sexta-feira, 14 de setembro de 2012

BRASIL ESQUECEU DO MAIOR ACIDENTE RADIOLÓGICO DE SUA HISTÓRIA HÁ 25 ANOS

 
Pessoas contaminadas acampadas no Estádio Olímpico (Foto: Yoshikazu Maeda/O Popular)
Pragmatismo Político
 
Atualmente, as vítimas reclamam da omissão do governo para a assistência da qual necessitam, tanto médica como de medicamentos. O acidente com Césio-137 foi o maior acidente radioativo do Brasil e o maior do mundo ocorrido fora das usinas nucleares.
 
Na semana em que o acidente com o césio-137, em Goiânia, completa 25 anos, vítimas, familiares, governo e sociedade voltam os olhos para um passado ainda não cicatrizado. De acordo com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), este foi o maior acidente radiológico — que envolve uma fonte radioativa usada em hospitais — do mundo. O maior acidente radioativo de forma geral foi na usina nuclear de Chernobyl, na atual Ucrânia, em 1986.
 
Os dados oficiais e a contagem das vítimas divergem no que diz respeito ao número de mortos e de pessoas diretamente afetadas. Mas o fato é que, nos dias posteriores à divulgação da abertura da cápsula radioativa, a Cnen monitorou os níveis de radioatividade de 112.800 pessoas, no Estádio Olímpico de Goiânia.
 
Em 271 delas, foi constatada a contaminação pelo césio-137. Nesse grupo, 120 tinham rastros da substância em roupas e sapatos; nos outros 151 foram observadas contaminação interna e externa ao organismo. A Cnen percebeu ainda danos causados por radiação em 28 pessoas. Na época, 20 foram hospitalizadas.
 
No dia 1º de outubro daquele ano, um grupo de 14 pessoas que estavam em estado mais grave foi levado para o Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro. Poucas semanas depois, quatro dessas pessoas morreram enquanto se tratavam no Rio. A primeira foi Leide das Neves Ferreira, de 6 anos, garota que se tornou o símbolo dessa tragédia.
 
No mesmo dia, morreu Maria Gabriela Ferreira, de 37 anos. Naquela mesma semana, faleceram também dois jovens, de 22 anos e 18 anos. Esses quatro mortos são os únicos contabilizados pelos dados oficiais, que reconhecem ainda que outros quatro tiveram danos na medula óssea e oito tiveram síndrome de radiação aguda.
 
Na visão do presidente da Associação das Vítimas do Césio (AVCésio), Odesson Alves Ferreira, que teve cerca de 50 parentes atingidos e seis mortos em consequência do acidente, o número é bem maior. “Estima-se que, nesses 25 anos, 104 pessoas tenham morrido e 1.600 tenham sido afetadas de forma mais direta, entre as pessoas envolvidas com a tragédia e aquelas que trabalharam para controlá-la, como policiais militares, bombeiros e servidores públicos do estado”, avalia. Parte das pessoas que se consideram vítimas e carregam no corpo sequelas que atribuem a exposição à radioatividade ainda luta na Justiça por reconhecimento.
 
Contaminação: como tudo começou
 
Um dos maiores acidentes com o isótopo Césio-137 teve início no dia 13 de setembro de 1987, em Goiânia, Goiás. O desastre fez centenas de vítimas, todas contaminadas através de radiações emitidas por uma única cápsula que continha césio-137.
 
O instinto curioso de dois catadores de lixo e a falta de informação foram fatores que deram espaço ao ocorrido. Ao vasculharem as antigas instalações do Instituto Goiano de Radioterapia (também conhecido como Santa Casa de Misericórdia), no centro de Goiânia, tais homens se depararam com um aparelho de radioterapia abandonado. Então tiveram a infeliz ideia de remover a máquina com a ajuda de um carrinho de mão e levaram o equipamento até a casa de um deles.
 
O maior interesse dos catadores era o lucro que seria obtido com a venda das partes de metal e chumbo do aparelho para ferros-velhos da cidade. Leigos no assunto, não tinham a menor noção do que era aquela máquina e o que continha realmente em seu interior. Após retirarem as peças de seus interesses, o que levou cerca de cinco dias, venderam o que restou ao proprietário de um ferro-velho.
 
O dono do estabelecimento era Devair Alves Ferreira que, ao desmontar a máquina, expôs ao ambiente 19,26 g de cloreto de césio-137 (CsCl), um pó branco parecido com o sal de cozinha que, no escuro, brilha com uma coloração azul.
 
Ele se encantou com o brilho azul emitido pela substância e resolveu exibir o achado a seus familiares, amigos e parte da vizinhança. Todos acreditavam estar diante de algo sobrenatural e alguns até levaram amostras para casa. A exibição do pó fluorescente decorreu 4 dias, e a área de risco aumentou, pois parte do equipamento de radioterapia também fora para outro ferro-velho, espalhando ainda mais o material radioativo.
 
Algumas horas após o contato com a substância, vítimas apareceram com os primeiros sintomas da contaminação (vômitos, náuseas, diarreia e tonturas). Um grande número de pessoas procurou hospitais e farmácias clamando dos mesmos sintomas. Como ninguém fazia ideia do que estava ocorrendo, tais enfermos foram medicados como portadores de uma doença contagiosa. Dias se passaram até que foi descoberta a possibilidade de se tratar de sintomas de uma Síndrome Aguda de Radiação.
 
Somente no dia 29 de setembro de 1987, após a esposa do dono do ferro-velho ter levado parte da máquina de radioterapia até a sede da Vigilância Sanitária, é que foi possível identificar os sintomas como sendo de contaminação radioativa.
 
Os médicos que receberam o equipamento solicitaram a presença de um físico nuclear para avaliar o acidente. Foi então que o físico Valter Mendes, de Goiânia, constatou que havia índices de radiação na Rua 57, do Setor Aeroporto, bem como nas suas imediações. Diante de tais evidências e do perigo que elas representavam, ele acionou imediatamente a Comissão Nacional Nuclear (CNEN).
 
O ocorrido foi informado ao chefe do Departamento de Instalações Nucleares, José Júlio Rosenthal, que se dirigiu no mesmo dia para Goiânia. No dia seguinte a equipe foi reforçada pela presença do médico Alexandre Rodrigues de Oliveira, da Nuclebrás (atualmente, Indústrias Nucleares do Brasil) e do médico Carlos Brandão da CNEN. Foi quando a Secretaria de Saúde do estado começou a realizar a triagem dos suspeitos de contaminação em um estádio de futebol da capital.
 
A primeira medida tomada foi separar todas as roupas das pessoas expostas ao material radioativo e lavá-las com água e sabão para a descontaminação externa. Após esse procedimento, as pessoas tomaram um quelante denominado de “azul da Prússia”. Tal substância elimina os efeitos da radiação, fazendo com que as partículas de césio saiam do organismo através da urina e das fezes.
 
As remediações não foram suficientes para evitar que alguns pacientes viessem a óbito. Entre as vítimas fatais estava a menina Leide das Neves, seu pai Ivo, Devair e sua esposa Maria Gabriela, e dois funcionários do ferro-velho. Posteriormente, mais pessoas morreram vítimas da contaminação com o material radioativo, entre eles funcionários que realizaram a limpeza do local.
 
O trabalho de descontaminação dos locais atingidos não foi fácil. A retirada de todo o material contaminado com o césio-137 rendeu cerca de 6000 toneladas de lixo (roupas, utensílios, materiais de construção etc.). Tal lixo radioativo encontra-se confinado em 1.200 caixas, 2.900 tambores e 14 contêineres (revestidos com concreto e aço) em um depósito construído na cidade de Abadia de Goiás, onde deve ficar por aproximadamente 180 anos.
 
No ano de 1996, a Justiça julgou e condenou por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) três sócios e funcionários do antigo Instituto Goiano de Radioterapia (Santa Casa de Misericórdia) a três anos e dois meses de prisão, pena que foi substituída por prestação de serviços.
 
Atualmente, as vítimas reclamam da omissão do governo para a assistência da qual necessitam, tanto médica como de medicamentos. Fundaram a Associação de Vítimas contaminadas do Césio-137 e lutam contra o preconceito ainda existente.
 
O acidente com Césio-137 foi o maior acidente radioativo do Brasil e o maior do mundo ocorrido fora das usinas nucleares.
 
USP, BRescola e Agências
 

Portugal: ENTREGUES AOS BICHOS

 


Fernanda Câncio – Diário de Notícias, opinião
 
A equipa que veio proceder à quinta avaliação da troika chegou a 28 de agosto. Dois dias depois, Passos chamou Seguro a São Bento para uma reunião urgente. A 3 de setembro, segunda, retoma as reuniões semanais com o Presidente. Na sexta 7, dirige-se ao País, não para, como se esperava, anunciar medidas adicionais para "compensar" a derrapagem do défice de 2012, mas para comunicar o que apresentou como "consequência" da declaração de inconstitucionalidade da suspensão dos subsídios de Natal e de férias de funcionários públicos e pensionistas. Mantendo o corte dos dois subsídios a pensionistas e um aos funcionários públicos, e acrescentando a estas medidas já declaradas ilegais pelo Tribunal Constitucional a subida da taxa social única para trabalhadores do privado e do público e a diminuição da mesma para empregadores.
 
Sobre a matéria do anúncio, já tudo foi dito, por gente de todos os quadrantes políticos e jurídicos. Não restam pois dúvidas sobre a irresponsabilidade lunática, cruel e delinquente de Passos e Gaspar, coadjuvados pela luminária Borges e pelos troikanos. Mas que dizer da atitude do parceiro de coligação, cujo líder, à chegada a Portugal, a 11, declarou "ir convocar a comissão política e conselho nacional do CDS para saber a opinião do partido e dirigentes sobre estas medidas"? Das duas uma: ou Portas não foi ouvido, como ministro, sobre as medidas, ou foi. Em qualquer das hipóteses, a sua atitude resulta no mesmo: a coligação acabou. Não é admissível que reserve publicamente a sua opinião sobre uma decisão do governo de que faz (?) parte.
 
Mas há mais. Se Passos chamou Seguro logo no dia 30, não será porque tinha algo de muito importante para lhe comunicar? E é admissível que, a 3, quando reúne com Cavaco, nada lhe tenha adiantado sobre as medidas que anunciará dias depois? O Presidente estava obrigado, pelos seus deveres de zelar pelo funcionamento normal das instituições democráticas e pelo respeito à Constituição, a alertar Passos para o clamoroso desrespeito pelo TC e aconse- lhá-lo a repensar - até porque detém o poder de pedir a fiscalização preventiva da inconstitucionalidade. Mas, sabemos, Passos fez o anúncio.
 
O Presidente mantém (até ao momento em que escrevo) silêncio absoluto, em contraste patente com as suas declarações aguerridas sobre o OE 2012. Os cavaquistas do PSD, porém, com o alter ego Ferreira Leite à cabeça, saíram a terreiro apelando à sublevação geral - incluindo, pasme--se, do grupo parlamentar escolhido por Passos. Querem que chumbe o Orçamento. Ou seja, mandar o Governo abaixo. E, como em março de 2011, nem falta a "manif".
 
É justiça poética, dir-se-á. Para Passos e Portas, sem dúvida: os gulosos que derrubaram o Governo PS tornando inevitável o resgate veem--se traídos pelo seu cúmplice de ocasião. Cavaco, o apolítico, viu mais uma oportunidade de mexer os cordelinhos e fazer xeque-mate. E desta vez, se possível, sem ter de arriscar sequer abrir a boca.
 
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Portugal: QUASE METADE DOS DESEMPREGADOS NÃO RECEBE SUBSÍDIO

 

Agência Financeira
 
361.894 beneficiários num total de 655.342 inscritos nos centros de emprego em julho
 
Quase metade dos desempregados não tinha direito a receber o subsídio de desemprego em julho.

Os dados divulgados esta sexta-feira pela Segurança Social, que mostram que 44,7% dos desempregados não recebiam a prestação social, pelo que pouco mais de metade é que tem direito.

No total, no mês em análise havia 361.894 beneficiários de prestações de desemprego - mais cinco mil que no mês anterior.

Se atendermos ao facto de os dados do desemprego registado divulgados pelo Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP) mostrarem que, no final de julho, havia 655.342 desempregados inscritos em centros de emprego, percebemos então que praticamente metade deles não são abrangidos.

Note-se que os números da Segurança Social incluem o subsídio de desemprego (cujo valor médio em julho foi de 527,88 euros), subsídio social de desemprego inicial (342,81 euros), subsídio social de desemprego subsequente (364,55 euros) e prolongamento do subsídio social de desemprego (335,4 euros).

Estes dados surgem no dia em que o Eurostat revelou que o
emprego em Portugal foi o segundo que mais caiu em termos europeus no segundo trimestre do ano.

A última revisão do memorando de entendimento, feita no âmbito da quinta avaliação da troika, manteve as
previsões para o desemprego: a taxa deverá alcançar os 15,5% este ano e os 16% no próximo.
 

Portugal: PRIMEIRO-MINISTRO EVITOU OS POPULARES EXALTADOS

 

Virgínia Alves – Dinheiro Vivo
 
O primeiro ministro e o ministro da Economia chegaram há momentos à fábrica da Imperial, em Vila do Conde, e evitaram as centenas de populares concentrados frente à unidade da RAR entrando pelas traseiras, conseguindo assim esquivar-se aos exaltados protestos.
 
Pedro Passos Coelho e Álvaro Santos Pereira chegaram há momentos à fábrica de chocolate, em Azurara, Vila do Conde, que comemora o 80º aniversário, e frustraram as pretensões dos populares que se concentraram no local gritando "gatuno" e "é preciso outra revolução" a cada carro que passava e obrigando a GNR a estabelecer um cordão de segurança.Um jovem chegou mesmo a ser detido para identificação, alegadamente por ter pontapeado um carro.
 
Pedro Passos Coelhos e Álvaro Santos Pereira visitam hoje a Imperial, que comemora o seu 80º aniversário. A empresa, detentora das marcas emblemáticas Regina, Pantagruel, Jubileu, Pintarolas, Fantasias e Allegro, a foi fundada em 1932 e pertence ao grupo RAR desde 1973. A modernização das suas infra-estruturas tem sido uma aposta contínua, bem como em equipamentos dotados da melhor tecnologia a nível europeu.
 
Nos últimos cinco anos, o investimento em modernização e aumento da capacidade produtiva foi de 12 milhões de euros.
 

Portugal: POLÍCIAS E MILITARES CONTRA A AUSTERIDADE MARCHAR, MARCHAR

 

Rosa Ramos – i online - ontem
 
As associações das forças armadas e forças de segurança ameaçam sair à rua em protesto contra as novas medidas de austeridade
 
Há um ano, o presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS) das Forças Armadas (FA) deixava um aviso ao governo, a propósito das medidas de austeridade que iriam fazer parte do Orçamento do Estado para 2012: os militares ficariam do lado da população. “Que ninguém ouse pensar que as Forças Armadas poderão ser usadas na repressão à convulsão social que estas medidas poderão provocar”, avisou António Lima Coelho.
 
Um ano depois, o presidente da ANS garante que mantém a mesma posição. “Infelizmente, as declarações que fiz na altura mantêm-se actuais. A única diferença é que hoje a situação é ainda mais grave”, considera. De tal forma que a ANS está a preparar uma série de reuniões para “ponderar iniciativas” de luta. Em cima da mesa está ainda a possibilidade de a ANS reunir com as outras associações das FA. António Lima Coelho volta a deixar um aviso: “É fundamental que façamos qualquer coisa. Não serão iniciativas inconsequentes, mas também não serão tímidas”, promete. “Os portugueses continuam a confiar nas Forças Armadas e esperam de nós as respostas próprias para cada momento. Assistimos, hoje, ao que seria impensável numa democracia: o desrespeito pela Constituição”, diz o presidente da ANS, acrescentando: “O mais surpreendente é o silêncio do Presidente da República, que também é o comandante supremo das Forças Armadas.” O coronel Manuel Cracel da Associação de Oficiais das Forças Armadas concorda e acrescenta que se os portugueses saírem à rua os militares não exercerão “qualquer tipo de repressão”. “A obrigação das Forças Armadas é estar do lado da população, a quem juraram defender. Não podemos ter outra postura que não a defesa da democracia”, justifica.
 
Nas forças de segurança o estado de espírito não é muito diferente. Peixoto Rodrigues, do Sindicato Unificado da PSP, recorda que as polícias têm de “defender a liberdade democrática” e garante que o sindicato está a preparar “formas de luta”. “Se os problemas não forem resolvidos iremos para a rua. Estamos claramente do lado dos cidadãos porque antes de ser polícia sou cidadão”, garante. José Alho, da Associação Sócio-Profissional Independente da GNR, vai pedir reuniões a todas as bancadas parlamentares e ao Presidente da República. “Alguém tem de travar estas medidas”, diz. José Alho diz-se preocupado porque as polícias não estão preparadas para lidar com um cenário de grande revolta popular. “Não temos condições materiais para actuar se alguma coisa correr mal, deveríamos estar melhor apetrechados”, avisa.
 
Na PSP, Armando Ferreira, do Sindicato Nacional da Polícia, garante que caso as novas medidas avancem haverá uma “revolta generalizada nas forças de segurança”. “Em média, cada polícia vai perder entre 120 a 200 euros por mês”, quantifica. A Associação Nacional de Sargentos da Guarda vai mais longe e garante que muitos militares da GNR vão participar, à civil, na manifestação de sábado. “Não nos podem impor mais austeridade sem antes resolverem os problemas com que já nos batíamos”, considera José O’Neill. A Associação dos Profissionais da Guarda também está em reuniões para definir acções de protesto. “O ministro não nos recebe e ir para rua, à semelhança da população, é a única forma que teremos para nos fazermos ouvir”, explica César Nogueira. Também a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, da PSP, admitiu ontem protestar caso o governo não dê resposta “às questões que continuam por resolver”, até porque as novas medidas de austeridade “duplicam” os problemas dos polícias.
 

Portugal: “O PAPEL DE CAVACO”

 

Luís Rosa – i online, editorial
 
Passos Coelho deu ontem mais um passo rumo a uma crise política. A reconstrução do consenso passa pelo Presidente
 
Portugal não precisa e não pode ter uma crise política neste momento. Seria deitar ao lixo tudo o que foi feito desde Maio de 2011 – quando Portugal assinou o Memorando de entendimento com a troika – e aproximarmo-nos perigosamente da Grécia. E alguns resultados positivos, é preciso dizer, já começaram a chegar.
 
Mas tudo aponta para que uma crise política surja nos próximos tempos.

A quase unânime rejeição do pacote de austeridade anunciado há uma semana pelo primeiro-ministro exige uma resposta política que tem de passar por um recuo do governo. Nenhuma medida de austeridade pode ser aplicada com eficácia sem apoio social, muito menos quando o líder de um dos partidos da coligação e muitos deputados da maioria têm profundas dúvidas sobre a sua eficácia.

A entrevista de Passos Coelho à RTP saiu-lhe melhor do que a comunicação ao país, mas não vai inverter o problema por si criado. O primeiro-ministro dramatizou o discurso (péssimo sinal), recusa recuar e agarra-se às cedências que conseguiu da troika – mas não são estas que estão em causa.

Passos continua a não conseguir explicar com eficácia o que ganha o país com o aumento das contribuições da Segurança Social para os trabalhadores – essa é a causa da contestação. De nada serve argumentar que noutros países europeus essa contribuição é superior, quando o rendimento médio desses países é, também ele, muito superior ao português.

O problema desse recuo inevitável tem apenas um nome: Vítor Gaspar. O ministro das Finanças é o nó górdio da actual crise na maioria, já que as suas teorias macroeconómicas, como o financiamento da descida da TSU à custa dos trabalhadores, estão na origem da quebra de confiança entre a maioria e a sua base social de apoio.

Passos Coelho podia estar a salvo se tivesse mantido algum distanciamento de Gaspar. O ministro das Finanças seria, aliás, um sério candidato à remodelação, pois errou nas previsões orçamentais e provocou mais uma dose de austeridade pura e dura. Mas esse não parece ser um cenário exequível.

Por opção própria, o primeiro-ministro ficou refém das teorias do seu ministro das Finanças – como ontem voltou a demonstrar. Seria bom distanciar-se dele, pois a remodelação de Gaspar resolvia-lhe boa parte dos problemas, mas Passos não quer afastá-lo, sob pena de renegar um plano apresentado há menos de uma semana e de pôr ainda mais em causa a sua credibilidade.

Mas o que acontecerá se o Tribunal Constitucional rejeitar o Orçamento do Estado para 2013? O que acontecerá se as medidas de austeridade agravarem a situação económica do país, como se poderá comprovar no primeiro trimestre de 2013? Se isso se verificar, uma remodelação será demasiado tarde para responsabilizar Vítor Gaspar. Será o próprio Passos Coelho a estar em causa.

Por tudo isto, o papel de Cavaco Silva será central nos próximos meses. O Presidente da República tentará certamente reconstruir o consenso político que ontem foi extinto com o anúncio do voto do PS contra o OE para 2013. Resta saber se será necessário outro ciclo político para tal reconstrução.

EX-PRESIDENTE CABO-VERDIANO PEDRO PIRES DEFENDE MAIS PORTUGUÊS NA CIÊNCIA

 

JSD - Lusa
 
Cidade da Praia, 14 set (Lusa) - A língua portuguesa necessita de se afirmar não só como língua de cultura mas também, e sobretudo, como uma de ciência e tecnologia, defendeu o ex-Presidente de Cabo Verde Pedro Pires, numa entrevista à Rádio ONU.
 
Citado hoje na edição "online" do semanário cabo-verdiano A Nação, Pedro Pires salientou que, para tal, deve existir um esforço conjunto da comunidade académica, da sociedade civil e dos governos dos países lusófonos para elevar o estatuto da língua portuguesa no campo da pesquisa.
 
"Além de uma língua de cultura, o português deverá ser uma língua de ciência e tecnologia, trabalho que tem de ser feito", afirmou o vencedor do prémio Mo Ibrahim, que reconheceu e premiou a "excelência na liderança africana" do antigo primeiro-ministro (1975 a 1991) e ex-chefe de Estado (2001 e 2011) de Cabo Verde.
 
"Cabe aos países mais avançados e mais populosos, como Brasil, Portugal, Angola e Moçambique, trabalharem nesse sentido", acrescentou.
 
Para o atual presidente da Fundação Amílcar Cabral, as investigações nos mais diversos domínios vão precisar de ser em língua portuguesa.
 
"É um esforço que deve ser feito», concluiu.
 
O português é falado, como língua oficial, em Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
 

Cabo Verde: JOSÉ MARIA NEVES ABICHA MAIS 5 MILHÕES PARA DESLOCAÇÕES E ESTADIAS

 
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Liberal (cv)
 
A verba visa reforçar os 27 milhões e 500 mil escudos garantidos no orçamento de 2012 só para as viagens do Primeiro-ministro. Conhecido pelas gordas comitivas que o acompanham, JMN assinou a transferência agora publicada no Boletim Oficial
 
Praia, 14 de Setembro 2012 – Por decisão do Conselho de Ministros, o Gabinete do Primeiro-ministro acaba de ver aumentado o valor disponível destinado a deslocações e estadias. Assim, aos 27, 500 milhões de escudos, decorrentes do orçamento estipulado para 2012, juntam-se 5 milhões de escudos para que não falte nada do bom e do melhor a José Maria Neves e às suas gordas comitivas.
 
A decisão, assinada pelo próprio Primeiro-ministro, vem publicada na edição nº 52 (1ª série) do Boletim Oficial de 13 de Setembro. Com data de 11 de Setembro, a Resolução nº 49/2012 estabelece que “em face da insuficiência da verba prevista no orçamento para o efeito”, “É autorizado o Ministério das Finanças e do Planeamento a proceder a transferência de verba interministerial, do Gabinete da Ministra das Finanças e do Planeamento, para o Gabinete do Primeiro Ministro, com vista a reforçar o orçamento deste, no âmbito da rúbrica deslocações e estadias, no montante de ECV 5.000.000,00 (cinco milhões de escudos)”.
 
Afinal, como se pode ver, não é só o Presidente da República que reclama sobre a exiguidade de verbas destinadas ao seu gabinete. Jorge Carlos Fonseca tem à sua disposição 170 milhões de escudos anuais para fazer face a todas as despesas da Presidência, incluindo salários, mas o Primeiro-ministro, só para deslocações e estadias, tem à sua disposição 32 milhões e 500 mil escudos. Dois pesos e duas medidas…
 

Guiné-Bissau: Presidente de transição anuncia participação na assembleia geral da ONU

 

i online - Lusa
 
O Presidente da República de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, "representará o país ao mais alto nível" na 67.ª Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, segundo uma nota hoje divulgada em Bissau.
 
A Assembleia Geral da ONU, este mês, é "uma ocasião a todos os títulos soberana para Manuel Serifo Nhamadjo informar o mundo sobre a evolução da transição na Guiné-Bissau, fundamentalmente no que diz respeito aos aspetos político-económico, social e segurança interna", diz também o comunicado do gabinete do Presidente de transição, que ocupou o cargo após o golpe de estado de 12 de abril.
 
Serifo Nhamadjo, ainda de acordo com o mesmo comunicado, "é um dos convidados de honra do governo dos Estados Unidos para participar numa receção que será oferecida nesta circunstância a mais de 100 personalidades".
 
O convite a Serifo Nhamadjo foi endereçado pelo secretário de Estado-adjunto do governo norte-americano para os assuntos africanos, Johnnie Carson, tendo o Presidente de transição já confirmado a presença, diz o comunicado.
 
No grupo de convidados, segundo a Presidência, estão nomes como a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, a embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Susan Rice, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon.
 
Serifo Nhamadjo parte para os Estados Unidos no próximo dia 26 e permanece em Nova Iorque até 01 de outubro.
 
Nos últimos tempos a imprensa guineense tem suscitado a dúvida sobre quem irá representar o país na Assembleia Geral da ONU. Em Bissau há um Presidente e um governo de transição que todavia não são reconhecidos pela maior parte da comunidade internacional.
 
Um golpe de Estado a 12 de abril passado depôs o Presidente interino, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro eleito, Carlos Gomes Júnior. Os dois estão atualmente a viver em Portugal.
 

MORTALIDADE INFANTIL AINDA CAUSA DANOS NOS PALOP, TIMOR-LESTE BOM EXEMPLO

 

 
PALOP estão entre os 30 piores em mortalidade infantil. Segundo relatório da UNICEF lançado nesta quarta-feira (12.09), a Guiné-Bissau e Angola têm as piores taxas, enquanto Cabo Verde e Moçambique registam melhorias.
 
Apesar da redução geral no número de mortes de crianças antes dos 5 anos de idade, a África Subsaariana continua com os piores índices de mortalidade infantil no mundo. E os países de língua portuguesa, com exceção de Cabo Verde, aparecem na lista do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) com as 30 piores taxas de 2011.
 
De acordo com o relatório da UNICEF intitulado "Compromisso com a Sobrevivência Infantil: Uma promessa Renovada", a Guiné-Bissau é o sétimo país mais mal classificado. De cada mil nados vivos, 161 morrem antes de completar 5 anos, 24% menos que em 1990, ano inicial de análise da UNICEF.
 
Angola reduz, mas persiste o drama
 
Em seguida, Angola demonstra o oitavo pior índice com 158 mortes por mil nascidos, embora tenha conseguido reduzir a taxa de mortalidade em 35% no mesmo período. Para o chefe de programa de desenvolvimento da criança da UNICEF em Angola, Brandão Co, já é possível comemorar os avanços.
 
Ele explica que a maioria das doenças, como o paludismo, diarreias, e doenças respiratórias, pode ser tratada nesse nível periférico, uma vez que existem postos de saúde. Brandão Co defende que o país tem trabalhado em duas frentes para enfrentar o problema: "Tem de se tornal acessível o tratamento e aumentar a cobertura. Refiro-me ao serviço de imunização, através da vitamica C, redes mosquiteiras impregndas."
 
Bons resultados para Moçambique
 
Entre os países com piores índices, Moçambique foi um dos que mais conseguiram diminuir a mortalidade infantil entre 1990 e 2011, com uma redução de 54%. Ocupando vigésimo segundo lugar no ranking, o país registrou 103 mortes para cada mil nados vivos no ano passado. São Tomé e Príncipe aparece em vigésimo oitavo lugar, com 89 mortes para cada mil nascimentos. Por outro lado, o país teve uma baixa variação desde 1990, reduzindo a mortalidade infantil em somente 8%.
 
Emanuel Capobianco, chefe de saúde e nutrição da criança na UNICEF em Moçambique prevê momentos bons para o país: "Há novas iniciativas que vão trazer um impacto enorme. No próximo ano Moçambique vai introduzir a nova vacina contra o agente causador da tuberculose, e assim tem potencial para salvar muitas vidas."

Cabo Verde, por sua vez, registrou vinte e uma mortes para cada mil nascimentos em 2011. Na lista de 195 países avaliados pela UNICEF, ocupa o lugar de número 91. Além disso, o arquipélago conseguiu uma das maiores reduções no período, de 63%.
 
Timor Leste, o grande exemplo no mundo
 
Entre os outros países de língua portuguesa, Timor Leste recuou 70% e alcançou a posição de número 51, com 54 mortes registradas. No Brasil, entre mil nascidos vivos, 16 morreram antes dos 5 anos – número 73% menor que em 1990. Já Portugal tem o nono melhor índice, com apenas três mortes para cada mil nascidos e uma redução de 78%.
 
O relatório deste organismo também aponta que 40% das mortes infantis ocorrem no primeiro mês de vida. Entre as crianças que sobrevivem a esse período, as principais causas são doenças infeciosas como pneumonia, diarreia e malária.
 
As doenças infeciosas ainda são as principais causas de morte
 
Ainda segundo Brandão Co, da UNICEF em Angola, é preciso conscientizar as famílias para prevenir as doenças: "Elas tem de saber sobre a amamentação, como usar as redes mosquiteiras, como tratar da água para o consumo. Portanto este nível comunitário também é importante, através da educação, para aumentar a competência ao nível das famílias."
 
A causa do elevado índice de mortalidade em criancas até os cinco anos de idade são principalmente as doenças infeciosas, como por exemplo, diarreias, malária e HIV-SIDA, com 64%. Já em recém-nascidos as complicações durante o parto são a principal causa da morte, com 40%.
 
Em um total, de acordo com a UNICEF, a mortalidade de menores de 5 anos caiu de 12 milhões em 1990 para 6,9 milhões em 2011. Mesmo assim, a organização alerta que 19 mil crianças ainda morrem diariamente no mundo.
 
Autora: Patrícia Alvares - Edição: Nádia Issufo / António Rocha
 
*Título prolongado sobre Timor-Leste por PG
 

Portugal: O QUE SIGNIFICA A ONDA DE CONTESTAÇÃO

 

Diário de Notícias, editorial
 
A vaga de indignação não para de crescer e desaguará nas ruas das cidades deste país nos próximos dias e semanas. Ela atravessa todo o espectro político-partidário e exprime-se em depoimentos de uma invulgar veemência e unanimidade na condenação do experimentalismo social, que enforma as medidas de austeridade reforçada anunciadas para o OE 2013. Da ala cavaquista do PSD que, porventura, veicula as opiniões do Presidente, às críticas de figuras do CDS-PP consentidas pelo silêncio do seu líder e também ministro adjunto Paulo Portas, multiplicam-se os apelos oriundos do campo da maioria política, que sustenta a governação do País, para que corrija erros, arrepie caminho e reabra o diálogo social, que, de momento, parece estar morto e enterrado.
 
Neste contexto, ganha peso acrescido tudo aquilo que vier a ser decidido pela direção do PS, o maior partido da oposição. Subscritor do memorando de entendimento, sancionado pelo eleitorado nas últimas eleições legislativas por ter conduzido as contas do Estado até à beira do precipício da bancarrota, os socialistas têm procurado - mesmo à custa de proclamadas "abstenções violentas" - não descolar do sentido geral da política de ajustamento do Executivo. Ao fim de cinco sucessivos retoques a esse memorando de entendimento inicial, acordados entre o Governo PSD/CDS-PP e a troika, António José Seguro, interpretando a dimensão da referida vaga de indignação (que estranhamente já une patrões e sindicatos, direita e esquerda) que se formou, anunciou o rompimento do seu apoio à concretização do programa de assistência económica e financeira segundo as orientações do Governo de centro-direita.
 
Se nada de fundamental for alterado até à apresentação do OE 2013, Portugal perde o ativo crucial, objeto da maior admiração por todos os parceiros internacionais, do consenso político e social, que manteve durante ano e meio. Além do voto contra por parte do PS, é preciso esperar para perceber o que farão as bancadas da coligação - a do PSD, instigada por Manuela Ferreira Leite, e a do CDS-PP - para ter a garantia de que o Orçamento é aprovado. Mas mesmo sendo-o, o Governo sofrerá o desgaste repetido de sucessivas moções de censura, apoiadas pelos protestos de rua e - até - por ações não violentas de resistência cívica.
 
Os levantamentos populares espontâneos têm sido visíveis (desde o da restauração à porta da AR à contestação direta a ministros como Vítor Gaspar ou Assunção Cristas, até ao próprio PM ontem em S. Bento) e alastram pelo País, veremos com que dimensão no protesto convocado para este sábado através da Internet. Se o movimento - a que a declaração de Mário Soares, a lamentar a indisponibilidade para estar presente, deu novo fôlego - retratar a onda de descontentamento transversal a que assistimos, confirmará que os protestos virtuais estão a passar para a rua.
 
Na entrevista ontem à RTP, Passos Coelho, admitindo apenas pequenas cedências, insistiu nas medidas e até admitiu mais austeridade (incluindo a subida de IRS). Essa intransigência, somada à posição dura de Seguro e ao silêncio do CDS-PP, mostram que o País político está em estado de sítio. O País real parece seguir o mesmo caminho.
 

Portugal: MANIFESTAÇÕES DE SÁBADO EM TODO O PAÍS MOTIVAM RECEIOS DE VIOLÊNCIA

 


José Bento Amaro – Público, foto de Daniel Rocha
 
Os protesto marcados para sábado contra as medidas de austeridade decretadas pelo Governo e tacitamente aceites pela troika não se vão cingir às 25 cidades nacionais que ontem já estavam confirmadas. As manifestações, em frente a embaixadas e consulados nacionais, vão também chegar a Barcelona, Berlim, Paris, Londres, até ao outro lado do Atlântico, nomeadamente a Fortaleza, no Brasil.
 
A manutenção da segurança na via pública está entregue à PSP que, apesar de não divulgar o número total de efectivos que vai mobilizar, já assegurou que, sobretudo em Lisboa e no Porto, irão estar de prevenção grupos do Corpo de Intervenção.

Nos locais de passagem das manifestações (embora sem confirmação oficial diz-se que em Lisboa, por exemplo, o protesto foi desviado das principais avenidas devido ao receio de maiores prejuízos provocados por eventuais desacatos) irão ser feitos os habituais avisos para que sejam removidos bens e objectos que possam ser vandalizados.

Em declarações ao PÚBLICO, a realizadora Ana Nicolau, uma das 29 pessoas que deram origem ao movimento que convocou as manifestações, revelou que ontem, só em Lisboa, já havia 42 mil confirmações de presença. "Estes números nunca são fiáveis. São apenas estimativas, mas pensamos que poderá ser atingido o número mais significativo de pessoas em protesto", disse.

Ana Nicolau afirmou ainda que os mentores dos protestos (actrizes, engenheiros, antropólogos, entre outros) estão conscientes de que poderão juntar-se aos manifestantes grupos de pessoas cujo intuito será gerar actos de violência. "Apelamos para que todos se sentem no chão logo que acontecer qualquer acto violento, para que os autores sejam mais facilmente detectados."

O crescente sentimento de revolta popular parece ser igualmente reconhecido pelos membros do Governo, os quais, de acordo com a Rádio Renascença, procederam recentemente ao reforço da segurança pessoal, requisitando novas equipas ao Corpo de Segurança pessoal da PSP.

Subordinadas ao lema "Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas", as principais manifestações deverão ter lugar em Lisboa e no Porto. Na capital, com concentração a partir das 17h na Praça José Fontana (Liceu Camões) e o termo marcado para a Praça de Espanha.

No Porto os manifestantes vão concentrar-se na Avenida dos Aliados. "Temos confirmadas manifestações em todas as capitais de distrito e até noutras localidades mais pequenas, como, por exemplo, Moncorvo. Isso só confirma que as pessoas estão efectivamente descontentes", disse ainda Ana Nicolau.
 

Portugal - Análise entrevista: PASSOS COELHO ESTÁ REPROVADO!

 


João Lemos Esteves – Expresso, opinião, em Blogues
 
1. Reprovado. É a única avaliação que podemos fazer da entrevista de hoje (ontem) à noite de Passos Coelho à RTP. Foi a pior entrevista de sempre de Passos Coelho, desde que é líder do PSD. Apareceu cansado, com pouca dinâmica, o seu olhar - captado pelas câmaras (a realização esteve aqui muito bem) - revelava medo e insegurança. Atipicamente nervoso, Passos Coelho conseguiu a proeza de durante uma hora não dizer nada de novo, muito menos de útil. Os jornalistas - aguerridas e objectivos - conduziram bem a entrevista, impedindo, tanto quanto possível, que Passos Coelho fosse bem-sucedido na sua estratégia (evidente!) de fugir às perguntas e dizer apenas aquilo que lhe convinha.
 
Posto isto, importa mencionar que a entrevista comportou três partes. Primeiro, a resposta de Passos Coelho à utilidade e ao mérito da descida da taxa social única; a segunda parte, consistiu na resposta de Passos Coelho às questões relativas à avaliação da troika ao desempenho do executivo; finalmente, a terceira parte, incidiu sobre matérias mais políticas em sentido estrito, como a possibilidade de efectuar uma remodelação governamental no curto/médio prazo e as relações com o parceiro de coligação, o CDS/PP. Estas as três partes mais relevantes da entrevista. Analisemos cada uma delas.
 
Passos: o mentor do "terrorismo social"?
 
2. Comecemos, então, pela justificação de Passos Coelho às novas medidas de austeridade. Ficámos a saber na entrevista que o Governo não irá recuar - o que abre inevitavelmente caminho para o PS (se for consequente) apresentar uma moção de censura ao Governo, como prometido esta tarde por António José Seguro. Quais foram, então, os argumentos de Passos para defender a baixa taxa social única? Esta medida irá permitir às empresas portuguesas tornarem-se mais competitivas, gerando mais emprego; além disso, é uma medida equivalente à desvalorização fiscal (que, por força das regras do Direito da União Europeia, não está ao alcance do Estado português actualmente) aplicada por Mário Soares na década de 80, aquando da primeira intervenção do FMI, ao permitir uma baixa dos salários e, por conseguinte o poder de compra dos portugueses. No entanto, tem como contrapartida o aumento da competitividade das empresas, sendo um medida mais duradoura do que a desvalorização fiscal. Daqui resultam três pontos a reter:
 
Primeiro, afinal, ao contrário daquilo que vinha sendo afirmado, a baixa da TSU para as empresas não é uma medida temporária - é uma medida para manter, talvez mesmo para além da vigência do programa de assistência económico-financeira. O que confirma a minha tese: Passos Coelho não está a implementar este programa para cumprir o memorando com a troika - ele acredita nestas medidas e está a aproveitar a conjuntura para aplicar as regras económicas dos seus gurus ultra-liberais. Aliás, Passos Coelho confessou que anunciou logo na sexta-feira para evitar que o país se entusiasmasse excessivamente com o anúncio de aquisição de dívida pública portuguesa pelo BCE. Hoje mesmo, foi o próprio responsável pela delegação do FMI que desvendou que a descida da TSU foi decisão, pura e exclusivamente, do Governo. E quem foi o inspirador desta ideia "genialíssima"? António Borges. Passos Coelho respondeu sem responder. Ao dizer que é uma medida equivalente à desvalorização da moeda, Passos Coelho utilizou o argumento de quem? De António Borges, pois claro, em entrevista há poucas semanas a um jornal português. O único que deverá ser responsabilizado pelo "terrorismo social" que a TSU vai gerar é Passos Coelho;
 
Em segundo lugar, Passos Coelho afirmou que a competitividade das empresas vai aumentar com a descida da TSU. Ora, o jornalista da RTP recorreu às declarações sucessivas de Passos Coelho, de há um ano para cá, muito críticas em relação a esta medida. E a verdade é que Passos Coelho não conseguiu justificar a sua contradição: foram 15 minutos penosos para o Primeiro-ministro. Ficámos com a sensação que Passos Coelho decorou muito bem um texto, escrito por alguém, e limitou-se a debitar. Sem acreditar numa palavra daquilo que dizia! E isso é grave num Primeiro-ministro! Depois, não é verdade que a redução da TSU seja igual à desvalorização cambial: é que descer o valor do dinheiro para todos afecta todos os factores de produção. Atinge toda a economia. A descida da TSU é mais terrorista socialmente: porque retira aos trabalhadores para reforçar a tesouraria das empresas (ou os lucros das grandes empresas) sem nenhum benefício imediato para a economia. Passos Coelho tentou iludir os portugueses. Porquê? Já toda a gente percebeu que esta é uma medida rídicula...Não há um português que a defenda, excepto Passos Coelho e a sua entourage!
 
Em terceiro lugar, Passos Coelho tentou a habilidade de desafiar Belmiro de Azevedo a descer os preços dos produtos, em virtude da redução da TSU. Ele sabe muito bem que isso não vai acontecer. E se acontecer não será devido à redução da TSU: será apenas porque, como os portugueses não têm dinheiro, a procura diminui; ora, quando a procura diminui, os preços tendem a descer. Mas tal será mau também para os produtores primários (que Passos Coelho tanto queria defender).
 
3. Já quanto à segunda parte (avaliação da troika), Passos Coelho tentou convencer os portugueses com a ameaça de descermos aos infernos. Isto é, os portugueses têm de passar por todos estes sacrifícios porque, caso contrário, a Pátria morre. Isto como sinal de esperança e motivação é muito, muito curto.
 
4. Por último, a questão da remodelação governamental e das relações com o CDS. Iremos desenvolver este ponto em próximo texto. Para já, afirmamos que as respostas fugidias de Passos Coelho indiciam que a coesão na coligação já viveu melhores dias. Vamos esperar pelas declarações de Paulo Portas.
 
Nota da entrevista: 8 valores
 
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Portugal - CGTP: "Entrevista faz relembrar história da Alice no País das Maravilhas"

 

Jornal de Negócios – Lusa
 
O secretário-geral da CGTP disse hoje à agência Lusa que a entrevista do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, quinta-feira, fez relembrar história da "Alice no País das Maravilhas", considerando que o Governo está completamente dissociado da realidade.
 
Em declarações à Lusa, Arménio Carlos salientou que o Governo já "perdeu a pouca credibilidade que tinha" e "não tem condições" para continuar, nem a política seguida serve para resolver os problemas do país.

"Quem ouviu a entrevista do primeiro-ministro, a primeira reacção que teve foi relembrar a velha história da Alice no País das Maravilhas. É um primeiro-ministro e um Governo que estão completamente dissociados do país real, do sofrimento, dos problemas com que os trabalhadores se debatem, dos reformados, dos pensionistas e dos jovens desempregados", frisou.

Arménio Carlos advertiu que, neste momento, o que está em desenvolvimento é uma "tentativa de iludir os portugueses com pequenos ajustamentos", no âmbito da preparação do Orçamento do Estado para 2013 em relação a algumas medidas anunciadas.

"Os portugueses não precisam de esmolas, precisam ser respeitados e exigem que a riqueza e os rendimentos sejam distribuídos de uma outra forma, só dando resposta aos problemas do mercado interno é que podemos evoluir numa lógica de desenvolvimento e progresso social", disse.

De acordo com o sindicalista, o que existe é um Governo que está "de costas voltadas para o seu povo, para o seu país" e apenas vê como opção o memorando da troika.

"Na nossa opinião, o memorando é a causa do problema e mais, o tratado orçamental, que prevê o aprofundamento da redução do défice até 0,5 por cento, irá dar continuidade a este problema. Enquanto tivermos memorando, vamos continuar de três em três ou de seis em seis meses a ter mais medidas de austeridade, porque, não só memorando nos impede de produzir mais, como está a matar a procura interna", explicou.

No entender de Arménio Carlos, o país precisa de se desenvolver e produzir mais e distribuir melhor o seu rendimento, para garantir a melhoria do poder de compra das famílias, para que a economia possa crescer e as empresas funcionarem bem, como combater o desemprego, criar emprego e aumentar as receitas fiscais do Estado e as contribuições para a
Segurança Social.

Por isso, o líder da
CGTP defende que é "mais do que justa a contestação popular", estando já marcada "uma grande" manifestação para dia 29 de Setembro, no Terreiro do Paço, em Lisboa.
 

BASTA DE PROMESSAS, DIZ A COMUNIDADE TIMORENSE

 


Sapo TL - 14 de Setembro de 2012, 10:48
 
A comunidade estudantil em Díli está pessimista relativamente ao plano do V Governo Constitucional, apresentado no Parlamento Nacional na passada quarta-feira.

As promessas são muitas mas até realiza-las vai uma longa distância, informa o CJTIL. Câncio Freitas, morador em Bidau, Dili, muitas das promessas nunca foram concretizadas.

“Não questiono a qualidade do plano, o que me preocupa é passa-lo da teoria à prática. Foram feitas várias promessas, mas no final continua tudo na mesma,” explica.

Guido Joaquim, estudante da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL), defende a transparência e seriedade na implementação do novo plano do governo.

“Acompanhei pela televisão a apresentação do plano e o mesmo deverá ser implementado para o bem de toda a população.”

Na passada quarta-feira o primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, assumiu como prioridades do seu segundo mandato o "fortalecimento do Estado" e a criação de "bases sólidas de desenvolvimento" que permitam criar oportunidades para todos os timorenses.

"Conduzir o país para um maior fortalecimento do Estado e rumo a bases sólidas de desenvolvimento nacional, são os principais objetivos da nossa governação", disse Xanana Gusmão, durante a apresentação, no parlamento, do programa de Governo para os próximos cinco anos.

"Temos objetivos e metas concretas para transformar Timor-Leste num país com rendimentos médios-altos, criando oportunidades para todos de forma justa e inclusiva, permitindo assim o crescimento de uma economia dinâmica e criadora de emprego.”

SAPO TL com CJITL

Cabo Verde: Edificação de "Cidade Nova" abre portas a investimento português

 

JSD - Lusa - imagem em Liberal
 
Ribeira Grande de Santiago, Cabo Verde, 13 set (Lusa) - A edificação da "Cidade Nova" na Ribeira Grande de Santiago, em Cabo Verde, vai trazer novas oportunidades de negócio e poderá abrir as portas ao investimento português, disse hoje à agência Lusa o presidente da edilidade local.
 
Manuel de Pina falava à Lusa no final de uma reunião de trabalho com o embaixador de Portugal em Cabo Verde, Bernardo Lucena, adiantando que o projeto está ainda em "socialização" para que, depois, se proceda à "engenharia financeira" para edificar a "Cidade Nova", junto à "Cidade Velha".
 
"A 'Cidade Nova' trará novas oportunidades de investimento e Portugal é o nosso tradicional parceiro. São muitas as áreas ligadas à construção de uma cidade, desde as energias renováveis, à habitação, construção de infraestruturas, etc.", salientou.
 
Atualmente com cerca de 2.000 habitantes, apenas o quádruplo dos que viviam naquela que foi elevada, em 1533, a primeira cidade capital do arquipélago de Cabo Verde (até 1770), a Ribeira Grande de Santiago (conhecida localmente por Cidade Velha) estava impossibilitada de se expandir devido à inexistência de terrenos livres.
 
A 01 de fevereiro deste ano, o Governo cabo-verdiano e a Câmara da Ribeira Grande de Santiago aprovaram os planos de expansão da cidade, elevada pela UNESCO a Património Mundial da Humanidade em 2009, estando já elaborado o respetivo Plano Diretor Municipal (PDM).
 
No plano está prevista a conclusão, até ao fim deste ano, da barragem do Salineiro, um anel rodoviário, complexos desportivos, museus e zonas de habitação e de lazer, tudo integrado na requalificação do concelho, criado em 2008 e que, até então, funcionava na dependência da Cidade da Praia, 12 quilómetros a leste.
 
A visita de Bernardo Lucena, "de caráter exploratório", destinou-se a analisar também a cooperação no quadro do património cultural entre Portugal e Cabo Verde, em que há vários os projetos, como o Museu Nacional, o EcoMuseu, a Casa da Lusofonia, todos na Cidade Velha.
 
Outros projetos passam pela recuperação da própria "Cidade Velha", a cargo do arquiteto português Siza Vieira, que também tem planos para o restauro da Sé local, e pela edificação de um busto do padre António Vieira junto à Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Negros, na qual pregou no século XVII.
 
Já na "Cidade Nova" deverão ser instalados o Museu da Escravatura, Biblioteca Municipal e Casa da Fotografia.
 
Bernardo Lucena disse à Lusa ser ainda cedo para saber quais os eventuais apoios ou parcerias para o futuro, salientando que se está ainda numa fase exploratória.
 
A Ribeira Grande de Santiago foi onde, em 1462, se instalaram os primeiros portugueses no arquipélago, descoberto dois anos antes, que, a partir daí, construíram a primeira cidade nos trópicos e que serviu, além de entreposto comercial e de escravos, de apoio marítimo às naus entre a Europa e o novo mundo, as Américas.
 

Guiné-Bissau: PROFESSORES EM GREVE POR 2 MESES, ONG COM PROJETO ESCOLAR

 


Sindicatos dos professores marcam greve de dois meses
 
13 de Setembro de 2012, 14:06
 
Lusa
 
Bissau, 13 set (Lusa) - Os sindicatos do setor da educação da Guiné-Bissau entregaram ao Governo de transição um pré-aviso de greve de 60 dias, a começar na próxima segunda-feira e a terminar a 07 de dezembro, segundo fonte sindical.
 
Luís Nancassa, presidente do Sindicato Nacional dos Professores (SINAPROF), disse hoje à Agência Lusa que o pré-aviso de greve foi entregue quarta-feira ao Governo e vem na sequência de um caderno reivindicativo depositado no dia 06 no Ministério da Educação e que não teve resposta.
 
O Governo de transição marcou o início das aulas para o próximo dia 17, altura em que se iniciam também as aulas no ensino privado, mas caso se mantenha a greve a abertura das escolas públicas do ensino básico e secundário só deverá ocorrer em dezembro, perto das férias de Natal.
 
ONG portuguesa FEC lança projeto escolar que inclui saúde, agricultura e cidadania
 
13 de Setembro de 2012, 16:07
 
Bissau, 13 set (Lusa) - A Fundação Fé e Cooperação (FEC), uma organização não-governamental portuguesa para o desenvolvimento, vai começar na Guiné-Bissau um projeto na área da educação que inclui também aulas de cidadania mas até de saúde ou agricultura.
 
A FEC está na Guiné-Bissau desde 2001, onde tem como principal missão promover ensino básico de qualidade, e colabora com escolas comunitárias, privadas e de autogestão. Desenvolveu até 2009 o projeto "Mais Escola" e depois o "Djunta Mon", que terminou no final de agosto.
 
A partir de agora, explicou hoje à Agência Lusa a coordenadora do programa na Guiné-Bissau, Sofia Alves, vai iniciar-se o projeto "Skola i di nô" (A escola é nossa), tendo chegado esta semana a Bissau um grupo de 10 técnicos portugueses que vão fazer parte da iniciativa.
 
Até agora, a FEC, explicou a responsável, tem estado centrada na formação de professores (pedagogia e didática da matemática, do português e das ciências integradas) e tem no país um grupo de técnicos na área da administração escolar e educação.
 
Mas agora com o fim do programa "Djunta Mon" a FEC quer ir mais longe. "Estamos a pensar num programa integrado" que contemple áreas como a água e saneamento, a saúde, a alimentação e a cidadania, explicou.
 
"Quando tenho uma escola tenho um ponto de água, tenho latrinas, tenho de saber gerir a água, tenho de ter saúde, saneamento, tenho de saber onde coloco as latrinas. E se quero a sustentabilidade da escola, e tendo em atenção que as pessoas vivem essencialmente do setor primário, a agricultura, essa escola tem de desenvolver competências nessa área. Então faz sentido desenvolver hortas escolares", exemplificou Sofia Alves.
 
As hortas, continuou, podem servir para reforçar as cantinas escolares e até para vender produtos. "E ao mesmo tempo dar formação dentro da escola, para a comunidade, sobre cultivo, produção e nutrição. Assim também estou a chamar a comunidade para a escola e a reforçar a importância da escola na comunidade. Levará a que haja maior envolvimento dessa comunidade, maior inscrição de crianças e menor probabilidade de insucesso e de abandono escolar".
 
Mas a escola tem de ser mais ainda. Disse Sofia Alves que o novo projeto da FEC contempla a formação de professores na área da educação para a cidadania, porque "a escola tem de ser um lugar de reflexão e é necessário que as novas gerações sejam pacificadas e protegidas e que encontrem a sua identidade e história".
 
O "Skola i di nô", advertiu, não será aplicado a todas as escolas do programa, pelo que a FEC terá dois níveis de intervenção, um primeiro para as que "ainda estão a crescer" e o novo projeto para "as que já estão internamente fortificadas".
 
Para o novo projeto, a FEC vai procurar parcerias com entidades locais e regionais. A organização tem escritórios em Canchungo e Bafatá mas abrange todo o país, com exceção de Gabu (leste do país), através da rede de escolas de Igreja Católica.
 
A FEC foi criada em 1994 pela Conferência Episcopal Portuguesa para dar apoio às igrejas dos países lusófonos e está fisicamente em Moçambique e Angola, além da Guiné-Bissau, tendo também apoio da cooperação portuguesa.
 
Na Guiné-Bissau tem atualmente 24 pessoas (nove dos quais guineenses) e manteve-se no país depois do golpe de Estado de abril passado. Sofia Alves lembrou que as escolas públicas fecharam na sequência do golpe, mas que as da rede privada e de autogestão praticamente estiveram sempre a funcionar.
 
Portugal tinha na Guiné-Bissau, até ao golpe, outra cooperação na área do ensino, o PASEG (Programa de Apoio ao Sistema Educativo da Guiné-Bissau), que foi interrompido na altura e que não voltou a funcionar.
 
No ensino privado, o ano letivo 2012-2013 começa na próxima segunda-feira. No setor público deveria começar no mesmo dia mas os sindicatos dos professores já entregaram um pré-aviso de greve, para começar no primeiro dia de aulas e terminar em dezembro.
 
FP.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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