domingo, 8 de julho de 2012

Timor-Leste: O MAU E FALSO PAI DA NAÇÃO




Ana Loro Metan - Timor Lorosae Nação, em 29.08.10 - reposição

GERAÇÃO MAIS NOVA VAI TER PODER DE FOLCLORE

Os dirigentes timorenses de mais idade, acima dos 60 (?), retiraram-se para o interior do país para passar um fim de semana em convívio e debaterem a entrega dos poderes aos mais novos. Signifique isso o que significar. Por agora não sabemos o verdadeiro significado do que foi debatido na realidade e a que conclusões chegaram, é possível que nunca o venhamos a saber. O tempo passa e as mentiras crescem. Com líderes tão falsos, corruptos, vendidos e mentirosos, acabará cada um por dizer de seu entendimento e ainda ficaremos mais baralhadas e baralhados. É o que querem. Eles consideram-se os deuses e nós os do rebanho que nem sabe balir. Arrogância não lhes falta. Disseram que conviveram e que foram reatadas amizades e entendimentos. Ramos Horta declarou a garantia da estabilidade. Como terão conversado? O que disseram? Enfrentaram os erros cometidos e dissecaram-nos? Disse Gusmão que lamentava ter optado por eliminações físicas de adversários políticos porque foi a única via que existia para a almejada estabilidade? Que Alkatiri escapou a esse tipo de decisão por uma unha negra? Ramos Horta terá explicado sobre o seu envolvimento no golpe de estado de 2006 e da traição ao PM Alkatiri e todo o governo legítimo? Terão usado de transparência e reconhecido seus erros, excessos, crimes, e pedido desculpas uns aos outros? Se não que estabilidade podemos esperar? Mesmo a aparente estabilidade será até quando? Até ao próximo golpe ou acção política envolta em falsidade?

Vamos aguardar e ver o que dali sai, se algo sair de positivo. Devemos sempre duvidar porque o passado assim o demonstra. Gusmão diz-se na disposição de passar poderes para os mais jovens? Quando? Daqui por quantos anos? E Mari Alkatiri concorda? A FRETILIN e os outros lideres mais velhos concordam? Afinal haverá alguém que discorde? Que poder tem agora Alkatiiri para passar às gerações mais jovens? Quer entregar a direcção da FRETILIN a Bano? A Teixeira? A Rogério Lobato, que até já nem faz parte dos jovens? A quem? Vai privilegiar os históricos em vez de se lhes opor? Ou não quererá Alkatiri ver-se substituído por quem possa na realidade fazer frente às tramóias do desonesto Xanana Gusmão e respectivos servos? É que ele vai permanecer com imensos poderes mesmo quando parecer que já os abandonou. Tem sido exactamente isso que veio construindo desde que pisou Timor-Leste há 10 anos atrás, essas políticas foram delineadas antes de ele chegar a Timor-Leste e são as que têm sido aplicadas. Timor está refém dos poderes de um só homem porque esse poder a si lhe foi prometido e entregue. Poderes que têm vindo a ser alargados ao longo desta década. Viu-se em 2006, viu-se no 11 de Fevereiro de 2008, vimos todos os dias. O exército, as polícias, as secretas, as judiciárias que agora se vão formar, os tribunais, têm um dono e são moldadas com os poderes de um dito – por alguns – pai da nação.

Um pai? Mas um pai nunca deixa os seus filhos passarem fome de quase tudo, caso contrário é um mau pai. Isso é o que é Xanana, ou então não é pai da nação, coisa nenhuma. É pai dos seus filhos e família e esses estão a abarrotar de bens, de empresas, de boa vida, de contas bancárias recheadas. E ainda há pouco tempo quase nada tinham. Para esses ele é bom pai, bom familiar e amigo. Repare-se em Zenilde, por exemplo. Todos se esqueceram? Porque não vão agora ver como vive e o que tem de seu? Como foi que em tão pouco tempo conseguiu tanta abastança? E todos os outros? E os milhões roubados já estão esquecidos? Onde está o combate à corrupção? Que tem feito a comissão de Gusmão batizada de KKN? A Justiça é Poder que também detém e que partilha com Horte e outros. Em troca de medos e bens, com regalias especialíssimas. Temos visto e sabido.

Vamos esperar com desinteresse o resultado desta reunião alargada com o objetivo da passagem dos poderes. Daqui por uns anos veremos se os poderes continuam ou não nas mesmas mãos dos de agora. Tudo o resto será folclore. Gusmão e mais uns quantos, detentores do “bolo” decidiram que já possuíam o bastante para poder dividi-lo um pouco e calar opositores. Houve quem aceitasse e foi isso que exatamente aconteceu. É isso que está a acontecer. A miséria continua colada à pele e à alma do povo, intervalada com algumas migalhas e nacos, mais ou menos, para aplacar a indignação, o desespero, a insurgência. E se algo se passar de errado, que perigue a estabilidade dos poderosos, as forças repressivas estarão atentas. Pior se não existir uma oposição que denuncie o descalabro em que está o país. Fiquemos para ver, de preferência também muito atentos e a pugnar por uma verdadeira justiça, uma verdadeira paz.

ELEIÇÕES EM TIMOR-LESTE




Eugénio Costa Almeida* – Pululu*

Grande vitória da democracia no país lusófono mais próximo do sol nascente: Timor-Leste.

Apesar de nenhum dos partidos concorrentes ter obtido a maioria absoluta, o que pressupõe a necessidade de uma coligação governamental, o acto eleitoral e o escrutínio mostraram um Povo adulto e educado na Democracia parlamentar.

Ou seja, Timor-Leste mostrou a todos os Povos irmãos que cresceu e que já não recebe lições de ninguém quanto à democraticidade da sua vida política.

Que o novo Governo emergente das eleições consigam levar a bom termo a vontade do seu presidente e dos seus políticos. Aproveitar o petróleo para, depois de terem melhorado as infraestruturas, tirar os timorenses da pobreza.

* Página de um lusofónico angolano-português, licenciado e mestre em Relações Internacionais e Doutorado em Ciências Sociais - ramo Relações Internacionais -; nele poderão aceder a ensaios académicos e artigos de opinião, relacionados com a actividade académica, social e associativa.

DOUTORES E ENGENHEIROS




Alberto Gonçalves – Diário de Notícias, opinião

Para chegar a José Sócrates, a Miguel Relvas apenas falta fingir que pratica jogging e estuda em Paris. No resto, as semelhanças arrepiam um céptico. O dr. Relvas manda no Governo. O dr. Relvas cuida das clientelas do principal partido do Governo. O dr. Relvas emite propaganda reformista enquanto manobra para que reforma alguma seja realizada. O dr. Relvas coloca frequentemente jornalistas na ordem e vale-se da honrada ERC e da apatia geral para escapar impune. O dr. Relvas vê o seu óptimo nome chamado a casos no mínimo pouco edificantes e no máximo criminosos. E o dr. Relvas dá-nos razões de sobra para acrescentarmos o título antes do nome por pura ironia.

À semelhança do eng. (se soubessem o gozo que esta abreviatura me dá) Sócrates, o dr. (idem) Relvas parece igualmente ter adquirido a licenciatura num vão de escada, ou pelo menos no topo de uma escada sem muitos degraus. Os pormenores do primeiro caso, incluindo o fax ao domingo, são já lendários. Os pormenores do segundo, agora divulgado, preparam-se para ingressar na lenda.

De acordo com a imprensa, o dr. Relvas frequentou, em 1984 e na prestigiada Universidade Livre, os cursos de História, de que concluiu uma disciplina (com dez valores), e de Direito, de que não concluiu nenhuma. Onze anos depois, inscreveu-se no curso de Relações Internacionais na Universidade Lusíada, sem sequer ter frequentado qualquer cadeira. Em 2006/2007, mudou-se para a Universidade Lusófona, que após uma aturada análise do percurso académico do dr. Relvas concedeu-lhe a equivalência num número indeterminado de disciplinas e a possibilidade de terminar o curso de Ciência Política e Relações Internacionais numa singela temporada. O dr. Relvas aproveitou a deixa, fez quatro disciplinas e, um belo dia de 2007, apareceu licenciado.

Espero ser redundante acrescentar que, por si, um diploma significa pouquinho. Só há duas atitudes mais saloias do que atribuir exagerada importância ao curso que se obteve legitimamente: pretender que se obteve um curso e "tirá-lo", visto que "tirar" é o termo, de forma ilegítima. Pelos vistos, o dr. Relvas escolheu a última hipótese, no que já começa a configurar uma tradição da nossa classe política e uma prova do respectivo, e ilimitado, provincianismo.

E se os provincianos com poder têm a desvantagem de atrasar uma sociedade, também têm a virtude de a transformar num divertimento para quem se dá ao luxo de contemplá-la à distância. Como o eng. Sócrates, o dr. Relvas diverte, quase tanto quanto o espectáculo dado pelos que se indignavam com a peculiar licenciatura do eng. Sócrates para hoje defenderem o direito do dr. Relvas à falcatrua e, em contrapartida, pelos que afiançavam a lisura curricular do eng. Sócrates para hoje exigirem a cabeça (simbólica, salvo seja) do dr. Relvas. É verdade que a direcção do PS preferiu o silêncio, à imagem da actual direcção do PSD aquando do "debate" sobre o "inglês técnico" do eng. Sócrates. Mas não se veja dignidade onde só existem interesses, privilégios e trapaças comuns. Estão bem uns para os outros, o "engenheiro", o "doutor", os séquitos de ambos, o ensino "superior" especializado em favores e, na medida em que toda a paródia resultará em nada, o país assim parodiado.

A SOLUÇÃO É ACABAR COM OS PORTUGUESES!




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

O primeiro-ministro português, com funções delegadas por Angela Merkel (estavam a pensar que eram por Miguel Relvas?) diz que os escravos do reino devem redobrar os esforços. Aí está a adenda à receita anterior.

Passos Coelho diz do alto da sua cátedra que diminuir mais a despesa pública implica cortes na saúde e educação.

Nada disto, é claro, tem a ver com o facto de o Tribunal de Trabalho do Porto ter condenado o BPN a pagar a António Coelho Marinho, ex-administrador do banco nacionalizado, uma indemnização de 178 655 euros, além de este ficar proprietário de um Mercedes de luxo.

Voltemos ao dono do reino. “Há quem veja aqui uma oportunidade, mais uma vez, quem veja na decisão do Tribunal Constitucional uma desculpa para não cumprir”, afirmou Pedro Passos Coelho, referindo que “o Governo tinha tomado uma opção diferente” em relação à consolidação orçamental, mas garantiu que irá agora “ajustar as suas escolhas de modo a serem consideradas constitucionais pelo Tribunal Constitucional”.

Passo Coelho afirmou que a “seu tempo”, no âmbito da preparação do Orçamento do Estado para 2013, o Governo apresentará as “soluções” para responder à deliberação do TC que considerou inconstitucionais os cortes dos subsídios de férias e de Natal no sector público e a pensionistas.

Como a procissão do Governo ainda não chegou ao adro, é de prever que os portugueses passem a ficar agora privados dos pratos, já que da comida há muito que estavam. Os escravos de Passos Coelho costumam dizer: vão-se os anéis mas fiquem os dedos. Mas agora vai ser ainda mais difícil, porque já estão manetas.

“Mas deixem-me dizer-vos já que o Governo tem cumprido o seu programa de restrição orçamental”, acrescentou, referindo que num ano se reduziram “substancialmente os consumos intermédios na administração pública”.

Será que a detenção, na Suíça, de Abdul Rahman El-Assir, o intermediário de origem libanesa, naturalizado espanhol, parceiro de Manuel Dias Loureiro no BPN em negócios polémicos, em Marrocos e Porto Rico, poderá ajudar a solidificar as teses de Passos Coelho?

“E os maiores orçamentos, os mais significativos, são o da Saúde e o da Educação. Quem hoje disser que temos de substituir a poupança gerada pela suspensão do 13º e do 14º mês em redução de despesa pública tem de dizer quanto é que quer que se corte no Serviço Nacional de Saúde e nas escolas públicas em Portugal”, acrescentou Passos Coelho, que falava no 38º aniversário da Juventude Social Democrática.

Cá para mim não haverá qualquer problema em acabar com as despesas na saúde e na educação. Os portugueses, para além de estarem a aprender (sem ser nas escolas) a viver sem comer, já morrem sem ir ao médico. Além disso, não é preciso frequentarem as escolas. Se um dia precisarem de uma licenciatura basta-lhes ir à Lusófona…

Passos Coelho reconheceu que “a realidade” mostra que “os objectivos do país” estão “mais difíceis de alcançar”. De facto não está a ser fácil colocar Portugal ao nível dos países mais desenvolvidos do norte de… África.

“Não, a nossa reacção deve ser a contrária. Se é mais difícil de alcançar, temos de redobrar o nosso esforço e atenção para alcançar essas metas e objectivos”, afirmou o sumo pontífice.

E afirmou bem. Mas Portugal não perde grande coisa. Quanto Mais difícil melhor se verá a mestria de Passos Coelho no sentido de retirar do país todos aqueles que estão a mais e que, desde há muito, são conhecidos por… portugueses.

O primeiro-ministro sublinhou que num ano, o Governo reduziu “aproximadamente mil milhões de euros” tanto no orçamento da educação como no da saúde, tendo pedido aos enfermeiros, médicos, professores e todo pessoal administrativo e técnico que num momento de “emergência nacional” consigam manter ou “até fazer, se possível, mais com menos dinheiro”.

Para isso, como tinha sido revelado uns dias antes, o melhor é pô-los – para já – a ganhar a fenomenal quantia de quase quatro euros à hora. Mas, como para alguns mão há direitos adquiridos, que se ponham a pau. Um dias destes ainda vão ter de pagar para trabalhar.

“Precisaremos de encontrar novas formas de ajustar o nosso défice público e vamos fazê-lo, mas gostaríamos que houvesse menos demagogia à volta desta discussão e que cada um assumisse as suas responsabilidades e dissesse o que propõe para manter as metas a que nos propusemos enquanto país”, acrescentou.

Já tenho feito várias propostas nesse sentido. Uma delas passa por reduzir o número de refeições a que cada português tem direito. Se apenas com uma refeição, embora pequena, por dia o problema não se resolveu, proponho que durante aí seis meses passem a não ter nenhuma refeição.

Passos Coelho quis ainda deixar “bem claro” que para o Governo “há necessidade de haver uma justa e equitativa repartição de sacrifícios” e que o Executivo pensava ter tomado a melhor opção. Porém, sublinhou, havendo uma “doutrina que diz o contrário, essa doutrina deve prevalecer” e o Governo não deixará de a “absorver”.

Enquanto Passos Coelho falava da tal “justa e equitativa repartição de sacrifícios” ouviu-se uma estrondosa gargalhada. Entre outros, Duarte Lima, Cavaco Silva, Joaquim Pina Moura, Jorge Coelho, Armando Vara, Manuel Dias Loureiro, Fernando Gomes, António Vitorino, Luís Parreirão, José Penedos, Luís Mira Amaral, António Castro Guerra, Joaquim Ferreira do Amaral, Filipe Baptista, Ascenso Simões, António Mexia, Faria de Oliveira e Eduardo Catroga riam-se a bandeiras despregadas.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: NO PODER POR TEMPO INDETERMINADO

OS MENSALÕES, UM COMPARATIVO




Marcos Coimbra* - Carta Capital, em Colunistas

Por coincidência, justamente quando o julgamento do mais famoso “mensalão”, que alguns chamam “do PT”, foi marcado, a Procuradoria-Geral da República encaminhou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) sua denúncia contra os acusados de outro, o “mensalão do DEM” do Distrito Federal.

Trata-se mesmo de um acaso, pois a única coisa que os dois compartilham é o nome. Equivocado por completo para caracterizar o primeiro e inadequado para o segundo.

Naquele “do PT”, nada foi provado que sugerisse haver “mensalão”, na acepção que a palavra adquiriu em nosso vocabulário político: o pagamento de (gordas, como indica o aumentativo) propinas mensais regulares a parlamentares para votar com o governo. No outro, essa é uma das partes menos importante da história.

Alguns acham legítimo – e até bonito – empregar a expressão como sinônimo genérico de “escândalo” ou “corrupção”, mas isso só distorce o entendimento. O que se ganha ao usar mal o português? No máximo, contundência na guerra ideológica. Chamar alguma coisa de “mensalão” (ou adotar neologismos como “mensaleiro”) tornou-se uma forma de ofender.

Fora o nome errado igual, os dois são diferentes.

Ninguém olha o “mensalão” de Brasília como se tivesse significado especial. É somente, o que não quer dizer que seja pouco, um caso de agentes políticos e funcionários públicos, associados a representantes de empresas privadas, suspeitos de irregularidades.

Por isso, se o STJ acolher a denúncia, o processo terá tramitação normal. Sem cobranças para que ande celeremente. Sem que seja pintado com cores mais fortes que aquelas que já possui. Sem que se crie em seu torno um clima de “julgamento do século” ou sequer do ano.

É provável que aconteça com ele o mesmo que com outro mais antigo, o “mensalão do PSDB”. Esse, que alguns dizem ser o “pai de todos”, veio a público no mesmo período daquele “do PT”, mas avança em câmera lenta. Está ainda na fase de instrução, sem qualquer perspectiva de julgamento.

Por que o que afeta o PT é mais importante?

A resposta é óbvia: porque atinge o PT. Se os “mensalões” da oposição são tratados como secundários e se outros são irrelevantes (como os que a toda hora são noticiados em estados e municípios), deveria existir no do PT algo que justifique tratamento diferente.

Há quem responda com uma frase feita, tão difundida, quanto vaga: seria o “maior escândalo da história política brasileira”. Repetida como um mantra pelos adversários do PT, não é substanciada por nenhuma evidência, mas circula como se fosse verdade comprovada.

“Maior” em que sentido? Os recursos públicos movimentados seriam maiores? Mais gente estaria envolvida?

É difícil para quem lê as alegações finais do Ministério Público Federal (MPF) compreender o montante que em sua opinião teria sido desviado e como. O documento é vago e impreciso em algo tão fundamental.

Essa indefinição pode ser, no entanto, positiva: deixa a imaginação livre. Qualquer um pode inventar o valor que quiser.

O “mensalão do DEM”, ao contrário, tem tamanho especificado: 110 milhões de reais. Nele, o MPF não se confundiu com as contas.

Se o critério para considerar maior o petista for a quantidade de envolvidos, temos um curioso empate: dos 40 acusados originais, número buscado pelo MPF apenas por seu simbolismo, restam 37, tantos quanto os denunciados no escândalo de Brasília.

E há diferenças notáveis. No “mensalão do DEM”, os agentes públicos foram citados por desviar dinheiro para enriquecimento pessoal, o que, em linguagem popular, significa roubar. No “do PT”, nenhum.

De um lado, valores certos, acusados em número real, motivações inaceitáveis. Do outro, o oposto.

Quando o procurador-geral declarou que “a instrução comprovou que foi engendrado um plano criminoso para a compra de votos dentro do Congresso Nacional”, esqueceu que nem sequer uma linha de suas alegações o demonstrou. Arrolou 12 deputados (quatro do PT), que equivalem a 2% da Câmara, número insuficiente para sequer presumir que houvesse “um esquema de cooptação de apoio político”, a menos que inteiramente inepto.

No caso de Brasília, nada está fantasiado, é tudo visível, o que não significa que tenha sido provado de forma juridicamente correta.

No fundo, essa é a questão e a grande diferença entre os dois. Quando a hora chegar, o “mensalão do DEM” deverá, ao que tudo indica, ser analisado de maneira técnica. Se o “do PT” o fosse, pouco da acusação se sustentaria.

Tomara que os ministros do STF consigam independência para julgá-lo de maneira isenta, livres das pressões dos que exigem veredictos condenatórios.

* Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi. Também é colunista do Correio Braziliense.


Lula a Chávez: “SOMOS ALTERNATIVA VITORIOSA AO NEOLIBERALISMO”



Eduardo Febbro - Desacato

Caracas – O Foro de São Paulo organizado em Caracas concluiu sua décima oitava edição com um ato realizado no teatro Teresa Carreño, na capital venezuelana, e com uma declaração final com uma ênfase crítica ao golpe de Estado no Paraguai.


O ponto 27 da declaração final diz sem ambiguidades que o Foro de São Paulo dá todo o seu apoio ao presidente paraguaio Fernando Lugo, “desconhecendo o governo ‘de facto’ encabeçado pelo golpista Federico Franco e anunciando ações continentais a favor da democracia, do respeito à vontade popular expressa em abril de 2008 e pela unidade e integração dos povos e governos da América Latina e Caribe”. Os membros do Foro também fazem uma menção explícita ao México e suas controversas eleições presidenciais. O documento que fecha os três dias de discussões do encontro assinala que “uma vez mais, a direita mexicana recorreu à manipulação midiática e das pesquisas, à compra de votos e a todo tipo de fraude para impor sua vontade contra os melhores interesses do povo mexicano”.

Em um dos discursos que fechou o Foro, José Ramón Balaguer, membro do bureau político do Partido Comunista cubano e pertencente à geração histórica que lutou contra o regime de Batitsa, declarou que “fatos como os ocorridos no Paraguai pretendem deter as mudanças progressistas na América Latina”. Balaguer acrescentou que, para ele, “os principais grupos de poder dos Estados Unidos reativam uma ofensiva hegemônica” contra o que qualificou como o principal objetivo desses grupos, a saber, “os países que compõem a Alba”. Em seus 33 pontos, a declaração final do Foro destaca que a crise financeira internacional “está longe de ser superada ao mesmo tempo em que denunciou em um extenso parágrafo as tentativas golpistas que ainda pululam na América Latina.

Apontou como prova disso o que ocorreu na Venezuela em 2002, as “várias tentativas de golpe na Bolívia”, a derrubada do presidente de Honduras em 2009, a “quartelada do Equador”, em setembro de 2010 e, há apenas algumas semanas, a derrubada do presidente paraguaio, Fernando Lugo”.

O ponto nº 5 do texto afirma que “o golpe de Honduras e a derrubada de Fernando Lugo assinalam que a direita está disposta a utilizar vias violentas e/ou a manipulação das vias institucionais para derrubar governos que anão atendem aos seus interesses”. O chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, explicou que estes acontecimentos obedecem a uma única lógica; “a pretensão das oligarquias de recuperar o poder se deve às grandes riquezas que nossa América possui”. Patiño pronunciou um extenso discurso, cantou um “Avante, companheiros, avancemos para a revolução”, canção histórica dos sandinistas e, ao final, confirmou que Quito estava “analisando” o pedido de asilo formulado pelo fundador de Wikileaks, Julian Assange.

Os integrantes do Foro enfatizaram a posição dos meios de comunicação da direita, essas grandes corporações “capazes de colocar-se acima dos poderes públicos que emanam do sufrágio universal”. O Foro de São Paulo considera que “é este, talvez, um dos maiores desafios que têm pela frente os governos de esquerda: democratizar a comunicação”. A declaração denunciou as tentativas do imperialismo que “busca debilitar os mecanismos de integração latinos e sulamericanos, impulsionando a Aliança do Pacífico”. O ponto número 17 também arremeteu contra o falso discurso “verde” dos conservadores: “a direita tenta se apropriar simbolicamente do discurso em defesa do meio ambiente, esquecendo as políticas neoliberais depredadoras da “mãe terra” e a dívida ambiental que o capitalismo tem com o mundo”.

Em uma intervenção tão brilhante quanto lúcida, Luis Dulci, representante da Fundação Lula e membro do PT, disse que a esquerda latino-americana deu uma extraordinária demonstração de que é capaz de governar “com mais qualidade técnica, de gestão e administrativa e com um projeto alternativo ao neoliberalismo”. Não sem razão, Dulce afirmou que “os governos progressistas da América Latina estão na vanguarda do humanismo contemporâneo”.

O ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, enviou uma mensagem em vídeo aos participantes do Foro e foi aplaudido de pé pelo próprio presidente venezuelano Hugo Chávez. Em sua mensagem, Lula lembrou que, quando o Fórum foi criado há 18 anos, “naquela época, a esquerda só estava no poder em Cuba”. Agora, acrescentou, “somos referência internacional como uma alternativa vitoriosa ao neoliberalismo”.

Imediatamente depois falou o presidente da Venezuela: Chavez disse a Lula que, quando voltarem a se encontrar em breve, vão se dar um abraço “grande como este mundo”. Chávez lembrou que a primeira vez que conheceu Lula foi em 1996, em El Salvador. Chávez também entoou um canto revolucionário rendendo uma homenagem a Fidel Castro: “Fidel, que tiene Fidel, los imperialistas no pueden com el”, cantou Chávez em coro com o público.

Nos parágrafos finais, a declaração expressou sua solidariedade com o povo do Haiti e seu “apoio ao processo de paz na Colômbia, onde segue vigente a luta por uma solução política do conflito armado, a paz com justiça social e por um novo modelo econômico e social que garanta os direitos humanos e a proteção da natureza”. O documento também respalda “a luta pela soberania autodeterminação da Palestina”, e, paralelamente, manifesta sua rigorosa oposição “a qualquer intervenção armada externa na Síria e no Irã”. Três dias de debates, ideias, trocas, contatos, confrontações e enriquecimentos através da exposição de ideias entre os representantes da esquerda do mundo terminaram com um apelo final: “Outro mundo é possível e nós o estamos construindo: um mundo socialista”.

Tradução: Katarina Peixoto.

*No original tem o texto também em castelhano

O BOSQUE EM FLOR



Rui Peralta

A estrada de Damasco

A oposição

As profundas divisões internas que caracterizam a oposição ao governo Sírio, podem ser analisadas a partir de uma dupla separação: 1) as que existem entre o exilio e o interior; 2) as que existem entre as forças políticas já activas antes das revoltas e as que foram criadas durante as revoltas.

Estas últimas assumiram formas de organização local. Nos bairros e cidades com maior mobilização formaram-se os Comités de Coordenação Local (CCL) que algum tempo depois formaram a Coordenadora Geral da Revolução (CGR). Por sua vez as forças políticas tradicionais da oposição só a muito custo formaram o Conselho Nacional Sírio (CNS), já em finais de 2011. O CNS é uma coligação de partidos, organizações e personalidades que demonstram uma enorme incapacidade de chegar a acordo entre si e de coordenar actividades com outras organizações.

Dominado pela Irmandade Muçulmana (IM), submisso aos USA, OTAN e estados do golfo, trabalha no exilio, o CNS opõe-se com particular ferocidade a um outro grupo no exilio a Coordenadora Nacional para a Mudança Democrática (CNMD) liderada por Haythem Manaa, intelectual e militante dos Direitos Humanos, residente em França. O CNMD é formado por diversos partidos e organizações com representatividade no interior, como o Partido Árabe Socialista Democrático (PASD), o Partido Comunista do Trabalho Sírio (PCTS), o Baas Democrático Árabe Socialista (BDAS), a Coligação de Esquerda Marxista (CEM) ou o Partido da Esquerda Curda na Síria (PECS).

A vontade de dirigir e de manipular politicamente as lutas no interior da Síria, por parte destas duas principais organizações no exilio não é geralmente correspondida pelas organizações locais surgidas durante os levantamentos. A ruptura é nítida, principalmente em relação ao CNS, que ao contrário do CNMD, é cada vez menos referido pelas organizações no interior.

O Exército Livre Sírio é uma organização paramilitar, que conta com fortes apoios da OTAN e dos estados do golfo. As suas relações com o CNS não são pacíficas e contam nas suas fileiras com os sectores radicais islâmicos e com os militares dissidentes. De início surgiram como bandos armados de radicais islâmicos sunitas, mas as suas estruturas militares evoluíram e efectuam operações militares de cada vez maior envergadura. São os responsáveis por alguns massacres, sendo depois as responsabilidades atribuídas às forças governamentais sírias. De bando armado evoluíram para unidade operacional da OTAN, por enquanto, embora a sua militância radical islâmica os torne uma força “inconveniente” no longo prazo.

A Frente Nacional Progressista

A FNP é uma Frente de sete partidos que é a base política do governo sírio. O seu principal partido é o Baas, partido histórico no mundo árabe, o partido de Al Assad e do actual presidente. A segunda força politica mais importante da FNP é o Partido Comunista Sírio (PCS), a ala Bakdash, nome de um dos seus dirigentes falecido em 1995. Após o golpe de estado em 1970 que conduziu Assad ao poder, o PCS aceitou integrar-se na FNP. Em 1972 surgiu uma cisão no PCS, liderada por Riyad At-Turk, que formou o PCS (Bureau Politico), partido que dirigiu até 2005, sempre na prisão. O PCS (BP) opunha-se á participação dos comunistas na FNP e recusava reconhecer o Baas como força dirigente, passando á oposição. Riyad At-Turk foi prisioneiro durante 19 anos e meio, sendo libertado pelo actual presidente, logo no início do seu mandato.

Os restantes 5 partidos da FNP (o Partido Nacional Social Sírio, o Partido Democrático Nacional, o Partido Progressista Árabe, a União Socialista Árabe da Síria e o Partido do Povo) são pequenos partidos pan-arabistas, socialistas e nacionalistas, que reconheciam o papel dirigente do Baas, reconhecimento que constava da anterior constituição síria, recentemente alterada. Quanto ao PCS (BP) está representado no CNS, sendo, para além da IM, a única força política do CNS activa na Síria e procura uma coordenação alargada a todos os sectores da oposição, no exilio e no interior.

A situação actual da luta de classes na Síria

A situação interna corre o perigo de desembocar numa guerra civil, o que representaria um importante passo nas intenções imperialistas de destruir a Síria, facilitando o avanço para o Irão. Uma Síria mergulhada na guerra civil criaria uma situação de grande instabilidade para toda a região e justificaria a intervenção estrangeira por “razões humanitárias” no caso da OTAN e dos USA e por razões de segurança no caso da Turquia e dos estados do golfo.

A ameaça imperialista tem favorecido alguma coesão em torno do governo sírio e tem evitado que largas camadas da população tomem uma posição mais firme em relação aos governantes sírios. A divisão está patente em todas as classes sociais na Síria. Do lado da burguesia nacional, uma parte importante continua a apoiar o regime, embora uma eventual situação de crise económica, agravada pelo bloqueio, possa gerar um sentimento de mudança, o que implicará um maior apoio às propostas do CNS e á tentativa de golpe de estado que conduzirá a uma situação de transição de poder. De qualquer forma a burguesia nacional tem sido um suporte importante do regime nas duas últimas décadas, em que o seu papel foi preponderante e a sua afirmação económica foi realçada pelo programa de liberalização económica encetada em princípios dos anos 90 e acelerada pelo gabinete do actual presidente. O socialismo deixou de constar na actual constituição, assim como o papel dos Baas e do sector publico, o que aumentou a preponderância política da burguesia nacional.

Os largos sectores da média e da pequena burguesia estão profundamente divididos, não só pela dicotomia cidade / campo, como também pelo facto de estas serem camadas que, se por um lado, foram beneficiadas pelas políticas do Baas nas últimas décadas (e em particular pela actual liderança), por outro lado chegaram aquele ponto em que a sua ascensão obriga a alterações no panorama politico sírio. O capitalismo necessita da democratização para florescer e a democratização da sociedade síria representa uma ruptura com a actual elite politica. No entanto existem largos sectores da média burguesia e da pequena burguesia que não conseguem sobreviver sem o actual regime. A guerra civil representaria a sua proletarização forçada e a mudança de regime liderada pelo CNS implica um risco enorme criado pela sua própria indefinição politica e pelo peso da IM e dos estados do golfo na sua estrutura interna. No entanto esta é a camada que tem alimentado os levantamentos e que está por detrás de muitos dos comités locais que lideram a contestação. Por enquanto ainda têm receio dos sectores mais radicais da oposição, caso do Exercito Livre da Síria (ELS), mas sente que alguma coisa tem de ser feita e alterada na política síria.

Os estudantes lideram o processo de oposição, embora virem as costas ao CNS e encontrem-se mais receptivos às propostas vindas do exilio por parte do CNMD. São o motor dos comités locais e da CCL e contam com o apoio das camadas da média e da pequena burguesia que assumiram a ruptura com o regime. Têm, até agora, manifestado preferência pelos levantamentos pacíficos, embora estabeleçam contactos esporádicos com o ELS. Quanto aos militares e aos funcionários públicos, a sua grande maioria é uma base de apoio do actual governo, sem o qual não existiriam. No entanto é bom não esquecer que o ELS é formado por militares, de todas as patentes e armas das forças armadas, que abandonaram o regime e que se juntaram aos radicais islâmicos que são a base desta organização. No entanto estes números de dissidências são ainda incipientes e é pouco provável que, tirando os militares dissidentes, os restantes funcionários públicos, policia e funcionários da segurança venham a opor-se ao seu ganha-pão, embora existam aqui algumas brechas. O PCS (BP) – que faz parte do CNS – detém alguma influência (reduzida mas activa) em meios sindicais da função pública (embora o PCS (B) e o Baas detenham a principal influencia).

Os camponeses são tradicionalmente influenciados pela IM, que com eles trabalha em questões sociais como o apoio na saúde e o apoio na educação das crianças das zonas rurais. Este trabalho social que a IM desenvolveu através de diversas organizações sociais religiosas islâmicas, contornando a legislação, permitiu á IM desenvolver uma importante influencia politica em grandes comunidades rurais. No entanto nas zonas rurais o mosaico cultural sírio é muito mais acentuado que nas grandes áreas urbanas, mais cosmopolitas e onde os cruzamentos entre diversas proveniências originaram uma cultura cosmopolita que é um importante elemento da unidade nacional síria. Em algumas zonas rurais a IM não consegue influencias por motivos culturais, o que também acaba por dividir os camponeses quanto á sua actuaçäo na dinâmica social síria. Divididos entre o apoio á IM (logo ao CNS e simpatizando com o ELS) e o apoio incondicional ao regime, nas comunidades de raiz xiita, os camponeses serão uma força chamada a desempenhar um papel crucial na altura determinante.

Quanto ao proletariado urbano apoia, ainda, maioritariamente a FNP e o governo. Os sindicatos são dominados pelo Baas e pelo PCS (B), as duas forças principais da FNP. O PCS (BP) da oposição, tem algumas simpatias em determinados sectores do movimento sindical e dos trabalhadores, mas muito reduzida, até pela repressão a que este partido foi submetido. De qualquer forma têm aparecido aos poucos, entre o proletariado urbano, alguns sinais de mal-estar no seu relacionamento com o regime. Por enquanto ainda constituem a grande maioria da sua base de apoio, mas se a situação se mantiver por muito mais tempo e se o país cair na guerra civil aberta, é bastante provável que destes sectores surja uma terceira força determinante na luta anti-imperialista.

A ofensiva imperialista

OTAN e USA, assim como a Turquia e os estados do golfo, apostam na guerra civil caso não sejam capazes de provocar a queda do legítimo (por enquanto) governo sírio. Esta é uma região geoestratégica vital para os interesses ocidentais. Apesar das promessas, democracia é coisa que não passa pela cabeça do imperialismo, nesta fase. A Síria não é vítima de um interesse de mercado (poderá vir a ser numa fase posterior) mas sim obstáculo aos desígnios imperialistas na região.

Convém no entanto lembrar aos teóricos das conspirações inatas que a dinâmica social não se compadece com planos prévios (estes são sempre planos falhados se não forem acompanhados pelo desenvolvimento das forças de classe) A questão na Síria não é apenas a CIA e a OTAN, e os estados do golfo e os turcos e a IM e o Baas. A questão na Síria é a fase actual da luta de classes, pelo que a situação tem de ser analisada sob o ponto de vista das dinâmicas sociais internas e das dinâmicas geopolíticas, que não são mais que as dinâmicas sociais no campo imperialista.

As reivindicações de vastas camadas da população síria são legitimas, assim como o seu governo e assim como as acusações feitas ao regime. Nem todas as reivindicações põem em causa a legitimidade do governo ou do regime, mas o regime, na estreiteza de análise que carateriza as burguesias nacionais, principalmente as que devem a sua ascensão ao poder politico, ou seja, ao estado, considerou ilegítimas as aspirações populares. No plano interno Bashar depende da soberania popular nas ruas, não da burguesia nacional ou da camada fiel dos seus funcionários directos e indirectos. No dia que os trabalhadores saírem para as ruas acaba-se o regime.

Por outro lado e nestas circunstâncias, o envolvimento imperialista acaba por constituir um aliado precioso para o regime. O que impede a decisão final de apoiar as mudanças democráticas que toda a gente na Síria sente serem necessárias é exactamente a ameaça imperialista. É essa ameaça que permite ao regime ser legitimado pelas forças populares que sabem perfeitamente (através da recente experiencia da Líbia) quais os objectivos do ocidente e dos estados do golfo, para os quais a Síria é um meio, sendo indiferente se o país é destruído ou se fica entregue a um grupo de fantoches, que imponham um regime neocolonial, como aconteceu no Iraque, na Líbia e no Afeganistão.

Fontes
El Viejo Topo 292, Mayo 2012

Um ano após a independência, o Sudão do Sul é ainda um Estado frágil



Deutsche Welle

Quando o Sudão do Sul se tornou independente, a 9 de julho de 2011, o sonho tornou-se realidade para os sudaneses do sul. No processo de construção do Estado, as autoridades apostam na formação dos funcionários públicos.

Durante quase 50 anos, a região foi assolada por uma das mais sangrentas guerras civis em África. Não é surpreendente que, há um ano, nas ruas de Juba, se tenha dançado e festejado durante dias a independência do Sudão do Sul. Mas, decorrido um ano, o clima de festa esmoreceu.

O Sudão do Sul é um dos países mais pobres do mundo. Mesmo que, desde o acordo de paz, em janeiro de 2005, se tenham feito enormes progressos, o jovem país ainda carece de estradas, escolas ou hospitais. E a maioria dos cidadãos considera que os seus funcionários públicos pouco fazem. Muitos deles nunca aprenderam a construir um Estado, pois devido à guerra não houve, durante décadas, administração.

Para tornar o Sudão do Sul num Estado funcional, o governo está a apostar na formação dos seus funcionários. Por exemplo, na capital do país, Juba, funcionários públicos de administrações locais têm participado em cursos, de quatro meses, sobre administração pública.

Coleta Akusatro, uma das formandas, explicou à DW África que, nas formações, “já falámos sobre o financiamento, a estrutura do governo local e planeamento. Agora é a vez de Direito Administrativo”.

A área de especialização de Coleta Akusatro no governo local é a dos direitos das mulheres, que necessita urgentemente de uma gestão eficaz. Isto porque “quase três quartos das mulheres são analfabetas na minha região. Temos de introduzir um programa de educação de adultos para que se tornem independentes”, detalhou Coleta Akusatro.

O Sudão do Sul não tem apenas falta de programas de educação de adultos. Depois de 50 anos de guerra civil faltam também escolas, hospitais e estradas de asfalto entre as principais cidades. Para construir todas essas infra-estruturas é preciso uma administração eficaz.

Funcionários públicos têm baixas qualificações

O mais recente Estado do mundo tem, neste campo, sérias dificuldades, pois já a colonização britânica deixou grande parte do território entregue a chefes tribais do país. Durante a guerra civil, a administração pública existia apenas nas grandes cidades. Em 2005, com a chegada da paz, o país viu-se confrontado, do dia para a noite, com a necessidade de ter milhares de funcionários públicos.

Segundo a formadora Marion Hormann, da Agência Alemã de Cooperação Internacional, GIZ, em Juba, “há pessoas em posições para as quais não estão qualificadas. Detêm esses cargos porque são familiares ou amigos de alguém ou simplesmente lá estavam quando os funcionários eram necessários com urgência”.

A GIZ apoia o governo do Sudão do Sul na reforma da sua administração pública. De acordo com uma reportagem de um jornal local, metade dos funcionários públicos não concluíram sequer a escola primária. E, além disso, falta dinheiro para esta reforma. Por causa de um conflito fronteiriço, o vizinho Sudão fechou o oleoduto através do qual o Sudão Sul exportava petróleo. O orçamento do Estado é financiado até 98% pelo petróleo.

Coleta Akusatro ainda está optimista quanto ao fato de poder aplicar os conhecimentos do curso o mais rapidamente possível: “esperamos melhorar, de ano para ano, a experiência dos funcionários. Esperamos poder oferecer um serviço melhor aos nossos cidadãos, para que as pessoas tenham acesso mais fácil à educação, água, entre outras coisas”.

Muito trabalho será necessário para cumprir tal desejo.

Autores: Jareed Ferrie / Daniel Pelz / Helena Ferro de Gouveia - Edição: Glória Sousa / António Rocha

Líbios esperam que futura assembleia garanta democracia no país




Primeiras estimativas revelam que liberais da Aliança da Forças Nacionais estão à frente, no pleito. Apesar dos protestos, principalmente no leste da Líbia, comissão eleitoral considerou o dia tranquilo.

A coalizão liberal Aliança da Forças Nacionais registra vantagem na corrida eleitoral, segundo pesquisa boca de urna na Líbia. O grupo do ex-chefe do governo de transição Mahmud JIbril teria conseguido maioria na capital Trípoli, em Bengasi. A Irmandade Muçulmana estaria em segundo lugar.

O sábado (07/07) foi um dia de festa para os líbios, que foram às urnas pela primeira vez em 60 anos. Poucas horas após a abertura dos colégios eleitorais, longas filas foram se formando do lado de fora. Muitos eleitores faziam o sinal da vitória, enrolados em bandeiras da Líbia. Carros buzinavam nas ruas. Mulheres distribuíam doces, cantavam e se abraçavam, enquanto esperavam a hora de depositar seu voto.

Ao deixar sua impressão digital no papel, antes de votar, muitos se mostravam orgulhosos. "Não consigo descrever a emoção. Nós pagamos o preço, tivemos dois mártires na família", disse uma professora de 50 anos de idade, que pela primeira vez na vida participava de um pleito.

A alta representante da União Europeia para Assuntos de Política Externa, Catherine Ashton, elogiou as eleições. "Este é o começo de uma nova era democrática".

Apesar do registro de atos violentos em algumas partes da Líbia, o dia de votação foi considerado tranquilo. De acordo com a comissão eleitoral, o comparecimento às urnas foi de 60% dos quase 2,9 milhões de pessoas registradas para votar. A previsão é de que o resultado da votação seja anunciado a partir desta segunda-feira.

Grandes expectativas

Após a euforia com o dia histórico, os líbios mostram grandes expectativas com o caminho democrático que o país deverá seguir a partir de agora. "A eleição é apenas um passo, um passo de um longo caminho. Até agora só conseguimos as eleições. Ainda temos muito trabalho pela frente", avaliou o estudante de Medicina Meftah Lavel com os amigos, logo após a votação.

Para muitos jovens, o dia de ontem foi a materialização do triunfo que conseguiram com os protestos do ano passado. "Eu estava muito ansioso, esperando que tivéssemos feito algo de bom para que nosso país pudesse avançar na direção da democracia ou ter uma Constituição tradicional como em outros países árabes. Senão, tudo teria sido em vão", afirmou Vasef Salem Albradi, colega de Lavel.

Eles acreditam que agora o país precisa usar a grande chance de implantar um sistema político totalmente diferente, após mais de 40 anos do regime Kadafi. "Se os religiosos chegarem ao poder agora e reafirmarem as tradições e as tribos, não teremos mais um país democrático. Por isso, precisamos fazer algo para que não influenciem a Constituição. Se der certo, então teremos um êxito importante", disse Albradi. Para ele, a verdadeira revolução vai começar agora.

Protestos

No leste do país, mais abastado que outras regiões graças à exploração de petróleo, foram registrados atos de vandalismo e de violência durante o dia de votação. Nessa parte do país, onde existe um forte movimento separatista, ocorreram os primeiros protestos contra o então ditador Muammar Kadafi.

Segundo informações de um antigo comandante rebelde, na cidade de Adjdabiya manifestantes incendiaram 14 dos 19 colégios eleitorais. Atos semelhantes também foram registrados em Bengasi, Brega e Gadamis. Apesar dos protestos, a comissão eleitoral afirma que apenas 6% dos locais de votação foram fechados. Policiais e soldados reforçaram a segurança durante todo o dia.

Os adeptos do movimento de autonomia do leste reclamam de discriminação com relação ao populoso oeste. Eles reivindicam mais assentos no Parlamento. Para aumentar a pressão sobre o Conselho Nacional de Transição (CNT), que atualmente governa o país, eles chegaram a fechar três refinarias de petróleo na semana passada.

Assembleia

A população foi às urnas escolher os 200 representantes da Assembleia – 100 representantes de Trípoli e do oeste, 60 assentos de Bengasi e o leste e 40 do Sudoeste. Entre esses mandatos, 120 serão entregues a candidatos independentes e 80 aos que compuseram listas partidárias. Foram mais de 3.700 candidatos entre independentes e inscritos em lista, dos quais, 630 mulheres.

Os futuros parlamentares estão encarregados de montar uma comissão com 60 nomes, que será responsável por elaborar a nova Constituição líbia.

MSB/dw/dpa/afp/rtr/dapd - Revisão: Augusto Valente

MISÉRIA, REALIDADE TIMORENSE QUE TEM SIDO ESCAMOTEADA




Ana Loro Metan – Timor Lorosae Nação, em 28.12.10 - reposição

Nada melhor para se avaliar sobre o crescimento dos filhos como estarmos uns tempos sem os ver. O mesmo se aplica a um país, à capital desse país, aos bairros dessa capital, às pequenas povoações, às gentes conhecidas de estratos sociais carenciados na actualidade como o eram há dois ou três anos.

Timor Leste está repleto de população carenciada e isso não é o que aparece em reportagens da comunicação social timorense, muito menos na internacional. O governo diz que tudo vai bem, ou quase, faz a sua propaganda, e a principal agência noticiosa estrangeira permanentemente em Díli, a Lusa, alinha com o governo em atitude politicamente correta, cometendo a falta imperdoável de não exercer a sua função mostrando ao mundo e consequentemente aos timorenses com acesso à internet e a noticiários estrangeiros, sobre a realidade do país.

O governo AMP de Xanana Gusmão é uma fraude que tem numa oposição abstinente e quase ausente livre arbítrio para fazer a sua propaganda enganosa, mistificando a realidade do país. Compete à oposição, com mais ou menos deputados no Parlamento Nacional denunciar a realidade. Continua a haver fome em Timor Leste, continuamos a ver o interior do país sem água potável, sem energia eletrica, sem saneamento básico, com grandes problemas nas suas agriculturas familiares e domésticas. Os problemas de saúde são os mesmos de há anos e a subnutrição é numa escala que desafia a imaginação dos governantes que querem fazer-nos acreditar que tudo vai muito melhor e em vias de desenvolvimento. Mas que desenvolvimento podemos tomar em consideração se continuamos a ver timorenses carenciados como há dois ou três anos? A fraude Xanana Gusmão e o seu governo AMP deve ser desmascarada de uma vez por todas. Nem se compreende como a oposição se considera fiel representante dos eleitores que votaram nela se demonstra estar longe da realidade do país, por isso quase nada fazendo para pressionar o governo a pôr cobro às enormes carências do povo do interior.

Na capital já existe a pobreza envergonhada. Existem carenciados de alimentação e de outros consumíveis, de habitação condigna, de emprego (mas isso já sabemos desde sempre) que se calam e fazem todos os possíveis por aparentarem melhor vida. Para isso recorrem à prostituição e a outras práticas marginais em que saciam temporariamente algumas das suas necessidades. Em Díli e em Baucau, pelo menos, há crianças e jovens a prostituírem-se. Adultos, nacionais e estrangeiros, são seus “clientes”. São eles e elas, através da prostituição, que se esforçam por alimentar as famílias. Os timorenses quase nada mais comem que arroz. Peixe, carne e leite é coisa que as crianças quase não conhecem. O leite é quase inexistente em Timor Leste nos hábitos de alimentação.

A miséria na capital ou no resto do país não se resolve com uns parcos subsídios oferecidos pelo governo AMP mas sim enfrentando o problema de raiz, com interesse, honestidade, solidariedade e abnegação, em vez olharem constantemente para os seus umbigos e tomarem medidas avulso que acabam por iludir as populações e mitigar-lhes a subnutrição e o subdesenvolvimento mas não mais que isso. É tempo de exigir aos que estão de posse dos poderes que cumpram as suas funções, as suas promessas. De miséria já basta!

Em poucos dias em Timor Leste, desde que se contactem as populações, sem sofismas ou baias político partidárias, temos oportunidade de constatar a realidade do nosso povo e ver o seu medo de falar, o seu encolher de ombros parceiro do descrédito e da desesperança. Afinal, o que é que Gusmão tem andado a fazer a este povo e a este país? O que é que faz calar a oposição neste caos em que a população vive? Por que só surgem casos pontuais de denuncias às más atuações dos diversos ministérios quando o que acontece na realidade é grave e alarmante? As próprias ONGs, a quem cabe muito mérito em denúncias e ajudas efetivas, talvez se devam aliar sem pruridos, cruzando dados e informações, assim como suas acções no terreno, para mostrar ao mundo e aos timorenses que parecem viver noutro país que há irmãos nossos, timorenses, no nosso país, a sobreviverem em condições deploráveis.

Há uma realidade timorense que tem sido sabiamente escamoteada: a miséria. Por isso se deve perguntar insistentemente para onde têm ido os milhões de dólares, alegadamente empregues no bem-estar e desenvolvimento do povo e do país? Para pôr cobro à miséria não tem sido. Nem por sombras.


TIMOR-LESTE/ELEIÇÕES LEGISLATIVAS – COMPACTO DE NOTÍCIAS



Com Agência Lusa

CNRT pensa forma de coligação que quer fazer

08 de Julho de 2012, 13:21

Díli, 08 jul (Lusa) - O secretário-geral do Conselho Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), Dionísio Babo, partido que venceu sem maioria as legislativas de sábado em Timor-leste disse hoje à agência Lusa que poderá haver uma coligação governamental, sem precisar pormenores.

Contactado pela Lusa por telefone, Dionísio Babo afirmou que o partido pretendia uma maioria absoluta, mas que aceita a decisão dos eleitores timorenses.

Questionado sobre se o partido vai fazer uma coligação governamental, Dionísio Babo respondeu: "Acho que sim. Estamos a pensar juntos qual é a forma de coligação que queremos fazer".

"Tem de haver um encontro a nível do partido e depois anunciamos publicamente", acrescentou.

O CNRT venceu sem maioria as legislativas de sábado com 38,66 por cento dos votos (172,831), conseguindo obter 30 dos 65 lugares no parlamento timorense.

A Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) conseguiu 25 lugares do parlamento, enquanto o Partido Democrático obteve oito cadeiras e a Frente Mudança duas.

Nas legislativas de 2007, o CNRT ficou em segundo lugar no escrutínio, ganho pela Fretilin também sem maioria, com 18 deputados.

O partido do atual primeiro-ministro, Xanana Gusmão, acabaria por formar governo na sequência de uma coligação pós eleitoral com mais quatro partidos com assento parlamentar.

MSE - Lusa

Fretilin pronta para formar governo com quem quer que seja - Mari Alkatiri

08 de Julho de 2012, 20:43

Díli, 08 jul (Lusa) - O secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), Mari Alkatiri, disse hoje à agência Lusa que ninguém vai conseguir formar governo sozinho e que o seu partido está pronto para se coligar com quem quer que seja.

Mari Alkatiri falava a agência Lusa na sequência da divulgação dos resultados das eleições legislativas de sábado no país, ganhas sem maioria pelo Conselho Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), do atual primeiro-ministro, Xanana Gusmão.

"Ninguém vai conseguir formar o governo sozinho. A Fretilin está pronta para formar governo com quem quer que seja desde que haja acordo programático para tirar o país do marasmo", afirmou à Lusa Mari Alkatiri.

Em relação aos resultados eleitorais obtidos pelo seu partido, que obteve 28,87 por cento (172.831 votos) e conseguiu 25 assentos parlamentares, Mari Alkatiri disse que a Fretilin ainda é uma força incontornável.

"A Fretilin aumentou e todos os outros partidos desapareceram do mapa político", disse, salientando que o partido é uma instituição e que não depende de figuras.

As eleições legislativas de 2007 foram ganhas pela Fretilin sem maioria, mas um acordo pós-eleitoral entre o CNRT e outros partidos com assento parlamentar acabaria por remeter aquela força para a oposição.

Em 2007, a Fretilin conseguiu eleger para o parlamento 21 deputados.

O CNRT venceu sem maioria absoluta as eleições legislativas de sábado, segundo os resultados provisórios do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) depois de contados os votos nos 13 distritos do país.

O CNRT obteve 172.831 votos (36,66 por cento) e terá 30 deputados no parlamento.

Os outros dois partidos que conseguiram chegar ao parlamento timorense foram o Partido Democrático, com oito cadeiras, e a Frente Mudança, que se estreia no hemiciclo com dois deputados.

MSE - Lusa

Líder do PD esperava mais votos, partido mantem oito lugares no parlamento

08 de Julho de 2012, 12:21

Díli, 08 jul (Lusa) - O presidente do Partido Democrático (PD) de Timor-Leste, Fernando La Sama de Araújo, disse hoje à agência Lusa que esperava um maior número de votos nas legislativas de sábado no país.

"Estamos contentes com os resultados, mas esperava mais. Temos de aceitar", afirmou o também presidente do parlamento nacional.

Segundo Fernando La Sama de Araújo, o partido atravessou uma grande batalha, porque estava a competir com um partido e um líder históricos, referindo-se à Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e a Xanana Gusmão, atual primeiro-ministro e líder do Conselho Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), vencedor das eleições de sábado.

"Conseguimos manter as oito cadeiras" no parlamento, disse Fernando La Sama de Araújo.

Nas legislativas de 2007, o PD conseguiu 11,30 por cento dos votos e conseguiu eleger oito deputados, acabando por integrar o governo de Aliança de Maioria Parlamentar, liderado pelo primeiro-ministro Xanana Gusmão.

Nas eleições de sábado, o PD obteve 10,31 por cento dos votos.

O CNRT, do atual primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, venceu sem maioria absoluta as eleições legislativas de sábado, segundo os resultados provisórios do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) depois de contados os votos nos 13 distritos do país.

Segundo o STAE, o CNRT obteve 172.831 votos (36,66 por cento) e terá 30 deputados no parlamento.

A Fretilin, do antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri, obteve 147.786 votos (28,87 por cento) e ficou em segundo lugar com 25 deputados.

Em terceiro, segundo os resultados provisórios do STAE, ficou o PD, do atual presidente do parlamento Fernando La Sama de Araújo, com 48.581 votos (10,39 por cento) e 10 deputados e na quarta posição a Frente Mudança com 14.648 votos (3,11 por cento) com dois deputados.

MSE - Lusa

Saída do parlamento é lição para "golpistas do partido" - vice-presidente do PSD

08 de Julho de 2012, 12:04

Díli, 08 jul (Lusa) - O vice-presidente do Partido Social Democrata (PSD) de Timor-Leste, Mário Carrascalão, disse hoje à agência Lusa que a saída do partido do parlamento, na sequência das legislativas de sábado, é uma lição para os "golpistas do partido".

"É uma lição para os golpistas do partido que procuravam os lugares elegíveis a qualquer custo. Estas lições devem ser aprendidas", afirmou Mário Carrascalão.

Segundo Mário Carrascalão, no futuro vai ser preciso reconstruir o PSD, convocar um congresso, ver os erros cometidos e corrigi-los para 2017, ano em que se realizam novas legislativas.

Nas eleições de sábado, o PSD obteve 2,15 por cento dos votos, não conseguindo eleger deputados para o parlamento nacional.

Nas legislativas de 2007, o ASDT em coligação com o Partido Social Democrata conseguiu eleger para o parlamento nacional 11 deputados, com 15,73 por cento dos votos.

A coligação acabaria por integrar o governo de Aliança de Maioria Parlamentar, liderado por Xanana Gusmão, após as eleições de 2007, tendo o PSD assumido as pastas dos Negócios Estrangeiros, Economia e Justiça.

O CNRT, do atual primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, venceu sem maioria absoluta as eleições legislativas de sábado, segundo os resultados provisórios do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) depois de contados os votos nos 13 distritos do país.

Segundo o STAE, o CNRT obteve 172.831 votos (36,66 por cento) e terá 30 deputados no parlamento.

A Fretilin, do antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri, obteve 147.786 votos (28,87 por cento) e ficou em segundo lugar com 25 deputados.

Em terceiro, segundo os resultados provisórios do STAE, ficou o PD, do atual presidente do parlamento Fernando La Sama de Araújo, com 48.581 votos (10,39 por cento) e 10 deputados e na quarta posição a Frente Mudança com 14.648 votos (3,11 por cento) com dois deputados.

MSE - Lusa

ASDT sai do parlamento com "números tristes e de agonia"

08 de Julho de 2012, 11:20

Díli, 08 jul (Lusa) - O líder da Associação Democrata Social Timorense (ASDT), João Correia, disse hoje à agência Lusa que os resultados das legislativas de sábado revelam "números tristes e de agonia" para o seu partido.

"São números tristes e de agonia", disse João Correia, salientando que o partido não teve recursos financeiros para fazer a campanha eleitoral e mobilizar pessoas.

O ASDT, do falecido Xavier do Amaral, primeiro Presidente de Timor-Leste, obteve 1,80 por cento dos votos nas eleições legislativas de sábado, perdendo a sua representação parlamentar.

Nas legislativas de 2007, o ASDT em coligação com o Partido Social Democrata conseguiu eleger para o parlamento nacional 11 deputados, com 15,73 por cento dos votos.

A coligação acabaria por integrar o governo de Aliança de Maioria Parlamentar, liderado por Xanana Gusmão, após as eleições de 2007.

O CNRT, do atual primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, venceu sem maioria absoluta as eleições legislativas de sábado, segundo os resultados provisórios do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) depois de contados os votos nos 13 distritos do país.

Segundo o STAE, o CNRT obteve 172.831 votos (36,66 por cento) e terá 30 deputados no parlamento.

A Fretilin, do antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri, obteve 147.786 votos (28,87 por cento) e ficou em segundo lugar com 25 deputados.

Em terceiro, de acordo com os resultados provisórios do STAE, ficou o PD, do atual presidente do parlamento Fernando La Sama de Araújo, com 48.581 votos (10,39 por cento) e 10 deputados e na quarta posição a Frente Mudança com 14.648 votos (3,11 por cento) com dois deputados.

MSE - Lusa

Coligação AD perde lugares no parlamento porque se candidataram muitos partidos - Manuel Tilman

08 de Julho de 2012, 10:40

Díli, 08 jul (Lusa) - O líder do partido União dos Filhos Heroicos da Montanha (KOTA) de Timor-Leste, Manuel Tilman, justificou hoje a sua derrota eleitoral nas legislativas de sábado no país com a existência de muitos partidos.

"São muitos partidos e é a democracia", disse à agência Lusa Manuel Tilman.

Candidataram-se às legislativas de sábado 21 partidos e coligações.

A coligação Aliança Democrática, entre o KOTA e o Partido Trabalhista, conseguiu apenas 0,56 por cento dos votos (2.622 votos) nas eleições legislativas de sábado, perdendo os dois lugares que tinha no parlamento nacional timorense.

Nas eleições legislativas de 2007, a coligação AD teve 3,20 por cento dos votos.

"O país está de parabéns, conseguimos chegar ao fim do ciclo eleitoral sem incidentes", disse Manuel Tilman, antigo deputado em Portugal.

O CNRT, do atual primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, venceu hoje sem maioria absoluta as eleições legislativas de sábado, segundo os resultados provisórios do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) depois de contados os votos nos 13 distritos do país.

Segundo o STAE, o CNRT obteve 172.831 votos (36,66 por cento) e terá 30 deputados no parlamento.

A Fretilin, do antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri, obteve 147.786 votos (28,87 por cento) e ficou em segundo lugar com 25 deputados.

Em terceiro, segundo os resultados provisórios do STAE, ficou o PD, do atual presidente do parlamento Fernando La Sama de Araújo, com 48.581 votos (10,39 por cento) e 10 deputados e na quarta posição a Frente Mudança com 14.648 votos (3,11 por cento) com dois deputados.

MSE - Lusa

Governo português agradado com transparência e pluralismo das eleições -- Paulo Portas

08 de Julho de 2012, 19:00

Macau, China, 08 jul (Lusa) - O Governo português disse hoje, através do ministro Paulo Portas, registar com "muito agrado a forma transparente, pluralista, ponderada" como decorreram as eleições legislativas em Timor-Leste.

Falando em Macau no final da visita de uma semana que fez à República Popular da China, Paulo Portas destacou também ter havido o "devido debate de ideias" no processo eleitoral que decorrereu de forma "inteiramente pacífica" tal como já tinha acontecido com as eleições presidenciais.

"Isso quer dizer que 10 anos depois da independência, Timor-Leste fez um caminho extraordinário, de maturidade das suas instituições, de coesão política apesar das diferenças, de respeito pelas instituições", salientou o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.

Paulo Portas acrescentou ainda ser importante sublinhar que "Timor-Leste é um exemplo também no quadro da CPLP de respeito pelo voto popular, de respeito pelas instituições, de respeito pela legalidade e está a fazer um caminho quer em termos políticos quer em termos económicos que justifica amplamente a enorme e corajosa luta pela independência que os timorenses tiveram".

JCS - Lusa

CPLP considera legislativas livres, justas e transparentes

08 de Julho de 2012, 23:08

Díli, 08 jul (Lusa) - A missão de observação eleitoral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) considerou hoje, numa declaração aos jornalistas, que as eleições legislativas realizadas no sábado em Timor-Leste foram credíveis, livres, justas e transparentes.

"A missão de observação eleitoral da CPLP declara o ato eleitoral de 07 de julho de 2012 credível, justo, livre e transparente, o que constitui um motivo de satisfação e reforça a credibilidade e coesão da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa", afirmou o chefe da missão, o brasileiro Carlos Alves Moura.

Carlos Alves Moura, antigo representante da CPLP na Guiné-Bissau, saudou também o povo timorense pela "forma cívica como participou no ato eleitoral, numa demonstração inequívoca de cidadania e maturidade democrática, que reforça os valores da democracia e do Estado de Direito em Timor-Leste".

Na declaração preliminar da missão de observação, Carlos Alves Moura destacou também o "profissionalismo demonstrado pela Polícia Nacional de Timor-Leste na criação de condições de segurança".

A missão da CPLP observou o ato eleitoral nos distritos de Baucau, Díli, Ermera, Lautém, Liquiça e Viqueque.

O CNRT, do atual primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, venceu sem maioria absoluta as eleições legislativas de sábado, segundo os resultados provisórios do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) depois de contados os votos nos 13 distritos do país.

Segundo o STAE, o CNRT obteve 172.831 votos (36,66 por cento) e terá 30 deputados no parlamento.

A Fretilin, do antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri, obteve 147.786 votos (28,87 por cento) e ficou em segundo lugar com 25 deputados.

Em terceiro, segundo os resultados provisórios do STAE, ficou o PD, do atual presidente do parlamento Fernando La Sama de Araújo, com 48.581 votos (10,39 por cento) e 10 deputados e na quarta posição a Frente Mudança com 14.648 votos (3,11 por cento) com dois deputados.

MSE - Lusa

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