sábado, 24 de agosto de 2013

DESGOVERNO MUNDIAL TOTALITÁRIO

 


Adriano Benayon – Diário Liberdade, opinião
 
01. Estamos diante de mudança qualitativa na situação mundial, tanto no plano econômico como no político.
 
02. Depressão, desemprego crescente, concentração e financeirização absurdamente elevadas - incompatíveis sequer com o pouco que restava do estado de direito - têm levado ao Estado totalitário, cujas instituições aplicam meios e armas tecnológicas, nunca dantes vistas, para desinformar, espionar e reprimir as pessoas.
 
03. Poucos países, como Rússia, China e Irã, não se comportam como capachos do império angloamericano, sofrendo, por isso, pressões militares, políticas e constante campanha denigridora, apesar de com ele colaborarem em muitos terrenos e questões (1). Nem esses se desvencilharam plenamente da oligarquia financeira angloamericana, absoluta em numerosas nações subjugadas, de todos os continentes.
 
04. Isso, inclusive porque o império logra manter seu sistema financeiro fraudulento, inclusive o dólar e o euro no grosso das transações mundiais e constituindo mais de 90% das reservas de divisas (só o dólar, mais de 60%).
 
05. Sem a ameaça do poder militar e sem as incríveis manipulações nos "mercados financeiros" pelos bancos da oligarquia, o dólar teria, de há muito, perdido toda credibilidade.
 
06. Essa moeda é emitida em quantidades colossais, mais de vinte trilhões tendo sido passados aos bancos da oligarquia financeira angloamericana e a alguns europeus a ela vinculados, para livrá-los do colapso criado por esses próprios bancos, com a orgia dos derivativos.
 
07.A injeção de dinheiro no sistema financeiro oligárquico, por parte dos tesouros nacionais e dos bancos centrais, através da criação de moeda, levou os tesouros a se superendividar, e os bancos centrais a exceder os limites toleráveis de emissões.
 
08. Por isso, não haverá como usar o mesmo "remédio" no próximo colapso, que terá consequências ainda piores que as do anterior, de 2007/2008, inclusive, como já aconteceu em Chipre, o confisco de haveres dos depositantes.
 
09. Desde o anterior, com as empresas produtivas e as pessoas em dificuldades, os bancos quase não emprestaram aos que produzem, e geraram a bolha do dólar e as dos mercados de títulos e de ações.
 
10. De fato, os governos títeres fizeram o contrário do que recomenda a ciência econômica não pautada pela submissão ideológica à oligarquia: deixar falir os grandes bancos e aplicar recursos financeiros na produção em bases saudáveis, desmontando carteis e oligopólios e fomentando pequenas e médias empresas, bem como fortalecendo as estatais e investindo na infra-estrutura.
 
11. O montante dos derivativos não registrados em bolsas (over the counter), que havia ultrapassado 600 trilhões de dólares no auge da "crise" em 2008, voltou a fazê-lo em 2011 (dados do Bank for International Settlements – BIS).
 
12. Grande, se não a maior, parte dos derivativos revelou-se podre, por serem pacotes de obrigações securitizadas, em cuja base estavam instrumentos de crédito-débito sem condições de serem adimplidos.
 
13. Os vultosos prejuízos resultantes desencadearam o colapso e deveriam ter causado a falência dos grandes bancos, cujos controladores, executivos e acionistas haviam obtido ganhos bilionários com as fraudes.
 
14. A sequela do colapso financeiro foi a depressão e o desemprego nos EUA, Inglaterra, Japão e na quase totalidade da Europa, com reflexos em todo o Mundo.
 
15. Aí entra a desinformação. Nos EUA, os órgãos oficiais falseiam as estatísticas de diversas formas, inclusive superestimando a produção, ao aplicar aos preços deflatores muito inferiores à inflação verdadeira, e subestimando o desemprego.
 
16. Mas as pessoas sentem a deterioração de suas condições de vida e protestam. Diante disso, a oligarquia recorre à repressão policial, reforçando cada vez mais a natureza totalitária do poder público que controla. É o inelutável reverso político da medalha econômica e social.
 
17. O Estado policial, a serviço da oligarquia, já estava consolidado antes da implosão das Torres Gêmeas, em Nova York, e do míssil disparado conta o Pentágono, em Washington, em 11.09.2001, pois praticar um golpe dessa magnitude, conseguir ocultá-lo na "investigação", reprimir os que demonstraram a verdade e impor à mídia a difusão da mentira oficial, são façanhas só possíveis sob instituições totalitárias.
 
18. Esse golpe - vale recordar – foi perpetrado para aterrorizar a população, obter do Congresso mais leis repressoras e "justificar" ações de guerra de grande envergadura, no Oriente Próximo e no Norte e Leste da África, no Afeganistão, Iraque, Líbia, e mais recentemente Síria.
 
19. Muita gente imagina que a oligarquia não tem como evitar a depressão e crê que ela não entende como a política econômica a poderia suprimir. 20. Entretanto, a recorrência das depressões e a continuidade das guerras demonstram que elas não são catástrofes naturais, mas, sim, deliberadamente cultivadas, além de consequência da concentração extrema do poder econômico, causada pelas políticas públicas comandadas pela oligarquia.
 
21. A oligarquia tem por objetivo central aprofundar e tornar absoluto seu poder econômico e político. Para isso, nada melhor que tornar pobre a grande maioria dos razoavelmente prósperos e a totalidade dos trabalhadores, que, em situação de vida menos desfavorável, contariam com recursos financeiros e tempo para organizar-se e resistir à concentração do poder e aos desmandos da repressão totalitária.
 
22. Um exemplo disso ocorre com os brasileiros, que, se empregados, têm de desperdiçar cinco horas diárias estressando-se no trânsito. Além disso, o lazer é arruinado pela anticultura, e pela promoção de vícios e pela destruição de valores inculcadas pelos meios de comunicação e de entretenimento.
 
23. Os moderníssimos e cada vez mais poderosos instrumentos da eletrônica e da informática são intensamente empregados a serviço disso, como também da espionagem industrial e a repressiva, causando danos às economias nacionais e à privacidade e à segurança de cada indivíduo.
 
24. O Brasil, transformado em zona passiva da exploração e da opressão imperiais, tem o "privilégio" de votar na urna eletrônica menos confiável do Mundo, e agora seus eleitores vão ser submetidos pela "Justiça" ao cadastramento biométrico, ficando, assim, expostos a mais abusos contra seus direitos.
 
25. Por mais absurdo que pareça às mentes sadias, infere-se o objetivo de dizimar a população mundial, por parte da oligarquia instituidora da "nova ordem mundial". Basta, para isso, ver o que ocorre, há decênios.
 
26. Percebe-se mais um "sentido" da depressão econômica: favorecer o aumento da subnutrição, da má nutrição e das doenças, inclusive através do estresse, fonte da intoxicação endógena e da perda da imunidade.
 
27. O fomento das doenças, além de fonte de lucros das indústrias da "saúde", faz "controle demográfico", complementando o controle da natalidade. Para tanto, estão aí os transgênicos, agrotóxicos, o lançamento de rastros químicos por aviões, a gigantesca poluição de produtos como petróleo e seus derivados, carvão, xisto, os da indústria química e n outros.
 
28. Na mesma direção, refrigerantes, fumo, drogas, antibióticos, quimioterapia, radioterapia e os hormônios, inclusive administrados ao gado e aves. Ademais, a medicina orientada pelos interesses financeiros da indústria farmacêutica e da de equipamentos médicos.
 
(1) O caso emblemático do analista Snowden provocou a fúria dos agentes imperiais, tendo o presidente Putin agido com exemplar firmeza, ao lhe conceder asilo, em contraste com a atitude dúbia da China, que rapidamente o despachou para a Rússia.
 

Moçambique: DISTRITO DE NACARÔA ASSOLADO PELA FOME

 


Sérgio Fernando Verdade (mz)
 
As comunidades do distrito de Nacarôa, na província de Nampula, dificilmente produzem comida suficiente para se alimentarem de uma época agrícola para outra porque as colheitas são baixas. Elas são ciclicamente assoladas pela fome, por isso recorrem a alguns tubérculos, dos quais um chamado inhame. Num passado recente, houve relatos de mortes por causa do consumo desse tipo de alimento silvestre que se desenvolve na raiz de algumas plantas.
 
A população das localidades de Nachere e 19 de Outubro, nos postos administrativos de Inteta e Saua-Saua, é a mais afectada pela fome em Nacarôa, o que faz com que seja considerada em estado deveras crítico. Trata-se de um problema que se repete anualmente mas ainda não existem soluções para invertê-lo.
 
A dieta alimentar das famílias não é das melhores, facto que coloca em risco o crescimento das crianças devido à subnutrição. O Inquérito Demográfico e de Saúde de Moçambique, realizado em 2012, indica que na província de Nampula há dezenas de petizes malnutridos em consequência da interrupção precoce do aleitamento materno. É que as mães não conseguem amamentar os seus filhos por muito tempo devido à fome.
 
Na tentativa de resolver o problema que apoquenta o distrito de Nacarôa e a falta da chuva, por um lado, os líderes comunitários têm realizado, sem sucesso, alguns cultos tradicionais suplicando misericórdias aos antepassados. Por outro, os religiosos fazem orações.
 
A Reportagem do @Verdade visitou a localidade de 19 de Outubro e apurou que, devido ao desespero causado pela falta de comida, a população considera-se abandonada à sua sorte pelas autoridades, uma vez que, para além de não prestarem assistência técnica à sua actividade agrícola com vista a estancar-se o problema da carência alimentar, não existe nenhum apoio aos esfomeados. Em todas as campanhas agrárias a produção de Nacarôa é fraca.
 
Américo Dias Kuehere, líder comunitário da localidade de 19 de Outubro, contou-nos que os rendimentos agrícolas da região não satisfazem as necessidades alimentícias dos residentes. São recorrentes as reclamações dando conta da situação de fome. Para além do clima que não é favorável para a prática da agricultura, a terra é pedregosa. Há igualmente falta de chuva, por isso as culturas não resistentes à seca morrem, algumas antes de germinarem. Entretanto, há períodos em que chove demasiado e certas culturas ficam prejudicadas.
 
Os camponeses daquela povoação trabalham bastante as suas terras mas o seu esforço não é compensado. A comida mais consumida localmente é feita com base em farinha de mandioca, vulgarmente conhecida por “caracata” e o menu não varia por falta de alternativas.
 
Os níveis de reprodução desse tubérculo a que a população recorre para se alimentar estão aquém das expectativas dos agricultores e tendem a baixar cada vez mais: na altura da colheita não se consegue mais de cinco sacos de 50 quilogramas. A farinha de milho é uma ilusão, o solo não oferece condições para a cultura de milho e é por causa disso que os camponeses não se atrevem a investir a sua força física nem máquinas para o efeito.
 
Outro problema que preocupa os camponeses e a população de 19 de Outubro é a podridão da mandioca. Aliás, esta é uma situação que ocorre, também, em quase todos os distritos da província de Nampula, incluindo algumas zonas da cidade onde se pratica agricultura. A população afectada pede que os responsáveis pela assistência agrária aos camponeses intervenham no sentido de aliviá-la desse sofrimento.
 
Trabalho por comida
 
Em Nacarôa, o período entre Novembro e Abril é considerado bastante crítico, pois todas as famílias passam fome. Para sobreviver, homens e mulheres, de todas as idades, incluindo crianças, deslocam-se de um lado para o outro à procura de trabalho remunerável. Algumas pessoas escalam a cidade de Nampula, onde desempenham a função de empregados domésticos em algumas residências. Os rendimentos mensais, diga-se, exíguos, só cobrem as despesas de compra de sacos de mandioca seca e milho.
 
Para os compatriotas sem parentes na urbe e que vivem nas mesmas casas onde trabalham, ganham uma autêntica miséria no fim do mês porque uma parte dos seus rendimentos serve para pagar o prato de comida. Quem não aceita sujeitar-se a essa situação recorre aos agricultores que lhe concedem uma porção de terra para capinar em troca de uma lata de mandioca seca, cuja quantidade serve apenas para um período de cinco a sete dias. Quando essas alternativas se esgotam, recorre-se ao consumo de tubérculos, dos quais o inhame, para além de outros considerados venenosos. Já houve mortes em resultado disso.
 
Segundo Kuehere, um número considerável de petizes da localidade 19 de Outubro desiste no meio do ano lectivo devido à fome, por isso há receio de que o seu futuro seja comprometido. Alguns menores de idades são coagidos pelos pais e encarregados de educação para também ajudarem na busca de alimentos.
 
Insegurança alimentar afecta Sul e Centro do país
 
Mais de 200 mil pessoas, em sete províncias das regiões Sul e Centro de Moçambique, estão a passar por uma situação de insegurança alimentar e nutricional, segundo o Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAM).
 
A coordenadora daquele organismo, Marcela Libombo, disse, na quarta-feira passada, 07 de Agosto em curso, que as províncias afectadas são as centrais de Tete, Zambézia, Sofala, Manica e as da zona Sul, nomeadamente Inhambane, Gaza e Maputo.
 
Do número das pessoas assoladas pela insegurança alimentar e nutricional, apenas 90 mil estão a beneficiar de assistência na província de Gaza, por sinal a mais afectada. Esta situação é provocada pela combinação das cheias, que se abateram com gravidade sobre Maputo, Gaza e Zambézia, e da seca, que vem fustigando, desde o ano passado, as regiões das províncias de Inhambane, Manica e Maputo, de acordo com Marcela Libombo.
 
Ela disse ainda que, nos meses anteriores, a situação já foi mais sombria com os números a ultrapassarem 300 mil pessoas, devido a fortes chuvas, inundações e secas. “Logo que iniciou o processo de reassentamento e com a maior disponibilidade de sementes e outros bens, a situação melhorou”.
 
Refira-se que Moçambique possui a dieta alimentar mais pobre da África Austral, do ponto de vista de micronutrientes e proteínas, de acordo com os relatórios regionais sobre essa matéria, citados pelo SETSAN, que acrescenta ainda que a dieta alimentar da parte Norte do país é rica em mandioca, um produto com baixo conteúdo proteico, e no Sul do país destaca-se o milho. Enquanto isso, as famílias urbanas têm o milho e o pão como alimento base.
 
Dados do SETSAN indicam também que Moçambique tem níveis inaceitavelmente altos de desnutrição crónica, o que tem impacto no crescimento harmonioso do país. Dos índices de incidência da pobreza, cerca de 80 porcento estão relacionados com problemas de alimentação e nutrição.
 

AMBIENTALISTAS ACUSAM POLÍCIA MOÇAMBICANA DE INTIMIDAÇÃO

 


A organização moçambicana Centro Terra Viva (CTV) acusou hoje a polícia moçambicana de intimidação e de impedir que mobilize a população de Palma, norte do país, para defender os seus direitos, alegadamente ameaçados pelas multinacionais Anadarko e ENI.
 
Em comunicado de imprensa enviado à Lusa em Maputo, o CTV, que trabalha na defesa do ambiente, diz que a presidente da organização, Alda Salomão, foi levada pela polícia para uma esquadra em Palma, distrito de Cabo Delgado, acusada de desobediência e incitação à violência.
 
O interrogatório terá durado cerca de 25 minutos e Alda Salomão foi acusada de influenciar a população a não cooperar com o Governo no objetivo de permitir a construção de infraestruturas de apoio às pesquisas de gás desenvolvidas pelas multinacionais americana Anadarko e italiana ENI na Bacia do Rovuma, refere a nota de imprensa.
 
"O argumento apresentado pela polícia, no interrogatório, que durou cerca de 25 minutos, foi o de que o secretário permanente distrital, Abdul Chafim Cartela Piconês, instruiu-a a interrogá-la e exigir que a acusada apresente uma credencial que autoriza a sua instituição a operar naquele distrito", refere a nota de imprensa do CTV.
 
Rejeitando estar a atuar fora da lei, o CTV diz que o seu trabalho tem consistido em assessoria jurídica às comunidades direta ou indiretamente afetadas pelo projeto de exploração de hidrocarbonetos em Palma.
 
A norte-americana Anadarko e a italiana ENI são os líderes de dois consórcios concorrentes que prospetam gás natural naquela região. A portuguesa Galp Energia detém 10% no consórcio da ENI, que inclui ainda empresas da China, da Coreia do Sul e de Moçambique.
 
As populações residentes nas zonas de operação das multinacionais envolvidas na pesquisa e exploração de recursos naturais em Moçambique têm-se queixado de expropriações de terras e destruição de ecossistemas vitais para a sua sobrevivência pelas empresas, alegadamente com a conivência ou silêncio das autoridades moçambicanas.
 
Notícias ao Minuto - Lusa
 

Cidadã guineense extraditada dada como morta "está sã e salva" - Liga dos Direitos Humanos

 


Bissau, 24 ago - A cidadã guineense que o chefe das Forças Armadas do país, António Indjai, disse que teria sido morta em Cabo Verde afinal está viva, anunciou hoje, em comunicado, a Liga Guineense dos Direitos Humanos.
 
Na última semana, falando na abertura da primeira conferência nacional dos Serviços de Informação de Estado (SIE, a "secreta" guineense) e Contrainteligência Militar, o general António Indjai acusou as autoridades de Cabo Verde de terem assassinado uma cidadã guineense que lá se encontrava detida por tráfico de droga.
 
"A senhora que foi acusada de tráfico de droga em Cabo Verde, que dizem que deportaram para Bissau, na verdade foi assassinada. Mas ninguém das nossas autoridades quis perguntar os verdadeiros contornos deste caso", disse António Indjai.
 
Em comunicado a que agência Lusa teve hoje acesso, a Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) diz ter ficado "preocupada" com a denúncia da alegada morte da cidadã guineense e desenvolveu diligências que conduziram a um encontro com a mulher.
 
"Com base nas diligências efetuadas, cumpre-se o dever de esclarecer a opinião pública nacional e internacional: a direção da LGDH manteve um encontro no dia 22 de agosto de 2013, em Bissau, com Enide Tavares Soares da Gama, tendo constatado que ela se encontra sã e salva", lê-se no comunicado.
 
Na mesma nota, a Liga pede às autoridades que providenciem medidas de segurança de forma a Eneide da Gama veja garantida a plena reintegração na sociedade.
 
Por outro lado, a direção da Liga reafirma a sua "firme determinação" em continuar a promover e proteger os direitos humanos na Guiné-Bissau.
 
MB // VC - Noticias Ao Minuto/Lusa
 
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Guiné-Bissau: Governo reconhece importância dos régulos, autoridades tradicionais

 


Bissau, 24 ago - O primeiro-ministro do governo de transição na Guiné-Bissau, Rui de Barros, reconheceu hoje que os régulos, autoridades tradicionais, fazem falta ao poder central na gestão dos assuntos das populações, a nível local.
 
No discurso de encerramento do 2.º Fórum Nacional de Régulos, que juntou mais de 140 chefes locais de todos os cantos da Guiné-Bissau, Rui de Barros disse que o governo, o Estado e o país "têm a ganhar" com os régulos ao seu lado.
 
Autoridades tradicionais com amplos poderes durante a época colonial, os régulos deixaram de ter qualquer capacidade de intervenção com a independência do país, facto que os próprios consideram ser prejudicial para o equilíbrio social na Guiné-Bissau.
 
Durante dois dias e por iniciativa do Ministério da Administração do Território e Poder Local estes chefes locais estiveram a analisar o projeto dos estatutos pelos quais vão passar a orientar-se no seu relacionamento com o poder político e as populações.
 
Os estatutos, já aprovados pelos régulos, devem ser agora submetidos ao Conselho de Ministros e posteriormente à Assembleia Nacional Popular para que sejam adotados como lei.
 
Ao responder aos apelos do régulo Augusto Negado Fernandes, que falou em nome dos restantes, o primeiro-ministro de transição prometeu que o governo irá analisar os novos estatutos dos régulos numa das próximas reuniões do Conselho de Ministros.
 
"Vamos tudo fazer para que os vossos estatutos sejam rapidamente aprovados", disse Rui de Barros, enumerando as contribuições que o governo espera receber na gestão dos assuntos das populações.
 
Segundo o primeiro-ministro, o régulo não poderá ser confundido com autoridade do Estado e nem fazer justiça, mas poderá ajudar o governo local na divulgação de leis, decisões, campanhas de saúde, entre outras iniciativas.
 
"É um parceiro privilegiado" do Governo, destacou.
 
"O régulo deve sensibilizar a população a pagar imposto, por exemplo, a combater a desflorestação ou ainda na luta contra o casamento forçado ou precoce", observou Rui de Barros.
 
A manutenção da paz social, da unidade nacional e de um clima de tranquilidade durante as próximas eleições gerais de 24 de novembro são outras das tarefas em que o primeiro-ministro quer ver os régulos empenhados.
 
MB // VC - Lusa

Acabar com impunidade polícial e promover direitos dos povos indígenas são prioridades

 


Revista Consciência.Net - 24 de agosto de 2013
 
“Apesar de todo o progresso econômico feito no Brasil na última década, a violência é endêmica e a atual resposta dos governos não apenas deixa de reduzir a violência, como agrava a situação”, disse o Secretário-Geral Salil Shetty, da Anistia Internacional, ao completar uma visita oficial ao país.
 
A visita destacou questões de segurança pública nas favelas do Rio e a situação dos povos indígenas. Conferiu também o progresso do Brasil na área dos direitos humanos, considerando que o país se prepara para sediar a próxima Copa do Mundo e as Olimpíadas, e coincidiu com o Dia Internacional dos Povos Indígenas – comemorado anualmente em 9 de agosto.
 
Nas favelas, o Secretário-Geral se reuniu com membros da comunidade que lhe disseram como se sentem aprisionados em suas próprias casas. “As pessoas que conhecemos que vivem na Maré temem tanto os criminosos que os atacam e quanto os policiais que deveriam protegê-los”, disse Salil Shetty.
 
A Anistia Internacional tem documentado um padrão de abuso policial, buscas ilegais nas casas, execuções extrajudiciais e desaparecimentos forçados nas favelas. Salil Shetty expressou suas preocupações com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, em Brasília, e uma série de outros ministros, pressionando-os por reformas urgentes no país.
 
Atila Roque, diretor da Anistia Internacional no Brasil, acompanhou o Secretário-Geral durante toda a visita. “A insegurança e a frustração das pessoas que vivem nas favelas está se espalhando. As pessoas que se identificam como classe média e tomaram as ruas nos últimos dois meses – muitas delas pela primeira vez – estão vendo o lado feio do policiamento que não está sujeito à supervisão civil”, disse Atila Roque.
 
A Anistia Internacional acredita que é urgente que o policiamento passe por uma reforma estrutural no Brasil. Um primeiro passo seria estabelecer órgãos de controle externo e independente da polícia, com poderes de investigação para possibilitar a responsabilização de policiais.
 
A delegação da Anistia Internacional visitou também o Mato Grosso do Sul, onde se reuniu com lideranças indígenas na aldeia Jaguapiru, na reserva de Dourados, e visitou o acampamento Apikay, na BR 163, perto da cidade de Dourados.
 
“Os sucessivos atrasos na demarcação das terras indígenas está levando à violência, remoções forçadas e outras violações de direitos humanos contra estas populações”, disse Salil Shetty. O Secretário-Geral cobrou das autoridades federais que assumam um papel de liderança na proteção dos direitos dos povos indígenas.
 
“É importante que o governo brasileiro rejeite a falsa dicotomia entre desenvolvimento e direitos humanos. O Brasil tem o aparato legal e os recursos financeiros para garantir os direitos dos povos indígenas. Agora, o governo deve demonstrar que também tem a vontade política”, disse Salil Shetty.
 
A Anistia Internacional tem uma longa história de trabalho no Brasil. Esta é a primeira missão de alto nível do Secretário-Geral ao país desde que a Anistia Internacional abriu a sua sede nacional no Rio de Janeiro.
 
“O governo tem o direito de se sentir orgulhoso das muitas realizações, em especial na redução da pobreza e da desigualdade de renda. Mas ele precisa resolver os gravíssimos problemas de violência e insegurança. Não é aceitável que favelas e comunidades indígenas sejam áreas ‘sem direitos humanos’”, disse Salil Shetty.
 
O Secretário-Geral foi acompanhado pelo diretor da Anistia Internacional no Brasil, Átila Roque, pela diretora da Anistia Internacional no Reino Unido, Kate Allen, pela diretora sênior de Legislação e Política, Widney Brown. A Anistia Internacional começou recentemente a recrutar indivíduos no Brasil para participar do movimento de direitos humanos que tem mais de 3 milhões de membros no mundo.
 
Fonte: Anistia Internacional
 
Na foto: comitiva da Anistia Internacional visita local onde estão enterrados indígenas mortos em Dourados.
 

SOBRE OS MÉDICOS CUBANOS

 


Gustavo BarretoDebates Culturais - em 24.08.2013
 
‘Relatos de danos’ e o patético jornalismo brasileiro: o capítulo ‘Médicos cubanos’
Há cerca de seis meses, quando visitei Cuba, “denunciavam” (aqui do “Brasil”, claro) para mim que lá era a sociedade da vigilância e que todos os cubanos eram vigiados pelo “sistema comunista”.
 
Lá, ao perguntar sobre isso, riram de mim: “Com essa Internet?”.
 
Hoje, após as revelações da vigilância global estadunidense, subitamente Cuba foi “esquecida” e a Europa está furiosa com o que está acontecendo e acusa os EUA de violações do direito internacional. E pior: parte da mídia brasileira continua a insistir que os informantes militares foram presos porque “vazaram informações sigilosas” — e dá um ponto aí. Quase nada sobre o conteúdo desses vazamentos: violações brutais e bárbaras dos direitos humanos. Vai entender.
 
Agora, o Brasil traz médicos cubanos que são mais ‘baratos’ — óbvio — e dispostos a ir a lugares que nenhum médico brasileiro quer ir (e apenas nestes casos).
 
Claro, imagina receber uma “esmola” como essa de 20, 25 mil reais pra morar no “fim do mundo”. Nem pensar. Todos, claro, vivendo em grandes cidades com seus planos de saúde privados.
 
A pergunta para quem mora em cidades do interior com falta de médicos é a seguinte: você quer ou não quer mais médico? Qual que você acha que é a resposta? Eis o resultado de uma pesquisa que mostra claramente isso: veja aqui.
 
Aí levam ao jornal da maior emissora de TV do Brasil a brilhante argumentação do diretor do Conselho Federal de Medicina: “Nós temos relatos da Bolívia e da Venezuela de que estes médicos (cubanos) estão causando danos à população”.
 
Veja bem, caso não tenha ficado claro: este é o melhor argumento deles, “relatos” de “danos à população”. (Aos queridos alunos de jornalismo, fica a importante dica: se for preciso dar uma resposta rápida ao governo, não são necessárias evidências ou objetividade — fala qualquer merda mesmo e foda-se o jornalismo.)
 
Se você tinha dúvidas sobre se essa medida é boa ou não, creio que o jornal desta emissora ajudou a esclarecer.
 
*Gustavo Barreto, jornalista, radialista e produtor cultural, coordena a revista Consciência.net.
 

Médicos cubanos acabam contrato e deixam 14 mil pacientes sem assistência em Portugal

 


No momento em que o governo brasileiro enfrenta manifestações dos médicos contra a contratação de profissionais cubanos, os portugueses fazem de tudo para mantê-los no país. No sul de Portugal, as prefeituras das cidades mais pobres são as maiores defensoras do trabalho dos médicos cubanos.
 
Jornal GGN – Carta Maior
 
No momento em que o governo brasileiro enfrenta manifestações dos médicos contra a contratação de médicos de Cuba, os portugueses fazem de tudo para mantê-los no país. Segundo o portal lusitano Sul Informação, os cinco médicos cubanos que atendiam no conselho da cidade de Odemira terminaram seus contratos e regressaram ao seu país, deixando mais de 14 mil pacientes sem médico de família.

Em comunicado, a Câmara Municipal de Odemira denuncia que "está a provocar a rotura [ruptura] dos serviços médicos em Odemira, S. Teotónio, Sabóia e Vila Nova de Milfontes e o descontentamento da população e da autarquia, que têm vindo a expressar o seu descontentamento junto dos responsáveis locais, regionais e governamentais sem qualquer sucesso".

Segundo o jornal, no litoral alentejano "prestavam serviço 16 médicos cubanos, cinco dos quais no concelho de Odemira, e não foram substituídos, isto apesar de há alguns meses os autarcas terem sido alertados pela direção do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Litoral Alentejano para a necessidade de garantir a substituição dos médicos cubanos que terminavam contrato no final do ano de 2011".

As prefeituras são as maiores defensoras do trabalho dos profissionais cubanos, pelos trabalhos proativos de saúde pública que realizam. Até o presidente da Ordem dos Médicos de Portugal, apesar das reclamações sobre a superioridade da qualidade profissional dos estrangeiros, reconhece que “naturalmente, os cidadãos que receberam os médicos estrangeiros ficaram satisfeitos. Porque até aí não tinham médico e passaram a ter. Não com as competências adequadas e desejáveis, mas passaram a ter um médico”

Em moção, a Câmara de Odemira exige do Ministério da Saúde "a colocação de médicos no mais breve espaço de tempo nos serviços de saúde do conselho de Odemira", "a dotação destes serviços com outros técnicos de saúde em número e qualificações adequadas" e ainda com "auxiliares e administrativos em número e qualificações adequadas", bem como a "definição e implementação com a maior brevidade de soluções que permitam a reabertura das Extensões de Saúde entretanto encerradas, designadamente em S. Martinho das Amoreiras, Luzianes-Gare, Zambujeira do Mar e S. Miguel".
 

A VELHA TRAPALHADA À PORTUGUESA

 


Henrique Monteiro – Expresso, opinião
 
Sabemos que alguns swaps feitos em empresas públicas foram ruinosos. Mas quando queremos saber mais... os papéis desapareceram. Foram eliminados. Primeiro, dizem-nos que ao abrigo de um decreto-lei de 2002; depois, sabe-se que não foi nada disso, que pelo contrário deveriam ter sido guardados... 20 anos.
 
Leio no Expresso online que a portaria 525/2002 define que "findos os prazos de conservação em fase ativa, a documentação com reduzidas taxas de utilização deverá, de acordo com o estipulado na tabela de seleção, ser remetida do arquivo corrente para o arquivo intermédio". E leio ainda que no artigo 8º se estipula a eliminação dos documentos "aos quais não for reconhecido valor arquivístico". Porém, afirma-se que a lei é clara quanto ao facto de esta implicar "o cumprimento dos respetivos prazos de conservação", definidos na tabela anexa à portaria, em que são definidos os prazos dos documentos conforme a sua classificação.
 
E vem-me à cabeça aquela coisa antiga: estes regulamentos, despachos e leis são propositadamente confusos para nos baralhar? Ou, pelo contrário, somos dirigidos por um bando de trapalhões que não conseguem legislar de forma simples, do tipo: os contratos têm de ser guardados em local acessível por 20 anos?
 
Seja qual for a resposta, há qualquer coisa de estranho nisto tudo. Como há na limitação de mandatos dos autarcas, por exemplo...
 

Swaps: A Maria está a grisar-se toda, a destruição dos papéis dá-lhe um jeito do caraças

 


Para os portugueses a destruição dos “papéis” dos swaps, com sacanagem e falcatruas “legais” à mistura, tem merecido comentários vários. Alguns com uma elevada dose de contundência sobre os tais “filhos da…” que são os políticos e os das suas ilhargas. Outros ditos com alguma boa disposição e, quiçá, correspondentes à realidade. Assim é dito que “A Maria está a grisar-se toda, a destruição dos papéis dá-lhe um jeito do caraças”.
 
A referida Maria é a ministra gasparina das finanças Maria Luís Albuquerque. Pois é óbvio que a destruição dos documentos lhe dá um jeito do caraças. A ela e a mais uns quantos da pandilha. Ou das pandilhas? E foi a Maria que mandou destruir a “papelada” com tanta pressa? Não? Pois. (Redação PG – AV)
 
Papéis dos 'swaps' destruídos em 2012
 
Anabela Natário e João Silvestre - Expresso
 
Eliminação pela Inspeção de Finanças aconteceu numa altura em que o problema destes contratos era já conhecido.

Os papéis de trabalho que serviram de base a cinco dos oito relatórios de auditoria sobre os 'swaps' realizados no final de 2008 foram destruídos pela Inspeção-Geral de Finanças (IGF) depois de janeiro 2012, numa altura em que este dossiê já merecia atenção especial dentro do Ministério das Finanças.
 
O ministério de Maria Luís Albuquerque considera que a destruição respeitou o prazo legal, mas diz que vai apurar "com precisão" as datas da eliminação dos papéis, quem a autorizou e porque aconteceu numa altura em que o problema dos 'swaps' estava já identificado.
 
Quanto ao prazo, o Regulamento Arquivístico da IGF define 20 anos de conservação.
 
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*Título PG
 

CAPITALISMO PARA TÓTÓS

 

 
Tiago Mota Saraiva – Jornal i, opinião
 
Há poucos anos as bombas de gasolina em self-service generalizaram-se. Dizia-se que eram mais rápidas e esperava-se que pudessem vir a vender mais barato. Contudo, o progressivo desaparecimento dos gasolineiros não confirmou nem uma nem outra ideia. Hoje “o sistema” tende a atrasar com o pré-pagamento, ainda que só emita factura válida após o fornecimento da gasolina – condenando os novos gasolineiros a um idiota entra e sai da estação de serviço – e a liberalização derrubou as expectativas da diminuição do preço – condenando os novos gasolineiros a um pateta jogo de acumulação de cartões de desconto entre supermercados e estações de serviço.
 
Mas este não é caso único de substituição do trabalhador não pela máquina mas pelo próprio consumidor.
 
No caso da empresa IKEA, a ausência de quem possa servir à mesa ou recolher os pratos das suas áreas de restaurante é assumida em cartazes espalhados pelas suas zonas de refeição e transmitida ao comprador como uma se se tratasse de regras de boa educação. No IKEA “deixar a mesa limpa no final é uma das razões para pagar menos” e assim “os nossos colaboradores terão mais tempo para cozinhar e para o servir melhor”. Dois argumentos difíceis de aceitar, dado que ninguém imaginará as cozinhas desta multinacional pejadas de fantásticos cozinheiros dispostos a fazer arte das bolas de carne e salmão congelados que chegam da Suécia – com tudo rigorosamente enquadrado por directivas comunitárias feitas à medida – ou que as funestas iguarias constantes do seu cardápio não serão vendidas mais caras porque o IKEA acha que somos bem educados.
 
É sempre com o engodo do preço que, nestes e noutros caso, vamos assistindo em silêncio à progressiva eliminação de postos trabalho em prol do lucro vendedor.
 
Escreve ao sábado
 
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Carlos Pimenta -  É normal ser-se honesto?
 

TRETAS DOS MÍDIAS PORTUGUESES “CONSAGRADOS” E SERVIÇAIS DOS “MERCADOS”

 


Seguem-se duas notícias que podem ter origem nos "arautos" que são mencionados  assim como poderiam ter sido paridas por outros quaisquer da mídia portuguesa “consagrada”, reconhecida e manipulada pelos do “arco da governação”. Há sempre uns tachos para distribuir a jornalistas ansiosos por umas lascas de euros e de currículos melhor aparentados. Há sempre orgãos de comunicação social que se dizem ser independentes mas que disso têm só a fachada. Aqui nem se aponta A,B ou C. Impossível. A não ser que se queira apontar por apontar. Irresponsavelmente. Mas sabemos que a manipulação vem muitas vezes de orgãos de comunicação social, de jornalistas, que “lá vão fazendo fretes aos políticos, a empresários, aos mercados, aos partidos políticos usurpantes dos poderes através de eleições dúbias quanto à real e efetiva democracia". Diz quem sabe. O “negócio” está podre e apodrece o país, a Europa, o Mundo. Desconfiemos da comunicação social como desconfiamos dos políticos, dos governantes, do presidente da República. A melhor posição é estarmos de pé atrás. Atentos. Muito atentos.
 
As notícias que se seguem dão títulos esclarecedores do que é inserido na mensagem. A primeira mostra a pretensão da lavagem de imagem de Cavaco. Passos e Cavaco, os conluistas destas políticas torpes e destruidoras da democracia, de muitas famílias, de muitas vidas, de muitos portugueses. Passos irritado com Cavaco… Por favor, deixem-se de tretas. Eles são cúmplices em uníssono das desgraças que estão a acontecer, no bando BPN e no que mais vai “transpirando”. A segunda notícia, também em baixo inserida, fala da reforma em risco de Cavaco e da jovem cinquentona que rascamente desempenha a função de presidente da Assembleia da República, uma tal Assunção Esteves. Tretas.
 
Coitados de tais parasitas que têm mamado à custa do erário público avultadas quantias e mordomias. Podem muito bem ver as reformas reduzidas de acordo com o anunciado mas sabemos que têm solução para ir sacar por outro lado a mesma mama ou ainda maior. Coitados, que vão ficar a receber “uma miséria de reforma”. Tretas. Eles estão nos poderes e voltam aos poderes para mamar, para sacar, para sugar, para chular, para manter e alargar interesses das máfias a que pertencem… E assim hão-de continuar. Mas sobre esta triste e imoral realidade o “jornalismo” muito pouco ou nada se debruça. Vai daí deparamos com novelas da treta produzidas muitas vezes sem consciência da trampa que representam. É o jornalismo cúmplice (consciente ou inconscientemente), domado, que sai das universidades balofamente inchado e a enxotar os que chamavam de “tarimbeiros desatualizados” (chamam?). E depois há sempre que temer as confederações proprietárias de vários orgãos de comunicação social que em acertos inconfessáveis ditam as verdades convenientes e omitem as realidades sempre que lhes interessa. Tretas, muitas tretas. Muita palha entre o que verdadeiramente tem interesse aos povos, aos países livres da escumalha que atualmente ocupa os poderes em Portugal, na Europa e no Mundo. Por tudo e por todos salvem-se os que valem. (Redação PG – AV)
 
Portugal: Lei da requalificação - Quando Passos se irrita com Cavaco
 
O Governo liderado por Pedro Passos Coelho em geral e primeiro-ministro em particular terão ficado irritados com o Presidente da República, pelo facto de Cavaco Silva ter solicitado a fiscalização preventiva do diploma da requalificação da Função Pública junto do Tribunal Constitucional, conta a edição deste sábado do semanário Expresso.
 
“Mais do que um pedido de verificação de constitucionalidade, é um pedido de declaração de inconstitucionalidade”. As palavras pertencem a um responsável da maioria governativa auscultado pelo semanário Expresso, mas ilustrará bem o sentimento do Governo e do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, face ao pedido de fiscalização preventiva da requalificação da Função Pública que o chefe de Estado, Cavaco Silva, remeteu para o Palácio Ratton.
 
O Executivo terá ficado irritado com esta tomada de posição de Cavaco, até porque, desabafa um ministro, que preferiu manter o anonimato, “o Presidente não coloca dúvidas, dá orientações”.
 
“O tom opinativo” do chefe de Estado, que entende que “aquilo não é uma pergunta ao Tribunal Constitucional”, mas antes “um ‘statment político’”, é também criticado por um outro elemento do Governo.
 
Saliente-se que em causa está, a confirmar-se a aprovação do diploma, a possibilidade de os funcionários públicos poderem vir a ser despedidos se não se reintegrarem num serviço volvidos 12 meses da chamada requalificação, antes conhecida por mobilidade.
 
O Executivo pediu dois pareceres em defesa desta lei ,e, não obstante os ‘entraves’ colocados por Cavaco Silva, manifesta a convicção que o diploma passe no crivo do colectivo de juízes do Palácio Ratton.
 
Notícias ao Minuto
 
Portugal: Cavaco com reforma em risco
 
Nem as mais altas figuras do Estado escaparão à reforma que o Governo pretende implementar e que prevê a convergência do regime da Caixa Geral de Aposentações com o da Segurança Social. Segundo noticia a edição desta sexta-feira do semanário Sol, o Presidente da República, Cavaco Silva, e a Presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, correm o risco de perder as respectivas pensões.
 
Convergir as pensões do sector público com as do sector privado. Esta é uma das intenções do Executivo de Pedro Passos Coelho, fazendo confluir os regimes da Caixa Geral de Aposentações e da Segurança Social.
 
Ora, a medida afecta sobretudo os pensionistas do Estado, leque no qual estão incluídos o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e a Presidente do Parlamento, Assunção Esteves, os quais, de acordo com o semanário Sol, poderão mesmo vir a perder a totalidade das suas reformas.
 
Isto porque esta norma irá também ditar que os pensionistas da Função Pública que estão no activo são obrigados a escolherem o salário em detrimento da reforma, deixando de poder optar entre auferirem um ou outro valor, como até aqui era viável.
 
E não resulta claro se a regra em causa terá ou não efeitos retroactivos, ou seja, se só se aplicará a partir do momento em que for aprovada, ou se irá abranger os trabalhadores do Estado que antes tinham escolhido as pensões.
 
A confirmar-se que o novo diploma a todos contempla, tanto Cavaco como Assunção Esteves, que optaram por receber as suas reformas em detrimento dos salários, cumprindo com a determinação que então vigorava, poderão perder as respectivas pensões.
 
Notícias ao Minuto
 
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NOVA REVELAÇÃO DOS FICHEIROS DE EDWARD SNOWDEN

 


Base secreta de vigilância da Internet no Médio Oriente
 
O projecto está a ser montado pelo GCHQ britânico
 
Duncan Campbell, Oliver Wright, James Cusick, Kim Sengupta [*]
 
A Grã-Bretanha dirige uma estação secreta de monitoramento da Internet no Médio Oriente, para interceptar e processar vastas quantidades de emails, chamadas telefónicas e tráfego web por conta de agências de inteligência ocidentais, soube The Independent.

A estação é capaz de "picar" e extrair dados dos cabos submarinos de fibra óptica que atravessam toda a região.

A informação é então processada para inteligência e passada ao GCHQ (Government Communications Headquarters) em Cheltenham e partilhada com a National Security Agency (NSA) nos Estados Unidos. O governo afirma que a estação é um elemento chave na "guerra ao terror" do Ocidente e proporciona um sistema vital de "advertência antecipada" de ataques potenciais em todo o mundo.

The Independent não está a revelar a localização precisa da estação mas informações acerca das suas actividades estavam contidas nos documentos obtidos da NSA por Edward Snowden. Reportagens do jornal The Guardian acerca destes documentos provocaram nos últimos meses uma disputa com o governo, com peritos em segurança do GCHQ a supervisionarem a destruição dos discos duros contendo os dados.

A instalação do Médio Oriente é encarada como particularmente valiosa pelos britânicos e americanos porque pode dar acesso a cabos submarinos que atravessam toda a região. Todas as mensagens e dados passados para diante e para trás nos cabos são copiados em "buffers" de armazenagem em computador e a seguir peneiradas à procura de elementos com interesse especial.

A informação acerca do projecto estava contida em 50 mil documentos GCHQ que o sr. Snowden descarregou durante o ano de 2012. Muitos deles vieram de um sítio de informação interna estilo Wikipedia chamado GC-Wiki. Ao contrário da Wikipedia pública, o wiki do GCHQ tinha geralmente a classificação Top Secret ou superior.

Esta revelação chega no momento em que a Metropolitan Police anunciou que estava a lançar uma investigação de terrorismo quanto ao material encontrado no computador de David Miranda, o parceiro brasileiro do jornalista Glenn Greenwasd, de The Guardian – o qual está no centro da controvérsia Snowden.

A Scotland Yard disse que o material examinado até agora no computador do sr. Miranda era "altamente sensível", cuja revelação "podia por vidas em risco".

The Independent entende que The Guardian concordou com o pedido do governo de não publicar qualquer material contido nos documentos Snowden que pudessem prejudicar a segurança nacional.

Além disso, ao destruir um computador contendo uma cópia dos ficheiros Snowden, o editor do jornal, Alan Rusbridger, concordou em restringir as reportagens do jornal com base naqueles documentos.

O governo também pediu que o jornal não publicasse pormenores de como empresas telecoms britânicas, incluindo BT e Vodafone, estavam secretamente a colaborar com o GCHQ para interceptar a vasta maioria de todo o tráfego internet entrando no país. O jornal teve pormenores do programa altamente controverso e secreto durante mais de um mês. Mas apenas publicou informação sobre o esquema – o qual envolvia pagar às companhias para "picarem" nos cabos de fibra óptica que entram na Grã-Bretanha – após as alegações aparecidas no jornal alemão Süddeutsche Zeitung. Uma porta-voz do Guardian recusou-se a comentar acerca de qualquer acordo com o governo.

Uma alta fonte de Whitehall [rua onde está a sede do governo britânico] disse: "Concordámos com The Guardian em que as nossas discussões com eles permaneceriam confidenciais".

Mas há temores no governo de que o sr. Greenwald – o qual ainda tem acesso aos ficheiros – possa tentar divulgar informação danosa.

Após a detenção do sr. Miranda ele disse: "Serei muito mais agressivo nas minhas reportagens a partir de agora. Vou publicar muitos mais documentos. Tenho muitos mais documentos do sistema de espionagem da Inglaterra. Penso que eles lamentarão o que fizeram".

Uma das áreas de preocupação em Whitehall é que pormenores da base de espionagem no Médio Oriente identificativos da sua localização possam entrar no domínio público.

A operação de colecta de dados faz parte de um projecto internet de £1000 milhões [€860 milhões] que ainda está a ser montado pelo GCHQ. Faz parte do sistema de vigilância e monitorização, com o nome de código "Tempora", cujo objectivo mais vasto é a intercepção global de comunicações digitais, tais como emails e mensagens de texto.

Através de três sítios, as comunicações – incluindo chamadas telefónicas – são rastreadas tanto por antenas (dishes) de satélite como pela picagem de cabos submarinos de fibra óptica.

O acesso ao tráfego do Médio Oriente tornou-se crítico para agências de inteligência estado-unidenses e britânicas após o 11/Set. A sede de Maryland da NSA e o Departamento da Defesa em Washington têm pressionado por maior cooperação e partilha de tecnologia entre agências dos EUA e Reino Unido.

A estação do Médio Oriente foi estabelecida sob uma autorização assinada pelo então secretário dos Negócios Estrangeiros David Miliband, que permitiu à GCHQ monitorar e armazenar para análise dados que passam através das redes de cabos de fibra óptica que ligam a internet em todo o mundo.

O certificado autorizava o GCHQ a colectar informação acerca de "intenções políticas de potências estrangeiras", terrorismo, proliferação, mercenários e companhias militares privadas, assim como fraude financeira grave.

Contudo, os certificados são reemitidos a cada seis meses e podem ser mudados pelos ministros à vontade. Responsáveis do GCHQ são então livres para visar qualquer um que esteja além-mar ou a comunicar-se de além-mar sem outras verificações ou controles se pensarem que caem dentro dos termos de um certificado em vigor.

O orçamento preciso para esta dispendiosa tecnologia encoberta é encarado como melindroso pelo Ministério da Defesa e o Foreign Office.

Contudo, a escala da operação no Médio Oriente e a utilização crescente pelo GCHQ da tecnologia submarina para interceptar comunicações bem como a alta capacidade dos cabos, sugere um investimento substancial.

Fontes de inteligência negaram que o objectivo seja uma colecta universal de todas as comunicações, insistindo em que a operação é destinada a segurança, terror e crime organizado.
 
23/Agosto/2013
 
[*] Jornalistas de The Independent.

O original encontra-se em
www.independent.co.uk/...

Esta notícia encontra-se em
http://resistir.info/
 

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