segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

SERVIÇO SECRETO ALEMÃO ESPIONA ESQUERDA



Flávio Aguiar - Carta Maior, em Debate Aberto

Descobriu-se que o Serviço de Inteligência Alemão, digamos, o nosso antigo SNI daqui, chamado de “Agência de Proteção à Constituição”, espionava sistematicamente um número muito alto de deputados e políticos do Partido Die Linke – A Esquerda.

Um semi-escândalo escandalizou a Alemanha na última semana. Semi-escândalo? Sim, porque tem gente para quem isso é normal. Descobriu-se que o Serviço de Inteligência Alemão, digamos, o nosso antigo SNI daqui, chamado de “Agência de Proteção à Constituição”, espionava sistematicamente um número muito alto de deputados e políticos do Partido Die Linke – A Esquerda.

Na sua lista de espionagem estavam 27 de 76 deputados no Bundestag, o Parlamento Federal, mais 11 outros políticos de cúpula do partido. Entre aqueles, um dos principais líderes do Die Linke, Gregor Gisi.

Gisi é um político que veio da antiga Alemanha Oriental. Era um advogado de direitos humanos por lá e naquele tempo. Mas acusam-no de ter feito parte (ou ser informante) da Stasi, a antiga polícia política da Alemanha comunista. Na sua posição de ser defensor dos direitos humanos na RDA, é claro que Gisi – que é um político extremamente simpático e progressista – deve ter tido contatos com a Stasi. E é claro que deve ter muitos inimigos deste lado do inexistente, mas resistente muro para detratá-lo.

Num caso mais grave do que de Gisi, a polícia secreta alemã tem, entre seus investigados/espionados, o deputado do Bundestag Steffen Bockhahn, que soe ser membro da Comissão Parlamentar encarregada de vigiar os serviços alemães de inteligência, inclusive do seu orçamento.

Houve comparações elucidativas: essa “Agência de Proteção à Constituição” conta com 7 agentes e um orçamento de 400 mil euros anuais para investigar Die Linke. Tem apenas 10 agentes e 590 mil euros anuais para investigar a miríade de partidos e movimentos de extrema-direita, inclusive o considerado neo-nazi NPD.

A diferença ganhou relevo depois que descobriu-se a “célula [neo-nazi] de Zwickau”, um grupo de extrema direita que cometeu assassinatos e atentados contra imigrantes sem ser minimamente molestado pelos serviços de investigação durante mais de dez anos, apesar de todas as evidências apontarem para eles ou algo no gênero.

O caldo (ou o enredo) engrossou mais ainda depois que um político da CDU (da chanceler Ângela Merkel), num programa de TV no domingo passado, defendeu que a polícia secreta investigasse especificamente Die Linke, e disse que era favorável a que se proibisse o partido.

Dificilmente esse tipo de proposta vai prosperar. Mas mostra o clima reinante em boa parte do mundo político alemão, rançosamente anti-esquerdista, pró-Ocidente, neo-liberal.

Políticos do Partido Verde (entre eles Valter Becker, porta-voz oficial do partido) manifestaram preocupação e repúdio diante da denúncia. Não vi ainda (pode ter sido falha minha, e passei a última semana em parte fora) atitude semelhante por parte do SPD.

Da direita nada se espera.

*Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.

DA SONANGOL PARA A PRESIDÊNCIA



Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

O Presidente angolano (não eleito e há 32 anos no poder), José Eduardo dos Santos, exonerou Manuel Vicente do cargo de presidente do Conselho de Administração da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol).

A próxima meta para Manuel Vicente é ser o super-ministro de Estado da Coordenação Económica e depois a presidência da República.

Manuel Vicente é o homem de confiança de Eduardo dos Santos e, por isso, de todos os que (como Portugal) bajulam o regime angolano. Além disso tem obra feita (de acordo com a cartilha do MPLA).

A Global Witness revela, no caso de Angola, uma realidade que já dura desde 1975, altura em que depois da oferta em bandeja de sangue por parte dos portugueses, o MPLA solidificou o poder com a ajuda de russos, cubanos, portugueses, brasileiros etc..

A Global Witness diz que accionistas de uma empresa autorizada a concorrer à exploração de petróleo em Angola têm o mesmo nome de altos responsáveis do Estado angolano, incluindo o de Manuel Vicente, presidente da Sonangol, a petrolífera estatal.

E então onde está a novidade? Sempre assim foi e, sempre com a conivência internacional, assim continuará a ser e bem da economia dos poucos que têm milhões e, é claro, para mal dos milhões que têm pouco, ou nada.

De acordo com a Global Witness, os registos da Sociedade de Hidrocarbonetos de Angola (SHA), publicados no Diário da República, nomeiam Manuel Domingos Vicente, nome do presidente da Sonangol, como um dos accionistas da SHA em Agosto de 2008, bem como Manuel Vieira Hélder Dias Júnior "Kopelipa", chefe da Casa Militar do Presidente José Eduardo dos Santos.

A Sonangol é a companhia criada pelas autoridades angolanas que atribui as licenças de exploração de petróleo, pelo que, a confirmar-se a presença do seu presidente na estrutura accionista da SHA, pode significar "abuso de poder", afirmou Diarmid O'Sullivan, um dos activistas da Global Witness.

Afirmou, mas mal. É que falar de “abuso de poder” só faz sentido nos países que são verdadeiros estados de direito democrático. Não é, manifestamente, ainda e durante muitos mais anos o caso de Angola.

"Não podemos provar mas seria uma coincidência muito improvável ter dois grupos de pessoas com os mesmos nomes, ambos envolvidos no sector do petróleo, um de dirigentes governamentais e outro de investidores privados, sem qualquer ligação", vincou O'Sullivan.

"Se anda como um pato e fala como um pato, então provavelmente é mesmo um pato", ilustrou, usando uma expressão popular inglesa.

Recorde-se que o Departamento de Estado norte-americano referiu, no seu relatório de 2008, que é comum dirigentes angolanos possuírem participações em empresas que realizam negócios com os seus ministérios, lembra a Global Witness. Pois é. E onde está o mal?

Também a Human Rights Watch (HRW) exigiu (atente-se na desfaçatez!) ao Governo de Angola que explique onde estão os 25 mil milhões de euros em falta nos cofres do Estado, relacionados com a petrolífera do regime, a Sonangol.

A organização de defesa dos direitos humanos escreve, em comunicado publicado na sua página online, que, apesar de o Governo de Luanda se ter comprometido a "aumentar a transparência das receitas do petróleo" e a "fazer uma auditoria à companhia petrolífera estatal", o "desaparecimento de 25 mil milhões de euros levanta questões sérias sobre os seus esforços e sublinha a necessidade de responsabilizar o poder público".

Vamos por partes. A Sonangol não é uma empresa do Estado, nem de Angola e muito menos dos angolanos. É uma empresa do clã do “querido líder”. Querer que um regime totalmente opaco seja transparente é mais ou menos como querer que um bagre vire jacaré. Falar de responsabilizar o poder político é, no caso, o mesmo que pretender que as águas do rio kwanza caibam num pilão.

Adiante. Segundo a Human Rights Watch, a soma em questão equivale a um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) do reino. Pois é. Mas que significado tem isso? Se Angola é o MPLA e o MPLA é Angola, o PIB é apenas e só aquilo que o regime quiser.

A HRW recorda o relatório da quinta inspecção do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Angola que indica que existem fundos estatais gastos ou transferidos entre 2007 e 2010 que não foram inscritos no orçamento.

Não foram nem tinham que ser. Desde quando é que os donos do reino têm de prestar contas, seja a quem for? Esse dinheiro vai para onde o “querido líder” quiser, nomeadamente para dar suporte financeiro à compra de um outro reino, no caso ao das ocidentais praias lusitanas.

O FMI conclui que as recentes acções do Ministério das Finanças angolano para monitorizar mais de perto a Sonangol, após a reforma legal de 2010, resultaram na descoberta de fluxos financeiros para contas estrangeiras acima dos valores que podem ser justificados pelas autoridades, no volume global de 7,1 mil milhões de dólares (5,5 mil milhões de euros).

O FMI bem pode fazer as contas que entender. Mas todas elas resvalam na capacidade financeira do regime angolano que, um dia destes, ainda se chateia com todas estas histórias e põe a boca no trombone, mostrando ao mundo onde, como e para ajudar quem, foi utilizado todo esse dinheiro. E, bem vistas as coisas, ninguém está interessado nisso.

Uma das explicações que o FMI aponta para tal disparidade é a possibilidade de a Sonangol estar a "ocultar os fundos que recebe". Chamar ocultação ao uso desses fundos para os fins que o regime acha mais convenientes é, desde logo, uma forma de se imiscuir num reino que não tem explicações a dar a ninguém. Nem as dá aos angolanos, muito menos aos organismos internacionais.

A Human Rights Watch já tinha identificado uma discrepância anterior semelhante nos fundos angolanos - quatro mil milhões de dólares (três mil milhões de euros) de receitas petrolíferas que "desapareceram" entre 1997 e 2002 -, levantando suspeitas de "má gestão e corrupção".

Corrupção em Angola? Nesta matéria, entre 183 países, o reino do “querido líder” está na posição 168. Isso não significa, contudo, que seja corrupto. Basta ver as intermináveis filas de políticos e similares que se dirigem a Luanda para negociar com o regime, começando pelo Vaticano e terminando nos EUA, sem esquecer a China, a Alemanha e Portugal...

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: QUANDO A MANGUEIRA DÁ LOENGOS…

GREVE PARALISA HOSPITAIS DE CABINDA



José Manuel, Cabinda - VOA

No banco pediátrico, centenas de crianças não foram observadas

Os trabalhadores da saúde em Cabinda voltaram a paralisar todos os hospitais públicos da província para reclamarem o aumento dos seus salários, a criação de um estatuto de enfermagem e a melhoria das condições laborais.

O impacto da greve está a fazer-se sentir, sobretudo, no Hospital Provincial de Cabinda, a maior unidade de referência do enclave, onde os doentes foram obrigados a voltar para as suas casas, sem tratamento.

No banco pediátrico, centenas de crianças não foram observadas por falta de trabalhadores do sector da Saúde, não obstante terem sido assegurados os serviços de urgência para casos de emergência médica, tenso acesso ao bloco operatório, ao centro de sangue, e aos serviços de reanimação e medicação para os doentes já internados.

Eduardo dos Santos confirma Manuel Vicente como coordenador económico do Governo



HB - EL (NME) – Lusa, com foto

Luanda, 30 jan (Lusa) - O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, confirmou hoje num decreto presidencial a nomeação de Manuel Vicente, ex-responsável da Sonangol, para o cargo de ministro de Estado e da Coordenação Económica.

Horas antes, um outro decreto da Presidência tinha exonerado Vicente do cargo de presidente do conselho de administração da petrolífera estatal angolana e nomeado para o seu lugar Francisco de Lemos José Maria, um dos atuais seis administradores executivos da empresa.

O novo ministro de Estado e da Coordenação Económica coadjuvará o Presidente angolano nos trabalhos de direção da Comissão Económica e da Comissão para o Setor Produtivo.


Angola: Recusa de entrada a portugueses é um "incidente de percurso" - embaixador



SIC Notícias – Lusa, com foto

Loulé, 30 jan (Lusa) -- O embaixador angolano em Portugal disse hoje que o recente impedimento de entrada de duas dezenas de portugueses em Angola "é um incidente de percurso" que não afetará as relações entre os dois países, que classificou de "excelentes".

Falando à Lusa à margem de um encontro com empresários da freguesia algarvia de Almancil, José Marcos Barrica garantiu que o acordo de concessão de vistos entre os dois países, recentemente negociado, "está a ser cumprido" e que os incidentes da passada semana "não devem afetar as relações" entre os estados nem as instituições.

"Temos vindo a apelar às pessoas para terem atenção e serem prudentes quando tratam dos documentos. Se eu tiver que viajar para um país em que preciso de um certo tipo de vistos, à partida eu declaro o tipo de visto que preciso, um visto ordinário. Se à entrada me for perguntado e eu não disser que venho passar férias, mas que venho trabalhar, esse visto não serve", explicou, sem revelar se foi isso que aconteceu na passada semana.

Timor-Leste: Membro da Sociedade Civil revoltada com política da língua materna




Incidente durante uma acção de formação

Díli – Um membro da Sociedade Civil rasgou um documento sobre a política de educação da língua materna e atirou-o à embaixadora da UNESCO em Timor-Leste, Kirsty Sword Gusmao, e à secretária de Estado para a Igualdade, Idelta Rotrigues, durante uma acção de formação em Díli, esta sexta-feira, 27 de Janeiro.

Laura Pina, membro da Rede de Mulheres Feto, disse que reagiu desta forma porque discorda com o plano de implementação da língua materna, da UNESCO, que será levado a cabo em três distritos, durante o ano de 2012.

O incidente aconteceu durate uma acção de formação organizada pela «REPETE 13», rede de promoção e organização multilinguística, que teve lugar no campus da Universidade Nacional de Timor Lorosae.

Laura Pina disse que a política da língua materna, avançada pelo Governo e pela UNESCO, irá criar uma discriminação cultural e destruir o nacioalismo timorense.

«O Governo e a UNESCO não irão conseguir avançar com este plano porque vamos sempre opor-nos a ele», referiu a integrante da Sociedade Civil.

Alguns dos seus colegas, incluindo os professores Francisco da Costa e Agostinho Soares, apoiaram o seu protesto.

«Este país será sempre abalado. Nós respeitamos o Primeiro-ministro Xanana Gusmão mas não respeitamos os traidores da cultura timorense», referiu Laura Pina.

Sobre o incidente, Sword Gusmão disse lamentar mas não ter responsabilidade.

A implementação da política de língua materna foi baseada nos relatórios do Governo de Timor-Leste e de outros países, acerca dos benefícios de utilização das línguas maternas nas escolas.

A mulher do Primeiro-ministro é de opinião que a introdução desta política trará benefícios aos estudantes timorenses. A acção será implementada e poderá ser suspensa, caso o resultado se verifique negativo, referiu Sword Gusmão.

«Se a política destruír a unidade nacional não terá continuidade», garantiu a mulher do Chefe do Governo.

Idelta Rotrigues confessou lamentar o incidente, disse que as pessoas que criaram conflitos durante a formação deram um mau exemplo e que espera que tais atitudes não tornem a acontecer.

(c) PNN Portuguese News Network


Timor-Leste: Novo sítio na Internet da Presidência já inclui língua portuguesa



MSE - Lusa

Díli, 30 jan (Lusa) - O novo sítio na Internet da Presidência de Timor-leste, disponível no endereço www.presidenttimorleste.tl, já inclui a língua portuguesa, apesar de as traduções ainda estarem "andamento".

A agência Lusa noticiou na sexta-feira que a Presidência timorense tinha um novo sítio na Internet, mas as informações só estavam disponíveis em tétum e inglês, prescindindo do português, que é uma das línguas oficiais do país.

Durante o fim de semana a situação foi corrigida e hoje o sítio já disponibiliza a língua portuguesa, mas com indicação de que as "traduções em português ainda estão em andamento".

O novo sítio na Internet vai "divulgar comunicados à imprensa, notícias, fotografias e vídeos sobre a Presidência e os assuntos do Palácio Presidencial".

A nota à imprensa refere também que as atividades de Ramos-Horta podem ser seguidas no Facebook e no twitter.

Timor-Leste é membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa desde 2002.

Moçambique: Histórica Ilha do Ibo já tem energia elétrica da rede nacional



PMA – Lusa, com foto

Maputo, 30 jan (Lusa) - A Ilha do Ibo, que acolheu importantes entrepostos militares do colonialismo português no século XVIII, no norte de Moçambique, está ligada à rede elétrica nacional pela primeira vez, anunciou hoje a Eletricidade de Moçambique (EDM).

Desde sábado, a Ilha do Ibo está integrada na rede elétrica nacional através de um cabo submarino de 10 quilómetros e por uma linha de média tensão de sete quilómetros, ligada ao distrito continental de Quissanga, indica uma nota de imprensa da EDM.

O fornecimento de energia à Ilha do Ibo, que é parte do Arquipélago das Quirimbas e integra um projeto orçado em 162 milhões de meticais (4,6 milhões de euros), já está a beneficiar 19 clientes.

Nos próximos dias, adianta o comunicado, mais 260 clientes da Ilha do Ibo, vão estar ligados à rede elétrica nacional.

A Ilha do Ibo é hoje uma atração turística pelo seu património natural e arquitetónico, constituído por construções antigas, que serviram de fortalezas nas primeiras décadas da penetração colonial portuguesa no território moçambicano.

Falando à Lusa, o administrador da Ilha do Ibo, Fernando Samo, afirmou que a chegada da energia elétrica vai fomentar o desenvolvimento social e económico da ilha e contribuir para a valorização do património histórico da zona.

"O distrito tem uma grande importância histórica, cuja preservação depende do aproveitamento do seu potencial turístico e pesqueiro, que não se podia desenvolver sem energia elétrica", enfatizou Fernando Samo.

Para Velez António, do Ibo Island Lodge, uma das estâncias turísticas locais, a energia elétrica vai dinamizar o turismo da ilha, porque se espera a redução dos custos acarretados pelos operadores do setor com o combustível, necessário para alimentar geradores.

"Vai mudar muito a situação do turismo aqui, porque a falta de energia aumentava os custos", disse à Lusa Velez António.


Angola: MANUEL VICENTE EXONERADO DA SONANGOL




Jornal de Negócios, com foto - Lusa

O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, exonerou Manuel Vicente do cargo de presidente do Conselho de Administração da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), segundo um decreto presidencial hoje distribuído à imprensa.

A exoneração de Manuel Vicente ocorre 48 horas depois do anúncio de uma remodelação governamental, que passa pela criação do cargo de ministro de Estado e da Coordenação Económica, cujo nome não foi ainda anunciado.

A concretização da remodelação deverá ser feita ainda esta semana, segundo o anúncio presidencial de sábado.

O objectivo anunciado da remodelação é reduzir a concentração de tarefas, agilizar a implementação das decisões e deliberações, bem como melhorar a articulação intersectorial, aumentando assim a eficiência e a eficácia da acção governativa.

O futuro ministro de Estado e da Coordenação Económica coadjuvará o presidente angolano nos trabalhos de direcção da Comissão Económica e da Comissão para o Sector Produtivo.

Portugal: CARVALHO DA SILVA ALERTA PARA AMEAÇAS AO MOVIMENTO SINDICAL



TSF

O ex-líder da CGTP reafirmou, no Fórum TSF desta segunda-feira, o alerta para os perigos que pairam sobre o movimento sindical.

Terminados os 25 anos a frente da CGTP, Carvalho da Silva confessou que não se sente desiludido nem frustrado quando olha para o passado, mas muito satisfeito com o progresso alcançado.

Contudo, mostrou-se inquieto com o futuro e com as pressões e as «fortíssimas ameaças» que pairam sobre o movimento sindical.

Quando se fala na «crise do sindicalismo» em Portugal, «alguns têm mesmo a leviandade de colocarem o sindicalismo como uma coisa ultrapassada e fazerem ataques lineares» ao sector, disse.

Carvalho da Silva acrescentou que «se os sindicatos forem encostados à parede, o descalabro da sociedade vai ser muito maior do que imaginamos», sobretudo numa época de crise mundial.

Se os sindicatos ficarem sem «espaço de intervenção mínimo», vincou, «as desigualdades e o aprofundamento de violências» podem representar um «perigo muito grande».

O ex-secretário-geral da CGTP destacou, ao defender que os sindicatos são organismos vivos, que não há nenhuma família política actual que se tenha estruturado ou que tenha nascido antes da afirmação do sindicalismo.

Carvalho da Silva disponível para ajudar a repensar a esquerda

Questionado no Fórum TSF desta segunda-feira sobre uma possível candidatura a Belém, o ex-secretário-geral da CGTP disse que tem vontade e disponibilidade para continuar a ajudar

«Tenho alguma disponibilidade e vontade de, naquilo que sou, nas minhas limitações e nas minhas capacidades, dar algum contributo à sociedade, mas o que pode resultar daí não imagino», respondeu o ex-líder da CGTP, para quem um sindicalista nunca deixa de o ser.

«Nós somos seres humanos e os nossos comportamentos não mudam assim. Há coisas que estão inculcadas em nós e que se podem manifestar, não posso garantir que numa ou noutra expressão de raciocínio não esteja ainda muito a carga do individuo que está a desempenhar a função», disse.

Carvalho da Silva confessa-se preocupado quanto ao futuro, mas não se sente desiludido quando olha para o passado.

«Fizemos um percurso extraordinário» em indicadores como a saúde, o ensino e a protecção social, afirmou, reforçando que «o progresso da sociedade foi extraordinário em poucas décadas».

O antigo secretário-geral da CGTP alertou que os governos não interpretam as mensagens dos movimentos sociais e que o documento que estabelece as condições do empréstimo externo é um exemplo disso.

«Na linguagem do actual governo, nós encontrámos uma apresentação ao país do interesse do Estado plasmado no conteúdo do memorando da "troika". Isto é uma fuga à responsabilidade», considerou.

*Com áudio no original

Krugman recomenda corte de 20% nos salários da periferia do euro




Eva Gaspar – Jornal de Negócios, com foto

Países como Portugal têm ainda de baixar mais os salários para recuperar competitividade. Com alguma inflação, o ajustamento será mais fácil, afirma o economista norte-americano e prémio Nobel da Economia.

Paul Krugman insiste hoje numa entrevista ao “Le Monde” que a principal solução para os desequilíbrios que ameaçam a sobrevivência da Zona Euro passa por uma descida dos salários nos países periféricos, onde se tem concentrado a perda de competitividade face ao centro – e, em particular, face à Alemanha.

“Para restaurar a competitividade na Europa ter-se-ia de fazer com que, daqui a cinco anos, os salários baixassem nos países menos competitivos 20% em relação à Alemanha”.

Já há quase dois anos que o economista norte-americano, galardoado com o Nobel da Economia, bate nesta tecla, defendendo que, face à impossibilidade de desvalorizar a moeda, os países periféricos têm de proceder a cortes nos salários, de modo a reequilibrar as balanças comerciais, atacando, desta forma, o que considera ser o principal motivo do seu excessivo endividamento.

Em Maio de 2010, o economista e professor de Princeton recomendava cortes salariais que podiam ir até 30%, dando como exemplos a Grécia, Espanha, Portugal, Lituânia e Estónia.

Nesta entrevista ao “Le Monde”, Paul Krugman volta igualmente a defender que tudo seria menos doloroso se a ortodoxia europeia – em especial o Banco Central Europeu (BCE) – aceitasse durante algum tempo uma inflação mais elevada do que os 2% que considera o máximo tolerável.

“A inflação não é o problema, é a solução”, diz, sugerindo às autoridades europeias que aceitem subidas nos preços na casa dos 4% ao ano, o que, só por si, apoiaria significativamente o processo de desendividamento dos países que têm a corda mais apertada em torno do pescoço.

Krugman insiste, de resto, que o combate ao endividamento excessivo – na Europa e nos Estados Unidos – deve ser feito, mas apenas “quando houver oportunidade”. Ou seja, quando a actividade económica e o emprego estiverem ancorados em trajectórias de crescimento. Não agora, portanto.

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CAVACO, O MENTIROSO



Carlos Morais José – Hoje Macau

Não é meu hábito recorrente escrever sobre o que se passa em Portugal e o modo como é dirigido, bem como as idiossincrasias dos nossos governantes. Mas, no caso vertente, trata-se do Presidente da República. E, por isso mesmo, entendo que, na medida em que ele é, antes de mais, um símbolo do país, mesmo alguém que vive no estrangeiro deve pronunciar-se sobre o assunto.

Ora Cavaco mentiu. E mentiu com todas as migalhas de bolo-rei que lhe restavam na boca. Quem não tem a memória curta como o pavio de um panchão, provavelmente lembrar-se-á das consequências de uma mentira presidencial. Refiro-me ao caso Bill Clinton/Monica Lewisky. Mas o melhor presidente dos Estados Unidos desde Roosevelt mentiu sobre um caso sexual, o que no meu entender até será admissível, na medida em que está em questão a honra e o bom nome de uma mulher e, confessemos, os factos ocorridos são de índole estritamente privada.

Contudo, a justiça americana moveu-lhe uma intensa perseguição. Isto porque se entende que o presidente não pode mentir. E não pode mentir porque, em primeiro lugar, se trata de um péssimo exemplo. E também não pode mentir, como Cavaco o fez, porque na mesa estava a questão dos seus rendimentos, ainda por cima de dinheiro que o presidente recebe mensalmente da bolsa depauperada do Estado.

Como confiar neste tipo de homem? Como mostrar o mais alto magistrado da Nação, que tem de ser um exemplo de integridade, aos nossos filhos? Como encarar o estrangeiro, como defender o país, quando o presidente é um aldrabão quando toca às suas finanças?

Para agravar tudo isto, para além da mentira em si mesma, trata-se aqui da sua qualidade específica num momento determinado. O país atravessa uma crise gravíssima, a maioria dos portugueses sofre com o aumento de impostos, os cortes de salários, o desemprego galopante. E é precisamente neste contexto que Cavaco Silva resolve queixar-se de só auferir 1300 euros por mês, o que nas suas palavras não chega.

Pois não chega, senhor Presidente. Que o digam aqueles que tendo trabalhado realmente muito mais que o senhor se limitam a receber pensões de 300, 500 ou mesmo 800 euros por mês. Mas o doutor Cavaco, provavelmente um dos mais incompetentes políticos/economistas que se sentou na cadeira de primeiro-ministro, não faz ideia de nada disto.

Durante o seu consulado, Cavaco se não roubou deixou roubar. E Portugal esbanjou todo o dinheiro que, nessa época, entrava às carradas da União Europeia. E agora, se não é ladrão ou cúmplice de ladrões, é mentiroso. Apanhado de mentira na boca, dificilmente as migalhas da peta serão esquecidas, o que significa que Cavaco não tem neste momento sequer dignidade para ocupar o cargo.

Resta-lhe a porta de saída e aos portugueses o bom senso de, para a próxima, escolherem um homem digno e impoluto para o cargo de Presidente da República. Por mim, tenho pressa. É que, enquanto português que vive no estrangeiro, gosto de andar de cabeça bem levantada.

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- As assinaturas na Petição Pública para que Cavaco Silva se demita estão muito próximo das 39.000 neste momento.

- Leia mais em Página Global sobre Cavaco Silva, veja vídeos, fotomontagens e colha diversas opiniões de colunistas da imprensa portuguesa e de autores deste blogue.

Destaque

Alemanha confirma propostas sobre comissário para vigiar orçamento grego



FA – Lusa

Berlim, 30 jan (Lusa) - O governo alemão confirmou hoje a existência de propostas para nomear um comissário europeu que controle o orçamento da Grécia, sublinhando, porém que os respetivos debates "estão ainda a um nível de trabalho abstrato", no âmbito do eurogrupo.

"Há um país onde a aplicação do programa de ajustamento financeiro está a decorrer com dificuldades, que é a Grécia, e o objetivo é ver o que se deve fazer se essa situação se prolongar durante muito tempo", disse em Berlim o porta-voz do ministério das finanças germânico, Martin Kotthaus.

"Trata-se de exercer um maior controlo e uma maior supervisão orçamental" sobre a aplicação dos programas de ajustamento negociados por Atenas com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI), em troca do empréstimo de 110 mil milhões de euros concedido em 2010, esclareceu o mesmo responsável.

O porta-voz alemão desmentiu, no entanto, que haja quaisquer planos para forçar a Grécia a sair da moeda única, garantindo que enquanto Atenas quiser aplicar os programas de austeridade que assumiu perante os parceiros internacionais "terá todo o apoio possível".

As notícias sobre a eventual nomeação de um comissário europeu para fiscalizar as contas gregas provocou, entretanto, duras reações de protesto por parte do governo de Atenas.

"Quem põe um povo perante um dilema entre a ajuda financeira e a dignidade nacional, ignora as lições históricas fundamentais", advertiu o ministro das finanças helénico, Evangelos Venizelos.

O porta-voz do seu homólogo alemão, Wolfgang Schäuble, além de tentar atenuar o impacto das revelações publicadas no sábado pelo jornal britânico Financial Times, recusou-se também, no 'briefing' que manteve hoje em Berlim, a comentar notícias de que o segundo resgate à Grécia, de 130 mil milhões de euros, terá de ser aumentado para cerca de 145 mil milhões de euros, o que implicaria subir as contribuições dos países da zona euro que participam no mesmo.

"O que está agora em causa é a reestruturação da dívida grega, através das negociações com os credores privados, que devem recomeçar em breve, para baixar o seu volume em relação ao Produto Interno Bruto para 120 por cento, até 2020, e não o aumento da contribuição com dinheiros públicos para o novo resgate", sublinhou o porta-voz do ministro das finanças alemão.

Juncker: CONTROLE EUROPEU SOBRE GRÉCIA É INACEITÁVEL



VC – Agência Financeira

Presidente do Eurogrupo está «firmemente contra» esta ideia

A proposta alemã de colocar o orçamento grego sob vigilância comunitária é inaceitável, do ponto de vista do presidente do Eurogrupo, o luxemburguês Jean-Claude Juncker.

«Estou firmemente contra a ideia de impor um comissário com essa missão só para a Grécia. Isso não é aceitável», disse Juncker, em declarações aos jornalistas, à chegada ao Conselho Europeu, que decorre em Bruxelas.

Opinião diferente tem o primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt: «A Grécia não está a corresponder às reformas e é por isso que estamos a ter esta discussão. É compreensível», cita a Lusa.

O governo alemão confirmou já a existência de propostas para nomear um comissário europeu que controle o orçamento da Grécia, sublinhando que os respectivos debates «estão ainda a um nível de trabalho abstracto», no âmbito do Eurogrupo.

«Trata-se de exercer um maior controlo e uma maior supervisão orçamental» sobre a aplicação dos programas de ajustamento negociados por Atenas com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional, em troca do empréstimo de 110 mil milhões de euros concedido em 2010, esclareceu o porta-voz do Ministério das Finanças alemão, Martin Kotthaus.

As notícias sobre a eventual nomeação de um comissário europeu para fiscalizar as contas gregas provocou duras reacções de protesto do governo de Atenas.

«Quem põe um povo perante um dilema entre a ajuda financeira e a dignidade nacional, ignora as lições históricas fundamentais», advertiu o ministro das Finanças grego, Evangelos Venizelos.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Portas, também discorda da proposta de Merkel, entendendo que «há melhores formas de os credores verem satisfeitos os seus créditos e de os devedores cumprirem as suas obrigações».

NEM COM DUAS GUERRAS MUNDIAIS LÁ VÃO





De uma maneira geral, quando comentamos a actualidade, temos tendência para esquecer que essa mesma actualidade, num aparente paradoxo, não começa hoje. A História, por muito que não se repita, devia ser ouvida e lida, para que pudéssemos entender o presente e prever o futuro.

Em História, um conjunto de cem anos é um fogacho e, muitas vezes, as consequências de actos praticados há menos tempo do que isso ainda se fazem sentir.

A União Europeia, uma ideia generosa, não é, com certeza, união e nem sequer é europeia, de tal modo se deixou dominar por interesses vindos de ocidente e de oriente, ao mesmo tempo que França e Alemanha punham e dispunham do resto da Europa. Se é certo que os países periféricos, como Portugal, que se juntaram à UE desperdiçaram demasiados recursos graças a uma corrupção endémica, não é menos certo que muitas imposições do directório franco-alemão contribuíram para a destruição do tecido produtivo desses países, criando fragilidades que se acentuaram com o Euro.

Ninguém, no seu juízo perfeito e civilizado, defenderia, por exemplo, que a Alemanha devesse expiar eternamente os muitos pecados cometidos na Segunda Grande Guerra ou que não fez sentido ajudar um país duramente bombardeado. Afinal, a Europa tem passado o século XX a apregoar os valores da solidariedade.

A boa vontade e, sobretudo, a inércia provocada pela passagem benfazeja dos anos levaram muitos europeus a querer esquecer os tempos em que a Alemanha assumiu, brutalmente, a sua tendência hegemónica. As recentes declarações de políticos alemães que exigem a perda de soberania de outros países tornam muito difícil esquecer a História. E ainda não passaram cem anos desde a última vez que a Alemanha invadiu vários países estrangeiros.

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SEM RAMOS HORTA E XANANA GUSMÃO “O PAÍS TREMIA”- bispo de Baucau


MSE - Lusa

Díli, 30 jan (Lusa) - Sem Ramos-Horta e Xanana Gusmão, Timor-Leste "tremia um bocado", porque não há figuras de consenso ou de substituição, defendeu à Lusa o bispo de Baucau, Basílio Nascimento, destacando, por outro lado, a falta de capacidade de ambos para liderar o país.

"Se porventura acontecesse uma desgraça a ambos, o país tremia um bocado, porque neste momento não há uma figura de substituição, que seja de consenso, que seja respeitada pelo país", afirmou Basílio Nascimento à agência Lusa.

Por outro lado, o bispo de Baucau disse também que nem um nem outro -- " o Ramos-Horta um bocado" - têm preparação para levar Timor-Leste "como um país".

"Uma coisa é a liderança de líderes históricos, outra coisa é a administração de um país, penso que aí é o que nos falta", disse, estabelecendo uma relação com a preparação das pessoas.

"Não houve tempo para as pessoas se prepararem, se consciencializarem, cada um foi deitando para a arena política aquilo que cada um julgava que a política era", afirmou.

"Apesar de tudo, há coisas que andam, mais mal que bem, o parlamento funciona, o Governo tropeça muito, mas também vai andando, vai fazendo alguma coisa", mas, prosseguiu, "simplesmente 10 anos depois, as pessoas pensam que já é tempo de ter alguma coisa mais clarificada".

Em relação às eleições presidenciais de 17 de março, o bispo de Baucau afirmou que, se Ramos-Horta não se recandidatar, "a população não se sentirá tranquila".

Segundo o bispo de Baucau, todos os candidatos "têm folha limpa, têm nome", mas ao nível da maturidade e do bom senso que o povo exige "ainda não há fora dele, do Ramos-Horta, quem o assegure".

"Claro que os outros políticos não gostarão de ouvir isto", admite Basílio Nascimento.

Já sobre Xanana Gusmão, "ele impõem-se mais, não como primeiro-ministro, mas como uma figura de referência, uma figura que inspira uma certa confiança", salientou.

O bispo de Baucau disse também esperar eleições tranquilas porque a necessidade de paz é "uma coisa muito profunda".

"Pode ser que eu me engane, mas neste momento a consciência do país em relação à necessidade de paz é uma coisa muito profunda e isto dá-me esperança e confiança de que, talvez ao nível de palavras haverá a feira política, como sempre, mas julgo que no consciente coletivo do país e dos cidadãos há esta recomendação aos políticos para além desta fronteira que não se pode passar", concluiu.

RAMOS HORTA BANIU PORTUGUÊS DO SITE DA PRESIDÊNCIA




O anúncio oficial só será feito amanhã, mas a possível recandidatura de José Ramos Horta à presidência de Timor-Leste levantou uma polémica linguística. Isto porque as primeiras informações sobre a recandidatura, algo que seria feito ontem, só estavam disponíveis em inglês e tétum, no novo site oficial da presidência.

Ao Hoje Macau, Ana Benavente, antiga Secretária de Estado da Educação em Portugal, diz ser uma questão “estranha” e que levanta muitas dúvidas. “Quem consulta o site fica perplexo. O presidente fala português e sobre a ausência da língua só ele pode justificar. Pode-se questionar o significado, a ausência só nos deixa uma interrogação.”

Opinião semelhante teve Fernando Gomes, presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas. “Só espero que tenha sido um descuido, lapso ou engano. Vamos ver o que ele diz.”

Para Ana Benavente, Timor-Leste necessita de adoptar “o mais rapidamente possível” uma solução sobre as línguas oficiais do território, dado que estão em causa as relações económicas não só com a Austrália, mas com os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). “Timor terá de decidir um dia se a língua oficial é o português. É algo delicado, porque Portugal e o Brasil têm investido na educação do país após a independência.” Fernando Gomes frisou também que “da parte de Portugal não há razão, mesmo com dificuldades económicas nunca deixou de apoiar Timor”.

A antiga Secretária de Estado da Educação referiu ainda as consequências de um possível “abandono” do português. “Não pode sair da vida de Timor sem consequências politicas.”



Destaque
 

QUANDO A MANGUEIRA DÁ LOENGOS…




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

A UNITA, através de Adalberto da Costa Júnior, afirmou ao Folha 8 não haver nenhum pacto secreto com o MPLA. Creio que apenas se registou um fenómeno africano: a mangueira deu loengos.

As dúvidas estão patentes no processo de devolução do património da UNITA, confiscado pelo governo durante o conflito armado e que constam, entre outras cláusulas, da rendição do Galo Negro, também chamada de Acordos de paz entre as partes.

O calibre dos negociadores de um pacote de 95 milhões de dólares não deixam dúvidas: general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior, “Kopelipa”, chefe da Casa Militar, general Leopoldino Fragoso, “Dino”, assessor do chefe da Casa Militar e Dr. Daniel Mingas, da Inteligência da Casa Militar por parte do MPLA e Adalberto da Costa Júnior, secretário do património, Cláudio Silva, secretário para os Assuntos Constitucionais e Demonsthenes Amós Chilingutila, membro da comissão Permanente, por parte da UNITA.

Só na cidade de Luanda, mais de 80 edifícios, pertença da UNITA, foram usurpados pelos homens do poder. Quando se rendeu, a UNITA julgou que o regime angolano era uma entidade séria e que o país era um Estado de Direito. Foi, mais uma vez, enganada. E o mais grave é que alguns dos seus dirigentes da altura sabiam que estavam a ser enganados.

Esses dirigentes preferiram trocar a mandioca do seu país real pela lagosta do país do MPLA.

Repetindo o que há muito é sabido, os dirigentes do Partido do Galo Negro, em Luanda, acusaram o governo angolano de agir com má fé no processo de devolução do património pertença da UNITA.

Adalberto Costa Júnior chegou a dizerà Voz de América que o seu partido iria recorrer às instâncias judiciais nacionais e internacionais para reaver o seu património que se encontra injustamente nas mãos de altas individualidades do poder político e de alguns generais.

"O que ocorreu é, infelizmente, fruto do período de guerra, o património da UNITA foi sendo ocupado pelas instituições e uma boa parte também por dirigentes ligados ao poder político e por militares, facto este que foi igualmente bastante analisado durante os acordos de paz. O governo angolano, até aqui, não cumpriu com os pressupostos", disse Costa Júnior.

Pois. Não cumpriu, e tenho dúvidas que venha a cumprir de facto, a não ser – como parece ter agora acontecido – que seja a troco de qualquer coisa menos ortodoxa. Acresce que também o povo angolano sabe muito bem como é gerido o seu país. E tanto sabe que, ao ser traído pela UNITA, resolveu votar no inimigo. Se os supostos amigos fizeram o que fizeram, era natural que tivessem de pagar a factura.

Além disso, não seria mau que a UNITA também dissesse que muitos dos seus generais que passaram para o outro lado da barricada, e que inclusive ajudaram a assassinar Jonas Savimbi, são os “legítimos” donos de parte desse património.

Ou, ainda, que explicasse como é que, entre outros, alguns dos seus generais (dos que estiveram até ao fim com o Mais Velho) são hoje dos homens mais ricos de Angola.

Adalberto da Costa Júnior tem desempenhado as suas funções o melhor que, certamente, sabe. Pena é que, para além de uma manifesta perda de memória em relação aos seus “irmãos” aposte mais, ou quase só, na reacção em vez de na acção.

Dele esperava-se (esperava eu que continuo ingénuo) mais do que andar a reboque dos acontecimentos. Acredito que, eventualmente por ordens superiores, Adalberto da Costa Júnior não possa fazer tudo o que queria ou, penso, o que sabe que deveria ser feito.

Adalberto da Costa Júnior teve uma boa escola mas, não sei se voluntariamente, deixou de regar, de adubar e de podar a árvore, convencido que ele sobreviveria só por si.

Mas se isso é grave, mais grave é ficar à espera que a mangueira dê loengos. Esperou, como é típico, sentado. Quando alguns, de boa fé, lhe disseram que assim não ia lá, resolveu não reconhecer a verdade, culpando o mensageiro e não lendo a mensagem.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: LEI DA PROBIDADE DO REGIME ANGOLANO


Angola: BARCO COM IMIGRANTES ILEGAIS NAUFRAGOU NO RIO DANDE



Diário de Notícias – Lusa, com foto

Uma embarcação com dezenas de imigrantes ilegais naufragou na barra do rio Dande, norte de Luanda, e as autoridades angolanas lançaram uma operação de busca e salvamento, noticia hoje o Jornal de Angola.

O naufrágio ocorreu quarta-feira e a bordo da embarcação, com capacidade para 10 pessoas e registada na vizinha República Democrática do Congo, seguiam 51 emigrantes ilegais, além da tripulação.

Segundo o Jornal de Angola, a embarcação preparava-se para fazer o transbordo para outra, que levaria os imigrantes ilegais para terra, de onde seguiriam para Luanda, com o auxílio de intermediários angolanos.

A Polícia Nacional deteve 16 dos ilegais que seguiam a bordo, dos quais 13 da República da Guiné, um líbio, um senegalês e um da República Democrática do Congo.

Dos 35 emigrantes ilegais desaparecidos apenas foi recuperado um cadáver.

Segundo a Polícia, citada pelo Jornal de Angola, a rede de transporte de emigrantes ilegais utiliza as rotas de Ponta Negra (República do Congo), Muanda (República Democrática do Congo) e barra do Dande.

Pela sua extensão e vulnerabilidade, a fronteira com os dois Congos tem sido a mais utilizada.

Esta operação sucede à registada há duas semanas, também na barra do Dande, quando a polícia deteve 42 cidadãos estrangeiros de diversas nacionalidades a bordo de uma canoa.

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