sábado, 18 de fevereiro de 2012

Anistia Internacional pede libertação imediata de palestino em greve de fome há 63 dias




Thassio Borges – Opera Mundi, com foto efe

Milhares de pessoas saíram às ruas em Gaza pedindo pela libertação de Adnan

A Anistia Internacional entrou na campanha para pedir a libertação do palestino Jader Adnan, de 33 anos, que há 63 dias faz greve de fome por ter sido preso em Israel. Atualmente em um hospital da cidade de Safet, por conta de sua crítica situação, Adnan está em uma condição chamada “detenção administrativa”, que permite que Israel o mantenha preso por tempo indeterminado e sem acusação formal legal.

O site oficial da Anistia Internacional divulga uma nota a respeito do caso e abre um espaço para que sejam enviadas mensagens a Israel pedindo pelo fim do uso da detenção administrativa.

Ainda segundo a Anistia, o advogado de Adnan já entrou com um pedido de apelação, mas Israel negou a solicitação. O palestino foi preso no último dia 17 de dezembro na casa onde morava em Arrabeh.

No dia seguinte, Adnan iniciou sua greve de fome para protestar contra “a humilhação e política de detenção administrativa” impostas por Israel. Segundo seu advogado, o palestino perdeu cerca de 40 kg no período e atualmente está preso a uma cama de hospital devido à sua crítica situação.

Os médicos já alertaram que caso continue com a greve, Adnan poderá sofrer um ataque cardíaco ou uma falência múltipla de órgãos. A ONG Human Rights Watch também alertou as autoridades israelenses a respeito das péssimas condições em que o palestino se encontra. A resposta de Israel, no entanto, foi fria e desanimadora.

"Khader Adnan foi preso com um mandado de prisão administrativa por atividades que ameaçam a segurança regional. Este mandado foi autorizado por uma ordem judicial”, declarou o Exército israelense à emissora Al Jazeera, por meio de um comunicado oficial.

Israel alega que Adnan deve cumprir a pena de quatro meses a qual foi submetido. Dessa forma, o israelense poderia ser liberado, sem ter sido julgado por crime nenhum, no próximo dia 8 de maio. Apesar disso, sua pena pode ser estendida por tempo indeterminado.

Hoje, Adnan recebe apenas algumas vitaminas vitais por via intravenosa, mas recusa-se a ingerir qualquer tipo de alimento.

Apoio nas ruas

Chamado por alguns de “Gandhi palestino”, em referência ao líder indiano, Adnan ganhou o apoio dos palestinos e sua prisão motivou protestos nos últimos dias. Em Gaza, pelo menos 5 mil pessoas foram às ruas nesta sexta-feira (17) com bandeiras da Jihad, do Hamas e do Fatah, pedindo juntos pela libertação do palestino.

Os manifestantes afirmam que protestos deste tipo – como o de Adnan – nunca persistem por tanto tempo entre os palestinos. Até mesmo por isso, segundo eles, é necessário apoiar a libertação do palestino.

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COMO BRUXELAS ESTÁ A DESTRUIR A GRÉCIA




Afundada numa violenta depressão, a Grécia está a ser exaurida por uma UE "incompetente" e pelo seu "insensível" comissário para os Assuntos Económicos e Monetários, Olli Rehn, acusa Peter Oborne, num veemente comentário de página inteira.

Durante toda a minha vida adulta, o “establishment” britânico tendeu a encarar a União Europeia como relativamente incompetente e corrupta, mas seguramente benigna e, de uma maneira geral, uma força do bem num mundo conturbado. Esta atitude está a tornar-se cada vez mais difícil de sustentar, à medida que a parceria de nações começa de repente a revelar-se efetivamente muito negativa: um opressor brutal que despreza a democracia, a identidade nacional e as condições de vida das pessoas comuns.

O ponto de viragem pode ter-se dado esta semana, com a mais recente intervenção de Bruxelas: os burocratas ameaçam levar à falência um país inteiro, a menos que os partidos da oposição prometam apoiar o plano de austeridade promovido pela UE.

Vamos colocar o problema grego em perspetiva. A Grande Depressão da Grã-Bretanha, nos anos 1930, tornou-se parte da nossa mitologia nacional. Foi a época das sopas dos pobres e do desemprego em massa, imortalizados nos maravilhosos romances de George Orwell. No entanto, a queda da produção nacional, durante a Grande Depressão, nunca ultrapassou os 10%. Na Grécia, o produto interno bruto já está cerca de 13% abaixo do de 2008 e, de acordo com os especialistas, é provável que caia mais 7% até ao final deste ano. Por outras palavras, no próximo Natal, a depressão da Grécia terá o dobro da gravidade da horrorosa catástrofe económica que atingiu a Grã-Bretanha há 80 anos.

Porém, todas as manifestações sugerem que a elite europeia se está nas tintas. No início desta semana, Olli Rehn, o principal economista da UE, alertou para as "consequências devastadoras" do incumprimento da Grécia. O contexto dos seus comentários sugere, contudo, que ele não estava tanto a pensar nas consequências devastadoras que resultariam para os próprios gregos, mas para o resto da Europa. Embora a euro-elite não pareça importar-se, a vida na Grécia, berço da civilização europeia, tornou-se insuportável.

Suicídios aumentaram e homicídios duplicaram

Cerca de 100 mil empresas foram desmanteladas e muitas mais estão a entrar em colapso. Os suicídios aumentaram acentuadamente, os homicídios duplicaram, com dezenas de milhares de novos sem-abrigo. A vida nas áreas rurais, que estão a regressar à troca direta, ainda é suportável. Nas cidades, é muito dura e para algumas minorias – a começar pelos albaneses, que não têm direitos e há muito fazem os trabalhos que os gregos não querem – é aterradora.

Não são apenas as famílias que estão a passar mal – as instituições gregas estão a ser completamente despedaçadas. Ao contrário da Grã-Bretanha em plena devastação económica dos anos trinta, a Grécia não se pode reportar a séculos de relativa estabilidade da democracia parlamentar. Ainda há apenas uma geração que o país saiu de uma ditadura militar. E, com zonas do país agora sem lei, forças sinistras estão novamente em ascensão. Só no passado outono, os partidos extremistas recolheram cerca de 30% dos votos populares.

Hoje, os extremistas de esquerda e de direita estão com 50% e a subir. Deve ser dito que este desencanto com a democracia tem sido atiçado pela interferência da própria União Europeia e em particular pela sua imposição de Lucas Papademos como primeiro-ministro fantoche.

No ano passado, fui duramente criticado e inclusivamente retirado do painel de comentadores do programa “Newsnight” da BBC por um produtor muito sensível, por ter chamado a Amadeu Altafaj-Tardio, porta-voz da União Europeia, "esse idiota de Bruxelas". Diversos intermediários bem-intencionados têm vindo, desde então, a procurar-me para garantir que Altafaj-Tardio é um homem inteligente e até mesmo encantador. Não tenho nenhum motivo de peso para duvidar disso, e há que ter em conta que ele é simplesmente o amplificador e mercenário de Olli Rehn, o comissário para os Assuntos Económicos e Monetários.

Desumanidade dos membros da União Europeia

Mas olhando para trás, é evidente que os meus comentários foram demasiado generosos, e gostava de me explicar mais em detalhe e com mais veemência. A idiotice é, naturalmente, uma parte importante do problema de Bruxelas, explicando muitos dos erros de avaliação e das competências básicas ao longo dos últimos anos. Mas o que é, de longe, mais impressionante é a insensibilidade e absoluta desumanidade de membros da comissão da União Europeia como Olli Rehn, uma vez que presidem a um regime – de Bruxelas – que está em vias de destruir o que já foi um país orgulhoso, famoso e razoavelmente funcional.

Tenho idade suficiente para recordar a sua retórica, quando Margaret Thatcher dirigia a Grã-Bretanha através de políticas monetaristas, em resposta à recessão dos anos oitenta. A primeira-ministra britânica foi acusada de falta de qualquer resquício de compaixão ou de humanidade. No entanto, a perda de rendimento económico durante a recessão de 1979-82 não chegou aos 6%, menos de um terço do nível da depressão agora sofrida pelos desgraçados gregos. O desemprego chegou a 10,8%, pouco mais de metade do ponto em que se encontra hoje a Grécia.

A realidade é que Margaret Thatcher era uma figura infinitamente mais clemente e pragmática do que o chefe de Amadeu Altafaj-Tardio, Olli Rehn, e os seus tenebrosos parceiros. Ela nunca teria destruído uma nação inteira por conta de um dogma económico.

Já não pode ser moralmente aceitável que a Grã-Bretanha apoie a moeda única europeia, uma experiência catastrófica que está a infligir uma devastação humana em tal escala. Deixando de lado todas as demais considerações, por simples razões humanitárias, deve David Cameron pressionar uma rutura com Bruxelas e sair, ainda que tardiamente, em auxílio da Grécia.

Nota Página Global
O autor não se terá enganado? O título não deveria ser “Como a Alemanha está a destruir a Europa”?

Grécia - Suicidios: "SÓ TENHO CINCO EUROS E ESTOU A ENTRAR EM PÂNICO"



Elli Ismailidou - Presseurop

Endividados, preocupados, deprimidos, muitos gregos buscam apoio nos centros de ajuda Ekpizo. Reportagem em Atenas, durante uma sessão de terapia de grupo.

De rosto tenso, os participantes na sessão trocam algumas saudações contidas, antes de se encostarem às paredes. Como se tivessem medo de se sentar nas cadeiras dispostas em círculo, para uma erapia de grupo. Parecem ter dificuldade em aceitar que, atolados de dívidas, estão completamente desesperados.

Quando a interlocutora entra na sala, o clima glacial distende-se um pouco. São 18 horas, em plena Atenas, no Ekpizo, o centro de ajuda grego para sobreendividados, que lida com aqueles que já não conseguem ver saída para a sua situação. "Há mais de um ano e meio que ouço as mesmas palavras",testemunha Lila Linardatou, trabalhadora no Ekipzo.

Quatro já se suicidaram

Advogada, tenta dar conselhos aos que pretendem negociar uma extensão de empréstimo com os bancos. "O nosso objetivo é evitar o pior", diz. Já mais de seis mil pessoas se dirigiram ao Ekipzo, onde advogados, psiquiatras e psicólogos – todos voluntários – tentam tranquilizar aqueles que, sob o peso da crise, começam a ir-se abaixo.

Os minutos passam e os presentes descontraem-se um pouco. Entre todos, fica-se com um mosaico de experiências que ilustram as muitas e variadas formas que pode manifestar o sobreendividamento. Consumidores que utilizam cartões de crédito para tapar outros, chefes de família que se endividaram "até ao pescoço" com problemas de saúde e que nunca mais conseguiram levantar a cabeça, pessoas que vivem num impasse, a aguardar um desfecho que nunca mais chega.

"A situação está insustentável. As empresas de crédito telefonam-me às dez vezes por dia com ameaças", conta Konstantinos Venerdos, que teve de se aposentar recentemente por motivos de saúde. "Pedi para chegarmos a um acordo amigável, mas os bancos ignoram-me. Tenho apenas 5 euros no bolso até acabar o mês e estou a entrar em pânico. Penso cada vez mais em suicídio, para acabar com isto. Mas também penso no meu filho. O que vai ser dele, se eu desistir?".

O medo da rua

Outros passaram aos atos. "Nos últimos meses, quatro membros do grupo suicidaram-se e dezenas de outros só se aguentam com medicação. Temos de fazer qualquer coisa para evitar mais vítimas", preocupa-se Mikela Christodoulou, outra voluntária do Ekipzo.

Submetidos a um stresse insustentável, os que se dirigem ao Ekipzo trazem também problemas de saúde bem reais, frequentemente resultantes do seu sofrimento psicológico, como é o caso de problemas cardíacos e de estômago, entre outros. "Acabam de me diagnosticar uma úlcera”, relata Dimitri. “Nunca devi uma dracma a ninguém, em toda a minha vida. Hoje, não consigo pagar o empréstimo", declara um ex-corretor que não quer dizer o apelido. Em plena crise económica, teve que fechar a loja de que vivia, no ano passado.

A sessão de psicoterapia não procura culpados, mas há que detetar responsabilidades: "Reconheço que entrei numa espiral sem fim. Utilizava um cartão de crédito para cobrir o outro”, confessa Mario, funcionário público. “Com todas as solicitações atraentes dos bancos, acabei por ter 20 cartões diferentes. Mas o meu salário foi reduzido várias vezes e agora estou com medo de ir parar à rua."

O GATO QUE “SABIA” LER MANUEL ANTÓNIO PINA… ADORMECEU



Redação PG

Hoje, 18 de Fevereiro, o jornal i, publica uma interessante entrevista assinada por Nuno Ramos de Almeida com Manuel António Pina, autor que frequentemente trazemos ao Página Global em compilação de artigos de opinião do Jornal de Notícias.

O título no i online é bombástico, não podemos deixar de o reproduzir aqui em baixo. Isso e um excerto da entrevista onde Manuel António Pina refere episódios com José Sócrates e outros. Também revela que cumpriu o serviço militar com Alberto João Jardim - que já nesse tempo era um… Chico Esperto – dizemos nós. Veja o excerto somente como aperitivo e depois vá ao i online aproveitando a ligação direta que postamos no final. Bom apetite e maravilhe-se.

Manuel António Pina:
“A vontade que tenho era pôr um cinturão de bombas e rebentar com essa malta toda”

Excerto da entrevista:

i - Mas o Graça Moura é um bom poeta.

MAP - Tenho dito isso. Costumo dizer-lhe que só por causa dos poemas dele perdoo-lhe tudo, até ser a favor da pena de morte. A propósito da sua pergunta inicial sobre os políticos, o Jardim sempre que cá vinha telefonava-me e queria almoçar comigo. Eu fiz a tropa com ele, sabe? Até dormíamos no mesmo beliche. A minha mãe costumava dizer que é na guerra e no jogo que se conhecem os homens…

i - E tem boa impressão dele?

MAP - Até fico ofendido com essa pergunta [risos]. Tenho a pior possível. Vou-lhe contar um episódio que revela o comportamento daquele tipo, é o comportamento dos cobardes. Na guerra estávamos na Acção Psicológica. Éramos dez tipos e eram quase todos do piorio, só havia três tipos que não eram fachos. Nós dez contestámos uma prova física que contava para a classificação e combinámos chegar todos ao mesmo tempo. Então fizemos a corrida em passo de cruzeiro, e 100 metros antes da meta o Jardim arranca a grande velocidade e rompe o acordo, o filho da puta, para ver se ganhava uns pontos extra. O azar dele é que arrancou a 100 metros e nós éramos todos mais ágeis que ele, está a ver a figura dele?, e ultrapassámo-lo todos e ele ficou em último lugar. Mas aquilo foi um acto de traição em relação a uma coisa que tínhamos acordado todos. Mas apesar de já lhe ter chamado Bokassa ele nunca me pôs um processo e sempre que vinha cá telefonava-me para almoçar comigo. Os políticos tratam-me sempre bem. São umas putas velhas.


DE BORRASCA EM BORRASCA ATÉ À BORRASCA FINAL



Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

«A “borrasca no horizonte” prenunciada por Manuel Pinto neste blogue, há apenas dois dias, parece ter infelizmente confirmação: a administração do Grupo Controlinveste (proprietário, entre outros meios, do Jornal de Notícias (JN), do Diário de Notícias (DN) de O Jogo, do 24 Horas, do Global Notícias, da TSF…) anunciou esta tarde, em comunicado, a sua intenção de proceder ao despedimento colectivo de 122 trabalhadores, entre jornalistas e outros funcionários.

A justificação baseia-se na “evolução acentuadamente negativa do mercado dos media” (particularmente “na área da imprensa“) e na “profunda quebra de receitas do sector“. O documento acrescenta ainda que “além desta medida, tão difícil, outras foram e serão tomadas“, tendo como objectivo “garantir a sustentabilidade” das empresas do grupo “e a perenidade dos seus principais títulos“.

O Sindicato dos Jornalistas manifestou já a sua preocupação pela situação, tendo estado reunido esta manhã com a administração do grupo e prometendo um comunicado para a tarde de hoje.

De acordo com uma notícia na secção de Última Hora do Público, que cita a Agência Lusa, “cerca de metade” dos 122 funcionários a despedir serão jornalistas, afectando em especial o JN e o DN (com cerca de 25 ‘dispensas’ cada um). Ainda segundo o Público , no desportivo O Jogo deverá haver 15 despedimentos, enquanto o 24 Horas deverá encerrar a sua delegação no Porto, onde presentemente trabalham 10 pessoas.

Há, de facto, muita “borrasca” no sector dos media. E já não é apenas no horizonte previsível: ela aí está, muito concreta, a precipitar-se dramaticamente em cima das nossas cabeças…»


* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: FOI HÁ TRÊS ANOS QUE TUDO (APENAS) COMEÇOU

FOI HÁ TRÊS ANOS QUE TUDO (APENAS) COMEÇOU




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*




ONDE ESTAVAM E O QUE FIZERAM NESSA ALTURA?


* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: SACERDOTE DE MASSAMÁ QUER SER PAPA

40 DIAS EM TIMOR-LESTE - livro de Aires Gameiro



Bertrand Livreiros

Uma interpretação, observações, perceções e análise de lusofonia emergente

Um livro de busca de identidade para Timor. No livro as encruzilhadas da história e do presente sucedem-se. Poderes, culturas, expressões religiosas, ambientes geográficos de dezenas de países de perto e de longe, vão como que passando na passerelle das suas páginas com as suas propostas de identidade.

Timor, ora impávido, ora sofredor, deixa passar as ofertas, recusa-as, luta para o deixarem em paz, surpreende sempre. O estilo do livro segue uma linha dialogal interrogativa para intervenientes e leitores. Volta sempre a questão: porque recusar isto e optar pelo inesperado? O livro dá um percurso histórico e um relance de cenas do presente (2008) em fundo de vestígios de dezenas de anos de violência e destruição. Apresenta cenas de antropologia de doenças e camadas de animismo como janelinha por onde se espreitar para a sua alma.

O leitor é convidado a contemplar e a palpitar uma identidade para Timor; e a observar mil iniciativas "faça você mesmo", a fixar-se em expressões de lusofonia, a reparar em marcas de fé e religiosidade cristã. Tudo é lido como indício de um sentido, de uma identidade que tarda em chegar. Se não conhece nada de Timor leia o livro e gostará da experiência; se já conhece bastante de Timor pode ter uma surpresa.

40 Dias em Timor-Leste de Aires Gameiro

Timor-Leste: Funeral de João Carrascalão realiza-se segunda-feira em Liquiçá



MSE (SBR) - Lusa

Díli, 18 fev (Lusa) - O funeral do histórico dirigente timorense João Carrascalão, que morreu sexta-feira aos 65 anos, em Díli, realiza-se segunda-feira em Liquiçá, disse hoje à agência Lusa fonte familiar.

"O funeral é segunda-feira em Liquiçá com missa pública", afirmou a mesa fonte, acrescentando que depois João Carrascalão será sepultado na propriedade da família.

Líder histórico da União Democrática Timorense (UDT), João Carrascalão era atualmente o embaixador de Timor-Leste em Seul (Coreia do Sul), cargo que exercia desde 2009.

João Viegas Carrascalão fundou e dirigiu a UDT - primeiro partido a ser criado em Timor-Leste após 1974 e o fim do domínio colonial português - durante muitos anos. Era desde 1993 o presidente do Conselho Superior Político, órgão responsável pela direção política do partido, pela execução da estratégia traçada pelo Congresso e pela fiscalização política das atividades de todos os órgãos da UDT.

Foi candidato às eleições presidenciais de 2007, mas ficou-se pelos 1,72 por cento dos votos, em último lugar, tendo apoiado José Ramos-Horta na segunda volta.

João Carrascalão estudou Topografia em Luanda (Angola) e especializou-se em Cartografia na Suíça. Ainda durante a administração portuguesa, dirigiu o Departamento de Geografia. Foi responsável pelas Infraestruturas na administração transitória das Nações Unidas em Timor-Leste, que se seguiu ao referendo de 1999.

Leia mais sobre Timor-Leste - use os símbolos da barra lateral para se ligar aos países lusófonos pretendidos

Timor-Leste: PR lamenta morte de João Carrascalão, vítima de paragem cardíaca



MSE(SBR) - Lusa

O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, lamentou hoje a morte de João Carrascalão, na sexta-feira em Díli, sublinhando que a vida nos prega partidas.

"A vida é assim, prega-nos partidas. As nossas vidas estão sempre presas por um fio", afirmou o chefe de Estado timorense.

Segundo José Ramos-Horta, João Carrascalão foi vítima de uma paragem cardíaca, depois de ter estado num jantar de aniversário com amigos.

"Ele que partiu deixou todas as felicidades e amarguras na terra, nós, os que ficamos ainda no reino dos vivos, sofremos a partida dele", disse o chefe de Estado timorense, cuja uma das irmãs era casada com João Carrascalão.

Para José Ramos-Horta, milhares de timorenses vão sentir a falta de João Carrascalão.

Líder histórico da União Democrática Timorense (UDT), João Carrascalão era atualmente o embaixador de Timor-Leste em Seul (Coreia do Sul), cargo que exercia desde 2009.

João Viegas Carrascalão fundou e dirigiu a UDT - primeiro partido a ser criado em Timor-Leste após 1974 e o fim do domínio colonial português - durante muitos anos. Era desde 1993 o presidente do Conselho Superior Político, órgão responsável pela direção política do partido, pela execução da estratégia traçada pelo Congresso e pela fiscalização política das atividades de todos os órgãos da UDT.

Foi candidato às eleições presidenciais de 2007, mas ficou-se pelos 1,72 por cento dos votos, em último lugar, tendo apoiado José Ramos-Horta na segunda volta.

João Carrascalão estudou Topografia em Luanda (Angola) e especializou-se em Cartografia na Suíça. Ainda durante a administração portuguesa, dirigiu o Departamento de Geografia. Foi responsável pelas Infraestruturas na administração transitória das Nações Unidas em Timor-Leste, que se seguiu ao referendo de 1999.

"João Carrascalão foi um patriota e lutou pela independência de Timor-Leste" - Alkatiri



RTP - Lusa

O secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), Mari Alkatiri, lembrou hoje, em comunicado, que João Carrascalão, falecido sexta-feira em Díli, foi um "patriota".

"João Carrascalão foi um patriota e lutou pela independência de Timor-Leste", refere em comunicado Mari Alkatiri.

No documento, Mari Alkatiri refere igualmente que a "liderança da Fretilin apresenta condolências à família e deseja paz à sua alma".

Líder histórico da União Democrática Timorense (UDT), João Carrascalão era atualmente o embaixador de Timor-Leste em Seul (Coreia do Sul), cargo que exercia desde 2009.

João Viegas Carrascalão fundou e dirigiu a UDT - primeiro partido a ser criado em Timor-Leste após 1974 e fim do domínio colonial português - durante muitos anos. Era desde 1993 o presidente do Conselho Superior Político, órgão responsável pela direção política do partido, pela execução da estratégia traçada pelo Congresso e pela fiscalização política das atividades de todos os órgãos da UDT.

Foi candidato às eleições presidenciais de 2007, mas ficou-se pelos 1,72 por cento dos votos, em último lugar, tendo apoiado José Ramos-Horta na segunda volta.

João Carrascalão estudou Topografia em Luanda (Angola) e especializou-se em Cartografia na Suíça. Ainda durante a administração portuguesa, dirigiu o Departamento de Geografia. Foi responsável pelas Infraestruturas na administração transitória das Nações Unidas em Timor-Leste, que se seguiu ao referendo de 1999.

Ex-dirigente associação de comités olímpicos lusófonos lamenta morte de João Carrascalão



JCS - Lusa

Macau, China, 18 fev (Lusa) - O ex-presidente da Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa (ACOLOP) Manuel Silvério lamentou hoje, em declarações à agência Lusa, a morte de João Carrascalão, alguém que "tinha um conceito de lusofonia muito universal".

"Apesar das relações mais fortes com Macau e com Portugal, João Carrascalão, como dirigente olímpico do seu país, teve sempre uma ideia muito universal da lusofonia, do papel e da importância da ACOLOP", afirmou Manuel Silvério, que durante vários anos dirigiu o desporto de Macau, a nível associativo e governamental.

O mesmo responsável lembrou que foi com João Carrascalão a "primeira conversa sobre a criação da ACOLOP", que conquistou de imediato um apoiante e um defensor da associação dos comités de língua portuguesa.

"Esteve sempre presente nos momentos decisivos, foi um contribuinte ativo para o reforço da lusofonia e crescimento da ACOLOP, um apoiante da realização em Macau dos primeiros jogos da lusofonia", disse.

Salientando ter perdido um "amigo", alguém que "trabalhou em prol da paz, do olimpismo e da lusofonia", Manuel Silvério defendeu também que a morte de João Carrascalão é uma perda para o desporto lusófono e para a própria ACOLOP.

Manuel Silvério acrescentou ainda que João Carrascalão mantinha um forte empenho no desenvolvimento do desporto asiático e de Timor-Leste, tendo participado em diversos eventos de estatuto olímpico regional em Macau.

João Carracalão morreu na sexta-feira em Díli, aos 65 anos.

Timor-Leste: João Carrascalão foi um lutador pela independência do país - Vice-PM



MSE (SBR) - Lusa

Díli, 18 fev (Lusa) - O vice-primeiro-ministro de Timor-Leste, José Luís Guterres, disse hoje que recebeu com "profunda tristeza" a notícia da morte de João Carrascalão, sexta-feira em Díli, e lembrou-o como um lutador pela independência do país.

"Tenho um profundo respeito pela contribuição que ele deu para a independência de Timor e apresento as minhas condolências a toda a família. Um sentimento de tristeza, que também partilhamos", afirmou José Luís Guterres.

Salientando que recebeu a notícia com "profunda tristeza", o vice-primeiro-ministro disse que também se curvava "perante a memória de João".

João Carrascalão morreu sexta-feira em Díli vítima de ataque cardíaco.

Líder histórico da União Democrática Timorense (UDT), João Carrascalão era atualmente o embaixador de Timor-Leste em Seul (Coreia do Sul), cargo que exercia desde 2009.

João Viegas Carrascalão fundou e dirigiu a UDT - primeiro partido a ser criado em Timor-Leste após 1974 e o fim do domínio colonial português - durante muitos anos. Era desde 1993 o presidente do Conselho Superior Político, órgão responsável pela direção política do partido, pela execução da estratégia traçada pelo Congresso e pela fiscalização política das atividades de todos os órgãos da UDT.

Foi candidato às eleições presidenciais de 2007, mas ficou-se pelos 1,72 por cento dos votos, em último lugar, tendo apoiado José Ramos-Horta na segunda volta.

João Carrascalão estudou Topografia em Luanda (Angola) e especializou-se em Cartografia na Suíça. Ainda durante a administração portuguesa, dirigiu o Departamento de Geografia. Foi responsável pelas Infraestruturas na administração transitória das Nações Unidas em Timor-Leste, que se seguiu ao referendo de 1999.

*Na foto: João Carascalão junto a Xanana Gusmão e Ramos Horta - imagem em Pau Para Toda a Obra, de João Severino - cunhado de João Carrascalão - no título Há Três Homens Muito Tristes, texto que recomendamos.

Cavaco evoca "contributo fundamental" de João Carrascalão para a democracia timorense



PGR (SBR) - Lusa

Lisboa, 18 fev (Lusa) -- O Presidente de Portugal enviou hoje ao homólogo timorense uma mensagem de condolências pela morte do dirigente político João Carrascalão, louvando o "contributo fundamental" deste para a construção da democracia em Timor-Leste.

"João Carrascalão deu um contributo fundamental para a construção de um Estado de Direito democrático em Timor-Leste, devendo ser recordado pelo seu exemplo na defesa dos valores em que assenta a jovem democracia timorense", escreveu Aníbal Cavaco Silva numa mensagem endereçada a José Ramos-Horta, e publicada no 'site' na Internet da presidência portuguesa.

Manifestando a sua "profunda consternação" pela morte de Carrascalão, Cavaco Silva expressou em seu nome e no do povo português "as mais sinceras condolências".

João Viegas Carrascalão morreu na sexta-feira, aos 65 anos, em Díli. Líder histórico da União Democrática Timorense (UDT, primeiro partido criado em Timor-Leste depois do fim da ocupação portuguesa), Carrascalão era atualmente embaixador timorense na Coreia do Sul, cargo que exercia desde 2009.

Carrascalão estudou topografia em Angola e especializou-se em cartografia na Suíça. Ainda durante a administração portuguesa, dirigiu o Departamento de Geografia, e foi responsável pelas infraestruturas na administração transitória das Nações Unidas em Timor-Leste que se seguiu ao referendo de 1999.


Timor-Leste: Vice-PM já pediu dispensa de funções para participar nas presidenciais



MSE - Lusa

Díli, 18 fev (Lusa) - O vice-primeiro-ministro de Timor-Leste, José Luís Guterres, candidato às presidenciais de 17 de março, disse hoje à agência Lusa que pediu dispensa de funções durante o período da campanha eleitoral.

"Conforme a lei em vigor, já escrevi uma carta ao primeiro-ministro para pedir dispensa do exercício das minhas funções durante o período da campanha eleitoral", disse José Luís Guterres.

Segundo o vice-primeiro-ministro, quando a campanha começar será apenas mais um candidato. "Os meios que hoje utilizo enquanto membro do governo não vão ser utilizados durante a campanha eleitoral", disse.

José Luís Guterres falava no final do primeiro dia do congresso da Frente Mudança, um partido registado em 2011 e constituído por alguns elementos que saíram em 2006 da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).

O congresso vai decorrer até domingo, dia em que serão escolhidos o presidente e secretário-geral do partido.

"Precisamos de formalizar uma estrutura partidária. Os partidos são os alicerces da democracia e é por isso que realizamos hoje este congresso com o intuito de canalizar as nossas ideias, os nossos programas, para que o V governo seja mais efetivo, tenha melhores resultados e para que todo o povo de Timor-Leste sinta os benefícios da independência e os benefícios dos programas do governo", afirmou José Luís Guterres.

Mais de metade das crianças com menos de cinco anos tem problemas de nutrição



MSE - Lusa

Díli, 17 fev (Lusa) - Mais de 50 por cento das crianças de Timor-Leste sofrem de má nutrição, informa um relatório sobre fome e má nutrição hoje divulgado pela organização Save The Children.

Segundo o documento, intitulado "Uma vida sem fome: Parar a má nutrição infantil", Timor-Leste é o "terceiro país do mundo" com maior número de crianças subnutridas, tendo à sua frente o Níger e a Etiópia, com 54 por cento das crianças menores de cinco anos a apresentarem problemas de raquitismo devido à má nutrição.

"Uma geração inteira de crianças de Timor-Leste está em risco de crescer desnutrida o que limitará o seu desenvolvimento saudável e produtivo", afirmou Georgia Noy, responsável pela Save The Children em Timor-Leste.

Para a responsável, a situação é "devastadora", porque a má nutrição pode ser combatida com soluções simples, nomeadamente pedindo às mães para amamentarem as crianças e dando-lhes nutrientes de cálcio e ferro.

"Em 2012, não há qualquer desculpa para as crianças serem desnutridas", salientou.

O documento refere que uma criança que cresça com problemas de nutrição pode ser menos inteligente que uma criança bem nutrida.

A má nutrição é responsável pela morte 2,6 milhões de crianças todos os ano no mundo.

Timor-Leste: Vice-PM diz que país tem tentado resolver problema da nutrição



MSE - Lusa

Díli, 18 fev (Lusa) - O vice-primeiro-ministro de Timor-Leste, José Luís Guterres, disse hoje que o país tem tentado alterar a política de nutrição, sublinhando que o problema não é falta de alimentos mas de uma alimentação equilibrada.

A organização Save The Children divulgou na sexta-feira um relatório no qual alerta que mais de metade das crianças timorenses, com menos de cinco anos, sofre de má nutrição.

"Uma geração inteira de crianças de Timor-Leste está em risco de crescer desnutrida o que limitará o desenvolvimento saudável e produtivo", afirmou Georgia Noy, responsável pela Save The Children em Timor-Leste.

Segundo o vice-primeiro-ministro, o governo, através do Ministério da Educação, tem tentado alterar a política de nutrição.

"Muitas vezes nas nossas aldeias, distritos e subdistritos muitas vezes não é falta de alimentação, mas a nutrição familiar não é muito equilibrada", disse, salientando que foram introduzidos programas para alertar as pessoas para a necessidade de uma alimentação equilibrada.

José Luís Guterres reconheceu também que em "algumas partes do país, devido às carências cíclicas que existem, devido ao terreno e ao meio-ambiente, a produção agrícola não é suficiente para as pessoas aguentarem todo o ano".

"Acredito que, como reconheceu a Save The Children, há carências e o que devemos ver é o relatório como um alerta para fazermos melhor e melhorarmos a situação das crianças a nível nacional", afirmou, ressalvando que muitas vezes os números das organizações internacionais não refletem aquilo que se passa no país.

PM australiana diz que país vai continuar a apoiar Timor-Leste



MSE - Lusa

Camberra, 18 fev (Lusa) - A primeira-ministra da Austrália, Julia Gillard, disse hoje que as autoridades australianas vão continuar a apoiar Timor-Leste, num encontro com o seu homólogo Xanana Gusmão, que iniciou na sexta-feira uma visita ao país.

"O povo australiano tem há muitas décadas uma afinidade especial com Timor-Leste", afirmou a primeira-ministra australiana, citada pela agência noticiosa AAP, sublinhando que a Austrália é um parceiro dedicado em ajudar o país a tornar-se numa Nação estável, pacífica e mais próspera.

Xanana Gusmão iniciou na sexta-feira uma visita oficial do país para lançar um livro de discursos e participar na cerimónia de homenagem aos heróis da II Guerra Mundial.

No encontro, Julia Gillard disse também que não podia estar presente nas comemorações do décimo aniversário da independência do país, a 20 de maio, mas que se fará representar pelo governador-geral Quentin Bryce, refere a AAP.

Durante o encontro, a primeira-ministra da Austrália ofereceu a Xanana Gusmão dois filmes, que as autoridades australianas acreditam conter as primeiras imagens cinematográficas de timorenses, feitos ainda durante a presença portuguesa.

O primeiro-ministro timorense, que termina a visita ao país na quinta-feira, participa domingo em Sydney numa cerimónia para assinalar os 70 anos de início da Batalha do Mar de Timor.

O livro, "Xanana Gusmão: Estratégias para o futuro", será lançado em Sydney e na Universidade de Vitória, em Melbourne.

Cabo Verde: Data das autárquicas terá de ser marcada entre 17 de maio e 17 de julho - PR



JSD - Lusa

Cidade da Praia, 18 fev (Lusa) - A data das eleições autárquicas terá de ser marcada pelo Governo de Cabo Verde para o intervalo entre 17 de maio e 17 de julho, disse hoje o presidente cabo-verdiano, que defendeu ser "inconveniente" fixá-la para julho.

Jorge Carlos Fonseca lembrou que, segundo a Constituição cabo-verdiana, cabe ao executivo, depois de ouvidos o Presidente e os partidos políticos com representação parlamentar, marcar a data das autárquicas, cuja última votação decorreu a 18 de maio de 2008.

A "janela" abre-se tendo como base a data da tomada de posse da última administração camarária saída das eleições, que foi o caso da Cidade da Praia, empossada a 17 de junho de 2008, pelo que a votação tem de ser marcada para 30 dias antes ou 30 depois daquela data.

"Em Cabo Verde, quem marca a data das autárquicas é o Governo. O Presidente da República será consultado antes, bem como os partidos políticos", afirmou Jorge Carlos Fonseca, desaconselhando uma escolha posterior a 05 de julho, dia feriado e que assinala a data da independência do arquipélago, em 1975.

"Naturalmente que talvez não seja conveniente marcar para depois de 05 de julho", afirmou o chefe de Estado cabo-verdiano, sem adiantar as razões para tal.

As autárquicas deste ano, as sextas desde a abertura ao multipartidarismo em 1990 (as primeiras legislativas pluralistas realizaram-se em 1991), há muito que estão a agitar o panorama político regional em Cabo Verde, com os dois maiores partidos políticos do arquipélago a serem os únicos a apresentarem-se nos 22 municípios.

Quer o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, maioritário no Parlamento mas minoritário nas câmaras - ganhou 10 das 22 em 2008), quer o Movimento para a Democracia (MpD, oposição, mas que conquistou as outras 12), já apresentaram os respetivos candidatos.

Ambos também apoiam as recandidaturas da quase totalidade dos presidentes eleitos pelos respeitos partidos em 2008 e apostam em nomes "sonantes" do panorama político local para conquistar as que estão em poder do adversário.

As restantes três forças políticas no país - União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID), dois deputados, Partido do Trabalho e Solidariedade (PTS) e Partido Social Democrata (PSD), ambos sem representação parlamentar - não vão apresentar-se em todos os municípios. Prevê-se a possibilidade de cidadãos independentes se apresentarem na corrida, embora nada haja ainda de concreto.

A 18 de maio de 2008, o MpD venceu as câmaras da Cidade da Praia, Santa Catarina, Tarrafal, São Domingos, São Miguel e Ribeira Grande (todas na ilha de Santiago), Maio (Maio), Boavista (Boavista), Ribeira Grande e Porto Novo (Santo Antão) e São Vicente (São Vicente), bem como a do Sal.

O PAICV, por seu lado, venceu as restantes 10: Santa Cruz, São Salvador do Mundo e São Lourenço dos Órgãos (Santiago), Mosteiros, Santa Catarina e São Filipe (Fogo), Brava (Brava), Paul (Santo Antão) e São Nicolau e Tarrafal (São Nicolau).

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Cabo Verde: Entregar ou não entregar armas de fogo? Governo com dois discursos



A Nação (cv), com foto

A campanha para a entrega voluntária de armas de fogo, lançada pelo Governo, está a revelar-se uma confusão. O Primeiro-Ministro diz uma coisa e a ministra da Administração Interna outra. No terreno, a Polícia Nacional parece dar razão à sua chefe: quem aparecer com armas de fogo ilegais corre o risco de ter problemas com a lei.

Uma nota da rúbrica ZIG-ZAG, da edição anterior deste jornal, com base numa fonte policial, alerta que quem entregar voluntariamente uma arma de fogo que não esteja registada, consequentemente ilegal, incorre no risco de ser preso e apresentado a tribunal. Isso porque, por lapso ou não, a lei em vigor no país, com data de 1957, não foi revogada.

Tal risco choca claramente com o espírito da campanha em curso, promovida pelo Governo, através da COMNAC (ver caixa), no sentido de retirar de circulação as armas de fogo, tidas como uma das causas da violência que grassa actualmente nas principais cidades do país.

Abordada sobre o assunto, a titular da Administração Interna, Marisa Morais, esclarece que o trabalho de "recolha de armas", que está a decorrer conjuntamente com a Polícia Militar e a Polícia Nacional, "não é voluntária". Conforme refere, a PN tem estado e continuará a apreender armas no âmbito das operações que tem feito.

"Aquilo que estamos a fazer" sublinha, "é uma campanha de sensibilização, e julgo que os anúncios são bem claros porque fala dos perigos das usar de armas, daquilo que pode acontecer às crianças pelo mau uso dessas armas; o segundo anúncio é uma linha verde para denúncia de arma".

QUEM TEM RAZÃO?

No entanto, de acordo com informações disponíveis no próprio site do Executivo, com o título "Governo aposta em campanha para o desarmamento", José Maria Neves anuncia que "várias acções serão desenvolvidas para a promoção desta mensagem de paz e solidariedade, com destaque para uma intensa campanha de recolha de armas, inclusive de desarmamento voluntário, para que os cabo-verdianos entreguem as suas armas às autoridades".

Bom, se o próprio Primeiro-Ministro apela para a entrega voluntária de armas, sem esclarecer o risco que o entregador voluntário incorre, mesmo assim, entende Marisa Morais, a confusão é do A NAÇÃO: "Confusão vossa! Essa informação é vossa, não é nossa".

E prossegue: "As informações são dadas pelo Ministério da Administração Interna, são informações muito claras e muito precisas. Temos no âmbito da COMNAC, neste momento, a campanha de sensibilização, e temos também a linha verde de denúncias. São essas as únicas informações com origem no MAI que podem estar a correr na comunicação social, não pode haver outras".

MUDANÇA NA LEI

Em relação à mudança em si da lei que regula o porte de armas em Cabo Verde, Marisa Morais garantiu ao A NAÇÃO que, dentro em breve, isto é, no final deste mês ou início de Março, está previsto um seminário para a apresentação do projecto do diploma que, depois de aprovado em Conselho de Ministros, "integradas as alterações e as propostas que surgem deste amplo debate que reunirá também especialistas da área", seguirá para a Assembleia Nacional para aprovação, ou não. "Claro, isso dependerá da data do agendamento da AN e não do Governo".

AS ENCRUZILHADAS DO PT




Mair Pena Neto - Direto da Redação, com foto

Há dez anos no poder, o PT enfrenta grandes transformações, algumas que chegaram a arranhar sua essência, mas, mal ou bem, se mantém como o único partido efetivamente orgânico do Brasil e que se mostra capaz de levar adiante um projeto comprometido com a distribuição de renda e a redução das desigualdades. Neste percurso, o partido perdeu a virgindade, impossível de ser mantida na idade adulta, e encarou a realpolitik na busca, conquista e manutenção do poder.

Agora mesmo, o PT se depara com duas questões polêmicas, que causam desilusões, mas que precisam ser examinadas à luz da realidade, com todas as nuances que as envolvem. A primeira é a privatização dos aeroportos, já em curso com a concessão de três terminais à iniciativa privada, e a outra é uma possível aliança com o PSD de Gilberto Kassab nas eleições do fim do ano para a prefeitura de São Paulo.

Sem querer invocar questões semânticas, existe uma diferença substancial entre vender um bem ou empresa pública, como foi feito com a Vale do Rio Doce e a CSN, por exemplo, e conceder serviços à administração e exploração privada. Isso, aliás, já ocorre com as rodovias, exploradas há anos por concessionárias, em diferentes governos.

Mesmo quando se trata de concessões, há diferenças de princípios entre visões políticas. Umas simplesmente outorgam a concessão e sobre ela não exercem praticamente nenhum poder, permitindo excesso de pedágios a preços aviltantes. Outras escolhem o concessionário pela melhor relação serviço/custo do pedágio, buscando beneficiar os usuários do serviço concedido.

Na concessão dos terminais aeroportuários, a Infraero manteve participação de 49% e poder de veto sobre decisões. Os concessionários não podem fazer reengenharia com o pessoal da Infraero e nem revender os aeroportos, que não lhe pertencem. Os grupos privados que assumem os terminais não podem fechar os olhos à a realidade brasileira, e fazer como Roger Agnelli, quando estava à frente da Vale, que encomendou meganavios fora do país, desprezando a indústria naval que ressurgia e aqui gerava empregos.

Concessão de serviços públicos sempre existiu e continuará existindo independente do viés do governo. Se o Estado está sem condições de fazer os investimentos necessários para o seu bom funcionamento, que o conceda dentro de regras claras e benéficas para a sociedade, e se concentre nos investimentos sociais, estes sim essenciais para a transformação que o país vem experimentando nos últimos anos.

Já a aliança com Kassab deve doer mais nos corações petistas, mas ela não parece pior do que as feitas nos dois governos de Lula e no atual governo Dilma. O PT sempre priorizou as alianças com partidos do centro à esquerda, como PDT, PSB e PCdoB, mas apenas com eles não conseguiria chegar ao poder, e, sobretudo, governar, dentro das regras (ruins) do jogo da política brasileira.

Logo na primeira vitória de Lula, o arco estendido a uma série de legendas médias e pequenas, e sem nenhuma ideologia, a não ser desfrutar do poder, causou sérios prejuízos, manchando o partido e o governo. Na reeleição, Lula já aliou-se ao PMDB - idéia defendida por José Dirceu desde 2002 -, estabilizando mais o governo, mas, nem por isso, vendo-se livre de maus ministros e pequenos golpes.

Mesmo com esses problemas, Lula desenvolveu um projeto de governo inclusivo, aliando crescimento à distribuição de renda, e agindo de acordo com princípios defendidos pelo PT em situações decisivas, como a política adotada na crise econômica mundial, a partir de 2008. Isso só é possível quando existe um grupo hegemônico nas alianças. O PT teve que ceder muitas coisas aos partidos que formam a base de apoio a seus governos, mas é ele que comanda o processo e dá as diretrizes do governo.

No caso de uma possível aliança com Gilberto Kassab, talvez seja ela o caminho para a conquista do governo de São Paulo e para encerrar um ciclo que distancia a capital paulista do resto do país. Mais do que isso, poderia significar o tiro de misericórdia no setor mais conservador do país, entrincheirado lá, como em 1932, atrapalhando o salto definitivo para um país mais justo e mais humano.

*Jornalista carioca. Trabalhou em O Globo, Jornal do Brasil, Agência Estado e Agência Reuters. No JB foi editor de política e repórter especial de economia.

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