segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Crise europeia e ingresso da Venezuela são temas da cúpula do Mercosul




DEUTSCHE WELLE

Presidentes do Brasil, da Argentina, do Uruguai e do Paraguai reúnem-se em Montevidéu para traçar estratégias que evitem a contaminação das economias do bloco. Ingresso da Venezuela também está na pauta.

A crise econômica europeia será o principal item da pauta a ser examinada em Montevidéu nesta terça-feira (20/12), durante a Cúpula dos Presidentes do Mercosul. A presidente Dilma Rousseff, juntamente com os presidentes do Paraguai, Fernando Lugo, do Uruguai, José Mujica, e da Argentina, Cristina Kirchner, deverão definir medidas que assegurem o fortalecimento das economias do bloco e protejam seus mercados consumidores.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro aposta num fortalecimento do Mercosul diante da crise europeia. O comércio entre os países do bloco deve registrar em 2011 uma expansão de 20% em relação ao ano passado, quando as trocas comerciais movimentaram 44,5 bilhões de dólares. Deste total, quase 90% envolveram negócios com o Brasil.

Um dia antes da cúpula, nesta segunda-feira, o chamado Conselho do Mercado Comum – formado pelos ministros das Relações Exteriores e da Economia dos Estados membros – reúne-se para iniciar os debates econômicos. Durante o encontro será assinado um Acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e a Palestina. O objetivo é reduzir barreiras com o novo parceiro comercial, que ainda busca reconhecimento junto à Organização das Nações Unidas. Há três meses, Dilma defendeu o pedido palestino durante uma Assembleia da ONU.

A expectativa é que o Mecanismo de Integração Produtiva (MIP), assinado no início do mês entre Brasil e Argentina, seja estendido ao Paraguai e ao Uruguai. O mecanismo visa ampliar as relações comerciais no bloco a fim de proteger os países da crise e, com isso, reduzir a dependência de capitais de fora.

Protecionismo

Para o pesquisador alemão Thomas Fritz, do Centro de Pesquisa e Documentação Chile-América Latina, em Berlim, o anúncio de recessão em alguns Estados da União Europeia já vem afetando países da América do Sul. "Os produtos de exportação do Brasil e da Argentina terão preço menor no mercado. Isso atinge não só produtos agrários, mas também industrializados", avalia Fritz. "Já é perceptível uma queda no preço das commodities."

Com a queda nos ganhos, continua o observador alemão, investidores terão mais objeções em investir nos países emergentes, o que deve pressionar a desvalorização das moedas nacionais.

O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Amado Cervo, acredita que os líderes sul-americanos discutirão medidas protecionistas para evitar a pressão dos excedentes de produção, sobretudo industrial, dos Estados Unidos e da Europa em seus mercados. "O bloco dá uma legitimidade maior a mecanismos de proteção de cada país. É mais difícil outros países reagirem a medidas acordadas dentro de um bloco."

Por isso, afirma Cervo, o fortalecimento do Mercosul é importante especialmente para o Brasil. Cerca de 80% dos produtos manufaturados brasileiros são escoados para os vizinhos do sul. "O Mercosul é base para o Brasil negociar interesses, estabelecer linhas de ação e estratégias externas em escala global", explica.

A preponderância brasileira dentro do bloco – tanto em termos geográficos quanto econômicos – seria um dos motivos para o Mercosul não ter avançado significativamente, passados 20 anos de sua criação. O professor de relações internacionais do Centro de Integração do Mercosul da Universidade de Pelotas, Bruno Sadeck, ressalta que Brasil e Argentina apresentam condições estruturais e industriais muito distintas de Uruguai e Paraguai. "É preciso propor políticas comums no sentido de proporcionar uma redução dessas assimetrias", defende.

Ingresso polêmico

Outro tema que deve esquentar as discussões em Montevidéu é a entrada da Venezuela no Mercosul, que já recebeu aprovação dos parlamentos brasileiro, uruguaio e argentino. A expectativa é de que os líderes do bloco tentem contornar a barreira no senado paraguaio – de maioria opositora ao governo de Lugo – e viabilizem o ingresso do país liderado por Hugo Chávez. Uma das possibilidades seria a alteração das regras que estabelecem critérios de ingresso no bloco.

Levantada por Mujica, essa possibilidade de alterações no tratado do Mercosul vem gerando polêmica. Recentemente, parlamentares paraguaios lançaram manifestos afirmando que a eventual medida "passaria por cima da vontade soberana" do Paraguai.

Cervo lembra que o ingresso venezuelano também levantou acaloradas discussões no Senado brasileiro antes de ser aprovado, no ano passado.

"Todo mundo estava de acordo com a adesão da Venezuela, que é a terceira maior economia da América do Sul. Sua entrada daria um pilar a mais ao bloco. Mas o temor era que Chávez quisesse impor sua filosofia geopolítica ao Mercosul. Seu governo é tido como ideológico, antiamericano, e isso não agrada o Mercosul, que tem visão global de interdependência, de cooperação", avalia o historiador.

"Esse temor ainda existe", afirma Cervo, apostando que este pode ser o principal empecilho para que a Venezuela, que tenta fazer parte do Mercosul desde 2004, continue de fora do bloco.

Já Sadeck avalia que um assento permanente para a Venezuela de Chavez não traria problemas políticos ao bloco. "A questão não é ter Chávez, mas sim o Estado Venezuela como membro", diz Sadeck, ressaltando que o potencial quinto integrante poderia "revigorar" o bloco, hoje composto apenas por países do sul do continente.

Autora: Mariana Santos - Revisão: Alexandre Schossler

Brasil completa um ano de desrespeito à Corte da OEA sobre Guerrilha do Araguaia



Bia Barbosa – Carta Maior        

Condenado em 2010, o país tinha até esta semana para investigar os responsáveis pelos homicídios da ditadura militar na região, nos anos 70, e entregar os restos mortais dos desaparecidos aos familiares. Buscas seguem infrutíferas e Campanha Cumpra-se faz vigília para cobrar respostas da presidenta Dilma Rousseff. "O Exército continua nos torturando ao não nos entregar esses corpos", afirma Laura Petit, que perdeu três irmãos no Araguaia.

SÃO PAULO - No final de 1973, o ex-estudante de engenharia Jaime Petit da Silva foi metralhado pelo Exército brasileiro numa cabana no meio da mata, na região do Araguaia, na divisa entre os estados do Pará, Maranhão e, na época, Goiás (hoje Tocantins). Os disparos foram tantos e tão intensos que a chopana pegou fogo. Do lado de dentro, um homem magro, doente, sozinho, desarmado - o que desmonta a tese de confronto propagada pelos militares.

Meses depois, em abril de 1974, o irmão mais velho de Jaime, Lúcio Petit da Silva, também morreu no Araguaia. Feito prisioneiro com outros dois companheiros do PCdoB, ele foi visto por moradores do município de São Domingos sendo levado de helicóptero para a base militar de São Raimundo. Em 2001, sua irmã Laura, acompanhando uma diligência do Ministério Público Federal à região, ouviu da boca de um mateiro, que tinha trabalhado muitos anos para o Exército, que Lúcio tinha tido sua cabeça cortada para ser levada ao comandante da base. Ainda segundo o mateiro, Lúcio tinha documentos de identidade verdadeiros. O Exército brasileiro sabia, portanto, exatamente, quem ele era. Seus restos mortais, e também os do irmão Jaime, nunca foram entregues à família.

Esta semana, vestindo uma camiseta com a foto dos irmãos mortos e desaparecidos, onde se lia a frase "A única luta que se perde é a que se abandona", Laura foi mais uma vez para as ruas cobrar do Estado brasileiro o direito de enterrar seus entes queridos. Ao lado de outros familiares de vítimas da ditadura militar e ex-presos políticos, Laura Petit participou de um ato pelo cumprimento da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA condenando o Brasil a reparar as famílias dos mortos da Guerrilha do Araguaia. Nesta quarta-feira, dia 14 de dezembro, venceu o prazo para que o país cumprisse os doze pontos da sentença, mas praticamente nada saiu do papel até hoje.

Entre as determinações da Corte da Organização dos Estados Americanos estão a investigação e punição dos responsáveis pelas torturas, homicídios e desaparecimentos forçados durante a Guerrilha do Araguaia; a identificação e entrega dos restos mortais dos desaparecidos aos familiares; o acesso, sistematização e publicação de documentos sobre a guerrilha em poder do Estado; e a implementação de programas de educação em direitos humanos permanentes dentro das Forças Armadas. A sentença diz ainda a Lei de Anistia de 1979 está em desacordo com a jurisdição internacional de direitos humanos, pois impede que perpetradores da ditadura sejam julgados, e que o Brasil deveria alterar sua legislação para permitir sua punição.

O processo é resultado de uma ação civil movida internamente em 1982 por 22 famílias de presos políticos do Araguaia. Eles simplesmente queriam saber o paradeiro de seus filhos, receber seus restos mortais e compreender as condições em que morreram. Em 2003, mais de 20 anos depois, a Justiça brasileira condenou o Estado a abrir os arquivos das Forças Armadas para informar, em 120 dias, o local do sepultamento desses militantes.

O governo Lula, no entanto, recorreu. Em 2007, esgotaram-se os recursos legais, mas o país, condenado, ignorou a sentença da Justiça. As famílias recorreram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, cuja Corte, em 24 de novembro de 2010, condenou o Estado a cumprir a sentença brasileira de 2003 e expediu essas outras determinações ao país.

"Mas muito pouco foi feito. Reconhecemos o esforço das buscas no Araguaia, mas elas tem sido infrutíferas, e não bastam. Não é possível o governo seguir achando que esta decisão da OEA é uma ingerência sobre o país. O Brasil assinou a Convenção Interamericana de Direitos Humanos, que reconhece a Corte. Agora deve cumprir suas decisões. É um atentado aos direitos humanos o que o governo Dilma está praticando", criticou Marcelo Zelic, vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais-SP e um dos coordenadores da Campanha Cumpra-se, que organizou o ato esta semana em São Paulo e também nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Omissão governamental

A campanha pretende estar em estado de vigília permanente pelo cumprimento da sentença da OEA, com a organização de protestos sempre aos dias 14 de cada mês. Um pedido de audiência com a Presidenta Dilma foi protocolado no escritório da Presidência da República em São Paulo. Segundo o Centro de Justiça e Direito Internacional (Cejil), o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro e a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, que ingressaram na OEA em nome dos familiares, até agora o Executivo não chamou os peticionários para conversar sobre o cumprimento dos doze pontos apresentados pela Corte.

"O governo Lula publicou um livro - resultado do trabalho que os próprios familiares tinham feito - e achou que isso bastava. Teve a coragem de pedir o arquivamento da sentença. Reconheceu oficialmente o erro do Estado brasileiro, mas não deu um passo além para esclarecer as circunstâncias das mortes e desaparecimentos forçados no Araguaia", criticou Laura Petit. "Durante cerca de dois anos, as buscas foram feitas pelo Exército, ou seja, aqueles que ocultaram os corpos eram os responsáveis por "procurá-los". Pedimos para o Ministério Público acompanhar, para evitar que provas fossem destruídas, mas só este ano os procuradores foram autorizados. Outro problema é que as buscas são restritas ao cemitério de Xambioá, onde o número de corpos é muito pequeno", explicou.

Xambioá, no estado do Tocantins, foi o destino dos guerrilheiros mortos na primeira campanha do Exército contra a guerrilha, em 1972. Lá foi enterrada Maria Lúcia Petit da Silva, a terceira irmã que Laura perdeu para a ditadura. Maria Lúcia foi dada como desaparecida por quase duas décadas. Seus restos mortais foram localizados em 1991 no cemitério de Xambioá, envoltos num tecido de pára-quedas, e identificados por exame de DNA em 1996, após cinco anos de pesquisas da Unicamp. Ela é uma das raras vítimas do Araguaia já localizadas.

Já os guerrilheiros mortos em 1973 e 1974, como Jaime e Lúcio, desapareceram. "O Exército diz que os arquivos foram queimados e por isso eles não sabem onde estão os outros. Mas sabemos que há leis inclusive para destruir arquivos mortos. E há ainda os arquivos vivos, que são os militares. Figuras como [Major] Curió e Lício [Maciel], que foram agraciados com a Medalha do Pacificador, deveriam ser os primeiros a ser ouvidos", acredita Laura. "Mas o Exército continua em guerra conosco. Seguem nos torturando porque não entregam os corpos de nossos familiares", acrescentou.

Laura militou no movimento estudantil. Estudava no Centro Maria Antônia. Como havia se casado em 1968 e tinha que ajudar a mãe, viúva, a cuidar de um irmão mais novo, não foi para o Araguaia com Lúcio, Jaime e Maria Lúcia. Se emociona ao dizer: "Fiquei. Para contar essa história". Xambioá, na língua indígena do povo de mesmo nome, significa pássaro veloz.

Moçambique: AS MANIAS DA QUADRA FESTIVA



HERMÍNIO JOSÉ – A VERDADE

Nas vésperas da quadra festiva do Natal e do fim de ano, a história repete-se. E este ano não é excepção. Os últimos dias têm sido marcados pela especulação de preços, criminalidade, acidentes de viação, entre outros males que pouco ou em nada abonam as ditas festas condignas.

Foi na sequência do aproximar da quadra da festiva que os funcionários dos Ministérios do Interior, da Indústria e Comércio (MIC), e da Saúde (MISAU), empresários e comerciantes se reuniram neste sábado na cidade de Maputo, com o objectivo único de traçar estratégias com vista a desencorajar a especulação de preços, açambarcamentos de produtos, e a instar os cidadãos a denunciar quaisquer casos que perturbem directa ou indirectamente a ordem, segurança e tranquilidade pública.

Aliás, este momento do avizinhar das festas tem aberto espaços de manobra para o oportunismo. Mais do que isso, dada a crescente procura de produtos de primeira necessidade, alguns comerciantes dão-se ao luxo de praticar preços ligeira ou grosseiramente altos, desrespeitando os apelos que instituições como MIC reiteram sistematicamente para não se fazer o agravamento de preços, permitindo, assim, que as pessoas passem bem as festas e tenham acesso aos produtos alimentares, sobretudo os de primeira necessidade sem muitos problemas.

O encontro do último sábado também contou com a presença de moradores do distrito municipal Ka Maxaquene, entre outros oriundos dos bairros periféricos, estes que não se escusaram de manifestar as suas preocupações relativamente à especulação de preços. Isto acontece ante o olhar impávido e sereno das entidades competentes ou que superintendem o sector das actividades económicas no país.

Entretanto, o inspector-geral das actividades económicas, José Rodolfo, disse que a sua instituição está a trabalhar no sentido de mobilizar os comerciantes para que se distanciem da especulação de preços e açambarcamento de produtos durante a quadra festiva que está à porta.

“Nesta altura do ano, são muitos os comerciantes oportunistas e desonestos que aumentam os preços injustamente, prejudicando assim os consumidores sobretudo os que têm menor poder de compra.

“Nós vamos fiscalizar as lojas, mercados, mercearias e outros centros comerciais para vermos se os preços praticados são os recomendáveis ou não. Os que especularem os preços serão sancionados”, disse Rodolfo sem, no entanto, especificar o tipo de sanções que podem ser aplicadas aos comerciantes desonestos.

Rodolfo ajuntou ainda que a sua instituição vai colaborar estritamente com a população da periferia como dos centros urbanos para que estes denunciem os casos de especulação e açambarcamento de produtos durante a quadra festiva.

Portanto, os consumidores não devem ser cúmplices das falcatruas cometidas por alguns comerciantes, é preciso que denunciem esse tipo de casos e, para facilitar o processo durante as festas, será aberta uma linha verde, para onde as pessoas podem ligar e reportar casos de vendedores ou comerciantes que aumentam os preços dos produtos alimentares desnecessária e desonestamente.

Doação de sangue para fazer face às ocorrências da quadra festiva

Infelizmente em todos os anos, durante a quadra festiva, têm-se registado inúmeros casos de acidentes de viação que culminam com a morte e ferimentos de muitas pessoas. Para fazer face à perda de sangue por parte dos sinistrados, o sector de Saúde vê-se na obrigação de traçar o seu plano de contingência de colecta de sangue doado voluntariamente pelas pessoas.

O ministro da Saúde, Alexandre Manguele, disse que, para a quadra festiva, a sua instituição preparou- se reforçando a sua equipa (enfermeiros e serventes) nos principais hospitais do país, sobretudo o Hospital Central de Maputo, Hospitais Gerais José Macamo, Mavalane, Chamanculo, entre outros, um pouco por todo o país.

Por outro lado, o sector de Saúde, segundo Manguele, tem assegurado o stock de medicamentos, e capacitou os seus agentes para melhorarem as suas operações durante as ocorrências da quadra festiva, uma vez que neste período tem-se verificado um aumento de casos de acidentes de viação provocando mortes e ferimentos.

Para fazer face a estes casos, Alexandre Manguele insta todos os cidadãos para que façam a doação de sangue, existindo neste momento postos de recolha espalhados um pouco por todo o país, onde as pessoas podem voluntariamente doar este líquido vital, salvando vidas.

“Nós apelamos e pedimos para que doemos o nosso sangue, para que tenhamos um stock sufi ciente a nível dos nossos hospitais. Há pessoas que podem perder a vida devido à perda de sangue nos acidentes de viação. Portanto, salvemos vidas, doando sangue numa atitude de solidariedade e generosidade”, afirma.

Comandante-geral da PRM aperta o cerco aos agentes da sua corporação

Jorge Khalau, comandante-geral da PRM, disse que não será tolerada qualquer atitude que atente contra a ordem, segurança e tranquilidade pública durante a quadra festiva que se avizinha, e reiterou o apelo para que os seus agentes não se envolvam em actos de extorsão de dinheiro e outros bens dos cidadãos nacionais e estrangeiros que demandam o país para passar as festas do Natal e da passagem do ano, sendo que qualquer pessoa, seja civil, ou agente policial que puser em causa a tranquilidade e ordem pública será severa e exemplarmente punido.

“Nas vésperas das festas, temo- -nos engajado no sentido de proporcionar uma quadra festiva do Natal e do fim de ano tranquila a todos os nacionais e estrangeiros que desejem passar as festividades aqui em Moçambique”, afirma para depois acrescentar que o “cumprimento deste objectivo passa pelas não cobranças ilícitas dos agentes policiais aos cidadãos, não queremos subornos, extorsões, pedidos de refresco e de dinheiro aos cidadãos nacionais e estrangeiros, mas sim uma boa conduta dos nossos agentes, sobretudo durante a quadra festiva.

Moçambique: QUATRO CRIANÇAS ESCAPAM DE UM RAPTOR NO GÚRUÉ



A VERDADE - AIM

Quatro crianças escaparam, por um triz, da tentativa frustrada de tráfico de menores, crime que tinha sido planificado por um homem que aparenta ter 45 anos de idade. O caso insólito, que deixou meio mundo pasmado, ocorreu, há dias, na cidade de Gúruè, província central moçambicana da Zambézia, e foi facilitado pelos pais das crianças que foram aliciados com dois mil meticais (54 dólares EUA) por cada petiz.

Não se sabe ao certo qual seria o destino das quatro crianças, mas há forte suspeitas de que elas poderiam ser mortas para a extracção de órgãos humanos ou exploração da mão-de-obra infantil nos campos de produção agrícola de Molumbo, em Milange, fronteira com o Malawi.

José Cardoso e Joaquim Cardoso são irmãos, e Lopes Duarte e Atanásio Miguel estudam na Escola Primária Completa de Incise, no posto administrativo de Mepagiua, situado a 65 quilómetros da cidade de Gúruè.

O suposto traficante foi até Incise para ter com os pais. Quando chegou convenceu os pais que queria quatro crianças para o ajudarem nos trabalhos de sacha de milho em Molumbo, Milange, e que em Setembro do próximo ano cada uma das crianças voltaria com dois mil meticais. Os pais dos petizes, que mal conheciam o homem, não pensaram duas vezes, senão aceitar e entregar os seus a um estranho.

Segundo a Rádio Moçambique, os petizes, com idades compreendidas entre os nove e 12 anos, foram empurrados pelos próprios pais para as mãos do suposto traficante. Não fizeram exames escolares porque a pressão dos pais era maior, dado que queriam receber dois mil meticais em Setembro do próximo ano.

O homem levou as quatro crianças à cidade de Gúruè para apanharem transporte com alegado destino que é Molumbo. Este faz fronteira com o Malawi. Testemunhas oculares dizem que naquele país, as crianças podem ser mortas para tratamento tradicional com a finalidade de aumentar riqueza dos homens, havendo gente que paga muito dinheiro para tal.

Nalguns casos até podem entregar para quem trouxer crianças, dinheiro e viaturas. Todavia, o destino daquelas crianças não era esse. Um condutor do “chapa” (transporte semi-colectivo de passageiros) que faz o trajecto Gúruè/Milange foi quem entregou o homem à Polícia, por ter suspeitado haver uma ligação estranha com as crianças.

O motorista, que por motivos de segurança não quis se identificar, disse à Rádio Moçambique que quando parqueou a sua viatura na estação dos transportes, apareceu um homem a comprar cinco bilhetes, sendo um para si e outros quatro para as crianças.

O condutor disse que o esquema é comprar bilhete e ocupar a cadeira para melhor controlar a lotação. Com aquele homem raptor de crianças não foi assim. Comprou os bilhetes e em cada 10 minutos vinha saber se a viatura estava cheia para partir. Nesses intervalos, ia comprando refrescos e bolachas para entreter as crianças.

“Descobri logo que havia algo de errado com as crianças. Dei uma volta e questionei-lhas às escondidas se conheciam o homem. Estas responderam que não e disseram-me que ele foi pedir aos seus pais para ajudar nos trabalhos da machamba”, disse o condutor, para depois acrescentar que a partir daí a sua suspeita começou a aguçar-se cada vez mais.

Conta que não fez confusão. Depois de lotar a viatura, saiu da estação e foi directamente ao Comando Distrital de Gúruè, para comunicar a PRM. O homem foi investigado e ficou apurado que ele é traficante de menores. Entretanto, o régulo da região de Incise, Silvestre Simone, foi quem recuperou as crianças das mãos das autoridades policiais.

Silvestre Simone contou à Rádio Moçambique que quando voltou à zona teve que promover uma reunião com todos os pais para explicar o sucedido e aconselhar a todos para evitarem entregar crianças a pessoas estranhas. Como castigo, os pais das crianças tiveram que construir três latrinas na escola primária completa local.

Timor-Leste: PR desmente lista de 100 prisioneiros solicitando perdão no período natalício



SAPO TL

O Gabinete da Presidência timorense desmentiu, através de um comunicado, uma notícia divulgada pela imprensa local, segundo a qual o Presidente José Ramos-Horta teria pedido à Ministra da Justiça, Lúcia Freitas Lobato, uma lista de 100 prisioneiros, de modo a receber indulto no período de Natal.

O Chefe de Estado, no âmbito de suas prerrogativas institucionais e seu lado humanitário, sempre defendeu a comutação das penas, desde que apresentassem argumentos válidos e, com isso em mente, pediu ao Governo para obter informações dos detidos. Deste modo, as noticias divulgadas pela imprensa local são totalmente falsas, diz o comunicado

“Com o intuito de planear o processo de perdão para 2011, o Presidente da República quer uma lista atualizada de todos os prisioneiros que estejam a cumprir as suas penas em unidades prisionais de Timor-Leste ", pode-se ler na carta do Chefe de Gabinete do PR dirigida à Ministra da Justiça, no passado dia 1 de Dezembro.

Como se pode ler anteriormente, não é mencionado qualquer número, diz o comunicado. Os jornais locais Suara Timor Lorosae e Timor Post publicaram no passado dia 12 de Dezembro, que a Ministra da Justiça teria recebido "instruções do Presidente da República para preparar uma lista de 100 prisioneiros elegíveis para o perdão no Natal."

O mesmo jornal acrescenta que Lúcia Lobato já tinha feito um contacto prévio com o director nacional da Correctional Services para uma apresentação da referida lista ao Primeiro-Ministro.

O jornal Timor Post vai ainda mais longe, explicando que "a Ministra da Justiça recebeu uma carta do Gabinete do Presidente da República solicitando os nomes dos presos porque Ramos-Horta quer dar perdão a 100 prisioneiros, de Becora e Gleno."

"Recebi uma carta oficial do Gabinete do Presidente solicitando os nomes dos presos que poderão receber o perdão no Natal", teria dito Lúcia Lobato ao Timor Post.

O estabelecimento prisional de Becora tem aproximadamente cerca de 80 detidos que aguardam julgamento e 90 presos a cumprir as respectivas penas, num total de 170 pessoas, enquanto em Gleno existem 30 detidos e apenas dois aguardam ainda julgamento.

Ler também em Página Global:

QUE MERDA DE PAÍS É ESTE?




A almofada da desculpa é o ‘memorando da troika’, negociado e firmado pelo governo de Sócrates e ainda ratificado – e zelosamente excedido – pelo duo PSD+CDS, detentores do poder que nos (des)governa.

Almofada, do ponto de vista etimológico, é uma palavra de origem árabe. Nós, portugueses, e fiéis às origens do ‘al-gharb’, conservámos o vocábulo. Usamos a definição linguística e naturalmente do objecto de repouso sobre o qual descansamos e dormimos. Com menor ou menor comodidade. Tudo depende do recheio. Suma-a-uma, espuma ou outros materiais sintéticos que nos amparam ou massacram o atlas, sim o atlas, ligado ao osso hioide – fonte de inspiração, quem sabe, do conhecido “Hirudoid’.

Todavia, passou a haver outro conceito aplicado a almofada; o conceito político-financeiro, ora usado por Seguro – há almofada – ora recusado por Passos e Coelho – não há almofada.

Mais do que a oposição reclama, o importante é que o governo diz:

Não há folgas, nem almofadas para acomodar, deduzo eu e milhões de outros cidadãos, a anulação do corte, mesmo parcial, dos subsídios de Natal e de férias nos rendimentos de funcionários e reformados da função pública, bem como de pensionistas privados em 2012 e 2013.

Hoje, acabei de saber pela SIC Notícias e Jornal “i”, o presidente da TAP, Fernando Pinto, afirmou que está a negociar com o governo uma excepção ao corte de subsídios naquela companhia que, como é sabido, é detida por capitais públicos.

Perante este mau exemplo, a que se adicionam outros do Banco Portugal (cujos funcionários se julgam acima dos direitos e deveres de outros cidadãos) e do INE, pergunto aos Senhor Presidente da República e aos Senhores Juízes do Tribunal Constitucional:

Que merda de País é este em que, sob retóricas e artifícios legais, há colonizadores e colonizados?

Politicamente incorrecto? Admito que sim. Mas a afronta, através da desigualdade no tratamento da política de iniquidade e menorização de rendimentos ditada pelo governo, é demasiado ofensiva e discriminatória para que os Senhores PR e ditos Juízes a validem. Virada do avesso, a questão é: ‘Ou há moral ou comem todos!”.

FINALMENTE ALGUÉM SENSATO



MANUEL ANTÓNIO PINA – JORNAL DE NOTÍCIAS, opinião

O que disse o vice-presidente da bancada do PS e tanta celeuma levantou é o óbvio: um Governo que se preocupasse exclusivamente com os interesses dos portugueses e não fosse um mero núncio local dos interesses dos "mercados" deveria ter como absoluta prioridade a renegociação da dívida.

É hoje claro para quem observa, sem palas ideológicas, a situação portuguesa que nunca conseguiremos pagar a dívida nas condições usurárias que nos foram impostas, as quais, gerando recessão e bloqueando o crescimento da economia, constituem o principal obstáculo a esse pagamento, forçando sempre a novas e sucessivas "ajudas", numa espiral de endividamento cujos resultados estão à vista na Grécia.

Assim, a reestruturação da dívida será, mais tarde ou mais cedo, uma inevitabilidade. Aos credores interessa que seja o mais tarde possível, quando o país estiver já completamente exaurido e sem património que vender ao desbarato. Nessa altura, tudo o que puderem ainda sacar será bem vindo. Aos portugueses interessa que seja já, enquanto ainda dispomos de uns restos de soberania.

A desassombrada afirmação de Pedro Nuno Santos, de que devemos "marimbar-nos para os credores" e usar todas as armas para obter condições que nos permitam pagar o que devemos e sobreviver como país independente, seria o desiderato patriótico de qualquer Governo que não agisse apenas como submissa correia de transmissão dos interesses da Sra. Merkel.


FMI AUTORIZOU MAIS 2900 MILHÕES DE EUROS A PORTUGAL




O Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou, esta segunda-feira, a terceira tranche do programa de assistência financeira a Portugal, autorizando que Portugal receba mais 2900 milhões de euros

A decisão do conselho de administração do FMI, divulgada através de um comunicado de imprensa, formaliza que Portugal irá receber a totalidade da terceira tranche de oito mil milhões de euros no âmbito do programa de ajuda da 'troika'.

A Comissão Europeia já autorizara a concessão do montante restante, vindo do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF).

Formalmente, o Fundo aprovou as conclusões da missão conjunta do FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu, que deu um parecer favorável na segunda avaliação do desempenho de Portugal no cumprimento das metas estipuladas pelo programa de assistência, nomeadamente as orçamentais.

Ler também:

PORTUGAL RECUSA LIBERTAR INFORMAÇÕES SOBRE VOOS DA CIA



Público - Lusa       

Portugal recusou fornecer às associações de direitos humanos Reprieve e Access Info Europe informação sobre os voos secretos da CIA que transportaram suspeitos de terrorismo após os ataques de 11 de Setembro, enquanto Cabo Verde nem sequer respondeu ao pedido.

Segundo noticia a agência americana Associated Press, 13 membros da União Europeia -- Portugal, Áustria, França, Itália, Letónia, Roménia, Espanha, Suécia, Reino Unido, Bulgária, República Checa, Estónia e Eslovénia -- declinaram o pedido daquelas duas associações para libertarem informações sobre os voos secretos que transportaram centenas de suspeitos de terrorismo detidos pela CIA no estrangeiro para a base militar dos EUA em Guantánamo (Cuba), no âmbito das operações pós-atentados de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos.

As duas associações também não receberam resposta de outros países, como Albânia, Azerbaijão, Geórgia, Islândia, Rússia, Turquia e Canadá, nem do Eurocontrol, regulador do tráfego aéreo com sede em Bruxelas.

Em concreto, a Reprieve (com sede em Londres) e a Access Info Europe (com sede em Madrid) pediram dados sobre tráfego aéreo que pudessem esclarecer o percurso dos designados voos de rendição realizados pela agência de informações dos Estados Unidos.

Estas duas organizações e outras trabalham há anos para juntar as peças do puzzle que envolve o transporte, em voos secretos, de centenas de suspeitos de terrorismo detidos pela CIA no estrangeiro para a base de Guantánamo.

A CIA nunca confirmou a localização exacta daquelas detenções, mas os activistas de direitos humanos falam em utilização de tortura para extrair confissões de terrorismo em países como Tailândia, Afeganistão, Lituânia, Polónia e Roménia.

Apenas 7 de 27 países forneceram as informações pedidas: Estados Unidos, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Lituânia e Noruega.

Dos restantes, cinco alegaram que já não estão na posse daqueles dados -- Reino Unido, Bulgária, República Checa, Estónia e Eslovénia --, três outros recusaram partilhar os elementos pedidos -- Portugal, Canadá e Suécia, e ainda o regulador Eurocontrol -- e treze outros não responderam, mais de dez semanas após o pedido -- Cabo Verde, Albânia, Áustria, Azerbaijão, Geórgia, França, Islândia, Itália, Letónia, Roménia, Rússia, Espanha e Turquia.

As duas organizações acusam os países que se recusaram a responder de “cumplicidade” nos voos secretos da CIA e de “falta de transparência”.

No relatório citado pela AP, as organizações assinalam ainda que o silêncio da Europa contrasta com a postura dos Estados Unidos, que entregaram registos da autoridade de aviação federal com mais de 27 mil segmentos de voo.

Washington -- destacam -- forneceu, “de longe, a resposta mais completa”.

Em 2007, o Conselho da Europa estimou em 1245 os voos operados pela CIA que sobrevoaram o continente europeu.

O programa de detenção e interrogatório levado a cabo pela CIA terá terminado em 2009.

Angola: Conselho da República propõe primeiras eleições autárquicas em 2014



EL - LUSA

Luanda, 19 dez (Lusa) - O Conselho da República (CR), órgão consultivo do Presidente angolano José Eduardo dos Santos, defendeu hoje em Luanda que as primeiras eleições autárquicas se deverão realizar em 2014, segundo o comunicado final, citado pela agência Angop.

A escolha de 2014, em vez da alternativa de 2013, propostas por José Eduardo dos Santos na abertura dos trabalhos, deveu-se à realização de eleições gerais em 2012 e à realização do primeiro Censo Geral da População e da Habitação, em 2013.

A reunião do CR deu ainda nota positiva à forma como correu e os resultados obtidos na primeira fase do Registo Eleitoral, que decorreu entre 29 de julho e o passado dia 16, e acolheu favoravelmente as datas de 05 de janeiro a 15 de abril de 2012 para a segunda fase daquele processo.

O objetivo é recensear os eleitores angolanos para as eleições gerais de setembro de 2012 e posteriores atos eleitorais em Angola.

No decorrer do encontro, o ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa, apresentou o ponto de situação do processo de atualização Registo Eleitoral, anunciando que, segundo dados provisórios, foram inscritos 489.159 novos eleitores e a confirmados 4.751.553 antigos eleitores, totalizando 5.240.712 eleitores na primeira fase.

O universo eleitoral em Angola é de cerca 9 milhões de eleitores.

"Ainda no âmbito das eleições autárquicas, o Conselho da República remeteu a questão para reapreciação na sua sessão do segundo semestre de 2012, altura em que serão abordados os assuntos inerentes à preparação do processo", acrescentou a Angop, citando o comunicado final da reunião.

O CR recomendou ainda que seja observado "rigorosamente o princípio de que o registo eleitoral é um ato individual e presencial devendo por essa razão evitar-se práticas que contrariem esse princípio, tal como a recolha indevida de cartões na posse dos cidadãos".

Esta questão tem sido repetidamente invocada pela UNITA, maior partido da oposição, que questiona a transparência do processo de atualização eleitoral devido àquelas práticas de recolha de cartões de eleitor.

*Foto em Lusa

Governo tenciona alargar projeto de apoio aos migrantes a outras áreas de intervenção



SBR - LUSA

Lisboa, 19 dez (Lusa) -- O Governo cabo-verdiano comprometeu-se hoje a alargar o projeto CAMPO (Centro de Apoio ao Migrante no País de Origem) a outras áreas de intervenção, noticia a agência de notícias Inforpress.

A ministra das Comunidades cabo-verdiana, Fernanda Fernandes, garantiu que o projeto CAMPO, criado em 2009, com o apoio de Portugal, Espanha e União Europeia, vai continuar em curso, nomeadamente através da criação de mecanismos que reforcem a participação dos emigrantes no processo de desenvolvimento do país.

Em concreto, adiantou, vai apostar-se "no acompanhamento do emigrante que queira investir em Cabo Verde".

O projeto CAMPO tem como objetivo promover a migração regular e prevenir os fluxos irregulares.

A governante, que discursava na cerimónia de balanço do projeto, disse, segundo a agência de notícias cabo-verdiana, que vão ser introduzidos reajustamentos para melhorar a gestão das migrações e valorizar as boas práticas.

Fernanda Fernandes salientou ainda que o Governo pretende realizar parcerias com outros países europeus onde a comunidade cabo-verdiana tem dimensões significativas.

Ao longo dos dois anos e meio, o escritório do CAMPO concretizou mais de 7500 atendimentos ligados a questões migratórias e o portal do centro recebeu mais de 23 mil visitas, de 86 países diferentes, segundo informou a direção do projeto.

Financiado pela União Europeia em um milhão de euros, o CAMPO tem co-financiamento do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), com cerca de 150 mil euros, e da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), com 125 mil euros.

*Foto em Lusa

TAP deixa passageiros 'à beira de ataque de nervos' com bagagens deixadas em Lisboa



MB – JNM - LUSA

Bissau, 19 dez (Lusa) - Dezenas de passageiros transportados pela TAP para a Guiné-Bissau mostrarem-se hoje indignados pelo facto de a transportadora aérea portuguesa deixar as suas bagagens em Lisboa e acusam ainda a companhia de falta de informações em Bissau.

Lamine Vieira, um dos cerca de 30 passageiros que se encontravam em frente às instalações da TAP em Bissau, disse à Lusa que já não sabe o que fazer, pois chegou a Bissau no dia 07 de dezembro e até hoje não viu a sua bagagem.

"Vim da Suíça para Lisboa e de lá para Bissau, a senhora (assistente de bordo) garantiu-me que toda a minha bagagem seguia comigo no mesmo avião, mas até hoje não recebi a minha bagagem. Todos os dias, desde que cheguei a Bissau, tenho ido ao aeroporto na esperança de ver as minhas malas", desabafou Vieira.

Este passageiro da TAP, emigrante guineense na Suíça, diz que a sua paciência já está quase a chegar ao fim.

Mamadu Baldé, outro passageiro que chegou no voo da última madrugada e também sem a bagagem propõe uma solução radical: "Desliguemos os computadores aqui no escritório deles" para desta forma obrigar a empresa a parar "e arranjar uma solução".

A TAP reconhece que existem problemas com o transporte de bagagens, explicando que se deve à elevada procura de voos e de uma parte dos passageiros viajar com um volume de bagagem superior ao autorizado, o que a obriga a ficar em terra à espera de espaço para poder ser transportada. "Se fechássemos os olhos estaríamos a pôr em causa a operação", disse à Lusa fonte oficial da companhia aérea, adiantando que "a TAP está a procura de uma solução, que ainda não foi encontrada".

A porta da TAP em Bissau é um local de autêntica romaria de passageiros. Todos protestam, acusando a transportadora de "falta de respeito".

"Não é normal que uma pessoa viaje para seu próprio país para vir passar as festas com a família e se veja numa situação absurda como esta. Há mais de uma semana que estou a comprar roupas, eu e a minha filha", contou à Lusa Manuela Silva, passageira que viajou com a sua filha.

Mais contundente nas criticas, Mamadu Baldé afirma que a TAP "engana os passageiros" prometendo-lhes o equivalente a 100 dólares para aqueles cujas bagagens não conseguiu transportar.

"Mas, será que 100 dólares chegam para quem deixou toda a roupa nas malas?", questionou Baldé, sublinhando que há pessoas cujos medicamentos de toma diária ficaram nas malas.

"Um senhor já de idade, francês, estava aqui a reclamar que os seus medicamentos não vieram. E se ele morre por falta de medicamentos?", pergunta Mamadu Candé, o mais inconformado do grupo de 30 passageiros que se juntaram em frente as instalações da TAP

"Estaremos aqui até que haja uma solução", avisam os passageiros.

*Foto em Lusa

STRAUSS-KAHN COMPARA EURO A JANGADA PRESTES A AFUNDAR-SE



DESTAK - LUSA

O ex director-geral do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss Kahn, voltou hoje à vida pública num evento em Pequim, onde deixou críticas ao presidente francês e à chanceler alemã, e compara o euro a uma jangada prestes a afundar-se.

Num fórum económico em Pequim, onde discursou durante 45 minutos a convite de um dos gigantes da internet na China, a NetEase, Strauss-Kahn - que deixou a liderança do FMI após acusações de agressão sexual a uma empregada do Hotel Sofitel em Nova Iorque e de ter estado inclusivamente em prisão preventiva -, brindou os jornalistas presentes - que o interpelaram várias vezes com perguntas sobre os processos que ainda decorrem – com um “sem comentários”, de acordo com o jornal francês Le Monde.

Sobre a situação atual na zona euro, o ex diretor-geral do FMI foi mais expansivo, criticando a forma como a situação tem sido gerida e comparando mesmo o euro a uma jangada prestes a afundar-se.

“Com a recente tempestade, a jangada parece não ter sido suficientemente reforçada”, afirmou, falando sobre a zona euro, acrescentando ainda que “o facto de o euro estar no meio de um rio e a união orçamental não estar construída deixa-o muito, muito vulnerável, e a jangada poderá estar prestes a afundar-se”.

Sobre Nicolas Sarkozy e Angela Merkel, que assumiram a liderança das mudanças para resolver a crise na zona euro, Strauss-Kahn diz que não está convencido que os líderes “se entendam” e aponta este como um dos obstáculos ao avanço do sistema europeu.

“Vemos os países europeus passarem de um plano (de salvação) para outro, de uma cimeira decisiva para outra, sem admitir perdas, sem permitir uma retoma do crescimento e sem conseguir restaurar a confiança”, afirmou.

ONG CONTABILIZA MAIS DE CEM JORNALISTAS MORTOS EM 2011



Campanha por Emblema de Imprensa

Mauro Gonçalves - Lusa - Público

O ano de 2011 fica, até aqui, marcado pela morte de 106 jornalistas em todo o mundo, segundo o relatório anual divulgado hoje pela organização Campanha por Emblema de Imprensa.

Durante este ano, 106 jornalistas foram mortos, em 39 países, segundo dados revelados pela organização não-governamental Campanha por Emblema de Imprensa. Os conflitos da Primavera Árabe estão na origem de, pelo menos, vinte mortes.

“O último ano foi particularmente perigoso para os profissionais dos media, por causa das revoltas em vários países árabes. Pelo menos vinte jornalistas morreram enquanto cobriam esses confrontos. Uma centena de outros profissionais foi atacada, perseguida, presa e ferida durante episódios no Egipto, Líbia, Síria, Tunísia e Iémen”, afirmou o secretário-geral da Campanha por Emblema de Imprensa, Blaise Lempen, citado pela AFP.

O país considerado mais perigoso para esta classe foi o México, onde, desde Janeiro, doze profissionais perderam a vida, naquele que é o continente onde mais jornalistas morreram (35). Seguem-se o Paquistão, onde foram contabilizadas as mortes de onze jornalistas, o Iraque e a Líbia, onde morreram sete profissionais, em cada país, ao longo deste ano.

No ano passado foram registadas as mortes de 105 jornalistas, menos do que em 2009, quando o número de profissionais mortos atingiu os 122, a propósito do massacre de 32 jornalistas nas Filipinas.

LIVRO DEIXA TUCANATO DESESPERADO




MÁRIO AUGUSTO JAKOBSKIND – DIRETO DA REDAÇÃO

E 2011 está chegando ao fim com uma bomba política nas livrarias. A Privataria tucana, muito bem escrita e documentada pelo jornalista Amaury Ribeiro Júnior. Ele provocou um fato político que deixou o PSDB em polvorosa. Ficou evidente que a patota de FHC/Serra não esperava. O trabalho apresenta documentos que comprovam falcatruas ocorridas no governo de Fernando Henrique Cardoso e com Serra na cabeça.

A mídia de mercado, pelo menos até agora, não se manifestou. Há informações que o tema está pautado por jornais de outros países. Geralmente quando isso acontece o tema acaba indo para as páginas dos jornalões daqui.

O líder do PSDB, senador Álvaro Dias, que diariamente denuncia supostos casos de corrupção no atual governo de Dilma Rousseff tentou minimizar as acusações de Amaury dizendo simplesmente que se trata de “café requentado”. Isso não é resposta. FHC, em cujo governo ocorreu a tal privataria, solidarizou-se com José Serra.

O deputado Protogenes Queiroz, PC do B-SP, especialista em investigar fraudes quando era delegado da Polícia Federal, não perdeu tempo e já recolheu quase o número de assinaturas necessárias para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar as denúncias. Fez bem o parlamentar, porque o tema não pode passar despercebido e respondido da forma que fez o senador Álvaro Dias ou com notinhas de Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves e outros menos votados.

Amaury Ribeiro Júnior, que em poucos dias vendeu mais de 30 mil exemplares, pesquisou todas as denúncias durante muitos anos até editar a Privataria tucana, que poderia ser conhecida também como Pirataria tucana. Trechos do trabalho aparecem em blogs na internet e dão a volta por cima do silêncio da mídia de mercado.

Em jogo estão bilhões de reais revertidos para os bolsos de muitos cidadãos acima de qualquer suspeita que se locupletaram com as privatizações a preço de banana..

De quebra, o livro de Amaury Ribeiro Junior apresenta dossiês montados contra adversários, até mesmo contra o senador Aécio Neves e outras coisas mais. A investigação mostra um esquema de lavagem de dinheiro com conexões em paraísos fiscais.

Estão envolvidos, entre outros, segundo o jornalista, o ex-governador paulista e candidato à Presidência da República em 2002 e 2010, José Serra, a filha Monica e outros big-shots do PSDB. E ainda aparece o banqueiro acima de qualquer suspeita Daniel Dantas.

Quem sabe da vida de Daniel Dantas é Protogenes Queiroz, que investigou profundamente o banqueiro e poderá, como relator ou presidente da CPI, enfrentá-lo cara a cara se for mesmo aprovada a instalação da comissão, como todos os cidadãos contribuintes estão a exigir.

A revista Carta Capital saiu na frente e já apresentou matéria esclarecedora a respeito do livro. Pela gravidade das denúncias, a cúpula tucana e o próprio FHC deveriam responder as perguntas que surgem. Se por acaso continuarem negando serão obrigados a entrar na Justiça. Até porque, argumentar apenas que o livro é “café requentado” não responde ao que está sendo denunciado.

E cá entre nós, como é diferente o comportamento dos arautos da moralidade quando tratam de matérias relacionadas com ministros do atual governo e o esquema acontecido durante o período de privatização de estatais na gestão tucana. A mídia de mercado segue a mesma linha. É possível que pela gravidade do que foi apresentado não vai dar para empurrar eternamente as denúncias para debaixo do tapete, como fazem geralmente quando estão envolvidos cidadãos do tipo acima de qualquer suspeita.

Falando nisso, o que terão a dizer Rodrigo Maia, filho de Cesar Cidade da Música Maia, ACM neto e outros políticos que vivem posando de arautos da moralidade com denúncias diárias contra ministros?

Como reflexão de fim de ano é válida para qualquer dia do ano, por que os meios de comunicação não informam nada sobre quanto os brasileiros estão pagando em matéria de juros da dívida pública?

Volta e meia os jornalões falam dos gastos relativos à corrupção, mas não informam que diariamente o Estado brasileiro gasta 1 bilhão de reais com a dívida pública.

Outro tema que merece reflexão profunda é o relacionado com a privatização dos aeroportos. Sérgio Cabral defende com unhas e dentes a privatização do aeroporto Tom Jobim. Já a mídia de mercado apresenta quase diariamente matérias enfatizando um suposto deterioramento dos serviços do aeroporto internacional do Rio de Janeiro.

É o tipo da campanha orquestrada. O Tom Jobim, ao contrário do que dizem os meios de comunicação de mercado, atende perfeitamente aos interesses da população. Façam a comparação, por exemplo, com o aeroporto Charles De Gaulle, de Paris. Se o viajante quiser guardar malas e pegá-las depois das 9 da noite, impossível. Sabem o motivo? Simplesmente porque o referido serviço no aeroporto francês fecha as 9 da noite e só reabre no dia seguinte cedo. Já no “deteriorado” Tom Jobim, o guarda-malas funciona 24 horas por dia.

O governo Dilma Rousseff começou dar os primeiros passos no sentido de privatizar alguns aeroportos, como o de Guarulhos e do Distrito Federal, contrariando o que tinha dito em campanha.

Fica como sugestão de pauta a de se fazer levantamento dos principais aeroportos do mundo para saber se estão sob o controle do Estado ou em mãos privadas. Seria interessante também saber o motivo pelo qual muitos países entendem que não se deve privatizar aeroporto e sim mantê-lo sob controle do Estado.

Seria também importante que a opinião pública e a própria Presidenta Dilma Rousseff - caso não saiba, o que é difícil - fossem informadas se na América Latina e pelo mundo afora existem aeroportos e linhas aéreas que foram reestatizadas depois da enxurrada privatista do período neoliberal, que esteve no auge na Argentina com o presidente Carlos Menem e por aqui com FHC.

*É correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE

Comandante da Polícia Militar preso no Rio de Janeiro por envolvimento com traficantes



FYRO - LUSA

Rio de Janeiro, 19 dez (Lusa) - Uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro, desencadeada esta madrugada, resultou na prisão do comandante do Batalhão Militar de São Gonçalo, tenente-coronel Djalma Beltrami, acusado de receber dinheiro de traficantes.

A ação, ainda em andamento, visa cumprir 24 mandados de prisão, sendo 11 contra traficantes e 13 contra polícias militares, segundo informações da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Os agentes pretendem executar ainda outros nove mandados de busca e apreensão.

O envolvimento de polícias militares com o tráfico da região foi descoberto a partir de investigações iniciadas há sete meses.

Em nota oficial, a polícia estima que os agentes corruptos chegavam a receber cerca de 160 mil reais (cerca de 66,2 mil euros) por mês.

Esse é o segundo comandante do Batalhão de São Gonçalo preso em menos de três meses.

Djalma Beltrami, preso hoje, substituiu o tenente-coronel Cláudio Luiz Oliveira, afastado em setembro, acusado de planear o assassinato da juíza Patrícia Acioli, morta com 21 tiros em agosto deste ano.

*Foto em Lusa

Cesária Évora: ÁFRICA PERDE UMA VOZ, O CÉU GANHA UMA ALMA




Não seria exagero dizer que Cesária Évora foi, é e será sempre a voz da África para milhões de pessoas. De facto, Cesária Évora é património mundial para os países membros da CPLP e constituirá uma eterna mais-valia para o espaço lusófono... porque Cesária Évora é mais do que uma voz, é mais do que um coração e ainda mais do que uma alma.

Há duas palavras que surgem do riquíssimo vocábulo da língua portuguesa para a descrever, e estas duas palavras são Cesária Évora. Definem-na no seu espaço, no seu contexto, colocam-na na Pátria que ela amava e cuja voz de referência ela se tornou. Se cantava de pé descalço foi porque ela sentia a sua terra a percorrer as suas veias, é porque Cabo Verde, primeiro e em segundo lugar, África, é parte integral da sua plasma. Quando pegava num microfone num palco, foi porque dignou-se a enriquecer a cultura mundial com aquele dom com que ela já tinha honrado todos os recantos da sua Ilha, São Vicente, e há muitos anos.

Aos 70 anos de idade, o corpo de Cesária Évora nos deixou no Hospital Baptista de Sousa, ilha de São Vicente, Cabo Verde neste sábado, 17 de dezembro. Mas vai continuar a viver entre nós muito mais do que a voz dela, pois esta era simplesmente um veículo para transmitir seu coração, sua alma e o coração e a alma da África. O que vai continuar a viver entre nós é a melancolia, a nostalgia, o amor correspondido e não, a esperança e o desejo vividos, usufruídos e queimados, a humanidade, a morna, a lágrima, a tristeza e nobreza e alegria ... da África e dos africanos, do Cabo Verde e dos cabo-verdeanos na voz de Cesária Évora, singular, ímpar, digna.

E isso, ninguém nem nada poderá destruir ou tirar de nós, nunca. Esse anjo da cultura mundial, nasceu no Mindelo, Capital da ilha de São Vicente, Cabo Verde em 27 de agosto de 1941, passou os primeiros anos da sua vida cantando e encantando São Vicente com o seu talento, e somente em 1988, aos 47 anos de idade, ela gravou seu primeiro álbum, em Paris.

Cesária Évora saltou para o palco mundial em 1992, aos 50 anos de idade, depois de apresentar seu quarto álbum, Miss Perfumado, em Paris, e depois dos shows subseqüentes, na cidade de Paris Theatre. Seis álbuns tinham referências Grammy, um prêmio que ela ganhou em 2004 (World Music, Voz d'Amor). Onze álbuns são apenas parte do seu legado, sendo o último Nha Sentimento (2009).

Cesária Évora, ou "Cize" para seus amigos, havia nascido em uma família musical - seu pai Justiniano da Cruz tocava cavaquinho, viola e violino, seu irmão tocava saxofone e entre os amigos da família, estava o compositor cabo-verdiano, B. Leza. O instrumento da Cesária Évora, porém, foi sua alma, através da sua voz, e desde tenra idade ela cantou nas ruas, nas praças "para esquecer as coisas tristes" nas suas palavras. Mais tarde acrescentou como palcos abençoados, acariciados e honrados pela sua voz bares, hotéis, salas de concerto. Acrescentaram-se mas nunca substituíram os caminhos, as ruas e as praças que ela pisava sem sapatos, a Rainha da Morna não precisava.

Sua interpretação da canção Sôdade dá asas a qualquer coração ou alma de qualquer geração de qualquer idade em qualquer lugar na Terra. Quem ouve a voz de Cesária Évora ouve uma alma a voar, ouve a história contada de milhares de anos de segredos africanos, ouve o espírito de Cabo Verde, o coração da África, a nobreza da Mulher.

Quão feridos os corações da África, de Cabo Verde, do espaço CPLP hoje. Porém, o legado da Cesária Évora é tornar a tristeza em alegria. E que rico legado é esse...

Timothy Bancroft-Hinchey - Director e Chefe de redacção

Versão portuguesa - Pravda.Ru

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