quinta-feira, 18 de agosto de 2011

KIRSTY GUSMÃO, TANTO DISPARATE EM TÃO POUCAS PALAVRAS - Lucrécia





Cara Kristy,

"O Governo Português deve investir mais dinheiro para que a língua possa ser utilizada diariamente em Timor-Leste"

Tanto disparate em tão poucas palavras. Se fosse a Lucrécia a mandar o governo Português, não mandava nem mais um cêntimo para os Timorenses aprenderem Português.

Portugal está a discriminar as outras ex colónias que não recebem um unico tostão para aprender Português. O Brasil, Angola e Moçambique não precisam que Portugal invista na língua Portuguesa e todos falam Português.

Se em Timor querem falar as línguas locais que assim seja, louvado seja Deus.

Portugal tem é que seguir o exemplo da Austrália, investir no petróleo, investir 5 e vir cá buscar 100. Isso é que Portugal tem que fazer, roubar os Timorenses. Quanto mais me bates mais eu gosto de ti.

Assim os Timorenses deixavam de se queixar dos Portugueses, mandar para cá o exército Português e ocupar Timor, como os Aussies estão a fazer.

Beijinhos da Querida Lucrécia

Líbia: PAÍSES DA ÁFRICA AUSTRAL PEDEM À NATO FIM DA INTERVENÇÃO MILITAR




SIC NOTÍCIAS

Luanda, 18 ago (Lusa) -- O Presidente angolano José Eduardo dos Santos defendeu hoje em Luanda que a NATO deve pôr fim à intervenção na Líbia e apoiar um acordo político entre as partes em conflito.

O líder angolano, que falou depois do encerramento da 31ª Cimeira de chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que decorreu em Luanda, referiu-se às "situações de conflito" noutras partes do continente africano, "particularmente a Líbia, onde é difícil encontrar uma saída para a situação de guerra que afeta o país".

"Na Líbia, a NATO deve cessar a sua ação militar e abrir espaços para a negociação de um acordo político entre as partes beligerantes, sem condições prévias, mediante a adoção da proposta da União Africana (UA)", sublinhou o presidente em exercício da organização da África Austral.

*Foto em Lusa

PAÍSES DA ÁFRICA AUSTRAL PROMETEM APOIO AO COMBATE DA CRISE HUMANITÁRIA




NME - LUSA

Luanda, 18 Ago (Lusa) -- A Comunidade de Desenvolvimento de Países da África Austral (SADC) manifestou hoje em Luanda o seu apoio e empenho na conferência de doadores organizada pela União Africana devido à crise humanitária instalada no Corno de África.

Numa declaração em solidariedade ao Governo e Povo da República da Somália, os países membros da SADC comprometeram-se a apoiar os esforços globais e continentais, que visam aliviar o sofrimento do povo somalis, através de abastecimentos e provisões de natureza humanitária.

"Declaramos providenciar abastecimentos e provisões urgentes em termos de alimentos e água, artigos médicos, vestuário e abrigo à população afetada na República da Somália para que se evite a deslocação de pessoas e perdas de vidas", refere o documento lido na sessão de encerramento da cimeira da SADC, que terminou hoje em Luanda.

Os 15 Estados membros da SADC responderam assim ao apelo feito, quarta-feira em Luanda, pelo presidente da Comissão da União Africana, Jean Ping, para a participação em massa dos africanos nessa tentativa de apoio ao povo somali.

No seu apelo, Jean Ping pediu aos africanos a maior participação nesta que é a primeira conferência de doadores, a ter lugar a 25 de agosto, na Etiópia, para mostrar que também são capazes de "resolver os problemas africanos".

A crise humanitária que afeta a zona do corno de África, mais concretamente a Somália, atingiu já mais de 12 milhões de pessoas, um total de 800 mil refugiados e 1,4 milhões de deslocados internos.

A nota avança que o secretariado da SADC será instruído a coordenar a entrega "urgente" destes abastecimentos provenientes da região austral, a serem realizados por transporte aéreo já disponibilizado pela África do Sul.

A comunidade comprometeu-se ainda a dar continuidade à monitorização da situação, bem como providenciar apoio para se alcançar uma recuperação a longo prazo.

"Reafirmamos a nossa solidariedade com o povo e o Governo da República da Somália nesta fase difícil do seu país e a nossa responsabilidade em aliviarmos o sofrimento do Povo", é salientado no documento.

*Foto em Lusa

Madrid: Manifestantes em protesto contra carga policial cercados pela polícia na Puerta del Sol




DESTAK - LUSA - 20.25

A polícia restringiu hoje parte do acesso à Puerta del Sol, no centro de Madrid, cercando perto de uma centena de manifestantes que protestam pela carga policial no final da manifestação laica de quarta-feira.

O protesto, convocado através das redes sociais, nomeadamente do Twitter, não está autorizado e, por isso, os agentes estão a impedir que mais pessoas se juntem ao grupo, concentrado e isolado no centro da praça, próximo da estátua de Carlos III.

Apesar da presença dos manifestantes e da ação policial, a Puerta del Sol está aberta com a passagem livre de muitos transeuntes.

A polícia identificou já vários participantes, tendo destacado para o local - depois de ser conhecida a convocatória do protesto – um amplo dispositivo, com 20 carrinhas da Unidade de Intervenção Policial e um helicóptero a sobrevoar a zona.

Onze pessoas ficaram feridas, incluindo vários polícias, e oito foram detidas na sequência da carga policial de quarta-feira, que foi já condenada pelos organizadores da manifestação contra os gastos públicos originados pela visita pastoral de Bento XVI, que decorre no âmbito da Jornada Mundial da Juventude.

RAPIDINHAS DO MARTINHO – 30




MARTINHO JÚNIOR

FALCÕES E ELITES

I

De há décadas que os falcões de Israel estão associados à formação de elites, um processo cujo objectivo primeiro está aliás inerente à formação do próprio estado israelita, num universo pejado de contradições e de inimigos.

Os falcões de Israel, animados por ideologias ultra conservadoras e políticas de direita assumida e convencida, estão a chegar por fim a um clímax: pela primeira vez, em consequência da concentração da riqueza em cada vez menos mãos, estão a sentir a oposição aberta de largos milhares de jovens israelitas atirados para os substratos mais vulneráveis da sociedade por causa das desigualdades e injustiças sociais estimuladas pelos detentores do poder político, económico e militar e acumuladas ao longo de décadas.

Segundo por exemplo o “Notícias da Terra” do Brasil (http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5283737-EI294,00-Cerca+de+manifestantes+pedem+justica+social+em+Israel.html), no início deste mês de Agosto foram 200.000 os manifestantes que se levantaram nas ruas de Tel Aviv contra a actual situação que os atinge “sine die”, uma situação que torna as novas gerações em inertes sem futuro, nem dimensão e com um protagonismo condicionado aos desígnios dos falcões.

A questão da essência do poder em Israel estar intimamente associado ao fascismo não é nova e vem-se arrastando há longas décadas, tendo-se tornado mais visível nos relacionamentos cultivados por Israel com o regime do “apartheid” e com o espectro sócio-político que se foi evidenciando dentro de Israel, bem como no relacionamento de Israel com os seus vizinhos.

Os palestinos estão a ser alvo dum “apartheid” levado ao extremo em Gaza, que mais parece um “gheto”, ou um bantustão cercado de muros e bombardeado sempre que haja conveniência.

A ideia de “apartheid” fermentou cedo nas elites guerreiras de Israel.

A 7 de Fevereiro de 2006 por exemplo, no artigo “Irmãos de guerra: o pacto secreto de Israel com Pretória” publicado no “The Guardian” (http://www.guardian.co.uk/world/2006/feb/07/southafrica.israel), Chris McGeal evidenciava:

“Durante a Segunda Guerra Mundial, o futuro primeiro-ministro sul-Africano John Vorster foi preso como um simpatizante do nazismo.

Três décadas depois, ele estava sendo homenageado, em Jerusalém.

Na segunda parte do seu notável relatório especial, Chris McGreal investiga a aliança secreta entre Israel e o regime do apartheid, cimentado com o último presente de amigo - a tecnologia da bomba atómica”.

(…)

Objectivos comuns.

Israel era abertamente crítico do apartheid até os anos 1950 e 60 enquanto isto construía alianças com os governos pós-coloniais africanos. Mas a maioria dos estados Africano romperam relações após a guerra do Yom Kippur de 1973 e o governo em Jerusalém começou a ter uma visão mais benigna do regime isolado em Pretória. A relação mudou tão profundamente que em 1976 Israel convidou o primeiro-ministro sul-africano John Vorster – um antigo simpatizante nazista e um comandante do Ossewabrandwag fascista que ficou do lado de Hitler – para fazer uma visita de Estado.

Deixando de mencionar a prisão de Vorster durante a guerra por apoiar a Alemanha, o primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, elogiou o primeiro-ministro sul-africano como uma força para a liberdade e não fez qualquer menção sobre o passado de Vorster quando ele visitou o memorial de Jerusalém dedicado aos seis milhões de judeus assassinados pelos nazistas.

Durante o banquete de Estado, Rabin brindou pelos ideais compartilhados por Israel e África do Sul: as esperanças de justiça e de coexistência pacífica. Ambos os países, disse ele, enfrentam “instabilidade e imprudência de inspiração externa e imprudência.

Vorster, cujo exército estava, então, deslocando-se em Angola, disse a seus anfitriões que a África do Sul e Israel eram vítimas dos inimigos da civilização ocidental. Alguns meses mais tarde, o anuário do governo sul-africano caracterizou os dois países como enfrentando um único problema: Israel e África do Sul têm uma coisa acima de tudo em comum: estão ambos situados em um mundo hostil, predominantemente habitada por povos escuros.

Vorster estabeleceu a base para uma colaboração que transformou o eixo Israel-África do Sul na liderança no desenvolvimento de armas e uma força no comércio internacional de armamentos. Liel, que chefiou a pasta da África do Sul do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, nos anos 80, diz que o establishment de segurança israelense passou a acreditar que o estado judeu poderia não ter sobrevivido sem o relacionamento com os africâneres.

Nós criamos a indústria sul-africana de armamento, diz Liel. Eles nos ajudaram a desenvolver todos os tipos de tecnologia, porque eles tinham um monte de dinheiro. Quando estávamos desenvolvendo as coisas juntos nós costumávamos fornecer o know-how e eles fornecer o dinheiro. Após 1976, houve um caso de amor entre os establishments de segurança dos dois países e seus exércitos.

“Nós estávamos envolvidos em Angola como consultores do exército [sul-africano]. Você tinha oficiais israelenses lá colaborando com o exército. A ligação era muito íntima.

Juntamente com as fábricas estatais despejando material para a África do Sul estava o Kibutz Beit Alfa, que desenvolveu uma lucrativa indústria de venda de veículos anti-motim para serem usados contra os manifestantes das cidades pretas”.

(…)

“Tornando-se nuclear.

O maior segredo de todos foi o nuclear.

Israel forneceu especialistas e tecnologia que foi central para a África do Sul desenvolver suas bombas nucleares. Israel estava envergonhado o suficiente sobre a sua estreita associação com um movimento político enraizado na ideologia racial para manter a colaboração militar escondida.

Tudo o que eu estou dizendo a você era completamente secreto, diz Liel. O conhecimento sobre isto era extremamente limitado a um pequeno número de pessoas fora do establishment de segurança. Mas acontece que muitos dos nossos primeiros-ministros faziam parte do mesmo, então se você tomar pessoas como [Shimon] Peres e Rabin, certamente eles sabiam sobre isso, porque eles faziam parte do establishment de segurança.

Na ONU nós permanecemos dizendo: somos contra o apartheid, enquanto povo judeu que sofreu o Holocausto isto é intolerável. Mas o nosso establishment de segurança continuava colaborando.

O mesmo fizeram muitos políticos. Cidades israelenses encontraram gêmeas na África do Sul, e Israel foi a única entre as nações ocidentais a permitir que a pátria dos pretos Bophuthatswana abrisse uma embaixada”.

A consciência da natureza fascista do poder em Israel das décadas de 70 e 80 do século passado não era todavia sentida de forma tão aguda como hoje por camadas tão amplas da sociedade israelita, que agora surgem sintonizadas com as comunidades palestinianas residentes, como se, durante várias gerações, se tivesse conseguido retardar o conhecimento do que realmente se arquitectava em Israel sob o ponto de vista da sua própria sociedade: um meio escondido processo de concentração da riqueza numa poderosa elite capaz até de chegar ao extremo de submeter todas as outras classes do país e reduzi-las ao ponto de lhes sonegar as expectativas e as aspirações de futuro.

Foi esse contudo o projecto de relacionamento de Israel com o regime do “apartheid”, a quem chegou a fornecer armamentos e até conhecimentos que viabilizaram a construção da bomba atómica sul africana.

Os navios patrulha da classe Minister são de origem israelita (Saar IV, ou Reshef class), assim como seu armamento; foram tão bem sucedidos que ainda hoje a South Africa Navy possui dois, rebaptizados e integrados na classe Warrior (http://www.satruth.co.za/equip_00032.htm; http://www.navy.mil.za/equipment/patrol.htm).

No Exercício naval Good Hope, realizado de 6 de Abril a 6 de Maio de 2006 entre as Marinhas de Guerra da África do Sul e da Alemanha, foram disparados mísseis Gabriel dos navios patrulha Warrior (http://navy.org.za/pages/skerpioen.html).

O “lobby” dos minerais, tendo como chave a indústria dos diamantes, desempenhou um papel importantíssimo nesses relacionamentos que tiveram amplas repercussões nas sociedades dos dois países e no poder económico de sustentação da aristocracia financeira mundial.

A influência recíproca fortaleceu-se tirando partido da indústria dos diamantes envolvendo a CSO em Londres.

O relatório “Africa Review – Supplement – 8 June 1981” dos serviços de inteligência norte americanos fazia um ponto de situação dos relacionamentos do regime do “apartheid” com os falcões de Israel, relacionamentos esses consolidados na base do comércio e indústria de diamantes (http://www.gwu.edu/~nsarchiv/NSAEBB/NSAEBB181/sa25.pdf):

“Quando o comércio de diamantes foi considerado, as relações económicas fortaleceram-se a favor da África do Sul. Israel, um dos líderes mundiais no acabamento e polimento, obtinha todo o fornecimento de diamantes em bruto indirectamente da África do Sul.

O mercado mundial de diamantes está estruturado de forma a que a maior parte dos diamantes mundiais – uma vasta quantidade deles provenientes da África do Sul e da Namíbia – fossem vendidos a preço fixo pelo sindicato de Londres, a Central Selling Organizartion.

A CSO, é um monopólio de diamantes em bruto dominado pela De Beers Sul Africana. 
As compras de diamantes por parte de Israel à CSO, de acordo com as estatísticas das importações do Reino Unido, no último ano remontaram a 217 milhões de dólares.

Entre as exportações, os diamantes são mais que um melhor amigo de Israel. Cerca de 20.000 israelitas, ou seja, 2% da força de trabalho nacional, está activa na indústria de diamantes.

Os diamantes acabados rendem a Israel mais de 1.000 milhões de dólares anuais, o que constitui cerca de 30% das suas exportações”.

Os diamantes tiveram pois influência nos dois países de forma recíproca e foram muito importantes para a engenharia e arquitectura da formação das elites nacionais, incluindo as “brancas elites” do regime do “apartheid” na África do Sul.

Desde o início da década de 90 que essa influência não se perdeu: se antes ela foi conseguida com o “apartheid”, também com a nação “arco íris” ela está subjacente ao projecto extensivo da formação das elites sul africanas, mantendo os relacionamentos entre os dois estados e servindo de modelo para outros países da África Austral, sobretudo Angola.

Para os falcões de Israel, o projecto de Cecil John Rhodes do Cabo ao Cairo é exequível do Cabo a Jerusalém, pelo menos enquanto a bolsa de Tel Aviv ombrear com as bolsas de Nova York, de Antuérpia, de Bombaim e com a novidade que é Hong Kong!

II

As “novas elites” angolanas desde cedo que tiveram pressões do cartel, estimuladas desde logo por Savimbi e sua prática de “guerra dos diamantes de sangue”, muito antes do fim do “apartheid”.

Savimbi foi sempre um “dealer” para os sul africanos do regime do “apartheid”, mas o comércio de diamantes para a compra de armas teve mais visibilidade a partir do momento em que o “apartheid” findou na África do Sul e ele teve de se virar para os “bons ofícios” de Mobutu e do séquito de “dealers”, entre eles alguns “judeus” ligados sobretudo às bolsas de Antuérpia e Tel Aviv.

O próprio Mobutu teve ao seu serviço uma Brigada de Sul Africanos que mantinham a segurança de algumas das minas de diamantes afins às elites Zairenses.

Em “Glitter & Greed: the secret world of Diamond empire”, Janine Farrel Roberts denuncia-o (http://books.google.co.ao/books?id=raO8jHBdDhYC&pg=PA217&lpg=PA217&dq=%22mobutu+diamond+dealers%22&source=bl&ots=Ku6xiKVaBH&sig=jYn5T_h0fnnMHgJRzo9CMMIqRw0&hl=pt-PT&ei=sJtKTvz-LsTCswaozcC9Bw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=8&ved=0CFYQ6AEwBw#v=onepage&q&f=false).
Denúncias similares foram feitas por François Misser e Olivier Vallé em “Les gemmocraties – l’économie politique du diamant africain” (http://www.franceculture.com/oeuvre-les-gemmocraties-l-%C3%A9conomie-politique-du-diamant-africain-de-fran%C3%A7ois-misser-et-olivier-vall%C3%A9):

"Sur le continent africain, les sociétés minières font appel aux mercenaires, les Etats s'associent à des aventuriers et les pauvres cèdent au mirage des pierres précieuses... L'incrustation d'une économie du diamant brut dans ces pays ravagés par la misère, les conflits et la corruption accélère l'irruption d'acteurs qui empruntent aux mafias internationales, aux intérêts géopolitiques, et au recyclage de l'argent sale, leurs marchés, leurs méthodes et leurs ambitions. Un livre qui à travers les guerres secrètes du diamant explore le façonnage de nouveaux pouvoirs africains."

Este livro é esclarecedor sobre como os diamantes influem na construção de elites, pois focam sobretudo os exemplos da RDC e de Angola, a partir da “guerra dos diamantes de sangue” de Savimbi.

Em “Mercenaires SA”, Phillipe Chapleau e François Misser completam o quadro (http://www.africa-confidential.com/book-review/id/7/Mercenaires-SA):

“Since the beginning of the decade, there has been a spectacular increase in mercenary operations in all continents.

This trend is the result of a sizeable growth in available manpower, following the end of the Cold War and of apartheid.

Simultaneously, the collapse of a number of states, in Africa and also elsewhere, has caused a virtual explosion in demand for mercenary expertise, either from political leaders, or from organisations, from corporations, charities or, in some cases, the mafia, which want to work ­ at any price - in these zones of high instability.

In this insecure world, which is undergoing considerable change, today's soldiers of fortune have little in common with the 'dogs of war' of the 1960s.

Private war empires have been built; they hold contracts with states or corporations and act as the spearhead of future multisector empires.

Moreover, these security companies sometimes have the blessing of the military establishments of NATO member states.

The failure of NATO, and the complicity of some member states, worries UN officials.

Who will control these new 'condottiere' and these 'soldiers of the future', for whom individual and collective security is only a business opportunity?

This book describes the stakes and the challenges of conflicts in the age of the globalisation”.

Que melhor moeda para pagar aos mercenários senão os diamantes?

Em “Porous borders and diamonds”, Christian Dietrich por seu turno forneceu-nos uma visão sobre como os diamantes de sangue angolanos estendiam com Savimbi influência a elites africanas importantes na RDC, no Congo, no Togo, na Costa do Marfim, no Burkina Faso, no Ruanda, no Uganda, na República Centro Africana, na Zâmbia, na África do Sul, no Botswana, na Namíbia… (http://www.iss.co.za/pubs/books/Angola/16Dietrich.pdf).

As “novas elites” angolanas, após o final da Guerra Fria barricaram-se nas actividades relacionadas com o petróleo e com os diamantes, mas de forma a que os vencedores (incluindo alguns clãs oriundos da formação política de Savimbi), absorvessem com o tempo interesses a partir das duas actividades básicas da economia angolana.

Durante a “guerra dos diamantes de sangue” as contradições entre os “lobbies” do petróleo e dos minerais (diamantes) foram evidentes e, depois de 2002, as grandes famílias angolanas têm procurado repartir entre si não só os despojos, mas sobretudo os empreendimentos, os bancos e os investimentos, incluindo com alguns parceiros que antes haviam pegado em armas contra Angola, ou influenciaram directamente num dos lados (“Jogos africanos” já se vê).

Israel tirou partido dessa situação típica de mercenários, incrementando após a instalação de sua embaixada, o comércio de diamantes com Angola, não só por via de Lev leviev e Arkadi Gaydamak, estes ligados aos clãs entrosados com o poder, mas com outros interesses.

Os “dealers” israelitas são conhecidos pela sua “genética” atitude de, ligando-se a algum general disponível, realizar negócios sobretudo com ouro e diamantes, fortalecendo o status social do seu agente e garantindo-lhe sustentabilidade económica e financeira… tendo-o sempre à mão e numa relativa dependência.

Dessa forma os falcões estão a fazer em Angola o que fazem na sua própria terra de há largas décadas a esta parte, o que fizeram na África do Sul apesar do regime do “apartheid” e do que vão continuar a fazer por toda a África a sul do Sahara, em especial depois da visita de Lieberman em 2009.

Burilar o diamante social é uma vocação dos falcões israelitas, atraindo à sua influência as “novas elites” que se moldam ao comércio e indústria das imensas riquezas naturais de África, de acordo com o “lobby” dos minerais cuja aristocracia está intimamente associada às elites israelitas.

As mensagens que nos chegam da embaixada de Israel em Luanda confrontam a “obsoleta” ligação de Angola à causa Palestina (http://luanda.mfa.gov.il/mfm/web/main/missionhome.asp?MissionID=124&)...

A influência de Israel faz-se sentir agora também na agricultura moderna praticada por alguns interesses e nas disputas sobre as terras, por parte de cada vez mais clãs elitistas.

Muito recentemente a Casa Civil publicou no Jornal de Angola uma resenha sobre os investimentos no sector da energia, em que sobressaem 30 mini hídricas, sem haver qualquer referência às energias renováveis.

Com comunidades rurais tão pouco integradas nos circuitos capitalistas, quem irá consumir a energia das mini hídricas dos projectos angolanos?

É evidente que não sendo as comunidades rurais, são as fazendas que se estão a demarcar sobretudo na área crucial do Cuanza Sul e isso tem ainda a ver com as sensíveis influências israelitas no país.

Teria sido possível a tão rápida demissão do ex-Governador de Luanda, José Maria dos Santos, se o prejudicado não fosse uma Empresa imobiliária israelita ciosa de “seus” terrenos? (http://www.voanews.com/portuguese/news/08_08_11_Luanda_governor-127233573.html)

Em Angola a influência corrente israelita é de tal ordem que têm interesses coligados aos instrumentos de poder de estado, tal como aconteceu com o regime do “apartheid” na África do Sul, funcionando o seu “modus operandi” na gestação, formação e consolidação do poder das “novas elites” angolanas, descuidadas ao ponto de pouco ou nada se importarem com o indicadores que provêm das ruas de Tel Aviv.

Israel tem propiciado cursos de especialidade sobretudo na área das polícias e dos serviços de inteligência angolanos, mantendo conexões e interesses a ponto de procurar influir estrategicamente as correntes que estão prontas ao exercício da repressão em prejuízo de maior abertura democrática em prol da cidadania e da participação…

Para alguma coisa serviu o golpe contra aqueles oficiais que nos anos remotos da década de 80 tiveram a coragem de em nome do estado angolano ousarem enfrentar os traficantes.

Efectivamente eles tocaram num assunto tabu que punha em causa a possibilidade de alguma vez as “novas elites”, com ou sem Savimbi, virem a emergir no universo sócio-político angolano, quer pela via do poder, quer no âmbito da “oposição”.

Com a ascensão dessas castas, foi-se dimensionando o foço das desigualdades sociais, foram-se multiplicando as injustiças sociais, floresceu o “apartheid” social como nunca antes acontecera em Angola (nem no tempo do colonialismo haviam estes “modelos” de condomínios) e estão-se a perder os poucos traços que restavam do socialismo tão evocado pelo MPLA.

Mesmo que um dos rescaldos do sacrifício desses oficiais fosse o enorme crescimento de Savimbi enquanto “dealer” e mentor da “guerra dos diamantes de sangue”, as “novas elites”, em nome da paz, da reconciliação e da reconstrução nacional souberam esperar, apesar de estarem um pouco apreensivas em relação ao futuro: até que ponto estarão os falcões israelitas apostados em manter as actuais fronteiras de África, por arrasto de Angola, conhecendo-se o que andam a promover no Nordeste do continente?

Martinho Júnior
   
Personagens constantes na fotografia:
South Africa's prime minister John Vorster (second from right) is feted by Israel's prime minister Yitzhak Rabin (right) and Menachem Begin (left) and Moshe Dayan during his 1976 visit to Jerusalem. Photograph: Sa'ar Ya'acov (http://www.guardian.co.uk/world/2006/feb/07/southafrica.israel)

Moçambique: Ministro moçambicano diz que vai reavaliar emissão de vistos com Angola




ÁFRICA 21

“Não tenho conhecimento de alguma vez um visto emitido em Angola ter sido posto em causa e, caso se fale de visto falso estamos perante uma fraude. Portanto, há aqui qualquer coisa que não está bem".

Luanda – O ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Baloi, disse quarta-feira, em Luanda, que o Governo vai revisitar a questão da emissão de vistos de entradas com Angola, para evitar o embaraço de repatriamento de cidadãos moçambicanos com vistos devidamente cedidos pelas autoridades angolanas, informa a agência AIM.

O Chefe da diplomacia de Moçambique reagia assim ao repatriamento por parte das autoridades de migração angolanas de dois jornalistas moçambicanos que haviam se deslocado àquele país para participar numa conferência organizada pelo centro local de Formação de Jornalistas.

Baloi disse ser “lamentável” que os jornalistas Joana Macie, do “Notícias”, e Manuel Cossa, do semanário “Magazine Independente”, tenham sido impedidos de entrar em Angola quando tinham vistos emitidos a partir de Luanda.

“Não tenho conhecimento de alguma vez um visto emitido em Angola ter sido posto em causa e, caso se fale de visto falso estamos perante uma fraude. Portanto, há aqui qualquer coisa que não está bem e que precisa de ser clarificada”, disse Baloi.

Enquanto esta questão não ser clarificada, Baloi apelou a todos os moçambicanos que pretendem visitar Angola para, transitoriamente, informarem a embaixada moçambicana naquele país [Angola], para se evitar este tipo de tratamento.

De referir que os jornalistas moçambicanos nem sequer lhes foi permitido manter contacto com os colegas com que viajaram para Luanda e muito menos com a Embaixada de Moçambique em Angola.

“Digo
transitoriamente porque os moçambicanos estão livres de viajarem para onde quiserem, livremente e quando querem. Enquanto decorre o processo para a clarificação deste caso é bom que a embaixada seja informada”, disse o diplomata.

“Nestes casos o papel da embaixada [de Moçambique] é velar pela integridade dos nossos cidadãos, porque existem o serviços consulares para esse efeito. Vamos falar com o embaixador para sabermos o que teria acontecido", prometeu Baloi.

Sobre as implicações deste incidente nas relações entre os dois países, Baloi disse tratar-se de um acto meramente de migração que nada tem a ver com as relações entre os dois países. Porém, lamentou o sucedido, indicando ser “aborrecido, porque as pessoas organizaram-se previamente para a viagem”.

"Este assunto é preocupante para o Governo moçambicano, porque tem acontecido com alguma regularidade e há muitos cidadãos a se queixarem de Angola e esta e uma oportunidade para, em conjunto, aprofundarmos mais o assunto”, admitiu.

Espanha: PROTESTO CONTRA A VISITA DO PAPA A MADRID ACABA EM VIOLÊNCIA




DEUTSCHE WELLE

"Dos meus impostos, nenhum centavo vai para o Papa", diziam os cartazes

Segundo os manifestantes, protesto era contra o financiamento com dinheiro público da Jornada Mundial da Juventude, encontro promovido pela Igreja Católica. Onze pessoas ficaram feridas nos confrontos com a polícia.

Uma manifestação contra a visita do papa Bento 16 a Madri resultou num conflito entre os manifestantes e a polícia, com saldo de 11 pessoas feridas, nesta quarta-feira (17/08).

Nove manifestantes e dois policiais saíram feridos do protesto por ocasião da visita do Papa Bento 16 à capital espanhola, onde participará da Jornada Mundial da Juventude, realizada entre 16 e 21 de agosto.

Segundo os organizadores, o protesto era contra as subvenções públicas para a realização do encontro católico e a favor da separação total entre Igreja e Estado. Oito manifestantes foram detidos.

A polícia estima que 5 mil pessoas tenham participado dos protestos, mas os organizadores do evento falam em 20 mil. Os conflitos tiveram início quando policiais tentaram prender um manifestante que os ameaçava com uma garrafa.

Segurando cartazes com os dizeres "Dos meus impostos, nenhum centavo vai para o Papa", os manifestantes haviam caminhado em direção à praça Puerta del Sol, onde entraram em conflitos com católicos participantes da Jornada Mundial da Juventude.

O protesto havia sido convocado por quase 140 organizações. Também participaram membros do movimento Indignados, que protesta contra a crise econômica, o desemprego e o programa de austeridade do governo espanhol.

Em cartazes, manifestantes diziam que os 50 milhões de euros que a Igreja Católica gastou com a Jornada deveriam ser empregados para combater a fome na África.

Há alguns dias, 120 religiosos de Madri haviam criticado o financiamento da Jornada Mundial da Juventude por grandes empresas, as quais eles culpam pela atual crise econômica e pelo desemprego na Espanha. Os patrocinadores do evento podem deduzir suas doações do imposto de renda.

A visita

O Papa Bento 16 chegará nesta quinta-feira (18/08) à Madri, em sua 20ª viagem ao exterior e terceira à Espanha. À noite, o chefe da Igreja Católica será recepcionado pelos participantes da Jornada Mundial da Juventude na Plaza de Cibeles.

Mais de um milhão de pessoas são esperadas para este encontro da juventude. O evento é realizado a cada dois ou três anos. Depois de Colônia, em 2005, e Sidney, em 2008, este é o terceiro do qual Bento 16 participa. Alguns dos peregrinos que o aguardavam haviam reagido aos protestos desta quarta-feira com gritos de "Viva o Papa".

O auge da visita do pontífice alemão de 84 anos à Espanha será a missa de encerramento da Jornada. A celebração, a céu aberto, será no aeroporto mais antigo de Madri, o Cuatro Vientos. O Papa também se reunirá com os cardinais e bispos da capital espanhola e visitará a família real no Palácio de la Zarzuela.

LPF/afp/dpa/efp/lusa - Revisão: Alexandre Schossler

RECESSÃO PROLONGADA NA EUROPA E DÓLAR FRACO PREOCUPAM PRESIDENTA BRASILEIRA




CORREIO DO BRASIL, com Reuters - de Brasília

A presidenta Dilma Rousseff afirmou em reunião com aliados do PSB, do PCdoB e do PDT que está preocupada com os efeitos no Brasil de uma provável recessão prolongada da economia europeia e com a desvalorização do dólar. Desde segunda-feira a presidenta tem se reunido com os presidentas e líderes de partidos aliados tentando uma reaproximação com a classe política e pedindo aos aliados que se unam para ajudar o governo a enfrentar os possíveis efeitos da crise global no país. Segundo relato do ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, que é presidenta licenciado do PDT e participou do encontro, Dilma acredita que a crise global deve se estender por pelo menos mais um ano e meio.

– Ela voltou a dizer que o Brasil está preparado para enfrentar a crise e o que nos atrapalha um pouco é a desvalorização do dólar – contou Lupi à agência inglesa de notícias Reuters.

O líder do PDT na Câmara, Giovanni Queiroz (PA), lembrou que a presidenta comentou também que a recessão mais prolongada da Europa “pode trazer problemas para nossas exportações e para o preço das commodities”. Ela afirmou, ainda, que precisará dos aliados para aprovar as medidas macroeconômicas enviadas ao Congresso e que é fundamental que eles estejam unidos nesse momento e, por isso, está fazendo essa aproximação com a classe política. Na avaliação do governador de Pernambuco e presidenta do PSB, Eduardo Campos, nos primeiros seis meses Dilma gastou suas energias para controlar a inflação e formatar os programas do governo e, “agora, diálogo é a palavra-chave”.

Segundo ele, o governo precisa agora dialogar “para fora, com o Congresso, com os prefeitos e com os governadores”. A falta de diálogo com a classe política é apontada por aliados na Câmara e no Senado como a principal origem dos problemas de relacionamento de Dilma com os partidos e foi também um dos fatores que motivou na terça-feira a saída do Partido da República (PR) da coalizão governista.

Crise política

Na noite passada, durante a reunião com os aliados, Dilma afirmou que não será conivente com denúncias de corrupção, mas que dará amplo direito de defesa aos acusados.

– Ela disse que não se transformará numa Joana D’arc, que corta a cabeça das pessoas, porque sabe que depois podem cortar a dela – contou Lupi.

A reação rápida da presidenta em relação às denúncias de desvios no governo é outra queixa constante entre os aliados no Congresso e tem causado reclamações no PMDB, maior partido da coalizão, e no PR principalmente. Segundo os aliados ouvidos pela Reuters a presidenta não comentou a saída do PR da base aliada, mas um dos objetivos dessa reaproximação com a classe política é evitar que a decisão da legenda contamine o clima no restante da base.

Queiroz contou que disse à presidenta que os parlamentares precisam da liberação de emendas e que elas beneficiam diretamente os pequenos municípios.

– É tão pouco dinheiro que não tem porque não liberar. Ela não disse que sim ou não, mas implicitamente concordou que é necessário (liberar) – argumentou.

Na terça, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse aos líderes aliados que o governo pretende liberar até 1 bilhão de reais em emendas nas próximas semanas. Nesta quarta, a presidenta conclui as reuniões com os aliados do PP, PTB, PRB e PSC.

Uma ilha

Dilma Rousseff reiterou, na noite passada, que o país não é uma ilha, mas ressaltou que tem pouco risco de ser contaminado pela crise econômica que atinge principalmente os Estados Unidos e países da Europa.

– O Brasil tem baixo risco de contágio. O mundo não desconhece a nossa situação – discursou a presidente durante anúncio de expansão da rede federal de educação superior.

Dilma defendeu a garantia do crescimento do país como estratégia de combate à crise internacional e aos seus efeitos.

– Apesar de não sermos imunes à crise, podemos cada vez mais nos blindar e fazer com que o processo de crescimento signifique necessariamente um processo de elevação da nossa atividade econômica, do número de empregos e das oportunidades – declarou.

Dilma tem repetido por várias vezes que o Brasil está fortalecido para fazer frente à atual crise econômica global. A presidente tem citado como exemplo uma comparação com o momento vivido pelo país durante as turbulências financeiras de 2008, quando o país, de acordo com ela, tinha menos ferramentas para enfrentar os problemas. Durante a cerimônia, Dilma também aproveitou para pedir ainda ajuda a parlamentares para a aprovação do Pronatec, um projeto de ampliação do ensino técnico no país. O projeto de lei do Pronatec tramita em caráter de urgência na Câmara dos Deputados.

O pedido ocorre em um momento de tensão entre partidos da base aliada, o que chegou a provocar a paralisação das votações na última semana na Câmara. Entre os motivos do descontentamento de aliados, está a falta de liberação de recursos das emendas parlamentares. A base reclama ainda da falta de proximidade com Dilma e por maior participação nas decisões do governo.

ANGOLANOS DE MAPUTO ACUSAM IMPRENSA LOCAL DE “DIABOLIZAÇÃO”




MMT - AP

Maputo, 18 ago (Lusa) -- A comunidade angolana em Moçambique critica a imprensa moçambicana pela "diabolização do Estado e povo angolano" na denúncia do caso "isolado" de repatriamento de dois jornalistas pelos serviços de migração de Angola.

Em comunicado assinado pelo presidente da Casa de Angola em Maputo, Manuel Mendes, a agremiação apela aos moçambicanos para "confiarem nas autoridades angolanas", afirmando que o caso será esclarecido "em tempo útil" pelos responsáveis.

"Apesar de considerarmos justa a reivindicação do Sindicato Nacional de Jornalistas de Moçambique e da comunidade jornalística, em geral, apelamos para a serenidade e não diabolização do povo irmão de Angola, visto tratar-se de um caso isolado", refere a nota.

Na semana passada, o chefe de redação do semanário Magazine Independente, Nelo Cossa, e a jornalista do matutino Notícias, Joana Macie, foram interditados de entrar em Angola quando se deslocavam à Luanda, capital do país, para participar numa formação jornalística, sob alegação de terem "problema de Estado".

Em declarações à Lusa, Nelo Cossa contou que as autoridades angolanas de migração "escorraçaram" os dois jornalistas tratando-os como "cães e criminosos".

Contudo, o presidente da Casa de Angola na capital moçambicana considera que, apesar do incidente, "as relações de amizade entre os dois países e povos não podem ser postas em causa uma vez que Moçambique tem sido um dos países mais visitados a nível institucional por governantes angolanos na troca de experiências".

Para Manuel Mendes, o convite formulado aos jornalistas para se deslocarem à Angola "é a prova disso".

Hoje, num artigo de opinião, o editor do semanário moçambicano Zambeze, João Chamusse, descreve como "uma vergonha" a atitude das autoridades angolanas "que estão habituadas a prender e julgar jornalistas" e a praticar "outro tipo de pressão para sufocar uma comunicação social isenta".

Também a edição de hoje do semanário Savana, num artigo intitulado "Pôxa, irmão!" critica a "atitude inqualificável" dos serviços de migração angolanas que trataram os jornalistas "pior que um criminoso".

Em editorial, o jornal considera que o incidente revela "a permanência de resíduos de chauvinismo e de um nacionalismo estreito e barato que torna o desejo de integração regional (da SADC) um sonho adiado".

Em nota hoje divulgada, o coordenador africano do Comité Internacional para a Protecção de Jornalistas, Mohamed Keita, exorta "o governo angolano para explicar por que razões os jornalistas foram expulsos do território angolano, negando, desta feita, a sua participação no evento".

Por seu turno, o diretor africano da Human Rights Watch, Daniel Bekele, afirma que "este comportamento obstrutivo evidencia o ambiente restritivo e repressivo em Angola que, por si só, já deveria fazer parte da agenda da SADC", Comunidade de Desenvolvimento da África Austral.

Falando em Luanda, na quarta-feira, o ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Baloi, considerou "lamentável" o repatriamento de dois jornalistas pelos serviços de migração angolanas, afirmando haver "qualquer coisa que não está bem e que precisa de ser clarificada" no caso.

Além dos dois moçambicanos, pelo menos outros 15 jornalistas, sindicalistas e ativistas viram recusada a sua entrada recusada em Angola, o que motivou uma queixa da maio central sindical sul-africana COSATU.

Cabo Verde/Eleições: Apoio do PAICV de Santiago Sul garante vitória, diz Inocêncio




SIC NOTÍCIAS

Cidade da Praia, 18 ago (Lusa) -- Manuel Inocêncio Sousa afirmou hoje que a declaração de apoio da Comissão Política Regional do PAICV de Santiago Sul, maior círculo eleitoral do país, poderá garantir-lhe a vitória na segunda volta das presidenciais cabo-verdianas de domingo.

Falando aos jornalistas à saída do único debate na televisão e rádio públicas de Cabo Verde, Inocêncio indicou que o apoio é o" resultado da estratégia" adotada para a segunda volta, que visava ir à conquista dos apoiantes de Aristides Lima, que obteve 44.500 votos no primeiro turno (27,4 por cento do total).

A Comissão Política Regional do PAICV de Santiago Sul, que na primeira volta sustentou Lima, anunciou quarta-feira o apoio ao candidato apoiado pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder), dando uma "almofada" a Inocêncio que, matematicamente, lhe poderá dar a vitória se se contabilizar os resultados da votação de 07 deste mês.

Brasil: Dilma anuncia Mendes Ribeiro como novo ministro da Agricultura




JORNAL DE NOTÍCIAS

A Presidente Dilma Rousseff anunciou esta quinta-feira a nomeação do deputado Mendes Ribeiro para novo ministro da Agricultura, após o afastamento, na quarta-feira, de Wagner Rossi.

A escolha de Ribeiro foi uma indicação feita pelo Partido do Movimento Democrata Brasileiro (PMDB), ao qual pertence o vice-Presidente da República, Michel Temer.

Dilma Rousseff aprovou a indicação e o convite foi oficializado na manhã de hoje, numa conversa entre a Presidente e o deputado, segundo um comunicado expedido pelo Ministério da Casa Civil.

Wagner Rossi pediu demissão na quarta-feira à noite, menos de 24 horas depois de ter admitido que usara "raras vezes" o jato de uma empresa de agronegócios brasileira, cujas actividades dependem da aprovação do ministério.

Há cerca de um mês, outras denúncias apontavam para um esquema de suposto tráfico de influência e a presença constante no Ministério da Agricultura de um lobista que terá intercedido em processos de licitação da pasta.

Essa foi a quarta substituição que a Presidente brasileira realizou em apenas oito meses de governo.

Estas ligações, para serviços externos ao Jornal de Notícias, permitem guardar, organizar, partilhar e recomendar a outros leitores os seus conteúdos favoritos do JN(textos, fotos e vídeos). São serviços gratuitos mas exigem registo do utilizador.


Mais Brasil

Críticas às autoridades espanholas por incidentes na manifestação contra a visita do Papa




António Sampaio - Lusa

Madrid, 18 ago (Lusa) -- Os organizadores da manifestação de quarta-feira contra os gastos públicos na visita de Bento XVI a Madrid responsabilizaram hoje a Delegada do Governo pela carga policial que causou oito detidos e onze feridos, na Puerta del Sol.

As críticas ouviram-se também de vários partidos políticos que consideram não ter sido preparado um plano de segurança adequado, ou que o Governo deveria ter aprovado um itinerário para a manifestação que evitasse a zona da Puerta del Sol.

Responsáveis de três das organizações que convocaram o protesto (Europa Laica, Associação Madrilena de Ateus e Livre-pensadores (AMAL) e Redes Cristãs), consideram que a Delegação do Governo não colocou na zona suficientes agentes policiais.

*foto em Lusa

A REVOLTA JÁ CHEGOU À CLASSE MÉDIA CHINESA




SOFIA LORENA - PÚBLICO

Incidentes prenunciam uma Primavera contra o autoritarismo?

Há instabilidade social e há uma "crise de legitimidade". Já houve regimes a sobreviverem a mais, mas em Pequim há razões para o nervosismo.

Há incidentes que se repetem. Localizados e breves, começam e logo terminam, dez ou cem detidos depois, alguns carros da polícia incendiados entretanto. São pequenas explosões. Em 2009 houve 90 mil protestos na China. Mas há incidentes mais únicos, com consequências difíceis de antecipar. Há protestos que são mais do que isso, como o que no domingo juntou dezenas de milhares em Dalian e levou o Governo a ordenar o encerramento imediato de uma fábrica de produtos químicos cujos riscos a população temia.

Ainda na sexta-feira houve notícia de um protesto violento, com milhares de pessoas a saírem em revolta contra os polícias municipais que feriram uma mulher que estacionou mal a sua bicicleta. Os abusos das autoridades são um dos gatilhos mais frequentes dos protestos. Questões ambientais ou de riscos para a saúde estão por trás de outros. A subida dos preços dos alimentos e da habitação também tem contribuído.

A regra é que estes protestos acabam sem motivarem decisões por parte das autoridades, como o encerramento da petroquímica de Dalian. Também há acidentes de comboio que são só acidentes de comboio. Mas como escreveu David Pilling no Financial Times, o acidente no comboio de alta velocidade da China em Julho "não foi um desses".

A colisão entre dois comboios em Wenzhou, no Leste do país, fez 40 mortos e o regime tentou controlar a cobertura jornalística. A tentativa fez ricochete e durante alguns dias a censura foi impossível. Muito por causa dos serviços de microblogues (idênticos ao Twitter), cada vez mais populares, mas não só.

Este não foi um acidente qualquer e por causa dele o Diário do Povo escreveu que os chineses querem um crescimento económico que não esteja "coberto de sangue". "Será que as estradas nas nossas cidades podem não se desmoronar de repente? Será que não podemos viajar em comboios seguros? Queremos dizer: "China, por favor abranda. Não vás tão depressa e não deixes as almas das pessoas para trás"", foi o desabafo em directo de Qiu Qiming, pivot da televisão estatal.

Os passageiros do TGV

Wenzhou foi diferente por várias razões. As escolas que desabaram e enterraram crianças no terramoto de Sichuan, em 2008, afectaram famílias pobres e rurais. Mas os passageiros das linhas de comboios de alta velocidade são membros da nova classe média. A que beneficiou do extraordinário crescimento económico, a que tem mais recursos para contornar a censura dos media oficiais e usa redes sociais como o Weibo, um dos serviços idênticos ao Twitter disponíveis no país. E a linha de comboios de alta velocidade é uma tecnologia que o regime promoveu como símbolo da China moderna que se quer grande no mundo.

"Realmente, não entendo o que o Governo pensa que pode esconder", foi uma mensagem lida pela Reuters no Weibo, entre um aceso debate, com muitos chineses a acusarem o Governo de sacrificar a sua segurança em nome do desenvolvimento frenético.

O debate no Weibo também levou os media tradicionais a desafiarem a dura censura habitual - pelo menos até chegar a ordem para reduzir a cobertura do acontecimento. O semanário privado Economic Observer publicou na primeira página um editorial em forma de carta a uma menina de dois anos encontrada com vida nos destroços quando o Governo assegurava que já não havia sobreviventes. "Como vocês mentem as pessoas recusaram desistir de saber a verdade."

O partido vai nu

Na sexta-feira, o Governo anunciou a suspensão de todos os projectos de construção nos caminhos-de-ferro. E a China CNR Corp, empresa estatal, tirou de circulação 54 TGV "para testes sistemáticos por causa de determinados problemas técnicos". O acidente de Wenzhou poderia "perfeitamente ter sido evitado", afirmou Luo Lin, o chefe da equipa que conduz o inquérito à colisão, citado pelo Diário do Povo.

O TGV só foi inaugurado na China em 2007, mas a expansão tem sido alucinante. "A rede de comboios de alta velocidade da China, construída em menos de uma década, é a maior do mundo. Esperava-se que os seus comboios viajassem a uma velocidade que envergonhasse a tecnologia japonesa. Em vez disso, este acidente expôs presunção, incompetência e corrupção num único e trágico embate de metal. Desde a Praça de Tiananmen, há mais de 20 anos, que talvez o Partido Comunista não aparecesse tão nu diante do povo", escreveu ainda David Pilling no Financial Times.Jeff Wasserstrom, autor de China in the 21st Century, What Everyone Needs to Know (Oxford University), não iria tão longe, mas não tem dúvidas em afirmar que "o acidente de comboio desencadeou uma "crise de legitimidade"", disse ao PÚBLICO. Muitos regimes resistiram a crises de legitimidade, lembra, numa conversa por email, mas "mais acontecimentos como este podem tornar-se num grande desafio".

Os 90 mil protestos por ano juntam quase todos pobres - ainda há 900 milhões a viver no campo, aos quais não chegam as melhorias de salários e o desenvolvimento a que se assiste nos principais centros urbanos. Já a colisão do TGV indignou os que têm beneficiado do regime. "China colide numa revolta da classe média", era o título do artigo de Pilling.

A revolta de jasmim

Muito se tem escrito sobre a possibilidade de uma Primavera Árabe chinesa. A culpa é mais do regime do que dos activistas. O artista Ai Weiwei foi dos poucos a expressar solidariedade com os manifestantes no Egipto e na Tunísia. Houve tentativas para marcar protestos através da Internet e a palavra "jasmim" (a revolta tunisina ficou conhecida como a revolução de jasmim) começou a aparecer aqui e ali nas redes sociais. Mas a resposta do regime foi desproporcionada: atacaram-se grupos religiosos, prenderam-se activistas, ocuparam-se ruas de Pequim à espera de protestos que nunca aconteceram.

"Eu não liguei nada à jasmim no início, mas as pessoas que têm medo divulgaram informação sobre como a jasmim é perigosa... o que me fez perceber que é a jasmim que os assusta mais do que tudo", escreveu Ai Weiwei no Twitter em Fevereiro, antes de ser preso por alegados crimes económicos.

"Eles estão preocupados, e vão tentar parar a História, o que é inútil. Não podem fazê-lo. Mas vão tentar enquanto conseguirem", disse a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, em resposta a uma pergunta de Jeffrey Goldberg, da revista Atlantic, sobre a reacção do regime à Primavera Árabe.

Aquilo que alguns viram como a reacção do Partido Comunista à Primavera Árabe foi lido por outros como uma antecipação à sucessão que se avizinha na hierarquia: o Presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao deverão deixar os seus postos no partido no próximo ano e os lugares no Governo no início de 2013. Ao mesmo tempo, a crise internacional e a inevitabilidade de abrandamento no crescimento económico terá deixado os líderes a temer pela saúde do acordo que mantém com a sua população - enquanto o país crescer e cada vez mais pessoas beneficiarem desse crescimento, ninguém vai exigir mais liberdades políticas.

"As elites do Partido Comunista ainda consideram que a sua principal ferramenta de legitimidade é a capacidade de assegurarem um crescimento económico estável através de um desenvolvimento orientado para as exportações. Mas claro que, com tantos protestos, a liderança percebe que só o crescimento não lhe vai garantir o poder eterno", disse ao PÚBLICO Lawrence C. Reardon, professor de Ciência Política na Universidade de New Hampshire e especialista em política chinesa.

O ponto de viragem

Jeffrey Goldberg, da Atlantic, quis escrever sobre a China no meio da Primavera Árabe porque partiu da "suposição de que os chineses são como toda a gente, não querem que lhes digam o que fazer e o que dizer". Mas na sua busca por respostas concluiu que, pelo menos a médio prazo, o regime vai sobreviver. "Num certo sentido, a História acabou e depois a China começou a História outra vez. Pensámos que os soviéticos iam levar a História numa direcção diferente e eles não conseguiram, mas os chineses conseguiram um nível de desenvolvimento económico de que os soviéticos nunca se aproximaram", ouviu Goldberg de Orville Schell, analista do think tank Asia Society. "Uma das lições do sucesso do Partido Comunista Chinês na criação do capitalismo leninista pode ser que nada é inevitável", escreve Goldberg.

"Odeio dizer sobre seja o que for que é inevitável, mas a longo prazo algumas coisas são mesmo. Ou seja, em algum momento, o Partido Comunista vai cair, como qualquer regime. Não vejo sinais de uma mudança dramática no horizonte imediato, mas penso que a diminuição gradual das taxas de crescimento vai colocar um grande desafio ao Governo", sustenta Jeff Wasserstrom. Para Reardon, "o ponto de viragem ainda não aconteceu mas a população está tão preocupada com os problemas sociais que resultam do crescimento rápido que isso se vai tornar numa enorme fonte de instabilidade".

Mais lidas da semana