quarta-feira, 7 de setembro de 2011

CALDEIRADA À MODA DE TIMOR-LESTE, COM FARTURA




ANTÓNIO VERÍSSIMO

Como se fosse uma ementa que nos possibilitasse conhecer as especialidades da casa podemos fazer o mesmo, relativamente a Timor-Leste, no menu dos acontecimentos da semana que vai passando e que foram objeto de notícia na comunicação social tradicional e, ou, nas alternativas online.

Neste menu não haverá lugar a perguntar se querem assim ou com mais molho porque devemos ser frugais por razões da doentia obesidade. Isto para aqueles que realmente comem, porque, é bom não esquecer, existem imensos timorenses, das mais variadas faixas etárias, que passam dias sem comer. Mesmo aquilo que possam vir a comer num dia ou noutro é mais que frugal, são refeições de fome em que a predominância é oxigénio e água…

Sirva-se a caldeirada e não se delongue os rodriguinhos porque há os que já estão com água na boca.

UNPOL PAQUISTANÊS MORRE AFOGADO EM LIQUIÇÁ

Um prato curto de servir mas que encerra tristeza tem que ver com mais um UNPOL que faleceu em Timor-Leste durante o seu tempo de comissão. Era um polícia paquistanês que por obra do diabo e falta de precaução se afogou quando o barco em que seguia com outros companheiros de lazer se afundou, alegadamente devido ao estado bravio do mar. É a tendência para facilitar nos tempos livres. Ao pedirem o barco emprestado a timorenses decerto não equacionaram sobre os perigos que existiam ao sobrelotar a frágil embarcação. Uma nota de infelicidade e de tristeza, principalmente para colegas, amigos e familiares.

TAUR DEMITE-SE… SERÁ QUE A DEMISSÃO É ACEITE PELO PR?

Entretanto, no aspeto politico-militar, o prato forte foi o anúncio de Taur Matan Ruak, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, que apresentou a sua demissão do cargo. Considerou que era chegada a hora de o guerrilheiro-general arrumar a farda, depois de mais de 30 anos daquela vida. Merecidamente chegou ao apogeu da carreira porque, espera-se, seja aceite a sua demissão e também que lhe ponham nos ombros as estrelas que possam faltar. Isto porque ele é o expoente máximo de como se deve comportar um militar responsável, como também o foi nos tempos da luta contra o invasor indonésio. E vá-se lá saber porque razão em 2006, quando do golpe de estado de Xanana Gusmão, procuraram eliminar este general. Contas de outro rosário.

Não é segredo que há cerca de dois anos Taur já dizia em off querer disputar em pleito eleitoral o cargo de presidente da República. Muitos não o levaram a sério e consideraram que aquilo era ideia estapafúrdia. Eu pensei assim. Talvez que os assim pensantes tenham alergia a militares ou ex-militares deveras influentes no poder político. É que uma coisa não liga bem com a outra. Se virmos na história universal constatamos que aconteceu vezes demais a “coisa” dar para o torto e os povos serem subjugados devido à promiscuidade entre poderes com militares ou ex-militares. É que por mais que um militar deseje nunca mais consegue ser civil e vezes demais não consegue deixar de ser rígido. A “escola”, as práticas militares, o seu enraizamento, são muito úteis às sociedades, mas só se os militares se submeterem ao poder político e constitucional e na qualidade de militares, de resto... E isso nem sempre é garantido. Olhemos na Ásia, na América Latina, em África, na Europa… Praticamente por todo o mundo.

Podemos imaginar, ter até a certeza, de que haverá aqueles que dizem prontamente que “não, Taur é de confiança e acima de tudo é timorense de muito boa cepa, um herói.” Pois, mas gato escaldado foge de água fria. Também as perspetivas acerca de Xanana Gusmão eram aquilo que eram, de muito positivo, e afinal temos visto o golpista que ele é e o madraço que igualmente é para os carenciados e anónimos timorenses que pelo país passam fome e têm um grande NADA quotidiano e por horizonte - se acaso o rumo do país e dos “saques” ao que pertence ao povo não mudar.

Atualmente Taur Matan Ruak não se parece nada com o estilo Xanana Gusmão, até nem é ator, não chora para conquistar simpatias, nem ri a fazer de conta porque convém. Chama-se a isso caráter equilibrado e honesto. A antítese de Gusmão e de muitos outros políticos e personalidades de topo que vagabundeiam pelos gabinetes ministeriais e anexos. Mas, e se Taur muda? Porque não um civil na Presidência da República? Para que é que Taur meteu na cabeça disputar eleições para PR de Timor-Leste?

Tanta pergunta. E há aqueles que afirmam a pés-juntos que o melhor para Timor-Leste é ter um PR como Taur, de preferência o próprio Taur. Todo devemos guardar admiração e muito respeito pelo guerrilheiro-general Taur, é justo. Mas não seria ainda tempo de ele continuar a segurar as F-FDTL, no seu atual cargo, e deixar a política para os políticos? É que porque uma pessoa é muito boa no desempenho daquilo que está a fazer isso não significa que seja igualmente boa noutro cargo de responsabilidade.

Pois. Mas ele, o guerrilheiro-general, e o povo timorense é que vão decidir. É o desejável e aquilo que é constitucionalmente ditado. Que aconteça tudo pelo melhor para os timorenses enganados, abandonados e roubados, é o que podemos desejar. Que não haja caldeiradas.

Mudemos de prato, porque este foi copiosamente servido e ainda apanhamos uma indigestão. Quem quiser que arrote. Que se alivie.

XANANA BOSOK… ISSO, E MUITO MAIS! LÚCIA!

Podemos ler no Tatoli, blogue timorense sem papas na língua, sobre o intrujão que é Xanana Gusmão. Bossok significa isso mesmo: intrujão, falso, enganador, mentiroso…

Explica o Tatoli, com referências a reportagem do CJITL, que Gusmão, o PM de fato Alexandre, mas Xanana, prometeu no Oecussi uma estrada que disso continua só com o espaço para ser, assim como a muito grande vontade dos habitantes daquele enclave timorense rodeado por quase todos os lados pela Indonésia.

Pensando bem este é um prato e condimentos repetidos sobre estradas. O negócio das estradas já deu, está a dar e continuará a ser muito generoso para uns quantos “empreiteiros” das relações do PM, antes era assim e agora deverá continuar a ser. Foi assim com os do famigerado MUNJ… O PR Horta é capaz de saber “umas coisas” sobre isto. Então não era que o MUNJ até era “mediador” de levados e trazidos com o assassinado major Reinado?

Bosok não será só Xanana Gusmão. Pela certa. Sem mais pimenta, nem veneno, resta fazer - à laia do Rei dos Vinhos do Poço do Bispo, em Lisboa, o velho Abel Pereira da Fonseca – o que o velho disse aos filhos na hora de morrer: “Lembrem-se que de uvas também se faz vinho”. Pois então, ao bosok das estradas, aos bosoks todos, será bem lembrado informar que do alcatrão também se fazem estradas… É que parece que não sabem isso, nem que antes de as “pintarem de preto” as estradas devem ser devidamente consolidadas, não basta borrar as ditas com aquela cor e pronto, já está. Onde andam as verbas que sobram por empregarem menos mão-de-obra, menos e maus materiais, isso já faz parte de outra caldeirada…

Cozinhado estragado é, de certeza absoluta, o que foi publico sobre a ministra da Justiça, Lúcia Lobato. Até a deram como reclusa domiciliária e tudo. Afinal não é nada disso e ela lá anda, cantando e rindo.

Servido ao natural: acontece que Lúcia Lobato está simplesmente referenciada em ações de corrupção e que a CAC - Comissão Anti-Corrupção, decidiu pô-la com Termo de Identidade e Residência. É aquilo que se percebe. Aliás, não é a primeira vez que a ministra está sob esta medida de coação. Não se percebe lá muito bem porque razão a tal CAC tem esses poderes mas… E agora o processo transita para o Ministério Público e então é que a senhora vai ser “tratada” em tribunal… Os condimentos devem ser estes, à falta de melhor.

O que foi referido pelo elemento da CAC que fez declarações à comunicação social, finalmente servido pela Lusa já requentado, é que há qualquer coisa como fardamentos para presidiários no valor de 97 mil dólares norte-americanos que não “batem” certo… Pois, devem ter sido fardamentos de luxo criados por algum estilista caríssimo. Não se lembrou a ministra de comprar os fardiotas made in China. Por aquele valor, quase cem mil dólares, até dava para fardar os timorenses todos! Todos não, porque a elite apodera-se do suficiente para adquirir do bom e do melhor. Claro. Se dá para Humeres… Grande caldeirada. Cuidado com eles e com elas!

Supondo que este é um prato de peixe - poderia ser porque há peixe lúcio e a peixa de certeza que é lúcia – já está estragado e sabe a fénico, para além de lagartas que lhe andam nas tripas. Peixe por peixe, o costume é tudo ficar em águas de bacalhau e a Lúcia até vai brilhar mais que o sol, não em Becora, na prisão, mas sim a substituir os tais geradores e centrais a óleo pesado. Vai ser lá um brilho incandescente que até dará para perceber que continua a não ser energia limpa mas sim suja que se farta. Chega de sal.

CALDEIRADA DE EMPRÉSTIMOS, SAQUES, OMELETAS E DIGESTIVOS

Andam a querer contrair empréstimos para o Estado de Timor-Leste. Quem? O governo de Xanana Gusmão, claro. Argumentam os mentores governativos que “a medida permite ao Governo solicitar fundos a outros países, com vista ao desenvolvimento”. Ao desenvolvimento de quem? Do país não deve ser porque há milhões que se somem e depois dizem que quem os leva são de Macau… Se calhar até de Carregal do Sal ou do Samouco. Para desculpas qualquer coisa serve. Grande caldeirada. Sopa?

Mesmo que não seja sopa pode ser um caldo de mais desenvolvimento para aqueles que já estão super desenvolvidos e que qualquer dia nem têm no mundo mais nada para comprar porque já não cabe em TL. A não ser que comprem casas na Austrália, que é país enorme. Palacetes, por exemplo. Humeres, mais humeres. O Sabino, ministro da Agricultura, tem um ou dois… Ainda agora o Timor Hau Nian Doben esclareceu essa “novidade”. Como os esconde – os humeres - se calhar até tem meia-dúzia e nós não sabemos. Humeres sim, mas de preferência que tenham um banco utilitário para os minorcas porem o pé, subirem e entrarem no veículo. Assim como a ministra da Economia, Lurdes Pires, tem. Até tem o secretário do banco, que anda com o dito debaixo do braço e que o poisa no chão para a ministra subir. Depois levanta-o logo que ela entra... Este secretário, ao que dizem as más-línguas de bacalhau, recebe à volta de 9 mil dólares norte-americanos (que vontade de rir se não causar engasgos), pagos pelo Banco Mundial, mas que quase metade disso vai para a conta da ou do contratante (como dizem em sopro) porque essa é a prática em TL desde o chefe mais simplório até ao ministro mais importante. Quer dizer: contratam por determinado valor assessores, secretários e o que mais der, inflacionam as cabeças e os números… Mas depois uma quota parte vai para os “chefões” - e os basbaques contratados alinham nisso porque nem que recebam três ou quatro mil dólares, ou assim por aí, já é dinheiro e é bem-bom. Grande caldeirada.

Só mais um digestivo: Essa prática não é punível por lei? É que já dura há tanto tempo  e há tantos casos citados em sopro... O que se sabe é que fazem que não sabem disto!

A patuscada vai grande e ainda nem cheguei a metade da paparoca. Mas isto vai ter de acabar aqui. É impossível servir em tão pouco tempo e espaço tanta comezaina. Nem que fosse regada a bons litros de vinhaça. Ou de champanhe, para os amigos do alheio que sabemos.

Imaginem o que seria servir ainda, aqui e agora, a erradicação da língua portuguesa no ensino básico, obra de Kirsty Gusmão e de mais uns insuspeitos e veneráveis de sua ilharga. Ou de Mari Alkatiri e Lu Olo continuarem a ser os lideres da FRETILIN, eleitos por voto secretos e com boa afluência às urnas. Sim, porque já não fazem como a senhora Kirsty Gusmão – que nas votações vai tudo de dedo, mão ou braço no ar. Assim: “Quem é que não quer o português no ensino?” Ou ao contrário mas que vai dar no mesmo e no resultado compelido que interessa. Mais ou menos isso, tipo omeleta, como descrevem essas “votações democráticas” dessas “assembleias” sobre o “ensino”.

E tanto que há para servir deste menu Timor-Leste… Mas não. Vai acabar aqui, por agora. Esta espécie de peça despretenciosa, este solilóquio, está a ficar um monstro – pelo menos em tamanho. É um pouco castigo para aqueles que andaram a escrever-me e a dizer que “nunca mais escreve” e daqui e dali. Oh, senhores (as), nunca leram o Direito à Preguiça? Pois leiam. Façam isso mas só depois de lerem O Triunfo dos Porcos. Sorrio, ao imaginar aquele porco-mor lá do sítio, no livro do Orwel, com barbas, a beber uns valentes copos e a sonhar com plantações de abóboras. Depois volto, se quiserem. Se acaso não gostaram escusam de fazer cerimónias, vomitem à vossa vontade. Era o que os romanos faziam nos vomitorium, vocês, os senhores e senhoras que conseguirem chegar a ler isto, usem o penico que é o mais parecido com os aparatos cesarianos. Já estão fartos? Yes!

*Revisão de Beatriz Gamboa

QUEM DERRUBOU AS TORRES EM NOVA IORQUE?




RUI MARTINS, Berna - DIRETO DA REDAÇÃO

Berna (Suiça) - No 11 de setembro de 2001, ainda na CBN, eu comentava ao vivo diante de minha televisão, aqui em Berna, na Suíça, o ataque às torres gêmeas com Heródoto Barbeiro, em São Paulo, e Sidney Rezende, no Rio.

Pouco antes, estava terminando de almoçar e ouvia a rádio francesa Europa 1. Nessa época, ouvir os noticiários pelo rádio fazia parte da minha rotina diária, para garantir entradas imediatas na CBN, no caso de acontecimentos políticos, acidentes, atentados.

Foi assim que ouvi as primeiras notícias transmitidas num flash, dando conta de que um avião, ao que parecia desviado da rota, entrara num edifício de Nova Iorque. Logo depois, o correspondente nos EUA entrou ao vivo e fui correndo ligar a televisão quando ele anunciou que um outro avião entrara na segunda Torre Gêmea.

Era algo inacreditável, aquela fumaça de querosene em dois edifícios simbolos da força americana. Heródoto, comedido como sempre, não se aventurava a falar em atentado, queria primeiro esperar a confirmação. Eu e Sidney (não sei se a CBN guardou a gravação do programa) não tínhamos dúvida. E me lembro ter afirmado que, fazia alguns dias, um líder islamita prometera atentados nos EUA. Mas não me vinha o nome completo daquele acabaria se tornando o pesadelo dos americanos.

É alguma coisa como Ossuma. E Sidney Rezendo completou – é Ossuma Ben Laden. Alguns dias depois, a direção da CBN decidiu que a pronúncia certa seria Ossuma Bin Laden.

De repente, enquanto cada um ia fazendo seus comentários, ocorreu a queda das torres como numa implosão de velhos edifícios. E, ali, pronunciei o seguinte comentário, diante do que me parecia óbvio - « mas pelo visto, além de terem entrado nas torres com os aviões, eles tinham minado antes os prédios com explosivos colocados nos andares ».

Nos dias seguintes, fiquei com a impressão de ter dado um fora, porque nenhuma autoridade americana falou na hipótese dos explosivos, e me contentei com a versão oficial.

Mas, algum tempo depois, li alguns depoimentos levantando estranhas hipóteses, pelas quais os atentados teriam de certa forma sido ajudados, dando-lhes uma dimensão ainda maior. Ignorei, mesmo porque sei da tendência dos americanos de verem em tudo um complô ou mentiras, como é a história da ida do homem à Lua e mesmo do vôo do Gagarin.

Porém, hoje, dez anos depois, tem muita gente séria levantando dúvidas, geralmente engenheiros que entendem de resistência de material ao fogo e altas temperaturas. Assim, dizem que o querosene saído dos aviões queima a uma temperatura de 850 graus centígrados, mas que o metal das torres podia suportar calor de 1.250 graus, antes de fundir.

Como onde tem fumaça, há certamente fogo, nessa história de complô para derrubar as Torres Gêmeas, o melhor, para evitar o risco de abuso por esquerdistas ou antiamericanos, seria esperar surgir alguém não político. Ora, justamente, existe um, suíço, professor de História na Universidade de Basiléia. Seu nome Daniele Ganser. Ele diz ter ficado com a pulga atrás da orelha, três anos depois, em 2004, ao ler o relatório oficial da Comissão de Inquérito sobre esses atentados.

Depois de ler o calhamaço de mais de 500 páginas, Ganser não se convenceu, achou falhas, e muitos argumentos destinados a reforçar os ataques ao Iraque, Afganistão, ao islamismo e ao Eixo do Mal apontado pelo cristão Bush. Três mil mortos de um lado, centenas de milhares do outro.

Ganser ficou também impressionado pelo fato da torre 7, do World Trade Center, a WCT7, não constar do documento, embora tivesse caído como um castelo de cartas no fim da tarde do 11 de setembro, e o mais estranho, sem ter sido tocada pelos aviões.

Esse esquecimento da WTC7 não foi só do inquérito, muitas pessoas acham terem sido só duas, as Torres Gêmeas, as que foram ao chão. Se já era estranho as gêmeas terem desmoronado, mais estranho é o fato de um prédio de 43 andares ruir, sem ter sido incendiado e sem ter sido atingido por aviões.

Hugo Bachman, professor de material numa universidade de Zurique acredita que, a maneira pela qual caíram de maneira imediata todos os andares dos prédios, só tem uma explicação – a queda dos prédios foi controlada por explosivos, como se costuma fazer, e se vê na televisão, com os prédios antigos implodidos.

Além disso, o professor de economia Marc Chesney, da Universidade de Zurique, revela ter havido um jogo na bolsa de valores, um dia antes dos atentados, envolvendo as ações das companhias United Airlines e American Airlines, cujos aviões foram sequestrados, e que representaram milhões ou bilhões de dólares, coisa nunca investigada.

Parece também terem sido informados, a tempo, tanto o governo como a CIA, sobre a preparação dos atentados, por que, então, não foram inteceptados os terroristas antes de colocarem em prática o aprendido nas escolas de pilotagem ?

Resta a pergunta, no caso desses indícios provarem ter havido ajuda aos terroristas para completar seus atentados, sobre quem teria tomado essas iniciativas. Se o objetivo era provocar guerras, uma coisa ficou provada – a intervenção no Afganistão e a guerra contra o Iraque beneficiaram amplamente as indústrias de armamentos, porém tiveram efeito boomerangue.

Os EUA de hoje com crise econômica e dólares em baixa acabaram sendo também vítimas da guerra contra o Eixo do Mal, decretada por Bush, pelas enormes despesas representadas. Serão necessários ainda alguns anos para se saber com certeza se houve um complô paralelo no 11 de setembro de 2001, cujo objetivo era criar condições junto à população dos EUA para guerras contra os islamitas, transformados em representantes do Mal, e poder se apossar do petróleo do Iraque.

* Jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura, é líder emigrante, ex-membro eleito no primeiro conselho de emigrantes junto ao Itamaraty. Criou os movimentos Brasileirinhos Apátridas e Estado dos Emigrantes, vive em Berna, na Suíça. Escreve para o Expresso, de Lisboa, Correio do Brasil e agência BrPress

LULA DA SILVA ADMITE INTERESSE NOS ESTALEIROS DE VIANA DO CASTELO




PÚBLICO - LUSA

O ex-presidente brasileiro Lula da Silva afirmou esta quarta-feira que os estaleiros de Viana do Castelo poderão vir a ser muito importantes para uma cooperação entre Portugal e Brasil com vista ao desenvolvimento da indústria naval brasileira.

“Uma das coisas que discuti com o Presidente da República, Cavaco Silva, e com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, foi a forma como Portugal pode contribuir para o crescimento da indústria naval brasileira. À conta da descoberta de petróleo, vamos ter de construir muitos barcos, navios petroleiros e plataformas e precisamos de contar com a excelência de Portugal”, afirmou o antigo chefe de Estado, adiantando que falou com os governantes portugueses sobre os estaleiros de Viana do Castelo.

Lula da Silva falava aos jornalistas à margem de uma cerimónia realizada em casa do embaixador do Brasil em Portugal, onde participaram, entre outros, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o secretário-geral do PS, António José Seguro, e o secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), Carvalho da Silva.

Lula da Silva referiu também que outro assunto discutido com os governantes portugueses foi o eventual interesse do Brasil na TAP, que considerou ser “uma empresa extremamente importante”.

O antigo presidente brasileiro defendeu, igualmente, um reforço das relações comerciais entre o Brasil e Portugal, sublinhando que a relação entre os dois países não pode ser “meramente” sentimental.

“Brasil e Portugal estiveram durante muitos anos afastados. Em 1500 foi Portugal que descobriu o Brasil, agora é a nossa vez de descobrir Portugal”, apontou.

Lula da Silva advertiu que é necessário colocar os empresários a trabalharem, uma vez que são eles que põe em prática os acordos assinados pelos governantes de ambos os países.

Por seu turno, o secretário-geral do PS, António José Seguro, que manteve uma pequena conversa com Lula da Silva durante a cerimónia, afirmou aos jornalistas que o Partido Socialista está empenhado em ajudar no reforço das relações entre Portugal e o Brasil.

“Sempre entendi que se serve o país tanto no Governo como na oposição. E entendemos que é importante para Portugal um estreitamento das suas relações com o Brasil”, declarou.

*Foto em Lusa

MARCHA CONTRA A CORRUPÇÃO REÚNE CERCA DE 25 MIL PESSOAS EM BRASÍLIA




Gustavo Gantois, do R7, em Brasília

Movimento pede o fim da impunidade e do mau uso do dinheiro público

Cerca de 25 mil pessoas participaram nesta quarta-feira (7) da Marcha Contra a Corrupção, em Brasília. Com cartazes pregando o fim do voto secreto dos parlamentares e contra a absolvição da deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF), os manifestantes ocuparam toda a Esplanada dos Ministérios até a praça dos Três Poderes.

Inicialmente, a Polícia Militar calculou em 10 mil o número de presentes à marcha, mas logo após o fim da manifestação admitiu que 25 mil compareceram. A organização contava com uma adesão entre 25 mil e 30 mil pessoas.

Organizada nas redes sociais – como o Facebook, o Twitter e o Orkut –, a marcha se valeu de cartazes e faixas, algumas bem-humoradas e outras mais radicais, para apelar a um sentimento de mobilização que não se via desde a época dos caras pintadas, quando houve o impeachment do ex-presidente Fernando Collor.

O técnico em processamento de dados Charles Guerreiro, 42 anos, organizou um pequeno grupo com vassouras e baldes de água e sabão. O objetivo era, nas palavras dele, ajudar a presidente Dilma Rousseff a continuar a “faxina” contra a corrupção. Juntos, lavaram a entrada do Ministério da Agricultura.

- Nós sabemos que o dinheiro que alimenta a corrupção retira direitos do cidadão como saúde e educação. Não aceitamos mais esse desrespeito com a população. Exigimos o fim da impunidade e do voto secreto. Queremos saber quem são os ladrões que acobertam os outros.

O estudante de Relações Internacionais George Marques, 21 anos, foi um dos organizadores da marcha. Segundo ele, os jovens querem mudanças na política brasileira, com renovação dos parlamentares e um combate mais efetivo aos desvios de dinheiro público.

- Passamos muito tempo calados, mas agora estamos vivendo uma situação insustentável. Se o governo diz que precisamos crescer, precisa antes fechar a torneira de dinheiro público que abastece os políticos. Pagamos nossos impostos e merecemos ter dignidade como cidadãos que ainda acreditam numa política bem feita.

Prevista para começar às 10h, a marcha só saiu do lugar de concentração, o Museu da República, meia hora depois. A intenção de cantar o Hino Nacional na frente do palanque de autoridades que assistia ao desfile de Sete de Setembro foi por água abaixo com o atraso.

Dispostos a mostrar volume, a organização decidiu percorrer a Esplanada dos Ministérios até o pavilhão nacional, a bandeira que fica próximo ao Palácio do Planalto.

Pressionando a Polícia Militar, que tentava evitar a aproximação do público do local de trabalho da presidente Dilma, os manifestantes conseguiram ultrapassar a barreira formada e deram a volta por trás do Congresso para retomar a marcha pelo outro lado da Esplanada, onde mais cedo ocorreu o desfile militar.

A estudante Jessica Nascimento, de 19 anos, levou os pais para o movimento. Aos gritos de "Fora Jaqueline", em referência à deputada que foi absolvida pelos colegas mesmo após a divulgação de um vídeo no qual aparece recebendo R$ 30 mil do delator do mensalão do DEM, a estudante disse que vai trabalhar a partir de agora para organizar manifestações parecidas.

- A população está muito descrente, mas se não fizermos nada a situação vai continuar como está. Os políticos fazem o que querem porque não há quem cobre, quem fiscalize.
Do palanque onde estava, Dilma não pode conferir a manifestação. No entanto, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, declarou ver com bons olhos a amostra de insatisfação popular vista no Dia da Independência.

- A marcha é legítima. Da parte do poder público, é dever combater a corrupção. Todos nós do poder público temos esse dever e a presidente da República ressalta isso. Portanto, eu acho que o debate e a manifestação são legítimas e as autoridades públicas em todo o país têm que cumprir o seu papel.

José Eduardo dos Santos pode deixar presidência de Angola antes das eleições




DINHEIRO VIVO

As eleições angolanas vão ser marcadas para 2012. Além de Manuel Vicente, os restantes 45 membros do MPLA são também possíveis sucessores.

José Eduardo dos Santos pode abandonar a presidência de Angola antes das eleições, avança a Bloomberg, citando o porta voz do Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA), Rui Falcão de Andrade.

O mesmo porta-voz disse ainda à Bloomberg que José Eduardo dos Santos pode ser substituído por Manuel Vicente, presidente da Sonangol, a companhia petrolífera estatal, contudo diz que "todos os cenários são possíveis".

“Estamos a falar de probabilidades. Nenhuma decisão formal foi tomada ainda", disse Andrade numa entrevista telefónica.

Segundo o mesmo responsável, citado pela Bloomberg, o Comité Central do MPLA vai reunir em Dezembro para definir a estratégia do partido para as eleições de 2012 (em Agosto ou Setembro) e escolher um candidato presidencial. No entanto, Rui Andrade alerta que "para já" José Eduardo dos Santos mantém-se como o candidato do partido.

Esta é a primeira vez que o MPLA avança que o mandato de José Eduardo dos Santos - o segundo maior em África - pode estar próximo do fim. Contudo, já não é a primeira vez que se referência Manuel Vicente como seu sucessor.

De acordo com a Bloomberg, o jornal semanal "Novo Jornal" disse a 2 de Setembro que o presidente angolano já escolheu Manuel Vicente para seu sucessor. Em Março, o mesmo jornal avançava que Vicente abadonaria o cargo de presidente da Sonangol em Novembro deste ano.  

A escolha de Manuel Vicente pode não ser por acaso, já que o crescimento económico angolano tem sido sustentado pelos fortes preços do petróleo. Também José Eduardo dos Santos tem uma licenciatura em engenharia do petróleo.

Relatório aponta corrupção, pobreza ou desemprego como ameaças à paz em Moçambique





Falta de transparência nos megaprojetos, crónica corrupção na administração, antigos combatentes não desarmados, pobreza e desemprego são fatores que ameaçam a paz em Moçambique, concluiu o primeiro relatório do Mecanismo Africano de Revisão de Pares (MARP).

Adelino Buque, membro do fórum do MARP, questionou, durante a apresentação do relatório, na terça-feira, no Chimoio, centro do país, se com os megaprojetos, sobretudo as minas de carvão, o cidadão “vai ganhar crateras e casas sem pilares?”, numa referência às populações que foram desviadas do seus locais de habitação.

“Há muita corrupção e violação dos direitos. O professor viola os direitos ao cobrar um valor para dar nota ao filho da enfermeira e esta por sua vez cobra uma sobretaxa ao professor para assistência médica”, explicou Adelino Buque, citando o relatório.

O documento, a que a Lusa teve acesso, classifica os serviços públicos em Moçambique como deploráveis “por incompetência e ineficácia, corrupção, burocracia e fraca prestação de serviços”, aliados a pessoas inexperientes em funções cuja responsabilidade está muito além das suas capacidades.

Ainda neste domínio, o relatório critica o preenchimento de vagas na função pública com base na filiação partidária. Aos membros da FRELIMO, no poder, é permitido organizar células no local de trabalho, realizar reuniões na hora de expediente e contribuições financeiras ao partido usando canais oficiais para desconto direto nos salários, indica o relatório considerando a situação um desafio para a paz.

“A superlotação das cadeias pode atentar à paz, as pessoas estão lá ociosas, em que condições? O que conversam? Qual seu plano depois de saírem? Isso também periga a paz”, considerou Adelino Buque.

O relatório avança que o clima de paz é também afetado pelos programas inconclusivos de desmobilização e reabilitação, sobretudo dos desmobilizados da guerra civil, dos quais os soldados desmobilizados elegíveis (na sua maioria da FRELIMO), recebem subsídios.

Mas a maior parte dos desmobilizados da RENAMO, que não foi absorvida nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), foi ostensivamente excluída do pagamento dos subsídios, durante os 18 meses de reintegração social, após os Acordos Gerais de Paz em 1992, aponta o relatório.

Entretanto, o relatório reconhece progressos socioeconómicos, na área de educação, saúde e na gestão das finanças públicas, fortalecimento de ambiente de negócios, citando exemplos de crescimento nas infraestruturas educacionais e sanitárias que quase duplicaram desde 2003.

O relatório avança que Moçambique assinalou progressos recorde na promoção da igualdade de género e proteção dos direitos da mulher, nos quais apenas perde para o Ruanda e África do Sul.

“As mulheres ainda são sujeitas a uma discriminação e marginalização social considerável. A violência doméstica baseada no género é muito comum e o tráfico de mulheres.

Moçambique: PUBLICIDADE A CERVEJA CONSIDERADA "INSULTO" PARA AS MULHERES




JORNAL DE NOTÍCIAS

A nova publicidade da cerveja moçambicana Laurentina está a gerar polémica entre as organizações de mulheres do país, que exigem a sua extinção por considerarem ser "um insulto".

"Vamos usar todos os meios para retirar das ruas os cartazes que promovem uma nova garrafa da cerveja da marca Laurentina" disse, esta quarta-feira, Maira Domingos, do Fórum Mulher, em declarações à agência Lusa.

Os cartazes que anunciam a nova embalagem da cerveja preta da Laurentina exibem uns quadris femininos para ilustrar a informação de uma nova "garrafa mais sexy". Aliado a esta imagem, o slogan "esta preta foi de boa para melhor" originou a controvérsia.

O produtor da Laurentina, Cervejas de Moçambique (CDM), detido pelo gigante cervejeiro mundial SAB Miller, desvalorizou a polémica, afirmando que a empresa "não pretendia ferir susceptibilidades" da população.

"Vamos analisar o caso e se chegarmos à conclusão de que a reacção é negativa vamos retirar a publicidade. O propósito era o de conferir uma atitude positiva em relação a outras marcas", explicou, na passada terça-feira, Pedro Cruz, director de marketing da CDM, numa conferência de imprensa onde remeteu para quinta-feira esclarecimentos adicionais sobre o assunto.

Os cartazes ainda continuam expostos na capital e o Fórum Mulher, que engloba mais de 80 organizações femininas no país, não se mostrou convencido pelos argumentos da CDM.

"As explicações não nos convenceram" disse Maira Domingos. Na quinta-feira "vamos reunir-nos para tomarmos decisões, que podem passar pela realização de uma marcha contra os cartazes", acrescentou.

*Foto em Lusa

Guiné-Bissau: PAÍS NÃO É NARCOESTADO E REGE-SE PELO RIGOR, diz primeiro-ministro




FP - LUSA

Bissau, 07 set (Lusa) -- O primeiro-ministro guineense garantiu hoje que a Guiné-Bissau "não é um narcoestado" e que todo o cidadão que for apanhado no tráfico de droga será punido conforme a lei.

Admitindo que o tráfico de droga e o branqueamento de capitais são "grandes males" do continente africano, Carlos Gomes Júnior garantiu que quer construir um Estado moderno, eficiente e de rigor.

"Até aqui, temos executado o programa do Governo com rigor. Vou ganhar as próximas eleições com rigor", disse também o responsável, frisando: "o Governo não tem medo seja de quem for, não vamos aceitar interferências seja de quem for".

Carlos Gomes Júnior falava hoje na cerimónia de lançamento oficial do "Sydonia", um programa informático de gestão aduaneira, que vai aperfeiçoar os mecanismos de cobrança de receitas aduaneiras e que será instalado em todo o país.

O programa foi desenvolvido com o apoio do Banco Africano de Desenvolvimento e da cooperação portuguesa e vai permitir o aumento das receitas fiscais do Estado, disse na cerimónia o ministro das Finanças, José Mário Vaz.

O diretor-geral das Alfândegas, Doménico Sanca, explicou que o "Sydonia" já existe há vários anos, mas que a versão hoje apresentada é mais moderna e compatível com os novos sistemas informáticos, sendo utilizada uma versão idêntica em mais de 80 países.

A nova versão, explicou, cobre a maior parte das ações aduaneiras, é mais rápida, e permite que, por exemplo, os despachantes possam processar as declarações a partir dos seus próprios escritórios.

Sendo também a partir de agora mais fácil desalfandegar mercadorias, com a agilização de todos os processos, desde o despacho ao controlo e ao pagamento, o novo sistema é também mais seguro, segundo os técnicos que o apresentaram em Bissau.

Na terça-feira, o primeiro-ministro já se tinha insurgido contra a morosidade de desalfandegamento, o que leva a que produtos que são oferecidos à Guiné-Bissau, como medicamentos, acabem por se estragar em contentores, no porto de Bissau.

*Foto em Lusa

DEFINHAR E MORRER EM... SILÊNCIO!




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

A Deco recebeu 2800 pedidos de auxílio por parte de famílias portuguesas sobreendividadas, de Janeiro a Agosto, um número superior ao que se verificou em todo o ano passado.

Pelos vistos, na sequência do trajecto recente encetado por José Sócrates, Passos Coelho continua a somar êxitos, não tanto por estes números mas sobretudo pelos que vão abalroar o país até ao fim do ano… já para não falar do que poderá ser 2012.

Desemprego e cortes salariais estão na origem do desmoronar do equilíbrio financeiro das famílias que, como se sabe, continuam a não seguir os conselhos do actual governo que – para mostrar à troika como é credível – não só quer que os portugueses vivam sem comer como, ainda, lhes exige que morram sem ficar doentes.

Há mais famílias a precisar de ajuda do que nunca. Numa análise aos números dos primeiros oito meses do ano em curso – e segundo dados avançados pelo DN – a Deco já superou os “gritos de socorro” de todo o ano anterior.

Mas não há mal que sempre dure. O governo sabe que os decibéis dos actuais gritos vão, lenta mas solidamente, diminuir de intensidade até emudecerem por completo. Com a barriga vazia os portugueses deixam de gritar. É tão simples quanto isso. Vão definhando, morrendo num silêncio indigno de um povo que já deu luz ao mundo.

A média mensal atinge 350 pedidos de ajuda, o que corresponde a mais de 10 famílias por dia nos gabinetes da Deco, sem meios para enfrentar as despesas e as necessidades mais básicas.

Os números relativos a Agosto de 2011 contribuem de forma significativa para este forte aumento (neste mês, bateram-se todos os recordes). E são a imagem de um flagelo social. Que exagero.

Reconheça-se que de forma voluntária o governo também está a fazer uma espécie de greve de fome. Enquanto os portugueses pura e simplesmente não comem, os iluminados do governo também não comem… entre as refeições.

Esse flagelo pode ser quantificado de diversas formas, mas ganha expressão humana nos casos com que a Associação de Defesa dos Consumidores lida diariamente.

O sobreendividamento das famílias está a aumentar em quase todo o País, mas é nos grandes centros urbanos que se verificam maiores dificuldades. Lisboa representa mais de um terço do total de solicitações que a Deco recebeu.

Isso de ser em Lisboa já não agrada a Pedro Passos Coelho. Estão muito perto. Se ainda fosse lá para cascos de rolha, bem ia a coisa. Mesmo assim nada atemoriza os donos das ocidentais praias lusitanas cada vez mais próximas de Marrocos.

A razão do colapso está quase sempre relacionada com o desemprego (o que é isso de, agora, haver 800 mil?), mas também se associa a novas realidades salariais, depois do corte nos salários, da passagem do IVA de 5% para 23% no gás e na electricidade.

Entretanto, para que não restem dúvidas, de que a política de Passos Coelho se resume a não comer e estar calado, o primeiro-ministro já avisou "aqueles que pensam que podem incendiar as ruas" e trazer "o tumulto" que o governo não permitirá esse caminho e saberá decidir quando necessário.

É uma nova versão de fuba podre, peixe podre, panos ruins, cinquenta angolares e porrada se refilares.

*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Portugal: Ministro da Saúde diz que há 1,7 milhões de pessoas sem médico de família





O ministro da Saúde, Paulo Macedo, anunciou que existem cerca de 1,7 milhões de pessoas sem médico de família em Portugal. E adiantou ainda que o pagamento de taxas moderadoras não será diferenciado em função dos rendimentos dos utentes

A nossa proposta é para a isenção [que será determinada em função dos rendimentos] e não para pagamento diferenciado conforme os rendimentos. Mas esta proposta ainda não foi a Conselho de Ministros", disse.

Paulo Macedo falava na Comissão Parlamentar de Saúde, onde revelou os resultados de um levantamento feito pelas Administrações Regionais de Saúde (ARS), que apontavam para a existência de um 1,732 mil pessoas sem médico de família.

Na sua intervenção, Paulo Macedo comprometeu-se a conseguir que todos os utentes tenham médico de família durante a sua governação. Contudo, esclareceu que estes são números que precisam ainda de ser expurgados, pois incluem situações como utentes que já morreram ou outros inscritos em mais do que um centro de saúde.

No final da audição, em declarações aos jornalistas, esclareceu: "Este é um levantamento feito pelas ARS, mas há outros números, o que deriva de não haver informação totalmente confirmada e cruzada".

Questionado sobre como pretendia resolver o problema e atribuir a cada utente um médico de família, Paulo Macedo respondeu que vai continuar a desenvolver iniciativas, nomeadamente nas Unidades de Saúde Familiar (USF), e "ver de que forma programada" se pode melhorar estes indicadores.

Relativamente às USF, afirmou perante os deputados haver o compromisso de aumentar o seu número, considerando tratar-se de uma medida positiva que deve ser alargada, mas também avaliada.

"Há o compromisso de aumentar as USF. Achamos que foi uma boa iniciativa, designadamente o Modelo B, e devemos continuar, mas queremos fazer uma avaliação. Os indicadores que temos é que são positivas, mas para continuarmos queremos testar. Achamos que as do tipo C são interessantes, mas vamo-nos focar na B. É esta a prioridade", declarou.

A mesma intenção não se aplica às extensões de saúde, já que o ministro prevê o encerramento de mais de uma centena, seguindo as recomendações das ARS.

O ministro deixou ainda uma nota de preocupação relativamente às Redes de Cuidados Continuados, já que grande parte das verbas advêm do jogo, mas a par do aumento das necessidades estão a diminuir as receitas do jogo.


António Arnaut: “GASTA-SE DEMASIADO EM MEDICAMENTOS”





Em entrevista ao Dinheiro Vivo, António Arnaut, o "pai" do Serviço Nacional de Saúde diz que universalidade do SNS foi posta em causa.

É conhecido como o "pai" do Serviço Nacional de Saúde e é com preocupação assumida que assiste ao plano de cortes de cerca de 800 milhões de euros definido pelo Governo. António Arnaut, 75 anos, acredita que é possível reduzir o orçamento da Saúde em 500 milhões atacando apenas nas gorduras e sem pôr em causa o SNS.
  
Cortar 810 milhões de euros no orçamento da saúde é exequível ou põe em risco o Serviço Nacional de Saúde?

O Governo quer cortar 800 milhões, quando a “troika”, depois de ter estudado tudo muito bem, lhe exigiu um corte de 500 milhões. Não se compreende que tenha querido ultrapassar a "troika" num sector tão sensível. Esses 500 milhões podiam ser reduzidos sem pôr em causa o Serviço Nacional de Saúde e cortando apenas no supérfluo, nas gorduras. Mas cortar mais 300 milhões já não é possível.

Que gorduras são essas que pesam tantos milhões de euros?

Há muitos desperdícios na saúde. Esse dinheiro mal gasto está no excesso de medicação, na própria medicação que é receitada, no excesso de meios auxiliares de diagnóstico, no excesso de horas extraordinárias. Mas quando falo em horas extraordinárias não estou a referir as que são necessárias, mas nas muitas que são pagas e não são feitas. Mas as gorduras, que podiam ser cortadas, estão ainda no excesso de alguns administradores e na falta de aproveitamento das capacidades dos meios. Um exemplo disto são os blocos operatórios. Havia, por isso, muito espaço de manobra para cortar 500 milhões de euros sem afectar a universalidade e gratuitidade do SNS.

SINAIS DE MAIS DESEMPREGO




MANUEL CARVALHO DA SILVA – JORNAL DE NOTÍCIAS, opinião

A generalidade das políticas que vão sendo seguidas tem como efeito mais comum e destacado o agravamento do desemprego, acompanhado da quebra da qualidade do emprego. É dramático sabermos que o aumento do desemprego, a diminuição da retribuição do trabalho e a sua desregulamentação, bem como a fragilização da protecção social associada à desvalorização do trabalho, são objectivos do neoliberalismo ou neoconservadorismo para provocarem um retrocesso social e civilizacional que faça baixar para patamares bem longínquos os direitos no trabalho, os direitos sociais e de cidadania e o esvaziamento da democracia.

Esta semana, reforçaram-se os sinais internos e europeus que nos mostram uma evolução macroeconómica muito negativa, e confirmou-se que não há qualquer estratégia política para inverter a actual situação. O nosso Governo faz de conta e continua - num exercício de masoquismo imposto ao povo português - a afirmar como boas as desastrosas receitas da União Europeia e do FMI. Não existe o mínimo esforço para buscar soluções alternativas, mesmo que em dimensões pontuais.

No país, o índice de clima económico diminuiu em Agosto. Foi anunciado, oficialmente, que Portugal perde 4% da riqueza nacional este ano e no próximo, mas a coisa pode ser ainda pior, quer pelo prosseguimento das políticas desastrosas do Governo, quer como resultado de descalabros maiores nas políticas europeias, pois já se sabe que "a Zona Euro vai crescer menos do que o esperado" e, p.e., estão confirmados os efeitos negativos dos aumentos das taxas de juros que o Banco Central Europeu aplica, ao mesmo tempo que se manifesta o pessimismo dos consumidores europeus.

A nossa indústria está perante um confirmado "trambolhão" com o índice de produção industrial a ter, em Julho, a variação homóloga mais negativa (-4,5%). O Governo não consegue dar sinais de motivação para a defesa e revalorização deste sector estratégico.

A meio da semana foi conhecido que as maiores empresas cotadas em bolsa subiram os lucros mas "cortaram 900 milhões no investimento". Alguém fica mais rico, ao mesmo tempo que a grande maioria das empresas tem pouca autonomia financeira e desaparecem inúmeras pequenas e micro-empresas, em resultado da falta de poder de compra dos portugueses e porque são insustentáveis os custos de contexto a que estão sujeitas.

O Ministro das Finanças, com uma frieza social e humana chocantes, veio anunciar-nos mais um plano desastroso. Para 2014 promete "prosperidade", "crescimento" e "criação de emprego", num cenário em que a incerteza é enorme. Para o imediato - o que é concreto - avança medidas de recessão, muito desemprego, privações de diversa ordem, diminuição das condições de saúde, de educação e de protecção social, mais precariedades, em particular para os jovens.

Os sacrifícios, que até agora o 1.º Ministro tinha jurado serem momentâneos, são apresentados como definitivos até 2013 (por agora!). Os impostos continuam a aumentar, sempre sobre os rendimentos do trabalho. A riqueza patrimonial, os dividendos e os resultados da especulação financeira, não são taxados.

Os cortes na despesa do Estado consubstanciam-se no aumento do desemprego e na redução dos salários dos trabalhadores e das pensões. Vamos ter muito menos professores a dar aulas (37.000 professores na maiorias jovens e bem qualificados a ficarem no desemprego), não porque se faz qualquer reestruturação séria no ensino, ou porque existiam professores a mais, mas tão só porque os recursos do Estado vão para o enriquecimento de alguns portugueses e estrangeiros e não há dinheiro para a Educação. O mesmo se passa na Saúde e noutras áreas.

As privatizações e os cortes na Administração Central e Local provocarão milhares de desempregados directos, levarão muitas pequenas empresas privadas ao desaparecimento e incentivarão o desemprego no sector privado.

Também esta semana foi aprovada, na AR, com os votos a favor do PSD e do CDS (abstenção do PS) a Lei que embaratece e facilita os despedimentos.

Tudo isto agrava o desemprego e faz baixar os salários e as condições sociais dos portugueses.

É preciso agir contra a corrente!

Portugal - Secretas: Silva Carvalho nega irregularidades e diz-se vítima de guerra empresarial




JORNAL DE NOTÍCIAS

O ex-director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) Silva Carvalho está, esta quarta-feira, no Parlamento a negar todas as suspeitas de envolvimento em práticas irregulares e atribui esses rumores a guerra empresarial.

A posição de fundo de Silva Carvalho foi adiantada por deputados de várias forças políticas que assistem à reunião da Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, onde o ex-director do SIED está a ser ouvido.

Nas respostas às perguntas dos deputados, Silva Carvalho tem negado ter tido acesso a registos sobre chamadas telefónicas do actual director adjunto de informação da agência Lusa Nuno Simas, assim como qualquer responsabilidade em passar informação secreta para o exterior.

De acordo com os mesmos deputados, Silva Carvalho queixou-se de estar a ser alvo de uma guerra de carácter empresarial.

Silva Carvalho pertence aos quadros da Ongoing, desempenhando funções de coordenação ao nível da comunicação estratégica deste grupo económico.

O ex-director do SIED está a ser ouvido a seu pedido na Comissão de Assuntos Constitucionais, reunião que está a decorrer desde as 11.05 horas à porta fechada.

 *Foto em Lusa

Portugal: Lula da Silva diz que neste momento de crise todos precisam fazer sacrifícios





O ex-Presidente brasileiro Lula da Silva disse hoje em Lisboa que neste momento de crise que o mundo atravessa todos devem fazer sacrifícios, incluindo os portugueses, sublinhando que vai se empenhar em desenvolver as relações económicas entre Brasil e Portugal.

Lula da Silva falou aos jornalistas à saída de um encontro com o Presidente português, Aníbal Cavaco Silva, no dia das comemorações da independência do Brasil.

“Eu acho que na hora que o país está bem, todos ganham, e na hora que o país está em crise, é preciso que todos façam sacrifícios. Todos têm de fazer um mínimo de sacrifício para que todos possam ganhar no futuro, muito mais rápido, do que numa crise prolongada”, referiu o ex-Presidente brasileiro.

“A crise não é um momento para fazermos lamentações. É um momento de colocarmos a cabeça para funcionar, sermos criativos e tentar encontrar uma solução”, disse.

*Foto em Lusa

EDUARDO AGUALUSA DIZ QUE REGIME EM ANGOLA ESTÁ “A PERDER O CONTROLE"




JORNAL DE NOTÍCIAS

O escritor angolano José Eduardo Agualusa disse, esta quarta-feira, que a reacção excessiva do governo angolano contra a manifestação pacífica realizada, no sábado, em Luanda, pode indicar que "o regime está a começar a perder o controle".

"Estou a acompanhar as notícias de longe e um amigo, ligado ao regime, dizia-me que se está formando em Luanda uma ideia do início do declínio. É também a percepção que tenho. O regime vem reagindo como se acreditasse na capacidade de ser derrubado pelos mesmos. Isso parece-me significativo", reforçou.

O escritor chamou a atenção ainda para o facto de que a repressão policial em Angola aconteceu perante um protesto muito menos organizado - tanto em termos de estrutura quanto de ideais políticos - do que os que estão a ocorrer no norte de África e países árabes.

"O movimento [em Luanda] é ainda muito imaturo. Começou com pouca gente e com muita má organização -- ao contrário do que aconteceu no Egipto, onde tinham mais consciência do que é o combate não violento", explicou.

O escritor considera, no entanto, que apesar da fragilidade política dos organizadores da manifestação na capital angolana, existe a possibilidade de que o episódio de sábado dê início a uma nova onda de revoltas.

"Enorme desigualdade em Luanda"

Na sua opinião, o regime de José Eduardo dos Santos é mais fraco do que os de outros governos que já caíram na sequência de revoltas populares este ano e o contexto social em Angola é mais propício a revoltas.

"Luanda é uma cidade muito complexa, com uma enorme desigualdade social. Existe um potencial de revolta maior. E há sempre o risco desse tipo de manifestação degenerar em algo violento, caótico, mais difícil de controlar", acrescentou.

"O ideal seria que isso não acontecesse. Mas o regime partir para a violência não me parece uma boa ideia. [...] O ideal seria o regime perceber que o inteligente seria convocar eleições e iniciar um processo democrático", concluiu.

No último sábado, centenas de jovens reuniram-se no Largo da Independência, em Luanda, para uma manifestação pacífica com o objectivo de exigir a destituição do presidente José Eduardo dos Santos, no poder há 32 anos.

Após a alegada prisão de um dos manifestantes, os jovens decidiram iniciar uma marcha até ao Palácio Presidencial, altura em que a polícia terá decidido intervir.

A manifestação terminou com a detenção de 24 pessoas, segundo a polícia, enquanto fontes próximas dos manifestantes falam em 50 detidos, e alguns feridos, entre os quais jornalistas.

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