, a nível do Partido, se se faz de uma vez, enfim, estamos a estudar”. Esta questão “pode levar o seu tempo”, mas “tendo sempre em conta que é preciso manter a estabilidade” do país, asseverou o Chefe de Estado.

Instado a comentar sobre o tempo em que está no poder no país, desde 1979, José Eduardo dos Santos disse: “Eu acho que é muito tempo, até demasiado, mas também temos que ver as razões de natureza conjuntural que nos levaram a essa situação”.

O país esteve em guerra durante muito tempo, explicou o Presidente da República, para depois anuir que por esta razão “não pôde consolidar as instituições do Estado e nem sequer pôde tornar regular o funcionamento do processo de democratização”.

“Por isso, muitas vezes as eleições tiveram que ser adiadas”, sublinhou o Titular do Poder Executivo, para depois dizer: “se tivéssemos retomado o processo regular de realização de eleições, em 1992, depois das primeiras eleições, certamente eu já não estaria aqui”.

“Mas a conjuntura”, prosseguiu, “não permitiu que se realizassem eleições, fui ficando até que realizámos estas eleições”, realçou o Presidente, admitindo que “daqui para frente as coisas vão mudar”.

Cooperação externa

Relativamente à cooperação com a China, o Presidente da República sublinhou que as relações com este país asiático “são boas”, baseando-se, fundamentalmente, numa política de financiamento das exportações e venda de serviços e na realização de empreitadas em Angola.

Ainda sobre a China, o Chefe de Estado sublinhou que “não há ainda um investimento directo forte”, começando apenas agora a existir algum investimento directo chinês. Portanto, concluiu, “não é bem a ideia, que passa pelo mundo, de que a China vem e investe, não! Angola poupa serviços e paga, claro, com créditos, que são comerciais e com condições que (lhe) são favoráveis, boas”.

Uma das virtudes que existem com o relacionamento chinês, vincou José Eduardo dos Santos, prende-se com o facto de este país “não estabelecer muitas condições políticas para se ter acesso à relação económica”. Existe uma relação de separação entre o comércio, a relação económica e as políticas, o que “nem sempre é assim no Ocidente”, que muitas vezes “condiciona os fluxos financeiros a determinadas obrigações, no plano político, da parte dos Estados africanos”.

Sobre a cooperação com o Brasil, o Presidente da República disse ao entrevistador da TV Bandeirantes que as relações são igualmente boas e vão ter melhorias, a julgar pela vontade política existente entre os dois países. “Os laços são muito fortes, do ponto de vista da consanguinidade, cultural e histórico”, sublinhou o Chefe de Estado.

Guerra devastadora

Na entrevista, José Eduardo dos Santos lembrou que a guerra da UNITA foi destruidora. Como exemplo, apontou a linha de caminho-de-ferro, que foi destruída fragmento a fragmento. “Era uma guerra arrasadora”, disse o Presidente, para acrescentar: “minavam quase tudo, minavam a linha de transporte de energia eléctrica, ao lado dos postos, minavam as pontes, à volta das pontes, minavam ao longo de todos os caminhos-de-ferro, campos agrícolas. O processo de desminagem foi um processo penoso e também bastante oneroso, mas não podíamos construir sem desminar, portanto o processo de reconstrução teve previamente um programa de desminagem, e que continua até hoje”, afirmou.

Em dez anos de paz, os progressos são evidentes, sublinhou o Presidente José Eduardo dos Santos. “Recuperamos as três linhas de caminho-de-ferro, particularmente a de Benguela, que tem mais de 100 quilómetros reabilitados, a via na zona sul, que é a de Moçâmedes, a do Centro-Norte, que é a de Luanda-Malange. Foi necessário reconstruir as pontes para ligar as províncias, reabilitar a rede fundamental de estradas para tornar o país numa única zona económica”, afirmou.

O entrevistador quis também saber quem eram as figuras que José Eduardo dos Santos mais admirava enquanto jovem e que lhe serviram de exemplo nos anos 50 e 60. O Presidente foi peremptório: “Agostinho Neto, Mário Pinto de Andrade e Viriato Da Cruz”. Depois esclareceu: “Era Agostinho Neto e a sua poesia, já se falava muito. Aliás, foi mais ou menos nessa época, dos anos 59 a 60, que ele regressa a Angola e se torna uma figura carismática, enfim, bastante comentada nos círculos dos jovens, estudantes. E depois, no que diz respeito à luta de libertação nacional, na ausência dele, foi Mário Pinto de Andrade, meados de 62. Aí tive contacto com outro grande dirigente do movimento de libertação nacional nessa altura, que era o Viriato da Cruz. Foram as três personalidades: Agostinho Neto, Mário Pinto de Andrade e Viriato Da Cruz, e que acabaram por liderar o movimento de libertação nacional, sendo Agostinho Neto o principal timoneiro”.

O Presidente da República falou também do futuro do investimento de empresas brasileiras em Angola e angolanas no Brasil. “Não há ainda muitos angolanos a investirem no Brasil, como se está a fazer em Portugal. Mas isso é uma questão de tempo”, garantiu.

Foto: Rogério Tuty
 
 

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