sábado, 16 de março de 2013

BALANÇO DE VITOR GASPAR: CORREU TUDO MUITO BEM E… FALHOU

 


Eduardo Oliveira Silva – Jornal i, opinião
 
Maus resultados não faltam. Vamos a caminho da tragédia grega
 
A conferência de imprensa do ministro das Finanças confirmou o que se tornava evidente: os objectivos do governo falharam novamente. Veja-se que o desemprego vai atingir cerca de 19% ainda este ano (o que significa uma taxa real, com subemprego e não contabilizados, de 24%); o défice permitido este ano vai até 5,5% (mais 1%); o corte dos 4 mil milhões foi estendido; a recessão estimada é agora de 2,3%, o que antevê um resultado real de mais de 3%; e o nível da dívida pública pode chegar a 123,7% do PIB, percentagem que continuará a subir na exacta medida em que o PIB continuar a descer, o que é agora inevitável. A integração da concessão da ANA para atenuar o défice foi vetada pela Europa, como aqui dissemos. Enfim, estamos a caminho da tragédia grega.
 
Face à rara capacidade de engano previsional de Gaspar, é de admitir que os números possam derrapar tragicamente, mesmo se não se contar com o eventual efeito de uma decisão do Tribunal Constitucional que vete o imposto extraordinário atirado para cima dos reformados que ganham mais de 1350 euros brutos. O simples facto de o governo nem sequer admitir que isso suceda é uma chantagem junto do tribunal.
 
Com o seu ar seráfico, Vítor Gaspar foi justificando o desastre com o contexto internacional, achando até que há sinais positivos, o que é surrealista. É verdade que as coisas estão más por todo o lado, tirando alemães e escandinavos.
 
Mas importa procurar quem, cá dentro, tem culpa do descalabro. Ora não há dúvida de que é o ministro das Finanças, que não quis ouvir, por exemplo, empresários conscientes e gestores privados que conhecem bem a realidade, isto para não falar de macroeconomistas altamente qualificados. Era elementarmente impossível apoiar-se em exportações sem substrato permanente, ignorando o mercado interno e a necessidade de manter níveis de consumo interno que aguentassem as empresas.
 
De facto, logo no início, o caminho escolhido pelo ministro foi errado. Procurou receitas subindo brutalmente os impostos e esqueceu-se de que a boa lógica mandava atacar, em primeira linha, a despesa, enquanto os cidadãos ainda tinham alguma folga para enfrentar com os seus recursos pessoais a descida das prestações e dos apoios sociais.
 
Agora, não há recuo possível. A espiral recessiva acelera e vem aí mais austeridade. Entrámos numa estrada de sentido único. Os cortes que vão ser anunciados nas próximas semanas vão ainda agravar as coisas numa Europa em recessão.
 
Face a este lamentável panorama, não vale a pena acrescentar uma crise política. No estado actual das coisas, o PS já não tem hipótese de alterar o que quer que seja e António José Seguro até deve evitar ir parar ao governo, uma vez que as bases erradas de Gaspar inquinam o caminho por alguns anos.
 
Em síntese, é indiscutível que Vítor Gaspar se tornou um problema grave para o primeiro-ministro que, ingenuamente, foi no seu engodo. E já se viu que, da Europa, não poderemos contar com nada para inverter a trajectória mortal em que nos meteu. Atenas que espere que Lisboa vai a caminho.
 

Portugal: O DOBRO DA AUSTERIDADE RESULTOU EM QUASE O DOBRO DOS DÉFICES PREVISTOS

 

Sérgio Aníbal - Público
 
No final de quase três semanas de negociações, troika e Governo reviram quase todos os objectivos para o programa português. A economia vai cair mais, reconhecem, e por isso terá de haver mais margem para deixar subir mais os défices.
 
Questionado por um jornalista sobre se reconhecia algum erro na forma como o Governo e a troika definiram a estratégia de ajustamento para Portugal e a passaram à prática, Vítor Gaspar não foi capaz de identificar um. Preferiu falar antes de um "grande desapontamento": a subida do desemprego. Mas se há coisa que é difícil ao olhar para os resultados da sétima avaliação da troika a Portugal, apresentados na sexta-feira, é deixar de ver erros, erros de previsão.
 
Depois de 18 dias de encontros e debates, Governo e troika apresentaram aos portugueses um cenário totalmente diferente para a evolução da economia e da política orçamental. Para a economia a mudança é, tal como aconteceu nas avaliações anteriores, claramente para pior. A contracção da economia neste ano será, em vez de 1% como estava previsto, de 2,3%, uma previsão que ainda é pior do que os 1,9% que a Comissão Europeia, um dos membros da troika tinha apresentado há apenas três semanas atrás. Para 2014, continua agendado o crescimento, mas agora já de apenas 0,6%, contra 1,2% esperados anteriormente. Como consequência, o desemprego será mais elevado, chegando aos 19% no final deste ano.

Vítor Gaspar voltou a justificar a deterioração da conjuntura exclusivamente com a redução verificada a partir do final do ano passado na procura externa. No entanto, olhando para as novas previsões, verifica-se que não serão apenas as exportações (crescimento de 0,8% em 2013, contra os 3,6% antes previstos) a apresentarem um desempenho pior. O consumo privado vai cair 3,5% este ano, deixando para trás a anterior previsão de 2,2%. E o investimento mantém uma queda acentuada de 7,6%, não confirmando a descida de 4,2% que era prevista.

As novas metas

A conjuntura mais negativa forçou a troika a aceitar mudanças significativas nas metas orçamentais. De tal forma que se ficou agora a perceber que, apesar da dose de austeridade posta em prática durante os últimos dois anos ter sido muito mais forte do que a prescrita no início do programa, os défices orçamentais que serão atingidos vão ficar distantes das metas traçadas.

De acordo com os números disponibilizados pelo ministro das Finanças na sua apresentação, as medidas de consolidação orçamental (que incluem subidas de impostos e cortes de salários e pensões, por exemplo) executadas em 2012 e 2013 (os dois anos em que o Governo apresentou um orçamento para a totalidade do ano) ascenderam a 15.400 milhões de euros. Ou seja, um valor que é mais do dobro dos 7600 milhões de euros de austeridade previstas no memorando inicial assinado com a troika.

No entanto, com as revisões agora acordadas, o objectivo para o défice público deste ano passou para 5,5% do PIB, o que compara com a meta de 4,5% definida a partir de Setembro de 2012 e com os 3% projectados no início do programa. Para 2014, aponta-se agora para um défice de 4%, contra os 2,5% exigidos desde Setembro de 2012 até agora e os 2,3% do programa inicial. O défice de 2012 também ficou claramente acima do previsto, mas também pelo efeito de alterações impostas pelas autoridades estatísticas a algumas operações.

Para explicar estas revisões tão profundas nos objectivos do défice - que dão a Portugal mais tempo para consolidar as finanças públicas e que surgem a par de um alongamento até 2015 da aplicação do pacote de cortes nas despesas públicas - Vítor Gaspar assinalou novamente os "reflexos significativos para Portugal" das novas perspectivas para a economia europeia. E assinalou que o motivo para que as negociações com a troika tivessem sido mais longas do que o habitual foi a dificuldade "encontrar o equilíbrio" entre duas questões fundamentais.

De um lado, o custo económico e social da consolidação orçamental, de outro, a necessidade de efectuar um ajustamento orçamental para garantir o acesso a financiamento e a sustentabilidade da dívida pública.

O ministro das Finanças insistiu ainda na ideia de que, para medir o nível de esforço orçamental que está a ser feito pelo país, o indicador mais usado deve ser, não o défice nominal, mas o défice estrutural, que, destaca Vítor Gaspar, tem sido reduzido a um ritmo muito forte nos últimos anos.

Os dados apresentados para este indicador (que não inclui receitas extraordinárias e leva em conta os efeitos da conjuntura económica) confirmam a existência de uma melhoria do saldo (de -8,8% em 2010 para -3,3% em 2013), mas mostram também que nem nos saldos orçamentais estruturais, Portugal se livrou de revisões em alta.

Para o saldo estrutural primário, por exemplo, previa-se no passado mês de Outubro, que chegasse aos 2,2% em 2013, mas agora a aprevisão é apenas de um saldo positivo de 1,1%.

Troika elogia

Apesar da revisão em alta dos objectivos do défice e da deterioração acentuada das condições económicas, a troika fez um comunicado bastante elogioso ao programa português, dizendo que a sua implementação "continua no bom caminho".

A Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional afirmam que "o objetivo estabelecido para o final de 2012 em matéria de défice orçamental foi cumprido, a estabilidade do setor financeiro foi preservada e a execução de um vasto leque de reformas estruturais está a avançar", salientando ainda que "o ajustamento externo continua a exceder as expectativas".

A troika revela ainda que as receitas de privatizações vão ser uma das formas encontradas pelo Governo para garantir que, apesar de os défices serem mais elevados, não será preciso reforçar o envelope financeiro previsto no programa. "As autoridades estão empenhadas em cobrir as necessidades de financiamento suplementares resultantes dos objetivos em matéria de défice orçamental revistos, incluindo através das receitas das privatizações", afirma o comunicado da troika.

Apesar dos elogios, para que a avaliação seja considerada positiva e seja dada autorização para a entrega de mais uma tranche do empréstimo (de cerca de 2000 milhões de euros), a troika diz que irá ainda esperar pela apresentação, até Maio, do relatório com a estratégia orçamental detalhada de médio prazo, o documento onde o Governo dará a conhecer quais as medidas de redução permanente da despesa que irão ser implementadas em 2013, 2014 e 2015.
 

Moçambique: ARMANDO GUEBUZA NOS EMIRADOS ÁRABES UNIDOS DEPOIS DA AUSTRÁLIA

 


Moçambique admite que minas e gás podem não gerar trabalho suficiente
 
15 de Março de 2013, 21:24
 
Maputo, 15 mar (Lusa) -- O Governo de Moçambique admitiu hoje que os planos para aproveitar o potencial de minas e gás do país poderão não gerar trabalho suficiente para eliminar o desemprego galopante.
 
"Queremos que tantos moçambicanos quanto possível trabalhem na indústria de extração", afirmou o vice-ministro dos Recursos Minerais, Abdul Razak, citado pela agência AFP, alertando que esta atividade "não emprega muita gente".
 
Razak garantiu que "cem por cento do trabalho não qualificado" necessário para desenvolver novos projetos será atribuído a cidadãos moçambicanos.
 
O desemprego em Moçambique atinge 27 por cento da população.
 
Estimativas citadas pela AFP apontam para a criação de dez mil empregos diretos e entre 15 a 30 mil indiretos nas companhias de extração de gás na província de Cabo Delgado (Norte do país).
 
As minas de carvão na província de Tete (Centro) empregaram inicialmente 13 mil pessoas, mas a maioria em funções temporárias, durante a fase de construção.
 
Na quinta-feira, Moçambique assinou com a Austrália um acordo para o desenvolvimento mineiro, com o objetivo da capacitação institucional e formação de capital humano no setor.
 
SBR (LAS) // JMR
 
PR moçambicano efetua visita aos Emirados Árabes Unidos a partir de sábado
 
15 de Março de 2013, 11:47
 
Maputo, 15 mar (Lusa) - O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, efetua a partir de sábado uma visita de quatro dias aos Emirados Árabes Unidos, onde manterá encontros com o vice-Presidente e primeiro-ministro, xeque Mohammad bin Rashid Al Maktoum.
 
Durante a sua estada em Abu Dhabi, capital dos Emirados, Armando Guebuza será recebido em audiência por membros do Governo dos Emirados Árabes Unidos, indica um comunicado da Presidência moçambicana hoje enviado à Lusa.
 
Segundo a nota, o chefe de Estado moçambicano "deverá reunir-se com as autoridades locais, os membros da Câmara do Comércio, personalidades dos Emirados Árabes Unidos e com a comunidade moçambicana" e estará presente na "abertura dum seminário de negócios e investimentos, além de visitas a locais de interesse histórico, económico, social e cultural".
 
Nesta deslocação aos Emirados Árabes Unidos, a convite de Mohammad bin Rashid Al Maktoum, o Presidente moçambicano far-se-á acompanhar pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Balói, da Presidência Para Ação Social, Feliciano Gundana, e dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula.
 
O Presidente moçambicano desloca-se aos Emirados Árabes Unidos depois de uma visita de cinco dias à Austrália.
 
MMT // VM
 

Julgamento do "Lancha Voadora" arranca 2ªfeira em Cabo Verde, com segurança reforçada

 

JSD – SO - Lusa
 
Cidade da Praia, 16 mar (Lusa) - O julgamento do processo "Lancha Voadora", ligado à maior operação de apreensão de droga registada no país, começa a segunda-feira no Tribunal da Comarca da Cidade da Praia, no meio de excecionais medidas de segurança.
 
O volume e a complexidade do processo levou a que as autoridades judiciais cabo-verdianas optassem por um tribunal com um coletivo de três juízes, caso inédito na história da justiça local, com os 15 suspeitos acusados de pertencerem a uma rede que se dedicava ao tráfico de drogas, lavagem de capitais e associação criminosa.
 
Juízes, procuradores e o próprio Tribunal da Cidade da Praia têm já assegurado um reforço da segurança, nalguns casos individual, durante todas as audiências de um julgamento que se prevê longo e que é considerado o maior de sempre em Cabo Verde.
 
A operação "Lancha Voadora" veio a público a 08 de outubro de 2011, quando a Polícia Judiciária (PJ) cabo-verdiana fez a maior apreensão de sempre de drogas no arquipélago de Cabo Verde, ao apreender tonelada e meia de cocaína em estado de elevada pureza, entretanto já incinerada numa cerimónia pública.
 
Na ocasião, a PJ apreendeu também milhares de euros e outras moedas sul-americanas e milhões de escudos cabo-verdianos em notas, confiscando ainda cinco viaturas topo de gama, três jipes, duas "pick-up", uma "moto-quatro" e várias armas e munições.
 
Na sequência das investigações, o Tribunal da Comarca da Cidade da Praia decretou a prisão preventiva do então presidente da Bolsa de Valores de Cabo Verde, Veríssimo Pinto, que se juntou a mais quatro pessoas entretanto já em prisão preventiva na Cadeia Central da capital cabo-verdiana.
 
A lista de supostos envolvidos no caso foi crescendo e, neste momento, são 15 os arguidos formais deste "mega processo", todos com delitos puníveis com um mínimo de oito anos de prisão efetiva, segundo o Código do Processo Penal cabo-verdiano.
 
Além de Veríssimo Pinto, são arguidos Paulo Pereira, Quirino dos Santos, Carlos Gomes Silva, António "Totony" Semedo, Ernestina "Nichinha" Pereira e Ivone de Pina Semedo, que se encontram sob prisão preventiva na Cadeia de São Martinho, arredores da capital cabo-verdiana.
 
Luís Ortet, Nilton Jorge, Sandro Spencer, Nerina Rocha, José "Djoy" Gonçalves, Jacinto Mariano, José Teixeira e José Alexandre Oliveira são os restantes arguidos, que aguardam julgamento em liberdade.
 
Além dos arguidos, estão sob investigação várias empresas cabo-verdianas ligadas direta ou indiretamente aos acusados - Editur, ImoPraia, AutoCenter, Aurora Internacional e TecnoLage, todas com sede na Cidade da Praia
 
O julgamento começará de manhã e é aberto ao público, sendo a primeira fase, na presença de todos os arguidos, constituída pela leitura das acusações. Os arguidos serão posteriormente interrogados, individualmente, por juízes, procuradores da República e advogados de defesa.
 

São Tomé e Príncipe: Autoridades apreendem dois petroleiros em "actividades ilegais"

 

MYB – GC - Lusa
 
São Tomé, 16 mar (Lusa) - A guarda costeira são-tomense apreendeu, na sexta-feira, dois petroleiros que estavam a efetuar "atividades ilegais" no mar territorial de São Tomé e Príncipe, revelou o comandante da Guarda Costeira Idalécio João.
 
"Patrulhávamos a ilha de São Tomé e Príncipe quando detetamos dois navios em operações ilegais. Identificámos os navios e descobrimos que eram dois petroleiros", disse a jornalistas Idalécio João.
 
Os navios apreendidos são Marida Melissa e Duzgit Integriy pertencentes a Malta e ilhas Marchall.
 
Segundo o comandante da guarda costeira são-tomense um dos navios era proveniente de Angola, "mas não tinha destino" a São Tomé e Príncipe e o outro, cuja procedência se desconhece tinha São Tomé como destino.
 
Os navios Marida Melissa e Duzgit Integriy estão neste momento atracados na costa do arquipélago e a tripulação está a ser interrogada pelas autoridades.
 

Guiné-Bissau: ELEIÇÃO DA CNE ADIADA, HORTAS DI POBREZA SAI FILME DE SARA CORREIA

 

 
 
Parlamento da Guiné-Bissau adia eleição de presidente da Comissão Nacional Eleições
 
15 de Março de 2013, 16:13
 
Bissau, 15 mar (Lusa) - O Parlamento da Guiné-Bissau encerrou hoje mais uma sessão plenária sem eleger um novo presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), como estava prevista na agenda dos trabalhos iniciados a 15 de fevereiro último.
 
Após um mês de debates, o Parlamento guineense encerrou os trabalhos para ser retomado em sessão ordinária no mês de maio, mas o presidente do órgão, Ibraima Sory Djaló, disse ser possível que haja uma sessão extraordinária nos próximos tempos a pedido do Governo para discussão do Orçamento Geral do Estado de 2013.
 
Sory Djaló pediu aos parlamentares para que estejam atentos à convocatória, "que pode acontecer a qualquer momento".
 
Além da escolha do novo presidente da CNE, foram remetidas para a próxima sessão parlamentar a lei que fixa as remunerações que o Estado deve pagar, a título vitalício, aos titulares de cargos públicos e a lei que determina o estatuto dos funcionários do Parlamento.
 
Também ficou para a próxima sessão a discussão sobre um pacto de Regime que irá balizar um novo período de transição que o país terá que observar, uma vez que já não se vão realizar eleições gerais (tal como estava previsto) em maio deste ano.
 
Entre os 18 pontos agendados para a sessão hoje encerrada, destacam-se a aprovação de convenções e acordos internacionais, entre os quais os que fixam os termos de cooperação com a Guiné Equatorial e o Irão, e ainda as leis sobre minas, pedreiras e o petróleo.
 
O presidente do Parlamento considerou "positiva" a sessão que hoje terminou enquanto o líder da bancada parlamentar do Partido da Renovação Social (PRS, segunda maior força política), Certorio Biote, disse ter sido "proveitosa".
 
MB // VM
 
Hortas di Pobreza, Guiné-Bissau, numa tabanca perto de si
 
15 de Março de 2013, 14:18
 
Por Fernando Peixeiro, da agência Lusa
 
Bissau, 15 mar (Lusa) - Pobreza é uma terra da Guiné-Bissau que não vem no mapa mas que este sábado vai ter cinema. "Hortas di Pobreza", onde os "atores" são os habitantes da aldeia e o principal produto do país, o caju.
 
De Bissau para Pobreza, na região de Quinará, sul, partiu hoje a "Cine-caravana", para mostrar à população o documentário que há três anos lá foi rodado. Uma promessa deixada na altura pela principal responsável do projeto.
 
"Prometi-lhes que quando o filme estivesse feito lhes iria mostrar", contou à Lusa a autora do "Hortas di Pobreza", Sara Correia, uma portuguesa licenciada em Design de Comunicação que se especializou em audiovisuais e antropologia artística e que se estreou no cinema com as "Hortas" da melhor forma: primeiro prémio no Festival Itinerante de Cinema Lusófono (FESTIN) em 2011.
 
O filme pretende alertar para aquilo que Sara Correia considera ser "um perigo para a população rural", a excessiva dependência de uma monocultura de exportação, o caju. Para o completar, meteu-lhe dentro pescadores, exportadores e importadores de caju, o que a obrigou a ir à Índia, país que compra a quase totalidade de caju da Guiné-Bissau.
 
"É muito perigoso ter um país inteiro a depender apenas de uma monocultura de exportação. Através do filme conclui-se que ainda há possibilidade de viver em alguns lugares da Guiné-Bissau com culturas mais diversificadas, não dependendo apenas do caju e fazendo uma extração sustentável dos recursos", alertou Sara Correia.
 
E o filme mostra também, acrescentou, que as populações estão a abandonar as bolanhas (campos de arroz), pela salinização da terra mas também por falta de mão-de-obra, devido à "fuga" para as cidades.
 
"Se as pessoas que migram para a cidade são capazes de voltar à tabanca (aldeia) dois meses para a apanha do caju no entanto já não o fazem para apoiar nas bolanhas, que exigem muito mais tempo e dão muito mais trabalho", disse Sara Correia.
 
É tudo isto que a responsável quer mostrar em Pobreza e noutras tabancas, onde as pessoas vão poder ver empresários indianos a dizer que os preços do caju podem baixar por vontade de meia dúzia de pessoas.
 
Foi essa realidade, a segurança alimentar ou falta dela, que fez Sara Correia "saltar" em 2010 de Amesterdão para a Pobreza e acompanhar em filme o trabalho que na altura estava a ser feito na Guiné-Bissau pelo investigador Fernando Naves Sousa (entre 2008 e 2010 na Guiné-Bissau a investigar a exploração dos recursos naturais e a segurança alimentar), produtor da obra.
 
"Decidi focar-me em Pobreza e mostrar o que é tentar viver na base de um modelo tradicional rural e ao mesmo tempo ser completamente dependente de uma monocultura, o que não tem nada a ver com o modo de vida tradicional", contou agora Sara Correia.
 
E porque a pobreza é o mote, Sara lamentou a falta de apoios, quer para fazer o filme, em 2010, quer para, agora, cumprir a promessa de o mostrar em Pobreza. Nada que a sua própria boa vontade e algumas boas vontades em Bissau impeçam que uma dúzia de outras tabancas vejam a "Pobreza", incluindo a "grande tabanca" Bissau, já na segunda-feira.
 
Num país onde não há uma única sala de cinema, Sara Correia quer mostrar o filme em tantos locais quanto possível em duas semanas, mas também que através dele se faça uma reflexão sobre comércio justo e a segurança alimentar.
 
Porque pobreza não é apenas um problema endémico na Guiné-Bissau ou um estado de espírito. Porque Pobreza é uma aldeia. E um filme.
 
FP // VM
 


PR DE TIMOR-LESTE VIAJOU HOJE PARA ROMA

 


MSE – GC - Lusa
 
Díli, 16 mar (Lusa) - O Presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, viajou hoje para o Vaticano, Roma, Itália, para participar na missa de início do pontificado do papa Francisco, eleito na quarta-feira.
 
O chefe de Estado timorense, que deverá regressa a Díli no final da próxima semana, é acompanhado pela primeira-dama, Isabel Ferreira, pelo chefe da Casa Civil, Fidélis Magalhães, e pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Constâncio Pinto.
 
Taur Matan Ruak não fez declarações à imprensa.
 
Na quinta-feira, o Presidente timorense enviou uma carta de felicitações ao papa Francisco a manifestar a felicidade dos timorenses pela escolha do cardeal argentino jesuíta para dirigir a igreja Católica.
 
Na missiva, Taur Matan Ruak referiu também que a "decisão rápida do Conclave atesta o dinamismo e capacidade de resposta da igreja Católica aos desafios do mundo globalizado".
 
"No âmbito das minhas funções continuarei a trabalhar para desenvolver e alargar as relações (entre Timor-Leste e o Vaticano) e promover o estabelecimento de um quadro estável de referência", acrescentou Taur Matan Ruak na carta.
 
O cardeal argentino jesuíta Jorge Mario Bergoglio, 76 anos, foi eleito papa, na quarta-feira, pelos 115 cardeais reunidos na Cidade do Vaticano e escolheu o nome de Francisco.
 
Francisco sucede a Bento XVI e será o 266.º papa da Igreja Católica.
 
A missa de início do pontificado está marcada para terça-feira, no dia de São José, patrono da Igreja.
 
Em Timor-Leste, mais de 90 por cento dos 1,1 milhões de habitantes são católicos, existindo três dioceses (Baucau, Díli e Maliana).
 
Esta é a segunda visita oficial que o Presidente timorense faz desde que foi eleito em março de 2012.
 
A primeira ocorreu em julho do ano passado a Moçambique para participar na cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
 
* Ler mais sobre Timor-Leste em TIMOR LOROSAE NAÇÃO
 

Angola: CHUVAS FORTES PROVOCAM MORTES, SONANGOL DESCOBRE MAIS PETRÓLEO

 


Chuvas fortes no leste de Angola provocaram já seis mortos e milhares de desalojados
 
15 de Março de 2013, 11:51
 
Luena, Angola, 15 mar (Lusa) -- As fortes chuvas que desde o início do mês assolam a província do Moxico, leste de Angola, provocaram já seis mortos e milhares de desalojados, noticiou hoje a agência Angop.
 
Segundo dados da Comissão Provincial de Proteção Civil, a chuva já provocou seis mortos, oito feridos, e entre os estragos materiais há a registar o desabamento de 2.203 casas de construção precária, 323 residências ficaram sem teto, e ficaram destruídas 22 igrejas, 15 escolas e sete postos médicos.
 
O número de desalojados está fixado em 12.765 pessoas.
 
Sonangol anunciou mais uma descoberta de petróleo no "offshore" angolano
 
15 de Março de 2013, 20:48
 
Luanda, 15 mar (Lusa) - A Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) e a petrolífera italiana ENI anunciaram hoje a oitava descoberta de petróleo no Bloco 15/06, com a perfuração do poço Vandumbu-1ST, com capacidade de produção acima dos 5000 barris diários.
 
O anúncio consta de uma nota de imprensa distribuída hoje em Luanda e que refere que o poço Vandumbu-1ST, perfurado numa lâmina de água de 976 metros (distância entre o fundo do mar e a superfície do mar), atingiu uma profundidade total de 3.480 metros do "offshore" angolano.
 
O documento salienta que estudos realizados nos poços Vandumbu-1 e Vandumbu-1ST, para avaliar a produtividade esperada e a sua taxa de produção diária, dão conta que o último tem um potencial de produção acima dos 5000 barris de petróleo por dia.
 
A ENI Angola, com 60 por cento de participação, é a operadora do Bloco 15/06, e tem como parceiros a SONANGOL P&P (15%), a TOTAL (15%), a Falcon Oil Holding Angola, SA (5%) e a Statoil Angola Block 15/06 (5%).
 
O anúncio da Sonangol, surge no mesmo dia em que a Casa Civil da Presidência da República divulgou, em comunicado de imprensa, que o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, criou a Comissão Interministerial para a Implementação da Divisão da Zona Terrestre das Bacias do Kwanza e do Baixo Congo em blocos de concessão petrolífera.
 
"O objetivo é promover novas oportunidades de negócios para acomodar e inserir o empresariado nacional no setor petrolífero angolano e catalisar a intensificação e expansão das atividades de exploração, através da licitação de novas áreas marítimas e terrestres, sobretudo nas bacias do Baixo Congo e do Kwanza, tendo em vista a descoberta de novos recursos e o aumento das reservas petrolíferas do País", destaca o comunicado.
 
Em fevereiro passado, o presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Francisco Lemos, anunciou que a petrolífera angolana Sonangol prevê lançar este ano um leilão de 15 blocos de exploração de petróleo.
 
Dez dos 15 blocos, que se situam todos em terra, ficam na bacia do Kwanza, e os restantes na bacia do Congo.
 
Na mesma ocasião, Francisco Lemos, anunciou que a empresa prevê produzir diariamente dois milhões de barris em 2017.
 
Angola é atualmente o segundo maior produtor de petróleo da África subsariana, a seguir à Nigéria.
 
NME/EL // APN
 

MÍDIA OCIDENTAL “PREPARA” GUERRA CONTRA A COREIA DO NORTE

 


As agências de notícia e os grandes jornais da Europa e dos EUA já fizeram isso quando inventaram fatos sobre Saddam Hussein antes de os norte-americanos invadirem o Iraque. A estratégia é difamar o adversário para ‘ganhar’ a opinião pública internacional. Na mídia, Kim Jong-um é retratado como um insano ‘Doctor Evil’ e o povo norte-coreano, como loucos que matam crianças para saciar a fome.
 
Finian Cunningham – PressTV – Carta Maior
 
A cobertura da mídia ocidental das crescentes tensões na Península Coreana é como uma mistura entre um filme ruim de James Bond com um filme de terror barato sobre zumbis comedores de carne humana.

Seria engraçado se o perigo de guerra não fosse tão sério e iminente. A direção perturbadora que a cobertura da mídia ocidental segue é a de expor a Coréia do Norte - um país pobre e estéril - para um ataque militar total pela maior superpotência nuclear psicopata do mundo - os Estados Unidos.

Paradoxalmente, este perigo tem sido incitado por corporações de “notícias” que, pomposamente, clamam ser os bastiões do jornalismo independente, quando na realidade não são nada mais do que os progenitores do pior tipo de ficção barata.

Kim Jong-un, o jovem líder da Coréia do Norte que tomou o poder depois de seu pai, em 2011, vem sendo transmitido como um vilão insano, o qual a mídia ocidental assemelha a um ‘Doctor Evil’.

Dias atrás, relataram que Kim estava ameaçando uma “guerra nuclear” contra a Coréia do Sul e seu patrono, os Estados Unidos. Que demoníacos!

É pouco mencionado o fato de que Kim foi forçado a tomar esta posição de estabelecer uma defesa convicta de seu país, sob uma imensa pressão de uma possível agressão imperialista implacável. A República Popular Democrática da Coreia foi agredida com mais sanções conduzidas pelos EUA que visam ostracizar o país de qualquer contato internacional.

Isso é o equivalente ao confinamento de um prisioneiro numa solitária, sujeito a privações sensoriais. Mas isto é tortura de uma nação inteira deixando-a sem garantia de sobrevivência.

Sim, a Coreia do Norte conduziu um teste nuclear subterrâneo na metade de fevereiro.

Isso aconteceu depois que os EUA fecharam o cerco com ainda mais sanções; mas não só isso: depois de anos em que Washington se recusou a negociar uma solução para acabar com mais de seis décadas de embargos comerciais alijantes junto da sempre presente ameaça de aniquilação nuclear, depois da guerra de 1950-53 com seu vizinho do sul, apoiado pelos EUA.

Nenhum outro país foi ameaçado com um Armageddon nuclear tão frequentemente quanto a Coréia do Norte - e sempre pelos EUA - por mais de 60 anos.

A mídia ocidental colocou seus holofotes sobre o líder norte-coreano ordenando suas tropas se preparando para “varrer do mapa” uma ilha sul-coreana, transformando um posto avançado marítimo em um “mar de chamas.”

Vocês veem a insinuação aqui? Varrer do mapa uma ilha? Bem, Kim deve ser um insano megalomaníaco, certo?

A ilha em questão é o disputadíssimo território de Baengnyeong, que está de fato localizada fora do território norte-coreano, mas que os EUA forçaram a possessão pela Coreia do Sul depois da guerra de 1950-53. Desde então ela tem sido usada, provocativamente, como um posto de vigilância norte-americano e planejamento de ataques futuros contra a Coreia do Norte.

Sem dúvida que a ilha será usada durante as manobras de planejamento que simulam a invasão da Coreia do Norte, mas que o Washington eufemisticamente chama de “medidas defensivas.”

Condizente com a caricatura de arquivilão, fotógrafos e equipes de filmagem abundaram na mídia ocidental mostrando Kim Jong-un vestindo em um longo sobretudo preto e luvas pretas, olhando através de binóculos aparentemente em direção à Coreia do Sul e às forças norte-americanas, do outro lado da zona desmilitarizada do paralelo 38.

Caso o público ocidental não compre essa caricatura demoníaca de Dr. Evil, ainda há outro papel a ser incutido - o zumbi comedor de carne humana norte-coreano.

Nas últimas semanas, houve diversas histórias regurgitadas pela mesma mídia ocidental que noticiou os surtos de canibalismo entre as pessoas supostamente famintas da Coreia do Norte. Estas histórias de terror canibalesco e niilismo não foram impressas apenas nos tabloides sensacionalistas. Elas também foram destacadas em jornais de suposta qualidade, como o britânico ‘Sunday Times’ e o ‘Independent’, assim como em um dos americanos mais vendidos, o ‘The Washington Post’.

Essas histórias macabras começaram a circular na mídia ocidental no fim de janeiro - aproximadamente duas semanas antes dos testes nucleares subterrâneos conduzidos pela Coreia do Norte. Isso sugere que as alegações de comilança de carne humana são o trabalho de uma campanha de informações psicológicas ocidental com o objeto de dar tons pejorativos à crise atual.

Tudo isso dificulta nossa leitura. Não por causa dos detalhes macabros, mas porque estas histórias são tão obviamente tramadas e regurgitadas de maneira repetitiva por supostas agências de notícias. Os testemunhos do horror provêm todos de uma única fonte: um time de jornalistas de uma agência chamada ‘Asia Press’, com sede no Japão, que secreta e corajosamente entrou na Coreia do Norte e supostamente entrevistou vários fazendeiros anônimos e oficiais do Partido Comunista.

A mídia ocidental passou dos limites ao divulgar esses relatos horripilantes de canibalismo sem confirmação ou verificação.

Em uma versão publicada pelo ‘Britain’s Daily Mail’, a manchete diz: “Pais norte-coreanos comem seus filhos depois de ficarem loucos por causa da fome”.

É noticiado aos leitores do ‘Daily Mail’ como adultos famintos estão sequestrando e assassinando crianças. Um homem foi supostamente executado depois que sua esposa descobriu que ele havia matado sua filha e seu filho mais novos “enquanto ela estava fora tratando de negócios”; quando ela retornou à propriedade de sua família faminta, seu marido a cumprimentou com a notícia de boas vindas que “temos carne” para comer.

Em outro conto macabro, impresso como notícia séria, é dito que um homem idoso escavou as sepulturas de seus netos e comeu seus restos podres.

O que é verdadeiramente perturbador sobre estas reportagens é o fato de que não são somente sensacionalismo sórdido passado como reportagens merecedoras de crédito, transmitidas por agências de notícia supostamente sérias. Pior do que isso é o fato de que, aparentemente, muitas pessoas que leem ou assistem essas mídias no ocidente creem nesta propaganda. Confira alguns dos comentários dos leitores abaixo das histórias mencionadas nas mídias acima e você encontrará todo tipo de condenações à Coreia do Norte e sua “gente doente”.

Mas não é o povo da Coreia do Norte que é depravado: é a mídia ocidental e seus crédulos assinantes que favorecem este ódio de caráter assassino contra uma nação inteira.

A cobertura da mídia ocidental da Coreia do Norte relembra as histórias de bebês sendo roubados das incubadoras dos hospitais por soldados iraquianos no Kuwait, o que foi crucial para que a opinião pública apoiasse a guerra liderada pelos EUA no Iraque, em 1991. Mais de uma década depois, a mesma mídia divulgou histórias assombrosas de armas de destruição em massa, histórias estas que pavimentaram o caminho para o genocídio americano no Iraque de 2003 a 2012.

Essa mesma imprensa ocidental propagandista repete incessantemente relatos sobre “ambições nucleares sinistras dos iranianos” que servem para justificar o embargo comercial criminoso liderado pelos norte-americanos contra o Irã, o que pode resultar num ataque militar executado por forças norte-americanas e israelenses contra a República Islâmica.

Essa mesma mídia está agora fazendo o mesmo trabalho de choque contra a Coreia do Norte. Uma nação de zumbis comedores de carne humana liderada por uma personalidade cultuada pelo mal que quer explodir ilhas?

“Sim, vá em frente Chuck, exploda estes filhos da ****!”

O público ocidental está sendo levado como um rebanho a concordar com o comportamento depravado de um barbarismo militar - uma superpotência militar com uma tremenda vontade de destruir uma nação empobrecida que não ameaça ninguém.

Na verdade, a realidade do imperialismo ocidental é mais perversa e doente do que a ficção ocidental.

Tradução: Roberto Brilhante

Fotos: Divulgação
 

GOVERNAR PELA NEGATIVA O EXEMPLO DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

 


Benjamin Formigo – Jornal de Angola, opinião
 
O país sempre pronto a criticar e a opinar globalmente está, desde o início deste mês, a dar um exemplo notável de incapacidade de diálogo, de radicalização ideológica, mais sucintamente: de como é possível, na oposição, governar pela negativa. No final da campanha eleitoral de 2012 os republicanos deixaram saber que uma derrota presidencial (como sucedeu) não seria a entrega do poder a Obama e aos democratas apontando para a conquista da maioria numa das câmaras. Adivinhava-se mas não se queria acreditar que os republicanos, perdida a Presidência e, como se esperava, sem maioria no Senado iriam bloquear a acção da Administração.

A situação porém seria tão surrealista que a maioria dos analistas americanos e estrangeiros acabava, após muitas considerações, por recusar a possibilidade. O interesse nacional falaria mais alto, sobretudo quando o Mundo atravessa uma grave crise – a cuja origem os EUA não foram alheios -, o Mundo tornou-se um local pouco seguro e os EUA mantêm conflitos não declarados em vários pontos do globo. Mais, a economia americana dava sinais positivos.

Por outro lado bloquear a acção da Administração não fazia parte da cultura política americana, quase se pode dizer que era “antiamericano”. No passado as divergências entre os dois partidos, obviamente a divergência entre o Presidente e a oposição era dirimida com uma política de “checks and balances” onde todos acabavam por ganhar alguma coisa. A oposição cedia num determinado ponto e o Presidente dava uma contrapartida. Desta vez a questão tornou-se falsamente ideológica. Os Estados Unidos têm de reduzir o seu défice orçamental. Entre a Casa Branca e os republicanos que controlam a Câmara dos Representantes não existe acordo.

Obama pretende um entendimento de longo prazo e uma política que equilibre cortes orçamentais com aumentos de impostos selectivos aos mais favorecidos. Os republicanos nem querem ouvir falar de aumentos de impostos. Pura e simplesmente o “Great Old Party” recusa sentar-se a qualquer mesa ou a ter qualquer conversa onde a palavra impostos possa ser pronunciada, a menos claro que seja para os descer.

Assim, o país entrou na tão impensável como ridícula e perigosa situação de sofrer automaticamente um corte transversal em todos os sectores, desde a Defesa à Segurança Social. Centenas de milhares de pessoas podem ficar sem emprego; só na Califórnia entre 100 a 200 mil pessoas poderão perder o seu trabalho. Mas as consequências não ficam por aí: as empresas privadas com importantes contratos com o Governo central, designadamente a industria de defesa, poderão ser obrigadas a despedimentos em massa.

Sendo estas empresas centrais na economia americana as que se encontram quer a montante quer a jusante irão ser arrastadas para a mesma crise. Outros países irão sofrer de novo os erros dos Estados Unidos.

Nunca foi testada uma política de cortes indiferenciados. Solução curiosa e bem mais fácil que estudar cortes selectivos. Mais interessante é que os republicanos tenham deixado que isto sucedesse quando a economia está a dar sinais positivos e o desemprego a descer, ao contrário do que o candidato derrotado, Mitt Romney, dizia durante a campanha presidencial.

O precedente que os republicanos estão a criar faz regredir o entendimento social, contraria os entendimentos bipartidários, põe em causa a política de compromisso. Deixa antever que de futuro os EUA poderão ser governados pela negativa e que o segundo mandato de Barack Obama passa da cefaleia à enxaqueca.

O mundo teria o direito de esperar um pouco mais do Congresso dos Estados Unidos da América, sempre pronto a dar aos outros lições de democracia e de civismo.

INTENSA ATIVIDADE POLÍTICA NO ESPAÇO LUSÓFONO EM ÁFRICA

 


A actualidade africana da semana foi pautada por uma intensa actividade económica e política, em Angola e em Moçambique. Igualmente em destaque, o fim da campanha eleitoral no Zimbabué, marcada pela violência.

 

CHIPRE RECEBERÁ AJUDA EUROPEIA DE 10 BILHÕES DE EUROS

 


RFI – foto Reuters
 
A zona do euro e o FMI chegaram neste sábado a um acordo sobre um plano de salvamento de 10 bilhões de euros para o Chipre. O programa de assistência financeira inclui uma taxa sobre poupanças em bancos cipriotas, uma retenção dos rendimentos destes depósitos e aumento de impostos. O Chipre é o quinto país da zona do euro a recorrer a um programa de ajuda internacional.
 
O montante da ajuda é bem menor que os 17,5 bilhões de euros citados em princípio pelo país e inferior ao desembolsado por Grécia, Portugal, Irlanda e o setor bancário espanhol. O acordo foi acertado após 10 horas de reunião entre os ministros de Finanças da zona do euro, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, e o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi. O FMI deve participar com 1 bilhão de euros.
 
O Chipre teria renunciado ao perdão da dívida, que causaria duras perdas aos credores privado, mas se comprometeu a aplicar uma polêmica taxa sobre poupanças e contas correntes. O valor será de 6,75% sobre todos os depósitos bancários abaixo de 100.000 euros e de 9,9% acima deste montante. Uma parte dos rendimentos das contas também ficaria retida na fonte.
 
O acordo também inclui um aumento dos impostos sobre as empresas que passará de 10 a 12,5%.
 
Cortes
 
O ministro cipriota das Finanças, Michalis Sarris, defendeu o plano previsto em troca do salvamento financeiro de seu país, afirmando que ele “evitaria cortes nos salários e aposentadorias”. Sarris precisou que em troca, os clientes dos bancos receberão ações. “Eles serão 100% compensados”, afirmou.
 
Ele precisou que o Parlamento do Chipre deve votar no domingo a instauração da taxa que começará a ser aplicada na terça-feira. Sarris disse que as autoridades do país tomaram as medidas necessárias para que os clientes dos bancos não possam retirar suas economias durante o fim de semana. A taxa deve ser aplicada a todos os residentes da ilha, inclusive estrangeiros.
 
Nas redes sociais, os protestos se multiplicaram desde as primeiras horas de sábado. Logo após o anúncio, filas se formaram diante dos bancos para retirar dinheiro nos caixas automáticos. Mas segundo autoridades, as taxas não podem ser retiradas e já estão bloqueadas.
 
O imposto deve arrecadar 5,8 bilhões de euros, segundo o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem.
 
Ajuda financieira
 
O Chipre pediu em junho uma ajuda financeira à UE e ao FMI para recaptalizar seus dois principais bancos, afundados pela crise grega. Mas o empréstimo de 17,5 bilhões de euros, o equivalente ao PIB do país, foi recusado, pois os credores temiam o não reembolso da soma e que a dívida chegasse a níveis insustentáveis, uma vez a ajuda concedida.
 
O país também aceitou se submeter a uma auditoria sobre a lavagem de dinheiro, exigida pela Alemanha antes de aceitar concedera a ajuda. A investigação começou nesta semana e os resultados devem ser conhecidos no fim de março.
 
Para se beneficiar rapidamente da ajuda o ministro das Finanças cipriota, Michalis Sarris, também deve pedir na segunda-feira, em Moscou, que a Rússia conceda um prolongamento do prazo de reembolso do empréstimo se 2,5 bilhões de euros, que deve vencer em 2016 e discutir como a Rússia poderá contribuir com o plano de salvamento.
 

Conselho Europeu: PARA QUÊ MUDAR UM FÓRMULA FRACASSADA?

 


Il Sole-24 Ore, Ziarul Financiar, Les Echos – Presseurop – imagem Bojesen
 
Reunidos em Bruxelas para falar do crescimento, os chefes de Estado e de governo não decidiram nada que permita dar um novo alento à Europa, esgotada pela crise e pela austeridade, lamenta a imprensa europeia.
 
O Conselho Europeu de 14 de março, dedicado ao crescimento, foi mais uma "cimeira previsível", escreve o jornal Il Sole-24 Ore. Apesar dos maus indicadores relativos ao desemprego e à produção, e dos manifestantes vindos de toda a Europa até Bruxelas, a reunião decorreu em tom de business as usual, salienta este jornal, que acrescenta:
 
As conclusões estavam pré-definidas: um pouco de flexibilidade nas regras antidéfice e, sobretudo, no que se refere à redução do desemprego dos jovens, o mantra do momento. […] Nada de rasgos nem de surpresas. Como se a Europa não estivesse a agonizar na recessão pelo segundo ano consecutivo. […] Seria preciso um pouco de imprevisto com um toque de génio, uma vontade comum pouco habitual, para fazer a Europa sair do túnel da crise, com menos conversas e algumas medidas concretas.
 
"A Europa está condenada a continuar no caminho da austeridade, aberto pela Alemanha para fazer a União Europeia sair da crise", acrescenta o Ziarul Financiar. "Era evidente, depois de a Alemanha ter apresentado um orçamento exemplar, que faz prever o défice mais baixo dos últimos 40 anos". Acrescenta o diário romeno:
 
O preço a pagar é doloroso para toda a UE: desemprego dos jovens por quase toda a parte e recessões espantosas em todos os países duramente atingidos pela crise… E, além disso, a Alemanha segue na mesma via, exigindo que a expressão ‘consolidação orçamental’, ou seja, austeridade orientada para o crescimento, seja referida nada menos de quatro vezes nas conclusões da cimeira!
 
Desde a assinatura do Pacto de Crescimento, [em junho passado] (2265591), "não houve progressos", lamenta também o jornal Les Echos. Este diário económico recorda designadamente que os "project bonds", isto é, "os financiamentos obrigacionistas criados para apoiar grandes projetos de infraestruturas – continuam no limbo, apesar de a primeira fase sido prevista para outubro passado”.
 
O mesmo jornal divisa, no entanto, uma esperança, depois deste Conselho Europeu, em especial porque "a França e a Itália conseguiram alguma indulgência dos seus parceiros" em matéria de défice público:
 
Algumas das suas pretensões [foram] contempladas nas conclusões da cimeira. Assim, a França viu com agrado a referência, no texto final, à “necessidade de uma consolidação orçamental diferenciada, centrada no crescimento”, [o que] abre caminho a uma certa flexibilidade na aplicação do objetivo do défice inferior a 3% […]. Por seu turno, a Itália fez pressão para que o texto final reconhecesse o estatuto especial dos investimentos públicos prospetivos no cálculo dos défices.
 

UM FRANCISCO SERVIDOR DA REPRESSÃO?

 


O papel do cardeal Bergoglio no desaparecimento de religiosos foi confirmado por cinco testemunhas, há três anos, em depoimento ao jornalista Horácio Verbitsky, do jornal ‘Página 12’, de Buenos Aires. O novo Papa é acusado de ter retirado a proteção a sacerdotes procurados pela repressão militar. Ao comentar sobre o novo pontífice, a presidente da Associação das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, foi lacônica: "Só temos que dizer: Amém". Por Dermi Azevedo
 
Dermi Azevedo – Carta Maior
 
A Igreja Católica da Argentina "nunca se interessou" pela situação de 150 sacerdotes, religiosos, seminaristas e leigos católicos assassinados pela ditadura militar desse país. "Pelo contrário: ficou calada e nunca reclamou por eles", disse quarta-feira (13), na Itália, a presidente da Associação das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini. Sobre a escolha do novo pontífice, foi lacônica: "Sobre esse Papa, só temos que dizer: Amém".

O papel do cardeal Bergoglio no desaparecimento de religiosos foi confirmado por cinco testemunhas, há três anos, em depoimento ao jornalista Horácio Verbitsky, do jornal ‘Página 12’, de Buenos Aires. O novo Papa é acusado de ter retirado a proteção a sacerdotes procurados pela repressão militar: uma teóloga professora de catequese na diocese de Morón, o ex-superior de uma casa de padres, além de três vítimas da tortura (dois leigos e um sacerdote).

Dois meses após o golpe militar de 1976, o bispo de Morón, Miguel Raspanti, tentou proteger os padres Orlando Yorio y Francisco Jalics, e foi desautorizado por Bergoglio. Outro testemunho é o do padre Alejandro Dausa, que foi sequestrado em Córdoba, quando era seminarista; sofreu torturas durante seis meses. Dausa diz ter ouvido de Yorio e de Jalics que foram entregues à repressão pelo novo Papa.

Um relatório sobre esses crimes contra a humanidade foi encaminhado, à época, à Conferência Episcopal Argentina e permanece, até hoje, sem qualquer resposta. Essa denúncia denota o sentimento de perplexidade que domina os militantes de direitos humanos na Argentina, no Brasil e em todo o mundo, diante da eleição do cardeal portenho para o Pontificado Romano.

Sem resposta também se encontra, até agora, a carta que o advogado católico e líder dos direitos humanos Emilio Fermín Mignone (pai da jovem Mônica Maria Candelária, desaparecida política) encaminhou à direção da conferência dos bispos, que participava de um almoço em Buenos Aires, com um dos principais chefes da ditadura, general Jorge Rafael Videla.

Na carta, entregue a um dos bispos por um portador, Mignone critica os bispos pelo segredo e afirma que "o Povo de Deus deve ser bem informado". Como informa Horácio Verbitsky, do jornal ‘Página 12’, da Argentina, Videla confessou à Igreja Católica, em 1978, o que veio a público somente 34 anos depois: os presos desaparecidos foram todos assassinados.

Compensação

Essas denúncias que envolvem o novo papa o acompanharão aonde for. Por isso, comenta-se no Vaticano que Francisco poderá decidir beatificar alguns dos padres mortos pela repressão argentina. Essa seria, para alguns assessores do papa, uma saída conveniente para tentar acalmar os familiares das vítimas do genocídio cometido pelos golpistas no país vizinho.
 

Portugal: "Esperam-vos 15 anos de estagnação se não houver perdão de dívida"

 


Jorge Nascimento Rodrigues - Expresso
 
Kenneth Rogoff, professor de economia de Harvard, prevê mais reestruturações de dívida na zona euro. Em entrevista ao Expresso, avisa que o caso grego não vai ser único.

O professor de Economia de Harvard, que avisou em 2009 sobre a inevitabilidade de crises de dívida na sequência da crise financeira, em entrevista ao Expresso, considera as políticas de austeridade, que estão a ser seguidas na zona euro, como condenadas a serem revistas, pois caso prossigam empurrão os países "periféricos" para mais de uma década de estagnação e para situações sociais insustentáveis, além de não resolverem o problema do sobreendividamento.
 
Fala de um dilema que se colocará, mais tarde ou mais cedo, aos próprios alemães: ou terão perdas por via de recessões e crises na zona euro, ou terão de assumir as perdas das dívidas. O que implicará usar outras ferramentas para resolver o problema do sobreendividamento, como parcialmente já começou a ser feito na Grécia.
 
A história do sobreendividamento na Europa em épocas passadas e da forma como se lidou com o problema dá pistas para enfrentar a situação atual, se não se sofrer de amnésia ou se não se permanecer em estado de negação.
 
Leia mais na edição deste sábado do Expresso
 

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