terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Portugal: A AMNÉSIA INTERMITENTE DE PASSOS COELHO

 


Daniel Oliveira – Expresso, opinião, em Blogues – 04.12.2012
 
O primeiro-ministro está a começar a ficar tão habituado às suas contradições e mentiras que já tropeça nelas e nem dá por isso.
 
Disse, na entrevista à TVI: "Temos uma Constituição que trata o esforço do lado da Educação de uma forma diferente do esforço do lado da Saúde. Na área da Educação, temos alguma margem de liberdade para poder ter um sistema de financiamento mais repartido entre os cidadãos e a parte fiscal direta que é assumida pelo Estado." Um financiamento mais repartido entre os cidadãos e a parte fiscal direta (dos contribuintes, que por acaso são os mesmíssimos cidadãos) não quer dizer co-pagamento?
 
O primeiro-ministro acha que não. Disse, logo depois da entrevista: "Eu nunca fiz qualquer referência a essa matéria e posso mesmo dizer que isso nem tem qualquer sentido. De resto, o senhor ministro da Educação esclareceu-o muitíssimo bem. Não é possível, em termos de ensino obrigatório, criar taxas dessa natureza." Fica o mistério: o que quer dizer "repartir os custos"?
 
Alguns têm defendido que o problema de Pedro Passos Coelho é de comunicação. Que, nas entrevistas, improvisa. E saem-lhe estas pérolas que logo depois tem de desmentir. Parece-me uma avaliação bondosa. Poderia ter alguma credibilidade se esta referência fosse inédita. Mas não é.
 
Num artigo publicado no jornal "I", em 2010, logo depois de chegar à liderança do PSD, Passos Coelho escreveu: "É indispensável organizar um ambicioso programa de combate aos desperdícios nas políticas públicas mais pesadas, como são a Saúde e a Educação, fundadas na melhoria da nova gestão pública, no incentivo à livre escolha e na introdução de co-pagamentos pelos serviços prestados, com salvaguarda dos mais desfavorecidos." Os co-pagamentos que agora não fazem qualquer sentido e não são possíveis.
 
Com estes factos, e tentando repor alguma ordem nas contradições de Passos Coelho, era de co-pagamentos que o primeiro-ministro estava mesmo a falar. Porque já o tinha dito antes, com todas as letras, e porque é a única interpretação possível das suas palavras na entrevista da TVI. Que tenha sentido a necessidade de o desmentir logo depois, compreende-se pela reação generalizada à proposta. O País ainda não está preparado. É esperar pelo desastre a que os primeiros meses da aplicação do seu orçamento nos levarão para poder dizer: "nós nem queríamos, mas agora temos de cortar na despesa". O problema é que sabemos que queriam. Nunca quiseram outra coisa.
 

Portugal: UM PAÍS ASSIM NÃO SOBREVIVE

 


Sílvia de Oliveira – Dinheiro Vivo, opinião
 
A política industrial voltou ao topo da agenda na Europa e agora, também em Portugal, o Governo aparece empenhado em ressuscitar a indústria
 
O recente mas insistente discurso de Álvaro Santos Pereira sobre a urgência da reindustrialização do país fez-me voltar atrás mais de 30 anos, às aulas da professora Lígia. No final dos anos 70, a minha professora primária apresentava-nos um país onde a agricultura, a indústria e os serviços tinham, mais coisa menos coisa, o mesmo peso na economia. Ou seja, o setor primário ainda pesava mais de 30% e o setor terciário ainda só pesava cerca de 30%.
 
Estes dados só tinham, naquela sala de aula, um objetivo: mostrar como Portugal, em comparação com outros países muito mais desenvolvidos, ainda tinha muita gente a trabalhar no campo e nas fábricas e quase ninguém nos serviços, nos bancos ou no comércio. Por outras palavras, a professora Lígia apresentava-nos, a nós miúdos da escola primária, um triste fado, um país do passado, onde o peso da agricultura e da indústria mais não era do que um sinal de atraso, mas também um desafio, o da terciarização como única via para o desenvolvimento.
 
Hoje, 30 e tal anos depois, o vaticínio (infelizmente) confirma-se. Em 2010, a população empregada no setor primário já era inferior a 11%, era de mais de 60% no setor terciário e de apenas 27% no setor secundário. Mas a desindustrialização e a supremacia dos serviços em relação à indústria surgia, há 30 anos, associada a uma evolução da economia portuguesa para níveis de desenvolvimento superiores, uma teoria que, verifica-se agora, não podia estar mais errada.
 
A crise económica pôs a nu as fragilidades do modelo de crescimento português, aliás, a atual cise económica foi o detonador do debate sobre a necessidade de reindustrializar o país, de devolver à indústria o papel de motor da economia e de gerador de emprego.
 
A política industrial voltou ao topo da agenda na Europa e agora, também em Portugal, o Governo, através do ministro da Economia, aparece empenhado em ressuscitar das profundezas a indústria nacional. Mas falar é fácil. Nos últimos 20 anos, com a adesão de Portugal à moeda única, o peso da indústria no PIB esfumou-se e só na última década perderam-se mais de 100 mil empregos. Uma situação que, no atual contexto, de descapitalização das empresas e de escassez de empresários, só tende a piorar. Esta é a verdadeira reforma que Portugal precisa fazer e o Governo devia empenhar-se em mostrar isso, desde já, à troika. Um país não se reindustrializa em meia dúzia de anos e já chega de perder tempo, porque, como bem disse o meu professor João Ferreira do Amaral, um país não pode sobreviver assim.
 

Angola: Autor da queixa contra filhas de Eduardo dos Santos retido em Luanda

 

Nuno Tiago Pinto – Sábado
 
Adriano Parreira tentava viajar para Portugal na segunda-feira

Adriano Parreira, o ex-diplomata e professor universitário que apresentou queixa em Portugal contra altas figuras do regime angolano, ficou retido em Luanda, na segunda-feira à noite, quando tentava viajar para Portugal, via Madrid, num voo da Ibéria. Os seus passaportes, português e angolano, foram apreendidos e recebeu ordem para se apresentar na Procuradoria-Geral da República (PGR). A informação foi confirmada pelo próprio à SÁBADO.

“Eram cerca das 20h30 quando, depois de despachar as malas, já no controlo dos passaportes, o funcionário disse-me que teria de aguardar porque havia um bloqueio no sistema. Cerca de 20 minutos depois pediu-me para o acompanhar até outra sala. Estava lá um guarda que me disse que aquela era uma sala de retenção”, conta Adriano Parreira. “Mais tarde apareceu outro agente que me deu a ler um papel com o símbolo da PGR. Explicou-me que se tratava de uma ordem para ser impedido de viajar e para me apreenderem os passaportes angolano e português. Pedi uma cópia, mas não me deram”, afirma.

Em vez disso, recebeu um auto de apreensão sem número, sem morada e assinado apenas por uma testemunha, em vez das duas necessárias. No final pode lêr-se: (sic) "Obs: Os passaportes do cidadão acima referenciado encontra-se no SME (UAL) afim do senhor em causa apresentar-se no gabinete do procurador geral adjunto da república junto da Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal."
Duas horas depois de ser levado para a sala de detenção, Adriano Parreira teve ordem para reclamar a bagagem e ir para casa. “Agora estou a tentar arranjar um advogado para me apresentar na PGR”, diz. Não é a primeira vez o antigo embaixador de Angola junto das Organizações Internacionais, em Genebra, sofre represálias pelas suas opções políticas. “Há muitos anos que recebo chamadas anónimas, ameaças de morte. Não me dão emprego. Então desde que apoiei a UNITA, nunca mais. Tenho o apoio da minha família, faço livros e pronto Os angolanos sofrem há muito tempo esta ditadura de luva e batôn”.

Em Junho do ano passado, Adriano Parreira apresentou uma denúncia no Departamento Central de Investigação e Acção Penal, em Lisboa, contra as filhas de José Eduardo dos Santos, Isabel e Tchizé e o general Helder Vieira Dias “Kopelipa”. O departamento, liderado por Cândida Almeida, abriu então uma averiguação preventiva que mais tarde foi transformada em inquérito. “Penso que isto aconteceu agora devido ao facto de ter cumprido o meu dever de cidadão em Portugal: participar às autoridades quando se sabe de algo que indicie um crime”, explica.

A denúncia terá partido depois de analisar as revelações feitas pelo jornalista Rafael Marques ao longo dos últimos anos. “Os documentos que ele tem emitido preocupam muita gente. Pensei: será que isto está a passar-se em Portugal e ninguém reage? Foi nesse sentido que pedi uma averiguação à PGR”, justifica. Mais: “Tenho a certeza que o passaporte vai ser retirado ao Rafael Marques, no dia 10, quando ele regressar ao país. É certo.”

A SÁBADO contactou o gabinete do Procurador Geral de Angola, João Maria Moreira de Sousa, para esclarecer porque motivo Adriano Parreira foi impedido de viajar para Portugal mas, até agora, as questões ficaram sem resposta.

Renamo acusa polícia de planear ataque contra a sua delegação em Nampula

 

Faizal Ibramugy – Voz da América
 
Policia poderá intervir para repor a tranquilidade pública
 
NAMPULA — O Partido Renamo acusou esta manhã as forças policiais de estar a planejar ataques nos próximos dias a sua delegação política província e a residência de Afonso Dhlakama, alegadamente a mando do Partido Frelimo.

A acusação foi transmitida aos órgãos de comunicação social pelo Chefe de Mobilização da Renamo em Nampula, Luis Fernando Mussa.

Mussa disse que desde semana passada os dois locais alvos, encontram-se sob forte vigilância da polícia a paisana que alegadamente foi accionada para motorizar a situação.

A fonte disse que para além de ter o controlo da residência do líder da oposição e a delegação provincial da perdiz, a Força de Intervenção Rápida (FIR), encontra-se igualmente a vigiar as delegações distritais da Renamo.

“A Renamo repudia esta má intenção e atitude da Frelimo. É bom que desista deste plano, porque se não, terá uma resposta mais dura e picante, já mais vista” disse a fonte para depois advertir, “não vamos tolerar. Pensar que o Presidente está na Gorongosa e aproveitar Nampula é escrever na água”.

Para Fernando Mussa, “todas as forças vivas da Renamo”, encontram-se preparadas para dar resposta a qualquer eventualidade. “A resposta desta provocação virá de todo lado. Estamos a espera a qualquer segundo, a decisão de mais alto nível a partir da Gorongosa”, disse a fonte explicando que para o efeito, os membros da Renamo vão usar todo o tipo de forças e meios ao alcance do homem para salvaguardar a imagem da democracia.

Entretanto, a polícia não aceita e nem desmente que haja algum plano dentro da corporação visando atacar a delegação política da Renamo, incluindo a residência do seu líder na rua das Flores.

“Estamos habituados a confrontação política. A polícia distancia-se de qualquer pronunciamento político, porque somos uma força apartidária. Qualquer pronunciamento político é melhor que seja feito no fórum político” disse o porta-voz da polícia em Nampula, Inácio João Dina.

Aquele porta-voz referiu porém que “ em relação a possível alteração da ordem pública que por excelência é alçada da polícia, naturalmente que a polícia ”.

 

Guiné-Bissau: PRIMEIROS JUÍZES, BARRACAS-ESCOLA RUIRAM, GREVE SUSPENSA

 

Guiné-Bissau tem primeiros juízes formados no país
 
04 de Dezembro de 2012, 14:06
 
Bissau, 04 dez (Lusa) - Os primeiros 14 juízes e magistrados formados na Guiné-Bissau terminam o curso no próximo dia 21, tendo começado esta semana um segundo curso, de 14 meses, para outros tantos profissionais.
 
Kanil Lopes, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), explicou hoje à Lusa que estão a terminar o curso sete futuros juízes estagiários e sete procuradores estagiários, tendo já começado um segundo curso, com uma duração idêntica.
 
Para ingressar na carreira de juiz e magistrado do Ministério Público é obrigatório frequentar o curso, ministrado nas instalações do Centro Nacional de Formação Judiciária (CENFOJ) da Guiné-Bissau, uma instituição apoiada pelo PNUD através do Programa de Fortalecimento do Estado de Direito e Segurança (FORTES), que também financia os cursos de formação.
 
Kanil Lopes, perito nacional do programa FORTES, falava à Lusa no âmbito da cerimónia de encerramento do primeiro curso de ingresso na carreira de advogados estagiários e que envolveu 14 formandos.
 
Na Guiné-Bissau, basta fazer-se estágio num escritório de advogados para depois se requerer a inscrição na Ordem, mas de acordo com Kanil Lopes "caminha-se" para que o ingresso na carreira seja precedido de formação e exame. O curso que hoje terminou foi feito mediante um acordo com a Ordem dos Advogados da Guiné-Bissau.
 
"A ideia no futuro próximo é a Ordem realizar ações de formação e um exame geral de ingresso e só é advogado quem fizer a ação e passar no exame final", disse, acrescentando que o PNUD está disponível para apoiar técnica e financeiramente.
 
Julião Vieira Insumbo, diretor adjunto do CENFOJ, explicou também à Lusa que até agora a entrada para a magistratura judicial e do Ministério Público era feita sem exigência de curso, mas apenas através de "concurso documental", e que os selecionados iam depois para Portugal fazer formação, no Centro de Estudos Judiciários.
 
Atualmente a formação é obrigatória e faz-se em Bissau, embora os formados possam depois ir para Portugal especializar-se.
 
"O sistema caminha para que se faça com advogados o que já se faz com magistrados: exame escrito e oral, frequência e aproveitamento de curso", disse Julião Insumbo.
 
Além dos cursos para advogados, juízes e delegados do Ministério Público, o PNUD tem apoiado na Guiné-Bissau ações de formação pontuais. Este ano foram feitas seis ações de reciclagem no CENFOJ, envolvendo juízes, procuradores, advogados e oficiais de justiça.
 
"Tudo se enquadra no processo de reforma do setor judiciário e na linha da política nacional para o setor da Justiça, aprovada em 2010", disse Kanil Lopes.
 
FP // VM.
 
Barracas que serviam de escola desabam na Guiné-Bissau e deixam 500 crianças sem aulas
 
04 de Dezembro de 2012, 16:20
 
Bissau, 04 dez (Lusa) - Os alunos da Escola do Ensino Básico Unificado (EBU) "Congresso de Cassacá", na capital da Guiné-Bissau, estão sem aulas desde segunda-feira porque as barracas que serviam de salas ruíram no fim de semana.
 
De acordo com o professor João Batista, subdiretor da escola, são no total 570 alunos do ensino básico ao segundo ciclo afetados pela situação, que, disse, já é do conhecimento do Ministério da Educação.
 
Devido à escassez de escolas construídas de forma clássica (uma casa em condições de acomodar crianças) na Guiné-Bissau os diretores dos estabelecimentos constroem barracas com colmo e paus, e folhas de zinco como telhado.
 
Na escola EBU "Congresso de Cassacá", contou o subdiretor João Batista à Lusa, há mais de 10 anos que não havia obras de manutenção das barracas.
 
Corroídas pelo tempo, no último sábado as barracas caíram, uma situação que deixou os professores desesperados.
 
Por ser sábado, dia em que não há aulas nas escolas públicas guineenses, não existia uma única criança na escola, frisou o subdiretor da escola.
 
João Batista disse que, informado, o Ministério da Educação mandou dizer que talvez para a semana que vem é que terá meios para reabilitar as barracas. Até lá 85 por cento dos alunos da escola "Congresso de Cassacá" vão ficar nas suas casas.
 
"É uma situação lamentável", referiu o professor João Batista, que espera ter a solidariedade não só do Governo mas de outras instituições para que os alunos possam voltar a ter aulas.
 
Enquanto tal não acontece, os professores do "Congresso de Cassacá" passam horas a contemplar as ruínas das barracas e as carteiras que ainda se mantêm nos mesmos sítios onde os meninas e as meninas vinham apreendendo até à semana passada.
 
No espaço onde existiam as barracas hoje apenas se veem os escombros de amontoados de paus, "krintins" (colmo que serve de parede das salas de aulas), madeira, carteiras e um velho quadro ainda com parte da lição ensinada aos alunos um dia antes da queda das barracas.
 
No momento em que a Agência Lusa visitava a escola um aluno andava pelos escombros. Volta e meia parava e copiava para o seu caderno as palavras escritas no velho e decrépito quadro deixado entre as cadeiras amontoadas.
 
A associação dos pais e encarregados dos alunos de escola "Congresso de Cassacá" é que não vai ficar a ver a situação tal como está. E promete uma "posição dura" se até a semana que vem não houver uma solução para que as crianças voltem a ter aulas.
 
MB // HB
 
Trabalhadores do Ministério das Finanças da Guiné-Bissau suspendem greve
 
04 de Dezembro de 2012, 21:28
 
Bissau, 04 dez (Lusa) - A greve dos trabalhadores do Ministério das Finanças da Guiné-Bissau, que se iniciou na segunda-feira, foi hoje à noite desconvocada, disse o secretário-geral do Ministério.
 
Os trabalhadores do Ministério das Finanças tinham iniciado segunda-feira uma greve de uma semana reivindicando subsídios em atraso, que segundo o sindicato do setor deviam ter sido pagos até novembro.
 
Fonte do Sindicato dos Trabalhadores do Ministério das Finanças disse à agência Lusa, hoje à tarde, que uma reunião realizada com o Governo foi inconclusiva, mas já esta noite o secretário-geral do Ministério, José Lopes, anunciou na televisão pública que a greve foi levantada.
 
"A comissão negocial do sindicato e o Ministério das Finanças chegaram a consenso para suspender a greve", disse o mesmo responsável, adiantando que o Governo aceitou "atender" às reivindicações dos trabalhadores.
 
FP // ARA.
 

Brasil: POLÍCIA PRENDE POLÍCIAS EM “PURIFICAÇÃO”, ATAQUES ENORMES À AMAZÓNIA

 


Detidos 59 polícias em operação contra tráfico de droga no Rio de Janeiro
 
Jornal de Notícias – foto Sérgio Morais/Reuters
 
O número de polícias presos na Operação "Purificação", desencadeada esta terça-feira de manhã no Rio de Janeiro, subiu para 59, segundo um balanço atualizado da Secretaria de Segurança Pública do Estado.
 
Além dos agentes militares, outros 11 traficantes foram presos. O primeiro balanço, divulgado de manhã no rio de janeiro, indicava 41 presos.
 
A ação, iniciada após um ano de investigações, visa cumprir 83 mandados de prisão, 65 de polícias militares e 18 de membros da principal fação criminosa do Rio de Janeiro, o Comando Vermelho.
 
Os polícias militares detidos são ligados - ou eram, na altura das investigações - ao Batalhão de Duque de Caxias, município da Baixada Fluminense, na região metropolitana do Rio de Janeiro. São acusados de receber 'luvas' para não atuar contra traficantes em 13 favelas da região.
 
De acordo com a Secretaria de Segurança, as investigações mostraram ainda que parte dos acusados não se limitava a receber o dinheiro, participando ativamente em atividades criminosas como sequestros e negociação de armas.
 
Os agentes militares envolvidos responderão pelos crimes de formação de quadrilha armada [associação criminosa], tráfico de pessoas, associação para o tráfico, corrupção ativa, corrupção passiva e extorsão mediante sequestro.
 
A operação visa cumprir ainda 112 mandados de busca e apreensão na casa dos denunciados e em batalhões da Polícia Militar.
 
Desflorestação da Amazónia destruiu área do tamanho do Reino Unido em 10 anos
 
Jornal de Notícias
 
A desflorestação da Amazónia destruiu, entre 2000 e 2010, uma área do tamanho do Reino Unido, refere um estudo da Amazon Information Network divulgado, esta terça-feira, na Bolívia.
 
O estudo assinala que, em 10 anos, foram desflorestados perto de 240 mil quilómetros quadrados da floresta amazónica, que inclui territórios pertencentes a nove nações.
 
Segundo a Amazon Infomation Network, a responsabilidade da desflorestação recai na extração ilegal de madeira, construção de autoestradas, atividade mineira, agricultura e pecuária e construção de barragens.
 
A rede é composta por 11 organizações ambientais de oito países da América do Sul e da Guiana Francesa, que partilham a vasta floresta da Amazónia, cuja maior parte, 63% (6,1 milhões de metros quadrados) pertence ao Brasil.
 

Timor-Leste: PRÓXIMO DA ASEAN, TAUR DISCUTE COOPERAÇÃO COM ONU

 


MNE timorense espera que visita de secretário-geral da ASEAN promova aproximação à organização
 
04 de Dezembro de 2012, 09:36
 
Díli, 04 dez (Lusa) - O chefe da diplomacia timorense, José Luís Guterres, disse hoje esperar que a visita do secretário-geral da Associação das Nações do Sudeste Asiático ao país reforce a ideia de que Timor-Leste é parte daquela região e da organização.
 
"Nós esperamos que esta visita venha reforçar a ideia de que Timor-Leste é parte da região e parte da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático) ", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros timorense.
 
José Luís Guterres falava aos jornalistas do final de um encontro com o secretário-geral da ASEAN, Surin Pitsuawan, que iniciou hoje uma visita de dois dias ao país.
 
A candidatura de adesão de Timor-Leste à ASEAN foi admitida em novembro de 2011 durante a conferência de chefes de Estado e de Governo daquela organização, realizada em Bali.
 
O Presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, defendeu que Timor-Leste deveria entrar como membro de pleno direito na cimeira de 2013, mas Singapura tem defendido que isso aconteça só no ano 2015.
 
Singapura tem levantado algumas reservas à entrada de Timor-Leste na ASEAN, relacionadas com a preparação dos recursos humanos timorenses.
 
"Há uma comissão a estudar o pedido de Timor-Leste, a próxima reunião decorre em janeiro, em Singapura", disse o chefe da diplomacia timorense, salientando que o país continua a aguardar por uma decisão.
 
Para José Luís Guterres, Timor-Leste faz parte da região do sudeste asiático, como se pode ver pelo processo de integração económico que começou "há já algum tempo".
 
"Há aqui vários empresários da Indonésia, Singapura e Filipinas e de outros países da ASEAN. Os maiores parceiros do comércio bilateral são a Indonésia e Singapura", afirmou.
 
"Da nossa parte continuamos a investir nos nossos recursos humanos, nas nossas infraestruturas para que um dia mais tarde possamos competir com outras empresas de países da região. Esperamos pela decisão", acrescentou.
 
A visita do secretário-geral da ASEAN a Timor-Leste ocorre na sequência de um convite das autoridades timorenses.
 
Durante a sua estada em Díli, Surin Pitsuawan terá, na quarta-feira, encontros com o Presidente timorense, Taur Matan Ruak, com o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, e um "diálogo interativo", a realizar no Ministério dos Negócios Estrangeiros timorense.
 
O último dia da deslocação a Díli do secretário-geral da ASEAN ficou reservado para visitas ao Cristo Rei e ao Museu Nacional da Resistência.
 
A ASEAN, criada a 08 de agosto de 1967, tem como principais objetivos fomentar o crescimento económico e a estabilidade na região do sudeste asiático.
 
São Estados-membros da ASEAN, Singapura, Indonésia, Tailândia, Filipinas, Malásia, Brunei, Vietname, Birmânia, Laos e Camboja.
 
MSE // VM.
 
PR Timor-Leste discute futuro da cooperação com a ONU
 
04 de Dezembro de 2012, 12:45
 
Díli, 04 dez (Lusa) - O Presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, recebeu na segunda-feira uma missão dos conselhos executivos de várias agências das Nações Unidas para discutir o futuro da cooperação com a ONU, refere em comunicado, hoje divulgado, a Presidência timorense.
 
No documento, a Presidência refere que o encontro teve como objetivo discutir a cooperação futura entre aquela organização e as autoridades timorenses, tendo em conta o fim da Missão Integrada da ONU (UNMIT) que se encontra no país, a 31 de dezembro.
 
No encontro, Taur Matan Ruak agradeceu o apoio das agências da ONU e disse esperar que a parceria seja consolidada para futuros desafios, nomeadamente o combate à pobreza.
 
Para Taur Matan Ruak, Timor-Leste tem ainda pela frente desafios ao nível da pobreza, desemprego, funcionamento da administração de Estado em áreas remotas, qualidade das infraestruturas, dependência externa da economia nacional, qualidade de sistema de educação e a constituição do sistema administrativo.
 
"Como Presidente, não me envergonho em dizer-vos estas coisas. Muitas vezes disse ao Governo e ao povo que isto é uma vergonha, são necessárias mudanças", afirma o chefe de Estado timorense, citado no documento.
 
A visita dos representantes dos conselhos executivos das agências da ONU a Timor-Leste termina na sexta-feira.
 
MSE // VM.
 

Portugal: SOMOS RATINHOS DE LABORATÓRIO DE UM GOVERNO COBARDE

 

Tiago Mesquita – Expresso, opinião
 
Este governo é de uma cobardia impressionante. É um exercício penoso assistir ao miserável comportamento deste executivo. Não há uma única medida, ou melhor, projeto de alguma coisa que se assemelhe ao que possa vir a ser uma medida, que não seja à priori testada na opinião publica via comunicação social.
 
O nível de impopularidade que esta espécie de pré-anúncio consiga gerar no imediato, seja na oposição, comentadores, redes sociais, nas ruas ou no tipo que vende os pastéis de nata no bar do parlamento, leva a que a suposta medida avance ou não. Se não gerar muita polémica, passa. Se for uma imbecilidade tal, como esta última dos co-pagamentos no ensino secundário, fica na fase de projeto imbecil, não tendo continuidade o raciocínio idiota e a finalização da estupidez. Estupidez que seria, obviamente, a aplicação concreta da parvoíce. Mesmo assim, muita parvoíce tem sido executada. É fácil, lança-se uma idiotice para ser rejeitada de forma veemente pela opinião publica e depois compensa-se com a aplicação de várias estupidezes avulsas.
 
Somos ratinhos de laboratório de um grupo de 'cientistas' incompetentes, políticos sem qualquer espécie de orientação (que vá para além do GPS ligado em permanência à chancelaria berlinense) e que usa e abusa da boa fé, testa a paciência, e acossa e maltrata sem qualquer impiedade e impunidade todo um país.
 
Esta cobardia, este toca e foge permanentemente feito por ministros, assessores, via noticias plantadas nos media ou pela própria boca do primeiro-ministro demonstra a falta de honestidade, orientação, competência e principalmente futuro desta espécie de governo.
 
Depois de seis anos de autêntico lixo governativo socialista, acho que merecíamos mais do que estarmos agora sujeitos, por tempo indeterminado, aos desmandos e testes sádicos de um governo cobarde de direita.
 

RTP-PSP-IMAGENS: A NOVELA CONTINUA E ALIMENTA JOGO VICIADO

 


Presidente RTP diz que é "inequívoco" que Nuno Santos acompanhou processo de visionamento
 
Lusa
 
O presidente da RTP afirmou hoje que ficou concluído "de forma inequívoca" que o ex-diretor de Informação Nuno Santos sabia do visionamento das imagens dos incidentes de 14 de novembro e que seguiu todo o processo.
 
Alberto da Ponte falava na comissão parlamentar para a Ética, a Cidadania e Comunicação, no âmbito de um requerimento do Bloco de Esquerda, sobre o caso do visionamento das imagens não editadas dos incidentes da manifestação de 14 de novembro pela PSP nas instalações da RTP.
 
"Ficou estabelecido de forma inequívoca, e está apenso ao relatório [interno da RTP] de que o diretor de Informação [Nuno Santos] tinha acesso à informação" e que, apesar de estar ausente do país, "durante todo o tempo seguiu o processo", afirmou Alberto da Ponte.
 
O gestor adiantou que no inquérito interno "foi inicialmente dito que não era necessária a declaração formal" de Nuno Santos, uma vez que "já tinha feito" quando se dirigiu por escrito ao Conselho de Redação da RTP.
 
Nuno Santos pediu para ser ouvido no âmbito deste inquérito, acabando por dar as respostas por escrito.
 
"Estou absolutamente certo que se o depoimento prestado por escrito tivesse mudado alguma coisa em relação ao que o inquérito já tinha apurado, isso teria sido tido em conta", sublinhou o gestor, que garantiu manter a "confiança no departamento jurídico".
 
Naquela que foi a sua primeira audição numa comissão parlamentar, desde que assumiu a presidência do conselho de administração da RTP, Alberto da Ponte defendeu que o inquérito interno, que concluiu que Nuno Santos autorizou o visionamento das imagens, foi "feito de maneira independente".
 
No final da audição, Alberto da Ponte afirmou aos jornalistas que "Nuno Santos era uma pessoa da confiança total da RTP até aos incidentes" que estão a ser analisados pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).
 
Questionado sobre se ainda considerava que Nuno Santos estava em processo de auto-flagelação, o gestor disse: "Não sei se se vai manter em auto-flagelação. O que posso garantir é que entre mim e Pôncio Pilates há uma diferença muito grande".
 
O presidente da RTP escusou-se a comentar o modelo de alienação de 49% da RTP.
 
ALU // ATR.
 
Luís Castro nega ter autorizado polícia a ver imagens
 
O ex-subdiretor de Informação da RTP Luís Castro disse hoje não ter dado autorização à polícia para ver imagens dos confrontos de 14 de novembro, declarando que apenas cedeu o seu gabinete para tal.
 
"Eu não dei autorização à polícia para visionar imagens, para entrar nas instalações da RTP. Eu não assisti ao visionamento. A única coisa que fiz foi ceder o meu gabinete para que as imagens fossem lá visionadas, uma vez que o meu gabinete ia ficar livre. E fi-lo mediante uma decisão que fora tomada pelo diretor de informação [Nuno Santos]", afirmou Castro aos jornalistas no final de uma audição na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).
 
Luís Castro tinha pedido para ser ouvido pelo regulador sobre o caso que levou o antigo diretor de Informação Nuno Santos a apresentar a demissão.
 
"Até agora mantive-me em silêncio porque sempre achei que esta matéria devia ser apurada nas sedes próprias, ou seja, no inquérito interno da RTP", sustentou o antigo membro da direção hoje ouvido pela ERC.
 
Segundo o relatório do inquérito interno da RTP, entregue na semana passada à ERC, a 14 de novembro a PSP pediu junto da RTP (subdireção de produção de informação) a escolha e cedência das imagens dos incidentes do dia da greve, recolhidas pela RTP, bem como o seu visionamento nas respetivas instalações.
 
O inquérito interno concluiu que o ex-diretor de Informação Nuno Santos autorizou a PSP a ver as imagens dos incidentes de 14 de novembro
 
"Não autorizei em momento algum, e quero deixar isso bem claro, o visionamento de 'brutos' sobre os incidentes de 14 de novembro", declarou posteriormente Nuno Santos, rejeitando as conclusões do trabalho.
 
PPF // ATR.
 
ERC abriu hoje processo de averiguações ao caso
 
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) anunciou hoje a abertura de um processo de averiguações sobre o acesso da polícia a imagens da RTP não emitidas e editadas (os chamados 'brutos') da manifestação de 14 de novembro
 
Em comunicado, o regulador diz que o processo se destina a "definir a conduta que um órgão de comunicação deve adotar quando solicitada a cedência dessas fontes documentais por terceiros", como as autoridades policiais.
 
Consequentemente, a ERC quer analisar a conduta da RTP no que se refere às imagens da manifestação de 14 de novembro.
 
O regulador ouviu esta tarde o antigo subdiretor de informação Luís Castro e pelas 20:45 estava ainda a ouvir a Comissão de Trabalhadores da RTP sobre o assunto.
 
PPF // ATR.
 

Brasil - PRISÃO IMEDIATA NO MENSALÃO: LOUCURA JURÍDICA

 


Luiz Flávio Gomes – Brasil 247, opinião
 
Roberto Gurgel é uma pessoa de respeito. Mas de vez em quando baixa-lhe o espírito do procurador justiceiro, fazendo postulações típicas de políticos demagogos em campanha
 
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pelo que noticiam (O Globo de 03.12.12., p. 7), deverá pedir ao STF a prisão imediata dos réus condenados no mensalão. Analisando-se a questão longe do brilho da estrela vermelha do PT e distante dos grunhidos do bico azul/amarelo do tucano, cabe concluir sumariamente: do ponto de vista jurídico é uma loucura populista.
 
O STF tem jurisprudência firmada há longo tempo (HC 84.078/MG, de relatoria do Ministro Eros Grau, julgado em 05 de fevereiro de 2009),
no sentido de que a execução de uma pena só pode ocorrer após o trânsito em julgado da sentença. Antes disso, somente em casos excepcionais é admitida a prisão preventiva (a execução provisória), quando presentes os requisitos do art. 312 do CPP. Se um réu ameaçar fugir do país, por exemplo, cabe a prisão preventiva.
 
Fora disso, é puro populismo penal midiático. Roberto Gurgel tem prestado bons serviços para o país, no exercício da procuradoria-geral da República. É uma pessoa de respeito. Mas de vez em quando baixa-lhe o espírito do procurador justiceiro, fazendo postulações típicas de políticos demagogos em campanha, jogando para a torcida e ignorando completamente o direito vigente (leis, doutrina e jurisprudência).
 
A mídia brasileira, pensando num Brasil como democracia que busca sua maturidade institucional, de modo responsável, não deveria sequer dar publicidade às loucuras jurídicas lançadas sob o clamor popular, que se divorciam de todo direito vigente.
 
Nunca o STF mandou prender qualquer tipo de réu logo após o julgamento, antes do trânsito em julgado. Sempre aguardou o trânsito em julgado. Se violar essa regra no mensalão do PT, vai dar ensejo às críticas (muitas excessivas) da direção deste partido de que se trata de um julgamento de exceção. Sigamos o direito vigente, com prudência e equilíbrio. Dai a César o que é de César. O que é justo é justo e o que se traduz numa ideia aberrante não pode deixar de ser reconhecida como uma ideia aberrante (consoante os parâmetros jurídicos vigentes).
 

Brasil: O “MENSALÃO” RURALISTA

 


Nos mesmos dias, do desenrolar das tramas de Delúbio e Carminha, a poucos metros do STF, o Congresso Nacional votava mais uma tentativa de acordo sobre o Código Florestal. Mais de R$ 10 milhões foram doados por empresas interessadas na flexibilização do Código Florestal a parlamentares que votaram pela redução das áreas de proteção em beiras de rio. Não se trata, neste caso também, de compra de apoio político? O artigo é de Daniel Merli.
 
Daniel Merli - Carta Maior
 
"[O mensalão] ameaça o sistema político. (...) [A transferência de recursos] confirma-se pela compra de apoio político (...), não interessa se o destino do dinheiro seja para gastos de campanha ou gastos pessoais. (...) Os partidos participaram de votações importantes, emprestando apoio [a quem os pagou]".

Rosa Weber, ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), em seu voto no julgamento de José Dirceu e José Genoíno.

Faltando poucas semanas para o 1º turno das eleições municipais deste ano, os olhos do país dividiram-se entre a complexa trama de Avenida Brasil e outra, bem mais simples, do julgamento do “maior caso de corrupção” da história do país. Ao contrário das nuances e dúvidas do roteiro de João Emanuel Carneiro, os papéis de mocinho e bandido estavam bem mais delineados na segunda trama. De um lado o “herói de toga preta”(1) e “menino pobre que mudou o Brasil” (2). De outro, o “chefe de quadrilha” (3), obstinado a realizar um “golpe [por um] projeto de poder quadrienalmente quadruplicado” (4). O desfecho apoteótico viria na condenação que “lava a alma de todos os brasileiros vítimas dos corruptos” (5), muda nossa história e permite que o Brasil volte “a saber distinguir o certo do errado” (6).

Pois nos mesmos dias, do desenrolar das tramas de Delúbio e Carminha, a poucos metros do STF, o Congresso Nacional votava mais uma tentativa de acordo sobre o Código Florestal. Por trás das cortinas, um enredo bem semelhante ao que estaria sendo condenado exemplarmente do outro lado da rua. Dezenas de parlamentares, que conquistaram o espaço de representação na Câmara dos Deputados com apoio financeiro de empresas do agronegócio, propunham a criação de diferentes tamanhos para as Áreas de Proteção Permanente (APP) em beiras de rio. A medida, que reduziria as chamadas APPs ripárias no Brasil e abriria espaço para o aumento da produção do agronegócio acabou vetada pela presidenta Dilma Rousseff.

No caso do “mensalão” mais famoso, o empresário Marcos Valério de Souza, dono da agência de publicidade SMP&B, e os gestores do Banco Rural haviam sido condenados por fazer transferências de recursos a partidos políticos objetivando ganhos em decisões do governo. Também o empresário Daniel Dantas agora está sendo julgado pelo mesmo caso. Como responsável, na época, pelas empresas Brasil Telecom, Telemig Celular e Amazônia Celular, Dantas teria contratado os serviços de publicidade da SMP&B, para repassar recursos ao PT como forma de obter apoio do governo federal (7).

E o que buscavam as empresas do agronegócio que, em 2010, doaram dinheiro a campanhas de parlamentares que votariam o Código Florestal em seus mandatos? E os parlamentares, neste caso, não atuaram “emprestando apoio político” a quem os financiou?

Somente o grupo JBS financiou, com mais de R$ 10 milhões, 38 dos deputados que votaram pela redução das APPs de beira de rio, como exemplifica o livro Partido da Terra, do jornalista Alceu Castilho (8). Mas não só a maior empresa de processamento de carne do mundo buscou apoio parlamentar no Congresso. Somente na lista das 10 maiores empresas do agronegócio em 2010, feita pela revista Exame (9), também a Bunge destinou R$ 1,1 milhão ao financiamento de deputados federais, assim como a CoperSucar, com 450 mil. Quando ocorreu a campanha eleitoral, em 2010, já estava em discussão no Congresso o novo Código Florestal.

Para evitar este e outros tipos de "mensalões", organizações da sociedade civil defendem a aprovação pelo Congresso Nacional de uma reforma política que proíba o financiamento privado de campanhas eleitorais. É o que pede, por exemplo, José Antonio Moroni, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) (10). Ele é um dos coordenadores da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político que mantém uma lista de abaixo-assinado na internet visando atingir 1,5 milhão de assinaturas para embasar um Projeto de Lei (PL) de iniciativa popular (11).

Enquanto isso, a votação do PL de reforma política proposto pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS), que inclui a proposta de financiamento público integral, segue sendo obstruída. O relatório de Fontana (12) é resultado do trabalho da Comissão Especial, criada em fevereiro de 2011, que ouviu juristas e representantes dos movimentos sociais. O texto, no entanto, não foi votado por obstrução. Entre outros fatores, pela extinção do financiamento privado de campanha.

“O abuso do poder econômico termina escolhendo candidatos muito mais pela capacidade de arrecadação do que pelas ideias que eles defendem, criando uma democracia de desiguais”, avalia o deputado Henrique Fontana (PT-RS), em entrevista ao jornal Brasil de Fato (13). “O que corrige essas questões é o financiamento público exclusivo, com teto de gastos e forte diminuição dos custos de campanha”.

NOTAS:
1.
Meme que circulou pelas redes sociais durante o julgamento.
2. Capa da edição 2.290 da revista Veja, de 10 de outubro de 2012.
3. Termo usado pelo então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) para referir-se ao então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, acusando-o de comandar a suposta operação de compra de votos no Congresso.
4. Voto do ministro do STF Ayres Britto pela condenação dos réus José Dirceu e José Genoino
5. Capa da edição 2.291 da revista Veja, de 17 de outubro de 2012.
6. Capa da edição 2.285 da revista Veja, de 5 de setembro de 2012.
7. “Dantas tenta impedir transferência para SP investigação sobre relação com Valério”, reportagem do repórter Flávio Ferreira no
jornal Folha de S. Paulo, edição de 2/11/2012.
8.
Partido da Terra, Editora Contexto, 2012,
9.
“As 10 maiores empresas do agronegócio no Brasil", revista Exame, set/2010.
10. “
Reforma política para acabarmos com escândalos como Mensalão”, entrevista de José Antonio Moroni ao site do Inesc.
(11)
http://www.reformapolitica.org.br/
(12) A íntegra do relatório pode ser acessada em
http://tinyurl.com/chrrhbe
(13) Organizações querem impulsionar mudança no sistema político, reportagem da edição nº 504 do jornal Brasil de Fato, de 25 a 31 de outubro - disponível em
http://www.brasildefato.com.br/node/11128
 

FARMACÊUTICAS ALEMÃS CONTESTAM ESTUDO FEITO POR ONG NO BRASIL

 

Deutsche Welle
 
Bayer afirma que as "declarações e números" sobre os custos de pesquisa do Nexavar estão errados. Boehringer Ingelheim diz estar convencida do "perfil de segurança e eficácia" da família de produtos Buscopan.
 
Consultadas pela DW Brasil, as empresas farmacêuticas alemãs Bayer HealthCare e Boehringer Ingelheim contestaram as acusações apresentadas no estudo Às custas dos pobres, realizado pela ONG alemã Bundeskoordination Internationalismus (Buko, na sigla em alemão). No estudo, os preços, a qualidade de remédios e publicidade de empresas farmacêuticas no Brasil foram questionados.
 
A Bayer rejeitou com veemência as acusações feitas pela Buko. "O estudo publicado descreve nossas atividades de forma incompleta e negiglencia informações por nós previamente disponibilizadas e tornadas públicas, como por exemplo nosso engajamento na área da doença de Chagas", respondeu a empresa.
 
A Bayer disse ainda que vai se reunir no início de dezembro com representantes da Buko para debater o conteúdo e a metodologia do estudo.
 
Outra farmacêutica alemã, a Boehringer Ingelheim, respondeu que comercializa apenas medicamentos com resultados positivos na avaliação benefício-risco, ou seja, "na qual o benefício se sobrepõe aos possíveis riscos à saúde." A empresa disse ainda que a decisão de liberar um produto no mercado cabe apenas às autoridades de saúde nacionais.
 
A Boehringer Ingelheim disse ainda que mantém um "diálogo crítico" constante também com a Buko e disponibiliza informações sobre os produtos por ela oferecidos em países em desenvolvimento.
 
Posição da Bayer HealthCare
 
No relatório, a Bayer HealthCare foi criticada por vender caro o medicamento Nexavar, muito importante no tratamento do câncer de fígado e que custa no Brasil – por mês para cada paciente – cerca de 7.300 reais, afirma o estudo.
 
Outra crítica foi a "mistura absurda de vitaminas" – considerada problemática por especialistas, uma vez que a reação do corpo à ingestão concomitante de tantos princípios ativos seria imprevisível – no composto Supradyn Pré-Natal.
 
A Bayer disse que as "declarações e números" sobre os custos de pesquisa do Nexavar apresentados no estudo estão errados. A empresa afirmou ainda que o desenvolvimento de um novo medicamento é um processo longo, complexo, arriscado e com custos que podem ultrapassar 1 bilhão de euros. "Além disso, os preços de medicamentos são negociados com as autoridades locais e estão sujeitos a diferentes margens de lucro, impostos e outros fatores."
 
Sobre a segurança dos seus medicamentos, a empresa afirmou que "todos os estudos clínicos [para a liberação de medicamentos] se submetem a rigorosos princípios éticos e científicos internacionais e preenchem, sem exceção, as exigências das autoridades locais de saúde", acrescentando que a liberação de novos medicamentos só ocorre após testes de eficácia e segurança por autoridades locais e internacionais.
 
Além disso, "a Bayer se comprometeu com o marketing responsável, segundo padrões internacionais, especificados por códigos de conduta e preceitos externos. Todas as atividades de marketing ocorrem, em todo o mundo, em estrita concordância com as leis e normas nacionais".
 
Posição da Boehringer Ingelheim
 
A Boehringer Ingelheim foi criticada por comercializar no Brasil o Buscopan Composto, proibido em outros países por conter a substância ativa metamizol. O estudo afirma que a substância pode desencadear diversas reações adversas no corpo, além de provocar uma redução drástica de glóbulos brancos, importantes para o sistema imunológico.
 
A empresa respondeu que está convencida do "perfil de segurança e eficácia" da família de produtos Buscopan. Segundo ela, o medicamento é aprovado em mais de 20 países, incluindo Bélgica, Espanha, Argentina e Brasil.
 
A Boehringer Ingelheim afirmou ainda que a relação benefício-risco é analisada e avaliada de forma contínua pela empresa e pelas autoridades de autorização e de controle, com base em todas as informações disponíveis. "Assim asseguramos que nossos medicamentos são eficazes e seguros."
 
De acordo com a empresa, na Alemanha os dois princípios ativos do Buscopan Composto – metamizol e brometo de n-butilescopolamina – estão disponíveis no mercado isoladamente e podem ser combinados de forma livre.
 
A empresa disse ainda que havia uma campanha publicitária para a família de produtos Buscopan no Brasil, mas que esta foi exibida pela última vez em setembro de 2012.
 
Autores: Fernando Caulyt / Christina Weise - Revisão: Francis França / Alexandre Schossler
 

OTAN AMEAÇA RETALIAR SÍRIA E POMETE AJUDA À TURQUIA

 

 
Aliança militar declara que uso de armas químicas na Síria poderá gerar retaliações por parte da comunidade internacional. Rasmussen assegura apoio militar à Turquia em caso de conflito com o país vizinho.
 
Os ministros do Exterior dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) aprovaram nesta terça-feira (04/12) a transferência de mísseis Patriot para solo turco. Caso o regime de Damasco começe a usar armas químicas contra a oposição, a reação da comunidade internacional "será imediata", declarou o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen.
 
"Sabemos que a Síria possui mísseis. Sabemos que o país tem armas químicas. E é claro que isso tem que fazer parte de nossas considerações", afirmou Rasmussen. "É essa também a razão da urgência em assegurar uma defesa eficaz e a proteção da Turquia, país-membro de nossa aliança", finalizou o secretário-geral.
 
Uso inaceitável
 
O governo norte-americano também manifestou suas preocupações sobre os atos de Assad. O presidente Barack Obama declarou na segunda-feira, durante um simpósio contra a disseminação de armas de destruição em massa, que "o uso de armas químicas é absolutamente inaceitável". Segundo ele, o mundo está com os olhos voltados para a Síria. "Se o país cometer o grave erro de usar essas armas, isso terá consequências, e o regime terá que ser responsabilizado", disse o presidente.
 
O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, alertou os apoiadores do presidente sírio Bashar al-Assad, afirmando que o uso de armas químicas por Damasco será "levado muito a sério". Segundo o ministro, quem usa armas químicas contra a população de seu próprio país ultrapassa os limites tolerados e terá que responder por seus atos perante a comunidade internacional. O envio dos mísseis Patriot para a fronteira entre a Turquia e a Síria são, neste sentido, nas palavras do ministro, "um sinal claro de que o regime de Assad deverá cessar a violência e os ataques ao território turco".
 
Mísseis alemães, holandeses e norte-americanos
 
Desde o início de outubro, quando cinco pessoas foram mortas pelas forças sírias na fronteira entre os dois países, o conflito armado na região se perpetua. Rasmussen conta com o envio de mísseis Patriot do tipo PAC-3 da Alemanha, Holanda e EUA. Ele afirma não acreditar que haverá resistências políticas desses três países, cujos mísseis só poderão ser usados após aprovação pelos respectivos parlamentos.
 
Tão logo houver tal aprovação dos três Estados, os mísseis poderão ser deslocados "em semanas" para a fronteira turco-síria, acrescentou Rasmussen. Não se sabe ao certo onde os tais mísseis ficarão estacionados na Turquia. Segundo o jornal turco Hürriyet, Ancara havia pedido originalmente a presença do sistema de mísseis Patriot em dez províncias do país. O pedido teria sido negado pela Otan, sob o argumento de que o perigo vindo da Síria seria de fato menor do que o propagado pelo governo turco.
 
O ministro alemão anunciou que o envio dos mísseis deverá ser delibardo por Berlim ainda "esta semana" e acrescentou esperar "amplo apoio parlamentar" na aprovação pelo Bundestag. A ideia é transferir um ou dois mísseis Patriot para a Turquia. Os mísseis podem combater aviões, explosivos e foguetes de média distância, mas não são adequados para o combate de armas de pequeno porte, como morteiros.
 
Envolvimento de Moscou
 
Os ministros do Exterior dos países da Otan tentam, apesar da diferença de postura frente a Damasco, uma aproximação com o governo russo na tentativa de cessar a violência na Síria. Westerwelle lembrou que, apesar das divergências, a Rússia continua sendo um parceiro estratégico importante em questões relacionadas ao desarmamento e ao programa nuclear iraniano. Ele recomenda, por isso, que "as irritações" com determinadas posturas russas não se sobreponham à necessidade de boas parcerias.
 
Rasmussen deu também sinais ao governo russo – até agora protetor do regime Assad – para que este se empenhe contra uma escalada da violência na região. Para evitar resistência do governo russo, o secretário-geral da Otan salientou que os mísseis Patriot servirão única e exclusivamente para metas de defesa, a fim de proteger a população turca de ataques sírios. Rasmussem deixou tais propósitos claros ao minsitro russo do Exterior, Serguei Lavrov.
 
Batalha em Damasco
 
No momento, os rebeldes informam estar preparando uma "batalha em torno de Damasco". Abu al-Fadel, comandante da frente radical-islâmica Al Nusra, afirmou que combatentes de toda a Síria encontram-se a caminho da capital. A mídia próxima ao regime noticiou que as tropas do governo mataram "dezenas de terroristas" nos arredores de Damasco.
 
Segundo observadores sírios dos direitos humanos em Londres, um jornalista que escrevia para um jornal estatal foi executado pelos rebeldes quando estava a caminho do trabalho em Damasco. As notícias veiculadas sobre a Síria são de difícil confirmação em função do bloqueio a órgãos de imprensa independentes por parte do regime. Desde março de 2011, estima-se que mais de 40 mil pessoas tenham morrido no país em consequência dos conflitos.
 
SV/ dpa,afp,dapd - Revisão: Francis França
 

Mais lidas da semana