Martinho Júnior,
Luanda
Não há dúvida que a
União Europeia está a distribuir bem os papéis entre “bons” e “maus alunos”, a
contento do capital:
Enquanto a Alemanha
circunscreve a Europa do sul aos “maus alunos” que por sua ignóbil inveja têm
de ser “condenados” a neo colónias e espoliados, a França exerce o mesmo no
imenso espaço africano, em função do quadrante CFA da “FrançAfrique”, como se
nada tivesse mudado em relação às antigas colónias, secularmente
subdesenvolvidas e a saque!
Os “bons alunos”,
entendendo-se muito bem nos seus respectivos papéis, (até por que as suas
missões complementam-se e integram-se), tornam-se assim inveterados
colonialistas em pleno século XXI, “daquém e dalém mar em África”!
Nesses “mares nunca
antes navegados” os abençoados “bons alunos” dilatam as finanças do império,
num espaço muito maior que os respectivos territórios nacionais, como na Idade
Média os navegadores, que tão piamente se emulavam a dilatar fé e império!
Nos países do sul
da Europa, a tendência para que as “democracias representativas” abram alas a
fantoches, os agentes que em cada nação garantem a vassalagem aos “bons alunos”,
é cada vez mais gritante: Grécia, Espanha, Portugal, Chipre…
Na “FrançAfrique”,
por que os “bons alunos” estão perante inveterados cafres insaciáveis e
invejosos, a “democracia representativa” que vá para as urtigas e o desfile não
pára sob tutela de fantoches que passam pelas escolas de “rebeldes” (que termo
mais simpático e aventuroso): Líbia, Costa do Marfim, Guiné Conacry, Guiné
Bissau, Mali, República Centro Africana…
Os “bons alunos”
alemães têm papéis mais requintados e subtis, pois lidam com os mercados e,
como sabem nisso de mercados, entre mercadores, “quem parte e reparte e não
escolhe a melhor parte, ou é parvo, ou não tem arte”!...
Os “bons alunos” da
“FrançAfrique”, como os mercados são tão básicos, tão primários, não precisam
de requintes nem de subtilezas, mas de músculos, muitos músculos e CFAs:
precisam de permanecer com bases militares em pelo menos 5 países africanos geo
estrategicamente funcionais (Senegal, Costa do Marfim, Gabão, Thade e
Djibouti), precisam de multinacionais como a AREVA, ou a TOTAL e precisam de
desvalorizar o dinheiro autóctone (de outra maneira quem pagaria as despesas
militares e “representativas”?)…
Os “bons alunos”
aprenderam tudo o que deveriam aprender na “escola de Chicago” cujos ensaios ao
longo da história ganharam ainda mais consistência com o desaparecimento do
campo socialista (que estorvo ele fazia)!
Vejam lá que se
antes os “rapazes de Chicago” tinham que recorrer à “Operação Condor” para
manter a coesão das fileiras dos “bons alunos” no Chile, na Argentina, no
Brasil, agora basta manter ideologias e procedimentos, a coberto dos mercados e
das “democracias representativas”, para assumir o comando perante os invejosos
do sul da Europa, ou manter umas bases militares, coisa mínima, em países
cafres a sul do Mediterrâneo, ali onde se forjou a conjuntura de dependência
que é a área do Franco CFA, ali onde as multinacionais saqueiam de forma mais
abjecta e impune!
Os “professores” de
tão “bons alunos”, agora nem precisam de estar fisicamente presentes em muitos
dos espaços em contenda: em muitos casos bastam uns “drones” de fiscalização
para que se estabeleçam os jogos de ocasião e se crie a força de atracção
necessária e suficiente para que, por exemplo, a “FrançAfrique” prospere e se
distenda!
Depois “professores”,
“bons alunos” e fantoches têm um espaço dilecto que antes, com o tal nefasto
campo socialista em acção, se restringia de facto ao Atlântico Norte e agora, “solto”,
“livre” (livra!), já vai no Afeganistão, passando pela Líbia, pelo Cáucaso e
pelo que mais adiante se verá!
De “bons alunos”
está este inferno cheio… e farto!!!
Foto: Dois exemplos
acabados de “bons alunos”, do norte, que causam inveja aos “maus alunos”, do
sul, ou o modo perceptível de entender colonizadores e colonizados em pleno
século XXI!