terça-feira, 17 de julho de 2012

TRATADO SOBRE A CACA, OU O MODO SOFRÍVEL DE ABORDAR O CAGALHOTO XANANA GUSMÃO




António Veríssimo

ESTUDO SOBRE A CACA XANANIANA EM HORA OCIDENTALMENTE TARDIA

Podem acreditar que não é dificil falar de Che Guevara, sabem isso todos os que estudaram Che Guevara. E ele chama-se assim e não de outro modo. Agora, aproveitado publicitariamente pela Coca Cola, que o assassinou, mas de que a mocidade atual nem quer saber. Conclusão: a Coca Cola é uma merda, desentope canos de esgoto, produz mulheres de traseiros enormes, crianças "esquisitas" e que, estúpidamente, todos acham normais. Não são. Sabemos que não são. Coitados.

Outra merda, inspirada em Che, segundo o próprio timorense e vivido alegadamente em Cipinang, em declarações várias, é Xanana Gusmão. O pseudo herói de Timor-Leste. Pior que a Coca Cola. Razão direta: se uma serve também para desentopir canos aquele, Xanana, serve para os entupir. A merda que emana é tanta que não existe esgoto que aguente. Talvez por isso exista tanta cheia em Díli, capital de Timor-Leste. E cheira mal, mesmo mal. Cheira a Xanana, cheira a morte, cheira a ameaça permanente, cheira a traidor, cheira mesma a merda!

Reparem os timorenses quanto Xanana Gusmão tem roubado aos timorenses. Reparem se alguém de sua família ou de seu conluio não estão MUITO BEM na vida. Como? Se esse pseudo herói e pseudo honesto nada tinmha quando chegou a Timor-Leste como pode ele agora ser tão potencialmente abastado? E o sobrinho? E a filha? E... Será que os timorenses gostam de ser roubados? Talvez. Mas declarem-no. Digam que têm um grande prazer em passar fome. Digam que quando vêem fazer de conta que arranmjam as estradas ou fazem outra qualquer obra que se vai com as chuvadas sabem que aquilo são obras de tanga, de mentira. E digam também que sabem que todas as obras, ou quase todas, são entregues a interesses associados ao Xanana Gusmão das mais variadas formas. Se não for verdade esse crápula que processe legalmnete o autor destas linhas e desta opinião.

Desculpem-me. Distraí-me. Falavamos de merda. De Xanana Gusmão. Desculpem. O odor é insuportável.

Talvez volte à conversa de cagalhões ditos heróis e que afinal não são nem mais nem menos que grandes... merdas. Que mais se poderá dizer. Marra comigo cabrão, animal vil! Exclamação minha sempre quando me encontro na campina frente a um toiro de merda... Verdade que o toiro é sempre leal. Não espero isso do pseudo herói Xanana Gusmão. Vem daí oh, hei! Oh, toiro horrivel!

VÍTIMAS DO DITADOR XANANA GUSMÃO!




Centenas lamentam vítima de violência pós-eleições em Timor Leste

Channel New Ásia – Tradução PG

Díli - Centenas de pessoas, muitas carregando bandeiras do partido de oposição Fretilin, marcharam em procissão no funeral desta terça-feira da vítima mortal da violência pós-eleitoral em Timor Leste.

Milhares de pessoas tomaram as ruas para assistir ao funeral do jovem, enquanto um elevado número de lojas foram fechadas mais cedo e policias estavam de prevenção. A missão da ONU no país empobrecido diz que o mais recente surto de inquietação não é um retrocesso. Manifestações irritadas eclodiram na capital, Díli, no passado domingo, logo após o partido do primeiro-ministro Xanana Gusmão - herói de Timor Leste resistência - anunciar que a Fretilin seria excluída da coalizão de governo.

Muitas pessoas caminharam atrás do caixão do estudante universitário Armindo Pereira, vítima de um tiro da polícia no domingo na aldeia de Hera, caso que está sob investigação. Os timorenses estão culpando o partido CNRT de Gusmão pelas causas da violência.

"Vítimas de Xanana ditador!," dizia um cartaz rabiscado à mão com um retrato dos desenhos animados do brutal primeiro-ministro. A polícia confirmou que disparou tiros de advertência e gás lacrimogéneo para dispersar multidões que se reuniram após o CNRT anunciar que iria formar uma coligação com o Partido Democrata (PD), que faz parte do atual governo, e o partido menor Frenti-Mudança.

Na Fretilin, o secretário-geral, Mari Alkatiri, disse que era lamentável que a transmissão televisiva, ao vivo, da reunião do CNRT  incluiu "insultos e difamações à Fretilin", o que implica que tenha provocado a violência.

As Nações Unidas vêem as eleições de 7 de julho - e suas consequências -. como o último grande teste, que vai decidir se os restantes 1.300 capacetes azuis e outro pessoal de segurança pode retirar-se da jovem nação de 1,1 milhões no final do ano.

Desde que ganhou a independência formal em 2002 Timor-Leste sofreu surtos de violência, incluindo episódios sangrentos em 2006, que deixaram 37 pessoas mortas e dezenas de milhares de pessoas deslocadas.

O Tribunal de Recurso confirmou nesta terça-feira os resultados das pesquisas de 7 de Julho, em que o CNRT ganhou 30 lugares, a Fretilin com 25, o PD tem oito e a Frenti-Mudança recebeu dois. A vitória para a maioria parlamentar do CNRT ficou com a falta de três curtos deputados necessária no Parlamento com 65 assentos, e assim governar sozinho.

Após o fim do governo Português em 1975, Timor-Leste foi ocupado pela Indonésia durante 24 anos. Mais de 183.000 pessoas morreram de doença, em combates e de fome na metade da ilha-estado. Os timorenses votaram pela independência em 1999. - AFP / de


*Título PG, incluído em meados do texto original em inglês.

Foto: AFP PHOTO/VALENTINO DARIEL SOUSA


Timor-Leste: Membro da Policia disparou sobre um militante da FRETLIN



SapoTL

Armindo Soares Pereira, estudante na UNDIL e militante da FRETILIN, morreu na sequência de disparos provenientes da Polícia Nacional Timor-Leste (PNTL) no suco Hera, Sub-Distrito Metinaru, Díli.

De acordo com a Rádio Liberdade, na manhã de ontem (9h), segunda-feira, Armindo Pereira estava na paragem do autocarro para se deslocar a Díli quando foi atingido mortalmente.

No Sábado, tinha-se deslocado a Hera para levantar dinheiro e posterior pagamento das propinas.

A vítima morava em Becora e estudava na Universidade de Díli (UNDIL) na Faculdade de Relações Internacionais. Segundo relato da mãe da vítima, Ana Filomena Asis da Silva, o filho foi perseguido pela policia, que correu pela casa adentro para capturá-lo.

“Não fiz nada,” terá dito Armindo. A polícia ignorou e arrastou-o para a carrinha.

Entretanto a mãe ouviu as últimas palavras proferidas pelo filho, “vou morrer,” e de seguida ouviu-se um disparo.

Timor-Leste: NOITE E MANHÃ CALMAS SEM INCIDENTES SIGNIFICATIVOS



JCS - Lusa

Macau, China, 17 jul (Lusa) - A situação em Timor-Leste "está calma" e a noite "foi passada sem incidentes significativos", disse hoje à agência Lusa fonte policial ao salientar que a polícia tem respondido a todas as solicitações.

"Com exceção de uma ou outra pedrada e da criminalidade normal não se registaram quaisquer incidentes no país", disse a fonte contactada telefonicamente a partir de Macau.

Depois de dois dias com registo de ações criminosas com ataques a viaturas e a pessoas, a polícia nacional timorense mantém várias patrulhas prontas a atuar em qualquer cenário e tem tratado os casos de ataques e obstrução das vias como simples atos criminais.

"Isto não é luta política, porque essa faz-se no parlamento através da discussão de ideias que é ou não apoiada pela população que se expressa através do voto, isto é criminalidade de pessoas que atiram pedras e se escondem, que tentam obstruir as ruas e fogem e que atacam carros e pessoas quase sempre no anonimato", disse a fonte ao salientar que não estão em causa partidos, estão em causa pessoas que cometem atos de delinquência.

Opinião diferente tem, contudo, o presidente timorense, Taur Matan Ruak, que na segunda-feira, depois de reunir com os quatro partidos que conquistaram assentos parlamentares, afirmou que os incidentes registados no domingo foram provocados por partidos com assento parlamentar, sem especificar quais.

Nas legislativas de 07 de julho, o Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), de Xanana Gusmão, angariou 36,68 por cento dos votos, garantindo 30 lugares no Parlamento, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) 29,89 por cento dos votos e 25 lugares, o Partido Democrático (PD) 10,30 por cento e oito lugares e a Frente Reconstrução Nacional de Timor-Leste (Frente Mudança) 3,11 por cento dos votos e dois lugares.

No domingo, os distúrbios ocorreram depois de o partido de Xanana Gusmão ter convidado os dois partidos que elegeram menos deputados para formar Governo, rejeitando uma coligação com a Fretilin, o segundo partido mais votado pelos timorenses.

Presidente diz que Incidentes foram provocados por partidos com assento parlamentar



MSE/FPA - Lusa

Díli, 16 jul (Lusa) - O Presidente da República de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, afirmou hoje que os incidentes registados no domingo foram provocados por partidos com assento parlamentar, mas não especificou quais.

Em conferência de imprensa após ouvir os quatro maiores partidos nas legislativas de 07 de julho - CNRT, Fretilin, Partido Democrático e Frente Mudança -, o chefe de Estado afirmou que os incidentes registados na noite de domingo em Díli não foram provocados por partidos sem sucesso nas eleições, mas por partidos que chegaram ao Parlamento.

Referindo-se aos distúrbios que provocaram um morto, alguns feridos e 58 carros destruídos, Taur Matan Ruak disse tratar-se de acontecimentos "que o Presidente não antecipou" e com os quais está "preocupado".

O Presidente afirmou ainda ter partilhado com os partidos a sua preocupação com os incidentes e pediu aos quatro líderes para contribuírem para uma situação calma e pacífica no país.

"Violência não é o caminho para a democracia. Todos nós condenamos a violência", disse Taur matan Ruak, considerando que "não há nenhuma justificação para utilizar a violência para resolver problemas".

"Há meios democráticos e políticos para seguirmos o nosso caminho", afirmou.

Segundo Taur Matan Ruak, os líderes comprometeram-se a ajudar o Presidente a manter a situação calma no país e a mostrar ao mundo que "Timor-Leste pode seguir para a frente como uma nação".

Na conferência de imprensa, o Presidente da República expressou solidariedade com as vítimas dos incidentes e pediu desculpa aos que se sentiram ofendidos e afetados, salientando que Timor-Leste está a reforçar a sua democracia para seguir em frente.

Pediu ainda às pessoas para porem o passado para trás e caminharem juntas para elevar a imagem da nação e a sua dignidade.

Felicitando os partidos que venceram as eleições e considerando ter-se tratado de um sufrágio transparente e muito cívico, Matan Ruak adiantou que o processo para a formação do novo Governo e a constituição do novo parlamento começa em agosto, já que o mandato do atual governo termina a 8 desse mês.

Nas legislativas de 07 de julho, o Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), de Xanana Gusmão, angariou 36,68 por cento dos votos, garantindo 30 lugares no Parlamento, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) 29,89 por cento dos votos e 25 lugares, o Partido Democrático (PD) 10,30 por cento e oito lugares e a Frente Reconstrução Nacional de Timor-Leste (Frente Mudança) 3,11 por cento dos votos e dois lugares.

No domingo, os distúrbios ocorreram depois de o partido de Xanana Gusmão ter convidado os dois partidos que elegeram menos deputados para formar governo, rejeitando uma coligação com a Fretilin, o segundo partido mais votado pelos timorenses.

O PD confirmou hoje que aceita integrar a coligação governamental e o líder da Fretilin, Mari Alkatiri, disse que os distúrbios resultaram de uma atitude irresponsável do CNRT e de alguns dos seus membros" e garantiu que respeitará o resultado das legislativas.

Presidente timorense participa na cimeira de Maputo, apesar de incidentes em Díli



MSE/FPA (SBR) - Lusa

Lisboa, 16 jul (Lusa) -- O Presidente da República de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, confirmou hoje que vai participar na cimeira da CPLP em Maputo, apesar dos incidentes registados no país nas últimas horas.

A decisão já foi tomada e amanhã [terça-feira] embarco para Moçambique. Esta é uma decisão definitiva", afirmou o chefe de Estado, numa conferência de imprensa depois de receber os partidos eleitos nas legislativas de 07 de julho para o Parlamento.

Depois dos distúrbios registados na noite de domingo em Timor-Leste, que resultaram num morto, alguns feridos e 58 carros destruídos, Taur Matan Ruak deixou um voto de confiança nos timorenses: "Apesar dos incidentes, o Presidente tem confiança no seu povo".

"Timor-Leste tem um percurso a fazer e as mentalidades mudam à medida que esse percurso vai sendo feito", disse.

Os distúrbios ocorreram depois de o partido de Xanana Gusmão, que ganhou sem maioria absoluta as eleições legislativas de 07 de julho, ter convidado os dois partidos que elegeram menos deputados para formar governo, rejeitando uma coligação com a Fretilin, o segundo partido mais votado pelos timorenses.

Os chefes de estado e de governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) reúnem-se na sexta-feira numa cimeira em Maputo, durante a qual Moçambique vai assumir a presidência rotativa da organização após dois anos de liderança angolana.

Nota Página Global: Apesar de considerarmos positivo a presença do PR de Timor-Leste na Cimeira da CPLP em Maputo consideramos pertinente questionar se não foi Taur Matan Ruak quem afirmou que na qualidade de Presidente da República não se iria ausentar do país durante o primeiro ano do seu mandato? Já passou um ano? Ou será que pela boca morre o peixe?

UM CONTINENTE DIVIDIDO PELA DEMOCRACIA




Golpe de Estado no Paraguai: de um lado, o eixo de influência de Washington, do outro, organização transnacional da Unasul

Felipe Amin Filomeno* - Outras Palavras

O golpe de Estado parlamentar ocorrido no Paraguai no mês passado desencadeou uma série de reações internacionais que revelaram, mais uma vez, o declínio da hegemonia dos EUA na América do Sul. Uma das principais indicações disto foi a discrepância entre as reações do Mercosul, da Unasul e da Organização dos Estados Americanos (OEA) ao problema. Enquanto Mercosul e Unasul condenaram frontalmente o golpe e tomaram medidas de pressão para a restauração da democracia no Paraguai, a OEA – organismo regional em que os EUA ainda tem grande influência – preferiu adotar o papel de observador conivente.

Numa demonstração de união e celeridade na defesa da democracia, enquanto o golpe ainda se desenrolava no Paraguai, a Unasul enviou missão diplomática ao país para tentar evitar sua conclusão. Por outro lado, na OEA, havia uma divisão entre os países-membros sobre o tema. Países como a Venezuela e a Nicarágua defendiam a condenação direta do golpe de Estado, enquanto países como México e Honduras – com apoio discreto dos EUA – defendiam o envio de uma missão ao Paraguai para apurar os fatos. Já o Brasil defendeu que grupos sub-regionais (Unasul e Mercosul) tivessem maior atuação na questão, numa demonstração da assertividade da América do Sul em relação a uma organização em que os EUA predominam (OEA). Afinal, foi decidido que a OEA enviaria uma missão diplomática ao Paraguai, que lá ficou de primeiro a três de julho.

No dia 10 de Julho, o secretário-geral da OEA emitiu o relatório resultante da missão, o qual está disponível no site da organização. Essencialmente, ele propõe que OEA “espere pra ver” sob o argumento de não prejudicar “a corrente situação de estabilidade econômica, social e política” que o Paraguai desfruta. Chega a ser risível. Qualificar a situação de politicamente estável quando um golpe de Estado recém ocorreu e de socialmente estável em vista dos conflitos abundantes no meio rural paraguaio (que foram, de acordo com os próprios golpistas, parte da motivação para o impeachment de Lugo). O relatório ainda recomenda que o Paraguai não seja suspenso da OEA, pois isto aumentaria divisões existentes na sociedade paraguaia e implicaria sanções econômicas indiretas, por seu impacto sobre “outras instituições do sistema inter-americano”. Como não sou expert em direito internacional e regional inter-americano, só me resta questionar se realmente não seria possível suspender o Paraguai sem que isto afetasse, por exemplo, empréstimos do Banco Inter-Americano de Desenvolvimento ao país.

Tendo em vista que são os EUA e países sob sua órbita de influência a defender uma posição mais soft da OEA em relação ao golpe no Paraguai, é preciso apontar algumas incoerências na posição de Washington. Em setembro de 2011, por exemplo, o governo dos EUA informou que votaria contra empréstimos à Argentina no Banco Mundial e no Banco Inter-Americano de Desenvolvimento enquanto este país não resolvesse pendências com credores estadunidenses prejudicados com a moratória argentina de 2001. Interessante notar que, quando há dívidas com credores estrangeiros, os EUA não hesitam em suspender empréstimos usados para programas de desenvolvimento econômico e social na Argentina, mas, quando um golpe de Estado remove um presidente eleito pelo povo, subitamente surge uma preocupação com sanções econômicas que possam prejudicar os paraguaios.

Outra incoerência é que, por pressão dos EUA, Cuba permaneceu impedida de participar da OEA por 47 anos porque seu regime político não é democrático. Em 2009, a votação que retirou o embargo da OEA a Cuba ocorreu na ausência de Hillary Clinton, que deixou a reunião da entidade afirmando que um consenso não havia sido alcançado sobre a questão. Interessante notar que, quando se trata de um regime não-democrático hostil aos EUA, o governo deste país mostra-se árduo defensor da democracia, incluindo sanções políticas e econômicas (as quais tem prejudicado o povo cubano). Porém, quando se trata de regime não-democrático simpático aos EUA, a defesa da democracia deixa de ser incondicional. Vale lembrar que estas incoerências tem vários antecedentes históricos, como, por exemplo, o apoio dos EUA a ditaduras militares na América Latina no século XX.

A reação do Mercosul e da Unasul ao golpe no Paraguai mostrou o compromisso da região com a democracia. Também houve neste caso, porém, alguns problemas. A admissão da Venezuela, embora traga grandes vantagens para o Mercosul, ocorreu num quadro institucional excepcional, dada a suspensão de um Estado-parte fundador do organismo regional. Além disso, a suspensão do Paraguai, embora correta, não envolveu diálogo preliminar com o governo golpista instalado tal como exigem certas regras do Mercosul. Por outro lado, a postura da OEA revela hipocrisia e incoerência na defesa da democracia nas Américas, aprofundando a divisão entre seu Norte e seu Sul, e indicando o declínio da hegemonia americana na região.

*Doutor em Sociologia pela Johns Hopkins University (felipeaminfilomeno.wordpress.com)

A CLARIVIDÊNCIA DA VENEZUELA SOBRE A SUA SOBERANIA E ZEE



Martinho Júnior

1 – A Venezuela tem estabelecido, tal como o Brasil, um programa para o exercício de sua soberania na sua Zona Económica Exclusiva, assim como para garantir alguns dos projectos em que se alicerça a ALBA, entre eles o PetroCaribe, que corresponde a necessidades quer das pequenas nações-arquipélagos das Caraíbas, quer a necessidades de pequenos países como a Nicarágua.

Enquanto o Brasil tem só acesso ao amplo oceano Atlântico, a Venezuela tem-no em relação ao Atlântico e ao espaço do Golfo do México onde se encontram as Caraíbas.

Por essa razão está por um lado a modernizar alguns dos seus navios, como acontece com a classe Lupo (classe Mariscal Sucre) de origem italiana (que vão ser transformados de acordo com um acordo com a China), a adquirir Patrulhas Oceânicas de Vigilância (POV) para as missões na sua Zona Económica Exclusiva e Golfo do México a adquirir patrulhas costeiras multifunções, a ampliar a sua capacidade de controlo de rios (sobretudo do Orinoco) e a adquirir ainda navios de carácter militar de características mais avançadas, interconectando-os com seus sistemas de vigilância, protecção e defesa (ainda em fase de estudo).

A Venezuela para esse efeito, está a assumir uma atitude mais coerente, comparativamente ao Brasil no que diz respeito às Patrulhas Oceânicas de Vigilância (POV):

- Criou por acordo bilateral com a Espanha uma Missão Naval Venezuelana em Espanha, a fim de acompanhar a construção de oito navios (http://www.mnve.mil.ve/web/); a assinatura do acordo ocorreu em Novembro de 2005 (“POVZEE, Venezuela” – http://www.naval-technology.com/projects/povzee/).

- Procurou com isso uma rápida formação (acordo com os estaleiros Navantia) para os seus efectivos de forma a mais facilmente levá-los ao domínio das tecnologias instaladas nos navios, assim como a outros benefícios no quadro das comunicações, dos sistemas de gestão computorizada, da logística, da manutenção e da reparação.

- Estabeleceu parcerias com uma potência europeia com a mesma língua, que muito embora tenha sido uma das maiores potências coloniais na América, pelo menos não possui naquele continente mais território algum que seja resíduo colonial.

- Pode vir a incrementar nessa base os projectos futuros que se seguirão, integrando-os pelo menos com os outros membros da ALBA, alguns deles situados no Golfo do México ou com costas no Golfo (como é o caso da Nicarágua).

2 – A Marinha Venezuelana está também, em estreita cooperação com Cuba e os estaleiros Damen da Holanda, a construir pequenos navios guarda-costas e de logística (4 naves).

O poder naval oceânico da Venezuela é constituído essencialmente por pequenas unidades que operam nos rios e nas 12 milhas ao longo da costa, possuindo também algum poder em termos de logística e transportes, mas a Venezuela poderá vir a adquirir navios maiores e submarinos à Rússia, para além das possibilidades que tem em relação aos estaleiros Navantia de Espanha.

O padrão de armada, em relação à programação das novas aquisições, poderá de certo modo servir como exemplo a Angola, talvez mais adequado que o modelo do Brasil, tendo em conta que Angola possui muito poucas tradições navais, mas deve acautelar interesses especialmente na direcção do sul do continente (tendo em conta os países com acesso ao atlântico da SADC e as origens da corrente fria de Benguela) e o Golfo da Guiné (apoiando-se sobretudo em nações insulares como São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial).

A costa da Venezuela é de maior extensão que a de Angola, até por que é mais recortada e possui um pequeno arquipélago cuja pérola maior é a ilha de Margarita e tudo isso apesar da Venezuela ter uma área menor.

A Venezuela aumentou com as novas aquisições à Espanha, a sua capacidade de inter relacionamento com os parceiros progressistas da ALBA e com Cuba, Equador e Nicarágua procurando agora criar projectos navais de curta dimensão a partir de estaleiros que seguem as linhas da empresa Damen, da Holanda (que possui indústria em Santiago de Cuba e agora em Puerto Cabello na Venezuela). (http://en.wikipedia.org/wiki/Damen_Stan_2600).

3 – A Venezuela tem uma Divisão de Infantaria de Marinha (Fuzileiros), que ostenta o nome de General Simon Bolívar, de cerca de 20.000 efectivos, perfazendo 9 Brigadas, que lhe permitem operações no mar, na rede de rios (de que o principal é o Orinoco) e nas selvas (uma parte delas equatoriais). (http://es.wikipedia.org/wiki/Divisi%C3%B3n_de_Infanter%C3%ADa_de_Marina_General_Sim%C3%B3n_Bol%C3%ADvar).

Essa enorme capacidade (comparativamente Angola apenas possui uma Brigada de Fuzileiros), permite uma cobertura significativa entre outras coisas no que diz respeito à vigilância, protecção e controlo do meio ambiente, o que é para a Venezuela extremamente valioso, pois é dos países cujo território, em termos de biodiversidade, é considerado dos mais ricos do mundo.

Com um território maior que o da Venezuela, em formato de quadrilátero, com um aquífero central vital e com vários rios importantes nas suas fronteiras, Angola tem comparativamente cerca de 10% dos efectivos de Fuzileiros, em relação à Venezuela e tudo a aprender com ela, se tivermos também em conta a biodiversidade do enorme espaço físico-geográfico angolano.

A Divisão de Infantaria de Marinha General Simon Bolívar possui quatro Brigadas de Infantaria Anfíbia (com articulações variadas tendo em conta sua área de acção e os objectivos), três Brigadas de Infantaria Fluvial, uma Brigada de Forças Especiais (a 4 Batalhões), uma Brigada de Polícia Naval (a 4 Batalhões).

A síntese relativa à Missão e à Visão, é a seguinte, segundo ainda o Wikipedia:

“Alistar y comandar sus unidades con el fin de ejecutar de operaciones anfibias, fluviales, especiales, de defensa de costa, de policía, de paz, y de contribución al mantenimiento del orden interno, así como participar en forma activa en el desarrollo nacional.

Hacer de la División de Infantería de Marina el más destacado comando operacional de la Armada, con el fin de proyectar su poder naval hacia tierra, capaz de operar eficaz y efectivamente en los escenarios, fluvial, lacustre e interno. Mantener un plan educativo y de adiestramiento que desarrolle en nuestro recurso humano una alta capacidad para enfrentar las amenazas presentes y potenciales en sus áreas de actuación para garantizar la seguridad y defensa de la nación y participar en forma activa en su desarrollo”.

4 – A Armada Bolivariana da Venezuela, particularmente no que diz respeito às questões ambientais e de controlo dos circuitos fluviais, assim como de regiões com enorme cobertura florestal, possui capacidades que justificam a Angola consultas que conduzam à melhor estruturação, organização e ampliação dos Fuzileiros Angolanos.

O Comando dos Fuzileiros Angolanos vocacionado para as acções fluviais deveria ser instalado no planalto do Bié e, a partir dele, deveriam ser imediatamente incentivadas as medidas a aplicar em relação às principais nascentes que se encontram nessa vasta região, de acordo com o que antes já abordei, entre eles os dois artigos intitulados “Pelo Renascimento Africano” (http://paginaglobal.blogspot.pt/2012/07/pelo-renascimento-africano-i.html; http://paginaglobal.blogspot.com/2012/07/pelo-renascimento-africano-ii.html; http://tudoparaminhacuba.wordpress.com/2012/07/05/pelo-renascimento-africano-ii/).

O pacote alargado de medidas a aplicar no âmbito duma geo estratégia alicerçada numa economia de recursos a longo prazo, valorizando as questões de ordem humana e ambiental, deveriam em Angola contar com a integração das FAA, fazendo desenvolver no quadro da Marinha de Guerra, aptidões ambientais e fluviais vocacionadas para o interior do país, a começar com impacto decisivo na região central das grandes nascentes.

Foto: Cerimónia que integrou na Armada Bolivariana da Venezuela, o POVZEE com a identificação PC-24 e o nome de Karina (Puerto Real, Cádiz, Espanha, 23 de Abril de 2012).

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